segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Nota do Blogueiro


Balanço de cinema

E 2018 vai dando adeus, e antes que ele acabe, registro aqui os filmes assistidos ao longo do ano (como sempre faço, no dia 31 de dezembro). Foram 734 filmes vistos, sendo 257 produções lançadas em 2018 (e 160, revisão). Teve muita coisa boa, outras horrorosas... Mas este assunto é para amanhã! Cedinho postarei aqui minha lista dos melhores e piores de 2018. Viva o cinema! E que se inicie 2019... :)


sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Nota do blogueiro


"Hoje estive pensando que ele poderia me manter aqui para sempre. Não seria muito tempo, porque eu morreria. É absurdo, é diabólico - mas não  há como fugir. Estive tentando  achar pedras soltas novamente. Poderia cavar um túnel ao redor da porta. Eu poderia cavar um túnel lá pra fora. Mas ele precisa ter pelo menos uns seis metros de comprimento. Debaixo da terra. Ficar presa lá dentro. Nunca seria capaz. Preferiria morrer".

Trecho do romance "O colecionador", de John Fowles, publicado em 1963 e que ganhou recentemente nova edição no Brasil pela Darkside Books (2018, 352 páginas, tradução de Antonio Tibau). Conheça a macabra história de Frederick Clegg, um jovem tímido e solitário, colecionador de borboletas, que sequestra uma garota chamada Miranda, para colocá-la em sua nova coleção. Trancada num cativeiro, Miranda planeja uma fuga. Este suspense eletrizante e perturbador foi a estreia do britânico John Fowles na literatura, influenciando Stephen King e Thomas Harris. Foi adaptado para o cinema, num filme homônimo de 1965 dirigido por William Wyler, com Terence Stamp e Samantha Eggar, que recebeu três indicações ao Oscar - mundialmente famoso e bem recebido pela crítica e pelo público.
A nova edição de "O colecionador" pela Darkside Books está caprichadíssima: capa dura, ilustrações e acompanha uma introdução exclusiva assinada por Stephen King! Já nas lojas! Obrigado, Darkside, pelo livro.







quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Cine Lançamento



Lembranças de uma infância

Outono de 1985. Três amigos que estudam na 5ª série da mesma escola viajam com o pai de um deles, Phil (James Franco), para explorar uma floresta. Acabam conhecendo a história do leão-da-montanha, um temível predador, quase extinto, que voltou a ameaçar a comunidade local. Nos dias que passarão juntos, a amizade entre eles fortalecerá até o trágico dia em que um deles desaparece.

Exibido em festivais de cinema independentes como Nashville e Denver, este pequenino, mas singelo drama intimista sobre o poder da amizade foi baseado em dois contos escritos pelo próprio ator do filme James Franco (“Yosemite” e “Peter Parker”), envolvendo histórias verdadeiras ocorridas com ele na infância, na região onde nasceu, no subúrbio de Palo Alto (Califórnia). Franco aparece pouco, porém pela narrativa e desdobramentos biográficos dá a entender que o filme tem um alto valor sentimental para ele – o ator juntamente com o diretor da fita, Gabrielle Demeestere, e outras 50 pessoas assinam a produção (repito, 50 pessoas!).
A história é contada com lentidão, construída entre dias atuais e flashbacks, de um trio de garotos, amigos da escola, que passam dias especiais numa floresta, escutando casos fantásticos, opinando sobre a vida real e curiosos sobre a existência de um leão devorador de gente. O círculo inquebrável da amizade se romperá como sumiço de um deles.
Em formato de crônica, há semelhança com “Conta comigo” (1986), tem apenas 1h20 de duração e chama a atenção pela delicada fotografia na floresta – o filme foi gravado em Yosemite Park (daí o título original).
Lançado em DVD no Brasil pela Flashstar, é o segundo longa de Gabrielle Demeestere, que dirigiu três anos antes outra fita menor com James Franco e Mila Kunis, ao lado de oito cineastas, chamado “The color of time”, sem título em português.

Lembranças de uma infância (Yosemite). EUA/França, 2015, 80 min. Drama. Colorido. Dirigido por Gabrielle Demeestere. Distribuição: Flashstar


Terra Formars: Missão em Marte

No século XXIII, a Terra está superpovoada, e a poluição ambiental chegou a níveis alarmantes. Para salvar a humanidade, Marte foi colonizado. Como a superfície do planeta é congelada, cientistas criaram uma estratégia para verificar se o local poderá ser amplamente habitado pelos humanos: lançaram organismos vivos como algas e baratas, monitorados hora a hora. A intenção é acompanhar a adaptação deles. Mas uma estranha mutação fez com que as baratas assumissem formas gigantescas, com aspectos humanoides, que sabem controlar armas e têm alto poder de destruição. Uma nave enviada a Marte não retornou mais, então uma nova expedição segue com astronautas para pisar naquele estranho planeta, onde travarão uma guerra com as baratas gigantes.

Ágil, divertida e escatológica (com direito a entranhas verdes de baratas voando na tela), esta fita de ação com ficção científica que só os japoneses poderiam criar é baseada no mangá homônimo de Yû Sasuga e Kenichi Tachibana, publicado pela primeira vez em 2011, que já tinha dado origem a um anime e a uma série animada. Prato cheio para quem curte o estilo exagerado de lutas espaciais com criaturas bizarras e disformes, no Japão chamado de “Tokusatsu”, que aqui no Brasil se popularizou com a série televisiva Jaspion, nos anos 80-90 – no Japão, antes de Jaspion, houve uma infinidade de filmes assim, com uso extensivo de efeitos especiais, como a franquia Godzilla, e seriados como Kamen Rider, Ultraman e Super Sentai.
A história é uma só, a tal da missão em Marte, onde um grupo de astronautas vai resgatar uma nave que não voltou à Terra. O local é habitado por imensas baratas destruidoras, que sofreram mutação há muitos anos, após uma ação científica falhar. Os humanos pousam no solo marciano e iniciam uma longa guerra contra aqueles monstros.
Este é o interessante “Terra Formars”, feito para público geek, fã de mangá e anime, que espera muitas cenas de ação e fantasia. O roteiro deste primeiro filme (possivelmente virão outras aventuras) foi escrito por Kazuki Nakashima, famoso no Japão por trabalhos do mesmo gênero, e a direção é do aplaudido cineasta Takashi Miike, do polêmico filme de terror com violência explícita “Audição” (1999) e expert em cinema de ação, como “Ichi: O assassino” (2001), “13 assassinos” (2010) e o remake de “Harakiri” (2011).
No elenco reconhecemos Rinko Kikuchi, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por “Babel” (2007). Em DVD pela Focus Filmes.

Terra Formars: Missão em Marte (Terra Formars). Japão, 2016, 108 min. Ficção científica/Ação. Colorido. Dirigido por Takashi Miike. Distribuição: Focus Filmes


Tráfico de mulheres

Três garotas de três continentes diferentes são vítimas de um esquema internacional de tráfico de mulheres. Elas são raptadas e levadas para o mundo da prostituição em um bordel no Texas. Sem comunicação com a família, sofrem violência física, tortura psicológica e ameaças sob a mira de armas. As três planejam então fugir do bordel, com o auxílio de outras garotas que vivem a mesma situação.

Inspirado em fatos ocorridos nos Estados Unidos há 10 anos, esta fita independente de 2017 é um drama duro, amargo, com cenas de violência que podem desagradar, que discute uma triste realidade, o tráfico de mulheres, crime que movimenta US$ 100 bilhões de ano (mais do que a Intel e a Microsoft juntas, como frisado nos créditos). Conecta três jovens de três continentes diferentes (América, África e Ásia) para retratar a terrível trajetória dessas garotas forçadas a entrar no mercado sexual norte-americano.
A atriz Ashley Judd, sumida das telas, interpreta uma negociante de virgens que as vende pela internet. Pela rede criminosa, são transportadas para o mundo inteiro, especialmente aos Estados Unidos e Itália, pontos de maior procura – para ter uma noção, hoje há cerca de 180 mil mulheres traficadas somente nesses dois países, com idade entre 14 e 32 anos. Três delas são as personagens de destaque deste filme, uma americana, outra nigeriana e uma da Índia. As meninas foram dopadas, trancadas em um cativeiro ao lado do bordel onde tiveram de trabalhar, no Texas, com uma meta de homens para transar por dia. Receberam nova identidade, perdendo total contato com a família, além de ameaças constantes. Naquele inferno na terra, as três bolam um plano de fuga, arriscando a própria pele e a de outras garotas.
Em tom de filme-denúncia, tenta ser fiel à sua origem, o livro do escritor e ativista Siddharth Kara, pesquisador na área de tráfico de pessoas, chamado “Sex trafficking - Inside the business of modern slavery”. Na obra, publicada em 2009, Kara explora casos chocantes, de crianças a adultos, e uma parte do livro vemos aqui nesta fita pequena, corajosa e angustiante, que faz o público refletir sobre o tema.
Dirigido pelo ator Will Wallace (hoje produtor, diretor e roteirista), traz participações de Patrick Duffy, Sean Patrick Flanery, Elisabeth Röhm e Anne Archer, no papel de uma freira (ela foi indicada ao Oscar de coadjuvante por “Atração fatal”, em 1988, e está afastada do cinema há anos). Em DVD pela Focus Filmes.

Tráfico de mulheres (Trafficked). EUA, 2017, 100 min. Drama. Colorido. Dirigido por Will Wallace. Distribuição: Focus Filmes

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Nota do Blogueiro


E também a Pixel não podia ficar de fora! Olhe só o que a editora acabou de lançar no Brasil: duas versões de "Wifi Ralph", uma em livro e outra em HQ, ambas baseadas no filme da Disney que estreia no dia 03 de janeiro de 2019.
A HQ tem 56 páginas, ricamente ilustrada, enquanto o livro tem 126 páginas, com adaptação de Suzanne Francis. A Pixel faz parte do Grupo Ediouro/Nova Fronteira e é especializada em livros baseados em filmes da Disney, como fez em "Viva! A vida é uma festa" e "Os Incríveis 2". Procure já e se divirta. Fique com um trecho do livro, abaixo:

"Ralph correu de volta ao seu jogo, onde encontrou Vanellope tentando construir um kart com tijolos. Ela chutou tudo, frustrada, e a estrutura desmoronou. 
'BU!', Ralph gritou. Ele deu um susto tão grande em Vanellope que ela deu um salto e desapareceu por um segundo. 'Ralph! Que coisa'.
'Pode se arrumar com o melhor vestido, irmãzinha, pois vamos passear!', disse Ralph, sem conter a felicidade. [...]






Nota do Blogueiro


CINEMÃO

Super novidades em DVD da distribuidora Obras-primas do Cinema. Estes são os três lançamentos de dezembro, que acabaram de chegar nas lojas especializadas.
- Tem o box Vera Chytilová, com três longas e dois média-metragens da cultuada cineasta tcheca, que renovou o cinema de seu o país com a Nouvelle Vague - "Teto" e "Saco de pulgas" (ambos média-metragens lançados em 1962) e os longas "Algo diferente" (1963), "As pequenas margaridas" (1966) e "Fruto do paraíso" (1970), divididos em dois discos com uma hora de extras e quatro cards colecionáveis.
- O outro box é Carlos Saura, com três discos contendo cinco fitas do cineasta e roteirista espanhol, que são "Peppermint frappé" (1967), "Ana e os lobos" (1973), "A prima Angélica" (1974), "Cría cuervos" (1976) e "Depressa, depressa" (1981), e ainda uma hora e meia de entrevistas e documentários especiais e cinco cards.
- E por último o drama indicado ao Oscar de melhor roteiro "Minha adorável lavanderia" (1985), de Stephen Frears, em nova cópia remasterizada, com uma hora e meia de extras e cards especiais.
Obrigado, pessoal da Obras-primas, pelo envio dos lindos filmes! Amei! :)






quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Cine Lançamento



Rodin

O escultor francês Auguste Rodin (Vincent Lindon), enquanto cria uma de suas principais obras, “A porta do inferno”, apaixona-se pela sua aprendiz, Camille Claudel (Izïa Higelin), que se tornaria depois uma grande escultora.

Curioso drama biográfico francês, coprodução entre Bélgica e Estados Unidos, que recorta uma parte da vida de Auguste Rodin (1840-1917), pai da escultura moderna, com destaque para o relacionamento de altos e baixos que teve por 12 anos com sua musa inspiradora, Camille Claudel (1864-1943). A história parte do ano de 1880, quando o governo parisiense encomendou pela primeira vez uma obra de arte para Rodin, a escultura “A porta do inferno”, inspirada na “Divina Comédia”, de Dante Alighieri. Rodin demorou 37 anos para construí-la (terminando meses antes de morrer), uma escultura monumental, composta por 180 obras menores em bronze que formavam um portal - nela se encontravam as famosas “O pensador” e “O beijo” e foi instalada no Cour de Comptes, no Museu de Artes Decorativas de Paris, que havia sofrido incêndio. Durante o desenvolvimento das peças, aparece no ateliê/oficina do artista uma jovem interessada por arte chamada Camille Claudel, de apenas 16 anos, que começou a ajudá-lo (Rodin tinha 40 anos, 24 a mais que ela). Camille rapidamente tornou-se a modelo oficial do escultor, também sua confidente e amante, fazendo-o mudar radicalmente seu jeito de criar. Nunca moraram juntos, pois Rodin era casado - ele destratava a esposa, batia nela e a considerava sua empregada. O relacionamento durou 12 anos, e em 1892 terminaram quando Camille abortou, porém mantiveram contato até o fim da vida de Rodin. O filme, indicado à Palma de Ouro em Cannes em 2017, retrata todas essas passagens reais, umas com mais outras com menos intensidade, sob as lentes do diretor francês Jacques Doillon, de “Ponette – À espera de um anjo” (1996), que também escreveu o roteiro – ele já venceu prêmios especiais nos principais festivais europeus, como Cannes, Berlim e Veneza. Seu estilo é marcante, mas rejeitado por parte do público: câmera aberta e distante filmando grandes ambientes, que se movimenta de lá para cá, certa aridez e frieza nos roteiros para realçar a falta de emoção dos personagens, fotografia acinzentada, com pouco destaque para cores. Gosto quando Doillon focaliza o olhar concentrado de Rodin para o trabalho com os materiais no ateliê, em especial a argila (o artista revolucionou o campo plástico ao utilizar um dos materiais menos nobres), assim como capta discretamente as trocas de olhares com Camille, uma garota bem sedutora. Outras passagens intensas é quando Rodin faz dois bustos que marcaram sua carreira, a de Victor Hugo e a de Balzac, que virou polêmica na época.


É um bom filme cult europeu, para quem gosta de arte, com um trabalho inesperado do francês Vincent Lindon, um dos mais proeminentes do país.
Outro filme adequadíssimo sobre o relacionamento entre eles é “Camille Claudel” (1988), de Bruno Nuytten, indicado ao Oscar de fita estrangeira e que rendeu a Isabelle Adjani sua segunda indicação na Academia, no papel da escultura – e quem interpreta Rodin é Gérard Depardieu.

Rodin (Idem). França/Bélgica/EUA, 2017, 119 min. Drama. Colorido. Dirigido por Jacques Doillon. Distribuição: Mares Filmes

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Resenha Especial



Tudo e todas as coisas

Maddy (Amandla Stenberg) é uma garota de 18 anos que vive confinada em casa por causa de uma doença rara de imunidade, que não a permite ter contato com as pessoas. A mãe dela é a médica Pauline (Anika Noni Rose), que a controla a todo momento, junto da enfermeira Carla (Ana de la Reguera), as únicas que podem entrar no quarto hermeticamente fechado de Maddy. Pela janela, ela avista o novo vizinho, Olly (Nick Robinson), e ambos se apaixonam. Mas como poderão se ver frente a frente?

Gostei dessa fita independente romântica para público teen, um passatempo apaixonante, bem realizado, para quem gosta de chorar em fitas com apelo dramático. Baseado no best seller da autora jamaicana Nicola Yoon e roteirizado por J. Mills Goodloe, de dramas românticos como “O melhor de mim” (2014), “A incrível história de Adaline” (2015) e “Depois daquela montanha” (2017), este “Tudo e todas as coisas” é o segundo trabalho da diretora Stella Meghie, que fala de um relacionamento à distância entre dois jovens, impedidos de se verem devido à doença de um dos personagens. A garota Maddy (Amandla Stenberg, de “Jogos vorazes”, uma boa revelação) é portadora da “Imunodeficiência Grave combinada” (SCID), e uma pequena gripe pode matá-la. Por isto a mãe, que é médica, adaptou a casa para ficar totalmente fechada, com vidros e portas com senhas, e a menina não pode sair de lá. Só tem contato com a mãe e a enfermeira. Mas um novo vizinho (Nick Robinson, de “Com amor, Simon”, novamente um amorzinho em cena) se muda para duas casas ao lado, e pela janela do quarto, trocam olhares e número de celular. Apaixonados, tentam se ver, mas como a mãe dela não permite, planejam uma fuga.


Não exija demais, deixe-se levar pela simplicidade, pelo romantismo, pela delicadeza do roteiro, que faz referência a vários momentos a “O pequeno príncipe”, e se entregue a uma historinha de amor e lágrimas. O filme foi feito para isto e está bom demais! Recomendado como opção de entretenimento romântico. Em DVD pela Warner Bros.

Tudo e todas as coisas (Everything, everything). EUA, 2017, 96 min. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Stella Meghie. Distribuição: Warner Bros

Viva Nostalgia!



Zardoz

Em 2293, o deus Zardoz controla a sociedade proibindo o nascimento de crianças e incentivando a guerra entre os humanos. Neste mundo desolado, Zed (Sean Connery), um selvagem exterminador, decide sair desta terra-sem-lei, arrasada pela poluição e pela violência, para invadir o Vortex, uma comunidade luxuosa onde vivem ricos e intelectuais, o que irá ameaçar o equilíbrio da civilização.

Até hoje esta sofisticada aventura surrealista com ficção científica é incompreensível para a maioria das pessoas. Foi escrita, dirigida e produzida pelo britânico John Boorman, de “Amargo pesadelo” (1972), “Excalibur” (1981) e “Esperança e glória” (1987), cinco vezes indicado ao Oscar, hoje afastado do cinema, aos 85 anos. É o trabalho mais cult do cineasta, totalmente influenciado pelo Psicodelismo, encharcado de efeitos especiais bizarros (datados, vistos hoje) em uma história futurista complexa, um grandioso delírio visual. Num lugar indeterminado, daqui a 275 anos, quando uma catástrofe mundial acabou com o Ocidente, as pessoas estão divididas em duas sociedades: a Vortex é dominada pelos ricos imortais, como intelectuais, cientistas e pessoas trabalhadoras, fechados do mundo exterior, onde o sexo é reprimido e todos substituíram as emoções por outro nível de sentimento, chamado de Segundo Nível (que só lá existe); a segunda sociedade é a terra dos Brutos, um local desértico, feio, poluído, regido pela guerra, onde convivem homens primitivos em tribos, verdadeiros assassinos, adoradores do deus Zardoz. Este deus é uma cabeça de pedra voadora (inspirada em “O mágico de Oz”) que aparece ditando regras, expelindo armas pela boca para que a guerra continue. Zed (Sean Connery, em plena forma, com roupas vermelhas esquisitas, após seu ciclo como James Bond) é um exterminador revoltado que sai do grupo dos Brutos e invade a Vortex, causando o terror naquela sociedade. E desse ponto em diante a aventura fantasiosa capta momentos de romance, muita ação e violência.


Tarefa difícil dar detalhes devido à complexidade do filme, que é de uma imaginação assustadora. Sombrio, alusivo e original, causou burburinho na época do lançamento, em 1974, e ainda hoje traz sequências indecifráveis. Tem no elenco a exuberante atriz Charlotte Rampling, lindíssima, aos 27 anos, e uma ponta do próprio diretor John Boorman, como um camponês (ele foi o molde para a cabeça voadora do deus Zardoz).
Indicado ao Bafta de melhor fotografia, de Geoffrey Unsworth (naquele ano ele foi indicado também ao Bafta e ao Oscar pela fotografia de “Assassinato no expresso Oriente”, que tinha Sean Connery no elenco). Uma aventura scifi cult para poucos. Em DVD pela Fox.

Zardoz (Idem). Irlanda/EUA, 1974, 105 min. Aventura/Ficção científica. Colorido. Dirigido por John Boorman. Distribuição: 20th Century Fox.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Cine Lançamento



Alfa

Era do Gelo, 22000 a.C. Em sua primeira caçada com a tribo, ao lado do pai, o garoto Keda (Kodi Smit-McPhee) fica gravemente ferido ao cair de um penhasco e é dado como morto. O grupo deixa o garoto para trás e segue o caminho para casa. Mas Keda sobrevive. Num ataque de lobos, ele, para se proteger, revida contra o lobo alfa, líder dos animais, que fica ferido. Keda então passa a cuidar do canino, surgindo ali uma forte amizade entre os dois, que se unem para voltar para casa, diante do impiedoso inverno glacial.

O diretor Albert Hughes, que junto com o irmão gêmeo, Allen, realizou filmes impactantes como o violento suspense “Do inferno” (2001) e a apocalíptica ficção “O livro de Eli” (2010), retornou ao cinema após oito anos de ausência para produzir esse projeto pessoal com certa ambição, uma fita emocionante para toda a família, leve e acessível. Escrita por ele mesmo, demorou para ser realizado e teve problemas na distribuição, acertada depois com a Sony Pictures (o filme passou nos cinemas em setembro e foi lançado esta semana em DVD, Bluray e nas plataformas digitais). Trata-se de uma aventura épica de espírito grandioso, sobre a amizade de um garoto com um lobo alfa selvagem, que se passa na última Era do Gelo, há 20 mil anos. Na história, narrada por Morgan Freeman, ambos os personagens - Keda, o rapaz na passagem para a vida adulta, e o lobo amedrontador - são deixados para trás por seus respectivos grupos e juntos terão de adquirir confiança para seguir a jornada para casa, que será difícil. Eles passarão por provações, para sobreviver à intensa neve, a águas congeladas e a outros animais hostis, tudo isto para reencontrar a família. Vemos, nas entrelinhas, as origens do ser humano assim como o primeiro contato do humano com um lobo e sua domesticação – no filme o alfa é um cão-lobo tchecoslovaco, um híbrido entre um cachorro e um lobo, o que facilita compreendermos os laços que sempre uniram o homem e o seu melhor amigo, o cão. Para quem gosta de fitas sensíveis com animais, eis uma boa recomendação!
No elenco dois atores se destacam em meio a figurantes, o jovem australiano Kodi Smit-McPhee (de “X-Men: Apocalipse” e “Oeste sem lei”), no papel de Keda, e Jóhannes Haukur Jóhannesson, o pai.


Rodado em regiões de puro gelo no Canadá (as montanhas com neve servem de base para a linda fotografia do filme), teve um custo caro para os padrões, R$ 50 milhões, sem arrecadar bilheteria suficiente. Uma pena que o público deixou de vê-lo nas telonas...
Curiosidade: a língua falada entre os personagens é rudimentar, inventada propriamente para o filme. Procure já!

Alfa (Alpha). EUA, 2018, 96 min. Aventura/Drama. Colorido. Dirigido por Albert Hughes. Distribuição: Sony Pictures

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Cine Lançamento



O protetor 2

Ex-agente das Forças Especiais, Robert McCall (Denzel Washington) vive em Boston sozinho e agora está trabalhando como motorista. Numa de suas corridas, recebe uma mulher que foi espancada por um poderoso empresário. O senso de justiça de McCall fala alto, então resolve investigar por conta o caso e assim se vingar dos agressores.

Segundo capítulo de “O protetor”, uma fita policial de boa recepção do público como também dos fãs do ator Denzel Washington, que retorna na pele do justiceiro social Robert McCall, desta vez para proteger uma mulher espancada, mesmo que para isto tenha de matar um grupo de criminosos ligados a um importante empresário de Boston. Violento e movimentado, passou nos cinemas em agosto e acabou de sair esta semana em DVD, pela Sony Pictures.
Abre com uma cena nervosa, uma briga com mortes em um trem para Istambul, e caminha com ótimos momentos de ação de impacto, perseguições de carros e surpresas desagradáveis para o personagem principal, até culminar no excitante desfecho, um acerto de contas no alto de uma torre no meio de um furacão. Sempre contado com doses altas de adrenalina, graças ao roteiro eficiente, que permaneceu nas mãos de Richard Wenk, do capítulo anterior, realizador de cinema de ação. Além do ator Denzel e do diretor Antoine Fuqua, voltou ainda na equipe de produtores Michael Sloan, criador da série britânica “The equalizer”, dos anos 80, que inspirou o filme.
Fuqua retomou o clima e a violência do anterior, mesclando momentos mais dramáticos, que servem para discutir a alta criminalidade na cidade de Boston, uma das mais perigosas dos Estados Unidos. Outro ponto alto é a caracterização de Denzel quatro anos depois, um ator versátil, que envelheceu bem. Seu personagem implacável e duro na queda, que avalia as situações rapidamente e ataca o algoz em frações de segundos quando percebe injustiças, revigorou sua sólida carreira - ele já ganhou dois Oscars, por “Tempo de glória” e “Dia de treinamento” (dirigido por Fuqua), hoje participa de uma média de dois filmes por ano, fez 50 longas em quatro décadas ininterruptas de atividsde e completa no final deste mês 64 anos.


O filme reutiliza traços marcantes da primeira parte, como o efeito de aproximação da câmera para dentro do olho de McCall (para demonstrar o instinto de vingança) e o uso de armas improvisadas (o ex-policial pega aquilo que estiver ao redor, como um arpão, por exemplo, para trucidar um bandido).
Ah, a atriz Melissa Leo está no elenco, de novo com a personagem da agente da Polícia Secreta, amiga do protagonista, e ainda tem a revelação do jovem ator Ashton Sanders, que na vida real saiu das ruas para virar ator (ele interpreta um vizinho grafiteiro de McCall), a vinda no elenco de Pedro Pascal, como um velho amigo de Denzel, e rápida aparição de Bill Pullman, como marido de Melissa. Tão bom quanto o original! Assista!

O protetor 2 (The equalizer 2). EUA, 2018, 120 min. Ação. Colorido. Dirigido por Antoine Fuqua. Distribuição: Sony Pictures


E se você ainda não viu "O protetor 2", assista à eletrizante primeira parte! Leia abaixo a crítica escrita hoje sobre o capítulo um, também com Denzel Washington.


O protetor


O ex-oficial da polícia Robert McCall (Denzel Washington) hoje trabalha numa loja de ferragens em Boston, onde vive sozinho com uma vida tranquila. Numa noite conhece uma jovem prostituta, Teri (Chloë Grace Moretz), explorada pela máfia russa. Ela sofre agressões constantes daquele grupo, então McCall entra em ação com toda fúria do mundo para resgatar a garota do submundo.

Uma pequena grande fita de ação de 2014 estrelada por Denzel Washington, que interpreta um ex-membro das Forças Especiais da Polícia, que simulou sua morte para viver calmamente em Boston. Adepto de trabalhos voluntários, ele acredita na justiça social, mesmo que para conquistá-la tenha de matar bandidos. Aos poucos retorna por conta própria ao mundo policial, desta vez cometendo atos de vingança contra os oprimidos. Esse cidadão calado e misterioso da noite para o dia transforma-se em “o protetor”, um justiceiro à mercê da população sofredora. Washington sempre se deu bem em papéis policiais, com aquela expressão facial quieta, de olhar atencioso, investigativo. Neste primeiro capítulo (a parte 2 acabou de sair em DVD, também pela Sony, e é muito boa), o personagem fica inconformado com as agressões sofridas por uma jovem prostituta, explorada por mafiosos russos (papel pequeno de Chloë). Invade o espaço deles, cria desavença com o perigoso grupo e inicia uma matança sem fim, para limpar a cidade e devolver a dignidade para a moça.
O filme prende a atenção, é violento, com cenas de assassinato brutais com muito escorrer de sangue (à moda das fitas de ação coreanas), com destaque para as inúmeras armas improvisadas (e inusitadas) que McCall encontra ao seu redor para abater os bandidos (uma cena famosa é quando ele mata um mafioso com um saca-rolhas). A violência está na alma do diretor, Antoine Fuqua, especializado em fitas policiais do gueto, de ação eficiente. Ele já dirigiu Denzel em quatro filmes – a primeira parceria entre os dois rendeu ao ator seu segundo Oscar, pelo excelente “Dia de treinamento” (2001). E também trouxe para o elenco a atriz Melissa Leo, com quem trabalhou outras ocasiões - aqui interpreta uma chefe de polícia, conselheira de McCall.
Vale destacar que o filme é baseado na série britânica “The equalizer”, com Edward Woodward (ganhador do Globo de Ouro pelo trabalho), realizada entre 1985 e 1989.
Assista a este primeiro capítulo antes de engrenar na segunda parte, “O protetor 2”, que saiu esta semana em DVD pela Sony Pictures.

O protetor (The equalizer). EUA, 2014, 132 min. Ação. Colorido. Dirigido por Antoine Fuqua. Distribuição: Sony Pictures

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Nota do blogueiro


Dois bons filmes chegando esta semana em DVD pela Sony Pictures: o empolgante policial "O protetor 2", com Denzel Washington, e a terna e emocionante aventura "Alfa". Ambos já disponíveis para locação e compra. Logo mais tem resenha sobre eles! Obrigado, pessoal da Sony, pelo envio dos títulos. :)



Resenhas Especiais



A vigilante do amanhã: Ghost in the shell

Num futuro próximo, a tecnologia comanda a humanidade. Major (Scarlett Johansson) é a primeira de sua espécie, uma soldada com cérebro humano num corpo robótico, programada para matar criminosos no mundo cibernético. Numa investigação rotineira, descobre um fato perturbador sobre seu passado, que envolve a corporação que a criou.

A revolução tecnológica absorvida no cinema como você nunca viu antes! “A vigilante do amanhã” é uma experiência ímpar para quem curte cultura cyberpunk e animes japoneses. Protagonizado pela belíssima Scarlett Johansson (magérrima, com traços orientais e seminua numa roupa que parece pele), a ficção científica recorre a uma direção de arte de cores neon fortes e imagens múltiplas, um apelo gráfico suntuoso e uma ideia bem original para o cinema, com efeitos visuais magnéticos, levados ao limite máximo.
Foi inspirado no mangá de mesmo nome, de Shirow Masamune (ou Masanori Ota), e teve antes, em 1995, uma excelente versão em anime, intitulado no Brasil de “O fantasma do futuro”, com uma continuação em 2004. Tanto os desenhos quanto esta primeira versão para cinema tratam das possibilidades de reprogramação do cérebro humano, num futuro próximo (ano de 2029), quando o mundo se tornou 100% informatizado. As máquinas dominam a sociedade, os hackers assumem formas de destruição em massa, e nesse caos uma corporação cria robôs com um “ciber-cérebro”, que podem acessar em milésimos de segundos qualquer tipo de informação (uma analogia ao banco de dados da internet). Também treina robôs para matar criminosos, com possibilidade de se camuflar, ficar invisíveis e se infiltrar em qualquer canto da cidade - Major é um exemplo perfeito da tecnologia. Ela é uma respeitada soldada perita em táticas, da Seção 9, chamada de ciberdefensores, especializada em caçar robôs malfeitores. Enquanto os elimina, vasculha o passado chegando a segredos que a abalam, e por isso inicia um plano de vingança. Na trama (não vou contar mais para não estragar as surpresas) alia-se a um militar com olhos de visor noturno, Batou (Pilou Asbæk), e ao mentor, Aramaki (Takeshi Kitano, o grande diretor e ator japonês, numa participação bacana). É ver para crer! Pena que a maior parte da crítica, em especial a norte-americana, não embarcou na ideia; eu, pelo contrário, fiquei empolgado e desde o ano passado, quando saiu nos cinemas, indico o filme.
Do diretor inglês Rupert Sanders, de “Branca de Neve e o caçador” (2012), a fita traz participação especial de Juliette Binoche como uma cientista e também de Michael Pitt. Confira!

A vigilante do amanhã: Ghost in the shell (Ghost in the shell). EUA/China/Inglaterra/Índia/Hong Kong, 2017, 106 min. Ação/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Rupert Sanders. Distribuição: Paramount Pictures


Passageiros

A espaçonave Avalon viaja para outro planeta levando cinco mil pessoas para que habitem novos lugares, já que na Terra os recursos naturais se esgotaram. Todos estão em estado de hibernação, pois o percurso dura 120 anos. Dois passageiros, Aurora (Jennifer Lawrence) e Jim (Chris Pratt), acabam despertando de suas cápsulas 90 anos antes do programado.  Solitários, criam fortes laços de amizade até se apaixonarem e terão de encontrar estratégias para evitar um defeito que poderá comprometer o funcionamento da gigante nave espacial.

Recebeu duas indicações ao Oscar de 2017 (de melhor design de produção e melhor trilha sonora, para Thomas Newman) esta intensa e inesperada space opera com ótimos efeitos visuais e um trabalho acima da média dos dois atores centrais que formam o par romântico, Jennifer Lawrence e Chris Pratt.
Com orçamento de U$ 110 milhões (rendeu o triplo nas bilheterias) teve má repercussão pela crítica americana (lá eles são uns chatos mesmo), sendo mais bem recebido na Europa e no Brasil (eu gostei pra caramba, vi no cinema e depois revi em DVD no ano passado, quando lançado pela Sony Pictures).
É uma história intrigante no espaço sideral, a bordo de uma espaçonave chamada Avalon, que realiza um cruzeiro interestelar para um planeta da colônia Homestead II. Num futuro próximo, a Terra tornou-se inabitável, então as pessoas são levadas, em estado de hibernação, para outro planeta, cuja viagem demora 120 anos. Na Avalon há 5200 passageiros e 250 tripulantes. Mas um problema técnico na cápsula de um deles, Jim, o faz acordar 90 anos antes (ele só viajou 30 anos, portanto). Passam-se os dias, ele enlouquece de solidão, precisar criar jogos esportivos para fugir do tédio, e seu único amigo é um barman androide (Michael Sheen). Quando anda pelas salas de hibernação, fica fascinado por uma jovem, Aurora, e de propósito abre a cápsula dela, despertando-a do longo sono. Ele não conta que foi ele o responsável por aquilo. Entre os dois nasce uma amizade e posteriormente um romance. Na metade do filme, tramas paralelas aparecem, deixando o lado romântico de lado para se construir uma deleitosa aventura com ficção científica, rumo a um final soberbo.
Chama a atenção o desenho de produção da fita, com destaque para a linda nave Avalon, por dentro e por fora, além dos efeitos visuais bem realizados.
Parece um tema novo, mas desde os anos 60 Hollywood já utilizava a ideia, para refletir sobre o futuro da humanidade diante da crescente exploração dos recursos naturais pelas mãos dos homens, como em “Corrida silenciosa” (1972), “No mundo de 2020” (1973) e até na animação “Wall-E” (2008).
Só os implicantes para reclamarem do resultado desse filme joia, escrito pelo roteirista Jon Spaihts, de “Prometheus” (2012) e “Doutor Estranho” (2016), e dirigido pelo norueguês Morten Tyldum, de “Headhuters” (2011) e indicado ao Oscar por “O jogo da imitação” (2014). Veja a boa participação de Laurence Fishburne e a ponta de um minuto de Andy Garcia, que abrilhantam o elenco.

Passageiros (Passengers). EUA, 2016, 116 min. Aventura/Romance. Colorido. Dirigido por Morten Tyldum. Distribuição: Sony Pictures

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Resenhas Especiais


Dois bons filmes da Universal Pictures em DVD no Brasil, lançados no mês passado!


Papa Francisco: Um homem de palavra

Uma viagem de fé e altruísmo com o Papa Francisco pelo mundo afora, onde ele visita uma série de países para levar mensagens de acolhimento aos povos.

Exibido na Sessão Especial da 71ª edição do Festival de Cannes, neste ano, o documentário sobre o Papa Francisco é uma coprodução de quatro países com a Cidade do Vaticano (um fato raro), dirigido pelo cultuado cineasta alemão Wim Wenders. Em vez de uma biografia, o filme se transforma numa jornada espiritual protagonizada por Jorge Bergoglio, o papa atual, um homem carismático e cheio de vida, em suas peregrinações pelo mundo. O documentário religioso intercala as viagens com depoimentos exclusivos dele para este projeto, em que propõe mudanças para a Igreja Católica, enquanto toca em temas de discussões globais como meio ambiente, justiça social, imigração e o papel da família. É mais um retrato bem intencionado do religioso e suas dignas façanhas em prol dos mais necessitados.
Wim Wenders, diretor de cult movies como “O amigo americano” (1977), “Paris, Texas” (1984) e “Asas do desejo” (1987), já realizou documentários, inclusive as três únicas indicações ao Oscar foram justamente nesse gênero – por “Buena Vista Social Club” (1999), “Pina” (2011) e “O sal da Terra” (2014). Ele escreveu o roteiro com David Rosier, produtor também de “O sal da Terra”, e conseguiu liberação para gravar dentro do Vaticano, obtendo relatos únicos do papa, no estilo de uma conversa informal. O resultado é bom e merece ser descoberto, especialmente pelos católicos.


Passou em poucas salas de cinema na Europa, concorreu ao prêmio Golden Eye em Cannes e no Brasil chegou direto em DVD, pela Universal Pictures (lançado na última semana de novembro).

Papa Francisco: Um homem de palavra (Pope Francis: A man of his word). Suíça/Itália/Cidade do Vaticano/Alemanha/França, 2018, 96 min. Documentário. Colorido. Dirigido por Wim Wenders. Distribuição: Universal Pictures



O poderoso chefinho

O casal Templeton está radiante, pois acabou de ganhar mais um integrante na família, o Bebê Chefinho (voz de Alec Baldwin). Os dias seguem felizes para o pai e mãe, exceto para o filho mais velho do casal, Tim (voz de Miles Bakshi), de sete anos, que detesta o irmãozinho e mal fica perto do nenê. Até que Tim passa a suspeitar que o Chefinho é o cabeça de uma organização com uma missão ultrassecreta na mala que carrega.

Indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de animação este ano, “O poderoso chefinho”, da DreamWorks, é uma divertidíssima fita infantil focada também no público adolescente, que homenageia filmes policial de espionagem e garante boas gargalhadas. Na história, um bebê de terno preto, gravata e maleta (esquisito demais para as animações convencionais), chamado de Chefinho, aterrissa numa nova família. Mandão, esconde um plano maquiavélico, a de destruir os animais de estimação de toda a cidade, devido à concorrência que os bebês enfrentam com os bichos. Junta-se a recém-nascidos inteligentes iguais a ele para terminar a missão, porém o irmão, Tim, suspeita de algo estranho no ar, e a partir daí as reviravoltas na trama começam.
Eu assisti nos cinemas e gostei muito e já apostava numa indicação ao Oscar. O filme é engraçado, destaca-se pela originalidade na concepção de uma história para os adultos (sobre o mundo dos negócios, corporações e CEOs) e há tiradas cômicas  ousadas para um desenho animado. Na trilha sonora tem The Beatles e Burt Bacharach, um visual alegre e um time de atores de alta qualidade emprestando as vozes, como Alec Baldwin, Steve Buscemi, Tobey McGuire, Jimmy Kimmel e Lisa Kudrow.
Fez tanto sucesso nas salas (rendeu U$ 530 milhões de bilheteria, de um orçamento de U$ 124 milhões) que ganhou uma série no Netflix, coproduzida com a DreamWorks, chamada “O Chefinho: De volta aos negócios”, e haverá continuação para os cinemas em 2021!


Baseado no livro escrito e ilustrado por Marla Frazee, de 2010, foi trazido para o cinema pelo diretor da trilogia “Madagascar”, Tom McGrath, que transformou os traços de desenho a mão do original em excelentes efeitos de computação gráfica.
Havia saído em DVD e Bluray no início do ano e em outubro, devido ao Dia das Crianças, foi relançado em DVD pela Universal numa edição dupla com outra animação da Dreamworks indicada ao Oscar, “Trolls” (2016).

O poderoso chefinho (The boss baby). EUA, 2017, 97 min. Animação. Colorido. Dirigido por Tom McGrath. Distribuição: Universal Pictures