domingo, 27 de dezembro de 2020

Cine Cult


A guerra do fogo

Tribo primitiva do período Paleolítico descobre o fogo e faz de tudo para protegê-lo, pois ele é um aliado para combater o frio e auxiliar na alimentação. Durante um conflito com uma tribo rival, a chama se apaga, então parte daqueles homens das cavernas sai pela selva em busca de um novo fogo.

Retorna ao catálogo da distribuidora Obras-primas do Cinema a edição especial de colecionador desse que é um dos grandes (e poucos) filmes que abordam a Pré-História, uma fita cultuada que assim como eu, muitos assistiram nas aulas de História e Geografia quando adolescente. Tinha uns 10 anos quando vi pela primeira vez, achei o máximo, e agora, transcorridos 25 anos, revi com o mesmo entusiasmo. A versão da Obras-primas mantém a cópia igual a do exterior, com imagem boa, remasterizada e com duas horas de extras (making of, entrevista com o diretor, vídeos promocionais, comentários etc).
Rodado em lugares exóticos de vários continentes, como cavernas no Canadá, montanhas do Reino Unido, lagos no Quênia, o filme reconstitui o período Paleolítico, há 80 mil anos, quando o homem descobriu o fogo. Traz todos os elementos dessa era numa verdadeira aula: o nomadismo, as rivalidades entre grupos, as cavernas como proteção, os primeiros usos de ferramentas e utensílios e as caçadas em busca de alimentos.


Baseado no romance do escritor franco-belga J.H. Rosny, escrito em 1909, tem roteiro adaptado por Gérard Brach, um velho colaborador dos filmes de Roman Polanski (escreveu, por exemplo, “Repulsa ao sexo”, “Busca frenética” e “Lua de fel”), e depois voltaria a trabalhar com o diretor de “A guerra do fogo”, Jean-Jacques Annaud, em “O nome da rosa” e “O urso”, os maiores sucessos do cineasta.
Pelos estudos antropológicos, os homens das cavernas grunhiam e tinham comportamentos animalescos, por isso que no filme não há diálogos; na verdade há uma linguagem oral com termos soltos, e foi criada pelo escritor Anthony Burgess, autor de “Laranja mecânica”, que colaborou com o roteiro. Segundo o diretor Annaud, não houve grandes efeitos especiais nem filtros, exceto a maquiagem dos atores (ganhadora do Oscar e do Bafta na categoria), ou seja, tudo o que vemos é do jeito que foi gravado, em locações originais sem uso de cenários; na cena dos mamutes, por exemplo, eles são elefantes fantasiados.
Indicado ao Globo de Ouro de filme estrangeiro, custou caro para a época por diversos pontos: maquiagens pesadas, grande número de figurantes, demora na gravação das longas tomadas externas devido ao clima e ao comportamento da natureza, parte do elenco se feriu etc. O orçamento foi de U$ 12 milhões, rendendo U$ 20 mi. nas bilheterias.


Aqui deu-se a estreia de Ron Perlman (de “Hellboy”).
Curiosidade: no mesmo ano, 1981, saíram dois longas de mesmo tema, “O homem das cavernas”, uma comédia nonsense com Ringo Starr (do Beatles), e “A História do Mundo – Parte I”, de Mel Brooks, outra comédia absurda, que traz na abertura uma paródia de “2001: Uma odisseia no espaço”, e faz piadas com um grupo de nômades desajeitados.

A guerra do fogo (La guerre du feu). França/Canadá, 1981, 100 minutos. Aventura. Colorido. Dirigido por Jean-Jacques Annaud. Distribuição: Obras-primas do Cinema

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