A prisioneira de
Bordeaux
Com 72 anos de idade e
45 de carreira, a atriz francesa Isabelle Huppert já recebeu os principais prêmios
do cinema, como honorário em Berlim, atriz estreante no Bafta, atriz em Cannes,
Globo de Ouro e vários de atriz em Veneza, além de ter sido indicada ao Oscar. Versátil,
sabe fazer bem comédia, drama e suspense, chegando a participar de cinco filmes
num mesmo ano. Um de seus últimos trabalhos estreou nos cinemas brasileiros no
último fim de semana, ‘A prisioneira de Bordeaux’ (2024), drama francês exibido
na Quinzena dos Realizadores em Cannes. Ao lado de outra grande atriz, a também
francesa, mas descendente de algerianos e tunísios Hafsia Herzi (que é uma
ótima cineasta, dirigindo quatro anos atrás o excelente ‘A boa mãe’), Huppert
exibe charme e vigor nessa obra de olhar feminino sobre o encontro de duas
mulheres de classes sociais diferentes, com algo em comum: seus maridos estão
presos na mesma cadeia. Isabelle é Alma, uma senhora rica e solitária, que espera
a saída do marido da prisão; Hafsia é Mina Hirti, uma jovem mãe solo que viajou
longa distância para rever o companheiro atrás das grades, mas que é barrada na
visita. Elas se conhecem nesse dia e ficarão juntas pelos próximos dias. A veterana
diretora Patricia Mazuy, de ‘Um homem marcado’ (1989), realiza um filme maduro sobre
diferenças de classe numa França patriarcal, em que duas mulheres diferentes se
aproximam e lutam para ocupar seus espaços de direito. Um filme sensível com
bela montagem, um roteiro com surpresas e bons diálogos, além da presença
marcante de duas grandes personagens. Nos cinemas pela Autoral Filmes.

Pacto da viola
Escrito e dirigido por Guilherme
Bacalhao, o longa brasileiro sobre tradição X modernidade estreia nos
principais cinemas brasileiros. Assinado pela produtora 400 Filmes, deu a Wellington
Abreu o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília de 2024, e o longa foi
exibido em festivais como Chile, Rússia, México, Bélgica e Uruguai. No enredo, Alex
(Wellington Abreu), um compositor sertanejo que busca sucesso na carreira
musical, volta para a cidade natal, numa pequena comunidade no sertão de Minas
Gerais. Lá, a indústria ameaça o meio ambiente. O pai dele, Lázaro (Sérgio
Vianna), é um velho músico, membro organizador da Folia de Reis da região. Ao retornar
para a cidade depois de longa ausência, Alex ouve histórias sobre o pai, de que
ele teria dívidas após um pacto com o diabo, o que leva o rapaz a conhecer mais
sobre as tradições da festa religiosa de Folia de Reis. O título do filme faz alusão
ao pacto com o diabo e a viola com as tradições culturais do interior do Brasil
– e representa a dualidade do velho músico e do filho, um cantor da música
sertaneja moderna. Trabalhando temas como espiritualidade, crença e tradições
do sertão brasileiro, é uma pequena obra que permite conhecermos a presença da
viola e da Folia de Reis na cultura centenária dos rincões do Brasil. A fotografia
alternada entre tons claros e escuros remete a essa dualidade de mistério e
realidade, real e sobrenatural do contato entre pai e filho que se reencontram.

Diamantes roubados: O
golpe do século
Interessantíssimo documentário
produzido pela Amblin Entertainment (de Steven Spielberg) em parceria com a
Netflix, que o lançou dias atrás na plataforma de streaming. Registra
minuciosamente o caso do roubo de diamantes na Antuérpia, ocorrido em 2003, chamado
pela mídia de ‘O Assalto do Século’. Com entrevistas de policiais,
investigadores, jornalistas e até de membros da meticulosa e destemida organização
que fez o assalto, o filme investiga como se deu os preparativos e o ato em si
do roubo de diamantes no bairro Schupstraat, que abriga o Centro de Diamantes
da cidade belga da Antuérpia, conhecida pela venda de pedras preciosas. O grupo
organizou o assalto por dois anos, alugando um escritório no andar de cima do
cofre principal do bairro. Entre os dias 15 e 16 de fevereiro de 2003, entraram
na sala do cofre, superprotegido por fechaduras com milhões de combinações possíveis,
infravermelho, radares e campo magnético. Ou seja, um golpe de mestre. Levaram ainda
ouro e joias, num total avaliado em US$ 100 milhões. Uma semana depois quatro pessoas
foram presas por integrar o grupo criminoso, cada um especializado num crime,
como arrombamento, falsificação de chaves e fechaduras e ataque a sistemas de
alarme. A maior parte dos diamantes nunca foi recuperado e até hoje o mistério
de seu paradeiro permanece. Um documentário excitante da Netflix, bem conduzido,
com uma fotografia de filmes de época e bons depoimentos colhidos que refazem o
passo a passo dos criminosos e da polícia.
A única sobrevivente
Estreou no último fim de
semana na plataforma Adrenalina Pura esse mediano drama scifi com roupagem de
filme histórico, que evoca os disaster movies. A história se passa em 1981, quando
uma passageira sobrevive a um acidente de avião – na verdade, a aeronave em que
ela está com o marido colide lateralmente, no ar, com um bombardeiro soviético,
faltando pouco para aterrissar, e cai. Todos os 36 ocupantes do avião morrem, exceto
Larisa (Nadezhda Kaleganova), que fica desacordada por dias numa floresta. Ela então,
com frio e fome, tenta sobreviver na mata enquanto busca ajuda. É uma produção
russa, dirigida por Dmitriy Suvorov, inspirada num caso real ocorrido em 1981. Melodramático,
em tom de telefilme B, com falhas visíveis na edição/montagem, está disponível
na plataforma online Adrenalina
Pura, streaming especializado em fitas de ação, thriller, suspense e terror - são
mais de 400 títulos no catálogo, com filmes originais e exclusivos, com
estreias semanalmente, e disponível na Prime Video Channels, Apple TV e Claro
TV+. O canal é uma parceria entre Sofa Digital e Califórnia Filmes, e dentre os
títulos do catálogo estão ‘As duas faces da lei’ (2008), ‘Assassino a preço
fixo’ (2011), ‘Dublê do diabo’ (2011), ‘No olho do furacão’ (2018), ‘Invasão ao
serviço secreto’ (2019), ‘Mar em chamas’ (2021) e ‘Criaturas do senhor’ (2022).
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