sábado, 14 de junho de 2008

Cine Lançamento

O Gângster

Início dos anos 70. Nos Estados Unidos alastra-se o clima de instabilidade política e social decorrente da Guerra do Vietnã. Em Nova York, a corrupção policial atinge níveis alarmantes, e o tráfico de drogas corre solto pelas ruas. Em meio a essa situação, o motorista negro Frank Lucas (Denzel Washington), guarda-costas de um importante mafioso, após a morte do chefe, assume seu lugar. Na trilha do tráfico, vende entorpecente mais puro e barato diretamente da Tailândia, despertando a ira dos concorrentes. No encalço de Lucas surge o detetive durão Richie Roberts (Russell Crowe), disposto a tudo para colocá-lo atrás das grades.

O diretor Ridley Scott, mentor de projetos ambiciosos, como Gladiador, Cruzada, Falcão Negro em Perigo e 1492 – A Conquista do Paraíso, retorna aqui com um drama/policial em que retrata a ascensão e queda de um dos maiores traficantes de Nova York, Frank Lucas, responsavel por introduzir a heroína no país. Molda-se uma biografia desconhecida e imponente, com alguns deslizes. Com uma produção cara (custou U$$ 100 milhões) e um elenco central de peso, o filme traz história interessante, com roteiro do premiado Steven Zaillian, porém nada de magistral. A narrativa segue o modelo de histórias hollywoodianas sobre líderes do crime, excessivamente dialogada e pouca ação. Tem seus prós, como a bem trabalhada direção de arte, indicada ao Oscar este ano, em que foca o ambiente marginal e desglamourizado de uma Nova York em transformação, dominada por traficantes e pessoas morrendo de overdose, e tudo captado por uma fotografia escurecida. As sucintas cenas em locações em Bangcoc, capital da Tailândia, também resultam interessantes.
Não perco tempo nem linhas para falar de Denzel Washington, sempre bom ator e que, aqui, prossegue poderoso como a figura real que interpreta – um cidadão de comportamento instintivo que guarda dentro de si uma bomba-relógio prestes a explodir (Denzel foi indicado ao Globo de Ouro pelo trabalho). Quanto a Russell Crowe tenho minhas restrições. O maneirismo não disfarçado do ator me faz questionar e deixa dúvidas, ainda mais com a sub-trama dispensável e arrastada em torno dos problemas conjugais do personagem que termina em divórcio. É o terceiro filme em que é dirigido por Ridley Scott – os anteriores foram Gladiador e Um Bom Ano.
Não gosto especialmente da conclusão, antiquada e cheia de sorrisos, o que não condiz com o “todo” do filme. Porém, não acho que atrapalha o resultado da obra, bem realizada e que foi bem recebida pelo público e crítica internacionais.
Destaque para a chocante seqüência da inspeção nos caixões dos fuzileiros mortos no Vietnã, uma das melhores partes do filme.
Os verdadeiros Frank Lucas e Richie Roberts estão vivos e colaboraram como consultores do filme.
A atriz negra Ruby Dee, de 83 anos, foi indicada ao Oscar de melhor coadjuvante. Ela aparece pouco, no entanto encenou a famosa cena do tapa na cara. Ruby é a segunda mulher na lista das atrizes mais velhas da história a serem indicada ao Oscar (a primeira é Gloria Stuart, que, aos 87 anos, foi nomeada por Titanic). Josh Brolin, que 
interpreta um chefe de polícia corrupto, ressurge das cinzas e agora aparece em tudo o que é produção. Só em 2007 esteve, além de O Gângster, em Planeta Terror, No Vale das Sombras e Onde os Fracos Não Têm Vez.
Lançado em vídeo na semana passada, o DVD traz duas versões: a regular, com 157 minutos, e a estendida com 19 minutos a mais, totalizando 176 min. Pobre em extras – traz apenas comentários do diretor. Por Felipe Brida

Título original: American Gangster
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Denzel Washington, Russell Crowe, Chiwetel Ejiofor, Josh Brolin, Lymari Nadal, Ruby Dee, Ted Levine, John Hawkes, RZA, Cuba Gooding Jr., Armand Assante, Jon Polito.
Direção: Ridley Scott
Gênero: Drama
Duração: 157 min.

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