Um lindo dia na vizinhança
Durante
uma entrevista para uma reportagem, o jornalista deprimido Lloyd Vogel (Matthew
Rhys) cria um forte laço de amizade com seu entrevistado, o apresentador de
programas infantis Fred Rogers (Tom Hanks), que faz enorme sucesso na TV. Vogel
tem pela frente uma série de problemas familiares, e Rogers será um caminho para
que ele os supere.
Tom
Hanks é de arrancar aplausos até no papel de um ilustre desconhecido para os
brasileiros. Em “Um lindo dia na vizinhança”, recebeu, esse ano, indicação aos
quatro prêmios principais da temporada, o Oscar, Globo de Ouro, Bafta e o SAG,
e apesar de não receber nenhum, permanece acumulando méritos.
Esse
é um filme bem americano, metalinguístico, de uma história voltada para eles, e
não acredito que traga empolgação para o Brasil, até porque, como comentei, o
personagem em questão ficou conhecido apenas lá. Trata-se de Fred Rogers
(1928-2003), um pedagogo, apresentador do programa infantil “Mister Rogers'
Neighborhood”, enorme sucesso na TV dos EUA enquanto ficou no ar, de 1968 a
2001. Ele tinha uma didática serena para conversar com as crianças sobre
solidão, medo, alegrias e perdas. Ele cantava, dançava, trazia convidados e
manipulava fantoches nas mãos para esse diálogo. Ajudou milhares de pais no
trato dessas questões com os filhos, por isso é considerado uma figura notória
nos Estados Unidos, até um “herói”.
A
composição de Hanks, se vermos vídeos reais de Rogers, é idêntica na aparência,
nos gestos, na fala. Ele compôs com perfeição o biografado. Na trama Rogers
ajuda um jornalista a lidar com seus dramas pessoais, principalmente com o pai,
a esposa e o filho recém-nascido. Ele se chama Lloyd, é um homem cético,
tristonho, e que aos poucos tenta dar uma guinada na vida a partir dos
encontros com o Sr. Rogers, aproximando-se de valores como a bondade e a
paciência – quem o interpreta é Matthew Rhys, um bom ator britânico, indicado a
dois Globos de Ouro pela série “The americans”.
Na
verdade, esse tal Lloyd Vogel é o jornalista Tom Junod, que fez uma entrevista
especial com Rogers em 1998 para a revista Esquire, e que inspirou o roteiro
desse filme (os verdadeiros problemas de Junod eram os retratados aqui, com a
esposa, o pai etc). A arte imita a vida!
A
trama é lenta, meio deprê, linguagem própria do processo da diretora Marielle
Heller, um novo rosto no mercado do cinema americano. Ela, que tem 41 anos, dirigiu
anteriormente uma comédia policial talentosa, “Poderia me perdoar?” (2018), também
biográfica, sobre uma falsificadora literária, e conta no elenco com Melissa
McCarthy e Richard E. Grant, ambos indicados ao Oscar pelos papéis. Heller
ainda é atriz, está, por exemplo, no elenco da atual série de sucesso do
Netflix “O gambito da rainha”. Guarde o nome dela, pois mais projetos bons
virão com sua assinatura!
“Um
lindo dia na vizinhança” acaba de sair em DVD e bluray pela Sony, com vários
extras.
Um
lindo dia na vizinhança (A
beautiful day in the neighborhood). EUA/China, 2019, 108 minutos. Drama.
Colorido. Dirigido por Marielle Heller. Distribuição: Sony Pictures
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