Lembranças de uma infância
Outono
de 1985. Três amigos que estudam na 5ª série da mesma escola viajam com o pai
de um deles, Phil (James Franco), para explorar uma floresta. Acabam conhecendo
a história do leão-da-montanha, um temível predador, quase extinto, que voltou
a ameaçar a comunidade local. Nos dias que passarão juntos, a amizade entre
eles fortalecerá até o trágico dia em que um deles desaparece.
Exibido
em festivais de cinema independentes como Nashville e Denver, este pequenino,
mas singelo drama intimista sobre o poder da amizade foi baseado em dois contos
escritos pelo próprio ator do filme James Franco (“Yosemite” e “Peter Parker”),
envolvendo histórias verdadeiras ocorridas com ele na infância, na região onde
nasceu, no subúrbio de Palo Alto (Califórnia). Franco aparece pouco, porém pela
narrativa e desdobramentos biográficos dá a entender que o filme tem um alto valor
sentimental para ele – o ator juntamente com o diretor da fita, Gabrielle
Demeestere, e outras 50 pessoas assinam a produção (repito, 50 pessoas!).
A
história é contada com lentidão, construída entre dias atuais e flashbacks, de
um trio de garotos, amigos da escola, que passam dias especiais numa floresta,
escutando casos fantásticos, opinando sobre a vida real e curiosos sobre a
existência de um leão devorador de gente. O círculo inquebrável da amizade se
romperá como sumiço de um deles.
Em
formato de crônica, há semelhança com “Conta comigo” (1986), tem apenas 1h20 de
duração e chama a atenção pela delicada fotografia na floresta – o filme foi gravado
em Yosemite Park (daí o título original).
Lançado
em DVD no Brasil pela Flashstar, é o segundo longa de Gabrielle Demeestere, que
dirigiu três anos antes outra fita menor com James Franco e Mila Kunis, ao lado
de oito cineastas, chamado “The color of time”, sem título em português.
Lembranças de uma infância (Yosemite). EUA/França, 2015, 80 min.
Drama. Colorido. Dirigido por Gabrielle Demeestere. Distribuição: Flashstar
No século
XXIII, a Terra está superpovoada, e a poluição ambiental chegou a níveis
alarmantes. Para salvar a humanidade, Marte foi colonizado. Como a superfície do
planeta é congelada, cientistas criaram uma estratégia para verificar se o
local poderá ser amplamente habitado pelos humanos: lançaram organismos vivos
como algas e baratas, monitorados hora a hora. A intenção é acompanhar a
adaptação deles. Mas uma estranha mutação fez com que as baratas assumissem
formas gigantescas, com aspectos humanoides, que sabem controlar armas e têm
alto poder de destruição. Uma nave enviada a Marte não retornou mais, então uma
nova expedição segue com astronautas para pisar naquele estranho planeta, onde
travarão uma guerra com as baratas gigantes.
Ágil,
divertida e escatológica (com direito a entranhas verdes de baratas voando na
tela), esta fita de ação com ficção científica que só os japoneses poderiam
criar é baseada no mangá homônimo de Yû Sasuga e Kenichi Tachibana, publicado
pela primeira vez em 2011, que já tinha dado origem a um anime e a uma série
animada. Prato cheio para quem curte o estilo exagerado de lutas espaciais com
criaturas bizarras e disformes, no Japão chamado de “Tokusatsu”, que aqui no
Brasil se popularizou com a série televisiva Jaspion, nos anos 80-90 – no Japão,
antes de Jaspion, houve uma infinidade de filmes assim, com uso extensivo de efeitos
especiais, como a franquia Godzilla, e seriados como Kamen Rider, Ultraman e
Super Sentai.
A
história é uma só, a tal da missão em Marte, onde um grupo de astronautas vai
resgatar uma nave que não voltou à Terra. O local é habitado por imensas baratas
destruidoras, que sofreram mutação há muitos anos, após uma ação científica
falhar. Os humanos pousam no solo marciano e iniciam uma longa guerra contra aqueles
monstros.
Este
é o interessante “Terra Formars”, feito para público geek, fã de mangá e anime,
que espera muitas cenas de ação e fantasia. O roteiro deste primeiro filme
(possivelmente virão outras aventuras) foi escrito por Kazuki Nakashima, famoso
no Japão por trabalhos do mesmo gênero, e a direção é do aplaudido cineasta Takashi
Miike, do polêmico filme de terror com violência explícita “Audição” (1999) e expert
em cinema de ação, como “Ichi: O assassino” (2001), “13 assassinos” (2010) e o
remake de “Harakiri” (2011).
No elenco
reconhecemos Rinko Kikuchi, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por “Babel”
(2007). Em DVD pela Focus Filmes.
Terra Formars: Missão em Marte (Terra Formars). Japão, 2016, 108 min.
Ficção científica/Ação. Colorido. Dirigido por Takashi Miike. Distribuição: Focus Filmes
Tráfico de mulheres
Três
garotas de três continentes diferentes são vítimas de um esquema internacional
de tráfico de mulheres. Elas são raptadas e levadas para o mundo da
prostituição em um bordel no Texas. Sem comunicação com a família, sofrem
violência física, tortura psicológica e ameaças sob a mira de armas. As três planejam
então fugir do bordel, com o auxílio de outras garotas que vivem a mesma
situação.
Inspirado
em fatos ocorridos nos Estados Unidos há 10 anos, esta fita independente de
2017 é um drama duro, amargo, com cenas de violência que podem desagradar, que
discute uma triste realidade, o tráfico de mulheres, crime que movimenta US$
100 bilhões de ano (mais do que a Intel e a Microsoft juntas, como frisado nos
créditos). Conecta três jovens de três continentes diferentes (América, África
e Ásia) para retratar a terrível trajetória dessas garotas forçadas a entrar no
mercado sexual norte-americano.
A
atriz Ashley Judd, sumida das telas, interpreta uma negociante de virgens que
as vende pela internet. Pela rede criminosa, são transportadas para o mundo inteiro,
especialmente aos Estados Unidos e Itália, pontos de maior procura – para ter
uma noção, hoje há cerca de 180 mil mulheres traficadas somente nesses dois
países, com idade entre 14 e 32 anos. Três delas são as personagens de destaque
deste filme, uma americana, outra nigeriana e uma da Índia. As meninas foram dopadas,
trancadas em um cativeiro ao lado do bordel onde tiveram de trabalhar, no Texas,
com uma meta de homens para transar por dia. Receberam nova identidade, perdendo
total contato com a família, além de ameaças constantes. Naquele inferno na
terra, as três bolam um plano de fuga, arriscando a própria pele e a de outras
garotas.
Em
tom de filme-denúncia, tenta ser fiel à sua origem, o livro do escritor e
ativista Siddharth Kara, pesquisador na área de tráfico de pessoas, chamado “Sex
trafficking - Inside the business of modern slavery”. Na obra, publicada em
2009, Kara explora casos chocantes, de crianças a adultos, e uma parte do livro
vemos aqui nesta fita pequena, corajosa e angustiante, que faz o público
refletir sobre o tema.
Dirigido
pelo ator Will Wallace (hoje produtor, diretor e roteirista), traz
participações de Patrick Duffy, Sean Patrick Flanery, Elisabeth Röhm e Anne
Archer, no papel de uma freira (ela foi indicada ao Oscar de coadjuvante por “Atração
fatal”, em 1988, e está afastada do cinema há anos). Em DVD pela Focus Filmes.
Tráfico de mulheres (Trafficked). EUA, 2017, 100 min. Drama.
Colorido. Dirigido por Will Wallace. Distribuição: Focus Filmes
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