quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Cine Lançamento



Lembranças de uma infância

Outono de 1985. Três amigos que estudam na 5ª série da mesma escola viajam com o pai de um deles, Phil (James Franco), para explorar uma floresta. Acabam conhecendo a história do leão-da-montanha, um temível predador, quase extinto, que voltou a ameaçar a comunidade local. Nos dias que passarão juntos, a amizade entre eles fortalecerá até o trágico dia em que um deles desaparece.

Exibido em festivais de cinema independentes como Nashville e Denver, este pequenino, mas singelo drama intimista sobre o poder da amizade foi baseado em dois contos escritos pelo próprio ator do filme James Franco (“Yosemite” e “Peter Parker”), envolvendo histórias verdadeiras ocorridas com ele na infância, na região onde nasceu, no subúrbio de Palo Alto (Califórnia). Franco aparece pouco, porém pela narrativa e desdobramentos biográficos dá a entender que o filme tem um alto valor sentimental para ele – o ator juntamente com o diretor da fita, Gabrielle Demeestere, e outras 50 pessoas assinam a produção (repito, 50 pessoas!).
A história é contada com lentidão, construída entre dias atuais e flashbacks, de um trio de garotos, amigos da escola, que passam dias especiais numa floresta, escutando casos fantásticos, opinando sobre a vida real e curiosos sobre a existência de um leão devorador de gente. O círculo inquebrável da amizade se romperá como sumiço de um deles.
Em formato de crônica, há semelhança com “Conta comigo” (1986), tem apenas 1h20 de duração e chama a atenção pela delicada fotografia na floresta – o filme foi gravado em Yosemite Park (daí o título original).
Lançado em DVD no Brasil pela Flashstar, é o segundo longa de Gabrielle Demeestere, que dirigiu três anos antes outra fita menor com James Franco e Mila Kunis, ao lado de oito cineastas, chamado “The color of time”, sem título em português.

Lembranças de uma infância (Yosemite). EUA/França, 2015, 80 min. Drama. Colorido. Dirigido por Gabrielle Demeestere. Distribuição: Flashstar


Terra Formars: Missão em Marte

No século XXIII, a Terra está superpovoada, e a poluição ambiental chegou a níveis alarmantes. Para salvar a humanidade, Marte foi colonizado. Como a superfície do planeta é congelada, cientistas criaram uma estratégia para verificar se o local poderá ser amplamente habitado pelos humanos: lançaram organismos vivos como algas e baratas, monitorados hora a hora. A intenção é acompanhar a adaptação deles. Mas uma estranha mutação fez com que as baratas assumissem formas gigantescas, com aspectos humanoides, que sabem controlar armas e têm alto poder de destruição. Uma nave enviada a Marte não retornou mais, então uma nova expedição segue com astronautas para pisar naquele estranho planeta, onde travarão uma guerra com as baratas gigantes.

Ágil, divertida e escatológica (com direito a entranhas verdes de baratas voando na tela), esta fita de ação com ficção científica que só os japoneses poderiam criar é baseada no mangá homônimo de Yû Sasuga e Kenichi Tachibana, publicado pela primeira vez em 2011, que já tinha dado origem a um anime e a uma série animada. Prato cheio para quem curte o estilo exagerado de lutas espaciais com criaturas bizarras e disformes, no Japão chamado de “Tokusatsu”, que aqui no Brasil se popularizou com a série televisiva Jaspion, nos anos 80-90 – no Japão, antes de Jaspion, houve uma infinidade de filmes assim, com uso extensivo de efeitos especiais, como a franquia Godzilla, e seriados como Kamen Rider, Ultraman e Super Sentai.
A história é uma só, a tal da missão em Marte, onde um grupo de astronautas vai resgatar uma nave que não voltou à Terra. O local é habitado por imensas baratas destruidoras, que sofreram mutação há muitos anos, após uma ação científica falhar. Os humanos pousam no solo marciano e iniciam uma longa guerra contra aqueles monstros.
Este é o interessante “Terra Formars”, feito para público geek, fã de mangá e anime, que espera muitas cenas de ação e fantasia. O roteiro deste primeiro filme (possivelmente virão outras aventuras) foi escrito por Kazuki Nakashima, famoso no Japão por trabalhos do mesmo gênero, e a direção é do aplaudido cineasta Takashi Miike, do polêmico filme de terror com violência explícita “Audição” (1999) e expert em cinema de ação, como “Ichi: O assassino” (2001), “13 assassinos” (2010) e o remake de “Harakiri” (2011).
No elenco reconhecemos Rinko Kikuchi, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por “Babel” (2007). Em DVD pela Focus Filmes.

Terra Formars: Missão em Marte (Terra Formars). Japão, 2016, 108 min. Ficção científica/Ação. Colorido. Dirigido por Takashi Miike. Distribuição: Focus Filmes


Tráfico de mulheres

Três garotas de três continentes diferentes são vítimas de um esquema internacional de tráfico de mulheres. Elas são raptadas e levadas para o mundo da prostituição em um bordel no Texas. Sem comunicação com a família, sofrem violência física, tortura psicológica e ameaças sob a mira de armas. As três planejam então fugir do bordel, com o auxílio de outras garotas que vivem a mesma situação.

Inspirado em fatos ocorridos nos Estados Unidos há 10 anos, esta fita independente de 2017 é um drama duro, amargo, com cenas de violência que podem desagradar, que discute uma triste realidade, o tráfico de mulheres, crime que movimenta US$ 100 bilhões de ano (mais do que a Intel e a Microsoft juntas, como frisado nos créditos). Conecta três jovens de três continentes diferentes (América, África e Ásia) para retratar a terrível trajetória dessas garotas forçadas a entrar no mercado sexual norte-americano.
A atriz Ashley Judd, sumida das telas, interpreta uma negociante de virgens que as vende pela internet. Pela rede criminosa, são transportadas para o mundo inteiro, especialmente aos Estados Unidos e Itália, pontos de maior procura – para ter uma noção, hoje há cerca de 180 mil mulheres traficadas somente nesses dois países, com idade entre 14 e 32 anos. Três delas são as personagens de destaque deste filme, uma americana, outra nigeriana e uma da Índia. As meninas foram dopadas, trancadas em um cativeiro ao lado do bordel onde tiveram de trabalhar, no Texas, com uma meta de homens para transar por dia. Receberam nova identidade, perdendo total contato com a família, além de ameaças constantes. Naquele inferno na terra, as três bolam um plano de fuga, arriscando a própria pele e a de outras garotas.
Em tom de filme-denúncia, tenta ser fiel à sua origem, o livro do escritor e ativista Siddharth Kara, pesquisador na área de tráfico de pessoas, chamado “Sex trafficking - Inside the business of modern slavery”. Na obra, publicada em 2009, Kara explora casos chocantes, de crianças a adultos, e uma parte do livro vemos aqui nesta fita pequena, corajosa e angustiante, que faz o público refletir sobre o tema.
Dirigido pelo ator Will Wallace (hoje produtor, diretor e roteirista), traz participações de Patrick Duffy, Sean Patrick Flanery, Elisabeth Röhm e Anne Archer, no papel de uma freira (ela foi indicada ao Oscar de coadjuvante por “Atração fatal”, em 1988, e está afastada do cinema há anos). Em DVD pela Focus Filmes.

Tráfico de mulheres (Trafficked). EUA, 2017, 100 min. Drama. Colorido. Dirigido por Will Wallace. Distribuição: Focus Filmes

Nenhum comentário: