terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Resenhas Especiais



A vigilante do amanhã: Ghost in the shell

Num futuro próximo, a tecnologia comanda a humanidade. Major (Scarlett Johansson) é a primeira de sua espécie, uma soldada com cérebro humano num corpo robótico, programada para matar criminosos no mundo cibernético. Numa investigação rotineira, descobre um fato perturbador sobre seu passado, que envolve a corporação que a criou.

A revolução tecnológica absorvida no cinema como você nunca viu antes! “A vigilante do amanhã” é uma experiência ímpar para quem curte cultura cyberpunk e animes japoneses. Protagonizado pela belíssima Scarlett Johansson (magérrima, com traços orientais e seminua numa roupa que parece pele), a ficção científica recorre a uma direção de arte de cores neon fortes e imagens múltiplas, um apelo gráfico suntuoso e uma ideia bem original para o cinema, com efeitos visuais magnéticos, levados ao limite máximo.
Foi inspirado no mangá de mesmo nome, de Shirow Masamune (ou Masanori Ota), e teve antes, em 1995, uma excelente versão em anime, intitulado no Brasil de “O fantasma do futuro”, com uma continuação em 2004. Tanto os desenhos quanto esta primeira versão para cinema tratam das possibilidades de reprogramação do cérebro humano, num futuro próximo (ano de 2029), quando o mundo se tornou 100% informatizado. As máquinas dominam a sociedade, os hackers assumem formas de destruição em massa, e nesse caos uma corporação cria robôs com um “ciber-cérebro”, que podem acessar em milésimos de segundos qualquer tipo de informação (uma analogia ao banco de dados da internet). Também treina robôs para matar criminosos, com possibilidade de se camuflar, ficar invisíveis e se infiltrar em qualquer canto da cidade - Major é um exemplo perfeito da tecnologia. Ela é uma respeitada soldada perita em táticas, da Seção 9, chamada de ciberdefensores, especializada em caçar robôs malfeitores. Enquanto os elimina, vasculha o passado chegando a segredos que a abalam, e por isso inicia um plano de vingança. Na trama (não vou contar mais para não estragar as surpresas) alia-se a um militar com olhos de visor noturno, Batou (Pilou Asbæk), e ao mentor, Aramaki (Takeshi Kitano, o grande diretor e ator japonês, numa participação bacana). É ver para crer! Pena que a maior parte da crítica, em especial a norte-americana, não embarcou na ideia; eu, pelo contrário, fiquei empolgado e desde o ano passado, quando saiu nos cinemas, indico o filme.
Do diretor inglês Rupert Sanders, de “Branca de Neve e o caçador” (2012), a fita traz participação especial de Juliette Binoche como uma cientista e também de Michael Pitt. Confira!

A vigilante do amanhã: Ghost in the shell (Ghost in the shell). EUA/China/Inglaterra/Índia/Hong Kong, 2017, 106 min. Ação/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Rupert Sanders. Distribuição: Paramount Pictures


Passageiros

A espaçonave Avalon viaja para outro planeta levando cinco mil pessoas para que habitem novos lugares, já que na Terra os recursos naturais se esgotaram. Todos estão em estado de hibernação, pois o percurso dura 120 anos. Dois passageiros, Aurora (Jennifer Lawrence) e Jim (Chris Pratt), acabam despertando de suas cápsulas 90 anos antes do programado.  Solitários, criam fortes laços de amizade até se apaixonarem e terão de encontrar estratégias para evitar um defeito que poderá comprometer o funcionamento da gigante nave espacial.

Recebeu duas indicações ao Oscar de 2017 (de melhor design de produção e melhor trilha sonora, para Thomas Newman) esta intensa e inesperada space opera com ótimos efeitos visuais e um trabalho acima da média dos dois atores centrais que formam o par romântico, Jennifer Lawrence e Chris Pratt.
Com orçamento de U$ 110 milhões (rendeu o triplo nas bilheterias) teve má repercussão pela crítica americana (lá eles são uns chatos mesmo), sendo mais bem recebido na Europa e no Brasil (eu gostei pra caramba, vi no cinema e depois revi em DVD no ano passado, quando lançado pela Sony Pictures).
É uma história intrigante no espaço sideral, a bordo de uma espaçonave chamada Avalon, que realiza um cruzeiro interestelar para um planeta da colônia Homestead II. Num futuro próximo, a Terra tornou-se inabitável, então as pessoas são levadas, em estado de hibernação, para outro planeta, cuja viagem demora 120 anos. Na Avalon há 5200 passageiros e 250 tripulantes. Mas um problema técnico na cápsula de um deles, Jim, o faz acordar 90 anos antes (ele só viajou 30 anos, portanto). Passam-se os dias, ele enlouquece de solidão, precisar criar jogos esportivos para fugir do tédio, e seu único amigo é um barman androide (Michael Sheen). Quando anda pelas salas de hibernação, fica fascinado por uma jovem, Aurora, e de propósito abre a cápsula dela, despertando-a do longo sono. Ele não conta que foi ele o responsável por aquilo. Entre os dois nasce uma amizade e posteriormente um romance. Na metade do filme, tramas paralelas aparecem, deixando o lado romântico de lado para se construir uma deleitosa aventura com ficção científica, rumo a um final soberbo.
Chama a atenção o desenho de produção da fita, com destaque para a linda nave Avalon, por dentro e por fora, além dos efeitos visuais bem realizados.
Parece um tema novo, mas desde os anos 60 Hollywood já utilizava a ideia, para refletir sobre o futuro da humanidade diante da crescente exploração dos recursos naturais pelas mãos dos homens, como em “Corrida silenciosa” (1972), “No mundo de 2020” (1973) e até na animação “Wall-E” (2008).
Só os implicantes para reclamarem do resultado desse filme joia, escrito pelo roteirista Jon Spaihts, de “Prometheus” (2012) e “Doutor Estranho” (2016), e dirigido pelo norueguês Morten Tyldum, de “Headhuters” (2011) e indicado ao Oscar por “O jogo da imitação” (2014). Veja a boa participação de Laurence Fishburne e a ponta de um minuto de Andy Garcia, que abrilhantam o elenco.

Passageiros (Passengers). EUA, 2016, 116 min. Aventura/Romance. Colorido. Dirigido por Morten Tyldum. Distribuição: Sony Pictures

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