‘O cinema tem sido o
meu amor: O trabalho e a vida de Lynda Myles’ (Reino Unido, 2023, 75 minutos, de
Mark Cousins)
O documentarista irlandês Mark Cousins está no Brasil para ser
homenageado no ‘É Tudo Verdade’. O festival faz, nesse ano, uma retrospectiva da
carreira do diretor, com oito filmes dele na programação – seis antigos e duas
estreias. ‘O cinema tem sido o meu amor: O trabalho e a vida de Lynda Myles’ (2023)
é um de seus novos trabalhos, um doc que acompanha o olhar da produtora de
cinema Lynda Myles em torno de filmes que a marcaram. Produtora de longas-metragens
de Alan Parker e Stephen Frears e uma das fundadoras do Edinburgh Film Festival,
Lynda, em pé, em frente a um telão com fragmentos dessas obras, ela discute
clássicos como ‘Depois do vendaval’, ‘Rio vermelho’, ‘O beijo amargo’,
‘Cadáveres ilustres’ e ‘Paris, Texas’, e comenta alguns que produziu, como ‘The
commitments – Loucos pela fama’ e ‘A van’. E também defende cineastas
esquecidos, como Douglas Sirk e Samuel Fuller. Um doc primoroso, uma aula de
cinema e um deleite aos fãs de filmes clássicos.
Sessões: Dia 11/04, 17h, no Estação Net de Cinema Botafogo – RJ; e dia 12/04,
19h, no Estação Net de Cinema Rio – RJ. Gratuito.
‘Lampião, governador
do sertão’ (Brasil,
2024, 90 minutos, de Wolney Oliveira)
Lampião: herói ou bandido? Essa é a pergunta que tentam responder nesse
bom documentário do diretor cearense Wolney Oliveira, de ‘A ilha da morte’ e
‘Os últimos cangaceiros’. A trajetória de Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião, de Maria Bonita e de seu bando é mostrada a partir de uma série de
depoimentos de historiadores, escritores (como Ariano Suassuna), do próprio
povo e até de familiares de Lampião, como netos e uma irmã dele; uns o apontam
como uma figura heroica, um protetor, outros dizem que foi o maior bandido que
houve no Brasil, que aterrorizou o Nordeste e responsável por dezenas de mortes
violentas. O perfil de Lampião é aqui traçado nos pormenores, e o doc trata de
seu legado e da formação de um mito moderno.
Sessões: Dia 11/04,
20h30, no Espaço Itaú de Cinema Augusta - SP; e dia 12/04, 19h30, na Cinemateca
Brasileira - SP. Gratuito.
‘Uma estória
americana’ (França/Itália,
2023, 65 minutos, de Jean-Claude Taki e Alexandre Gouzou)
Doc metalinguístico e que diz muito aos fãs do cinema autoral, sobre um roteiro
inacabado do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. A história mostra um produtor
de cinema português, Paulo Branco, que tentou mobilizar, nos anos 80, uma
equipe de cinema para fazer o filme de Antonioni acontecer. No meio do processo, Antonioni sofreu um AVC,
que paralisaria seu corpo e o impediria de falar. O roteiro é interrompido por
10 anos, até que em 1995, Antonioni recupera partes da fala e dos movimentos do
corpo. O roteiro é retomado, mas surgem outras dificuldades técnicas e
financeiras para dar seguimento ao trabalho. Branco e parte da equipe envolvida
fala sobre o complexo processo desse filme abandonado, uma obra perdida que discutiria
uma nova visão sobre a América entrelaçando temas existenciais. Já que o de
Antonioni não existiu, há esse doc que conta como tudo começou e como (quase)
terminou.
Sessões: Dia 12/04, 17h,
no IMS Paulista - SP. Gratuito.
‘E
assim começa’ (Filipinas/EUA, 2024, 99 minutos, de
Ramona S. Diaz)
Segundo filme de Ramona S. Diaz exibido no ‘É Tudo Verdade’ sobre as
eleições nas Filipinas. É como uma continuação/complemento do anterior, o
impactante ‘Mil cortes’ (2020), e ambos tratam da crise política no país a
partir da eleição de Duterte, um ditador ultraconservador que atacava adversários,
mulheres e minorias, e usou as redes sociais para pregar discurso de ódio. Em
‘E assim começa’, o foco é a disputa eleitoral em 2022 nas Filipinas, num
acirramento entre dois candidatos, a vice-presidente no governo Duterte, Leni
Robredo, e o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, de mesmo nome. Enquanto as
ruas são tomadas por campanhas e protestos, a jornalista Nobel da Paz Maria
Ressa luta incansavelmente pela liberdade de imprensa. Um baita filme, um dos
grandes destaques do ‘É Tudo Verdade’ desse ano – foi exibido nos festivais de
Sundance e no CPH DOX.
Sessões: Dia 12/04, 16h,
no Estação Net de Cinema Botafogo - RJ. Gratuito.
‘Celluloid
underground’ (Irã/Reino Unido, 2023, 80 minutos, de
Ehsan Khoshbakht)
A história desse bom documentário
é especial e corajosa: um colecionador de filmes de Teerã tem a dura missão de
guardar e proteger milhares de filmes em película e em VHS do novo regime
autoritário que se ergue no país. Como é sabido, ditadores do Irã ficaram
conhecidos por queimarem filmes e livros, praticando abertamente a censura.
Ameaçado de morte no Irã e agora exilado em Londres, ele vira símbolo de
resistência. Esse é Ehsan Khoshbakht, que além de ser colecionador e ativista,
é o roteirista, diretor e narrador do documentário – antes ele fez o doc
‘Filmfarsi’ (2019). Exibido no festival de Londres, foi aplaudido por onde
passou. Adorei e recomendo a todos.
Sessões: Dia 13/04, 14h30,
no IMS Paulista - SP. Gratuito.
Para mais informações
sobre o festival, acesse o site https://etudoverdade.com.br/
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