quinta-feira, 11 de abril de 2024

Especial de Cinema


Mais cinco bons filmes do 'É tudo verdade'; festival segue até dia 14

O Festival Internacional de Documentários ‘É Tudo Verdade’ segue em São Paulo e no Rio de Janeiro até o dia 14 de abril, com mais de 70 filmes gratuitos ao público. Confira mais cinco bons docs que conferi no festival.

 

‘O cinema tem sido o meu amor: O trabalho e a vida de Lynda Myles’ (Reino Unido, 2023, 75 minutos, de Mark Cousins)

 

O documentarista irlandês Mark Cousins está no Brasil para ser homenageado no ‘É Tudo Verdade’. O festival faz, nesse ano, uma retrospectiva da carreira do diretor, com oito filmes dele na programação – seis antigos e duas estreias. ‘O cinema tem sido o meu amor: O trabalho e a vida de Lynda Myles’ (2023) é um de seus novos trabalhos, um doc que acompanha o olhar da produtora de cinema Lynda Myles em torno de filmes que a marcaram. Produtora de longas-metragens de Alan Parker e Stephen Frears e uma das fundadoras do Edinburgh Film Festival, Lynda, em pé, em frente a um telão com fragmentos dessas obras, ela discute clássicos como ‘Depois do vendaval’, ‘Rio vermelho’, ‘O beijo amargo’, ‘Cadáveres ilustres’ e ‘Paris, Texas’, e comenta alguns que produziu, como ‘The commitments – Loucos pela fama’ e ‘A van’. E também defende cineastas esquecidos, como Douglas Sirk e Samuel Fuller. Um doc primoroso, uma aula de cinema e um deleite aos fãs de filmes clássicos.

Sessões: Dia 11/04, 17h, no Estação Net de Cinema Botafogo – RJ; e dia 12/04, 19h, no Estação Net de Cinema Rio – RJ. Gratuito.

 


‘Lampião, governador do sertão’ (Brasil, 2024, 90 minutos, de Wolney Oliveira)

 

Lampião: herói ou bandido? Essa é a pergunta que tentam responder nesse bom documentário do diretor cearense Wolney Oliveira, de ‘A ilha da morte’ e ‘Os últimos cangaceiros’. A trajetória de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, de Maria Bonita e de seu bando é mostrada a partir de uma série de depoimentos de historiadores, escritores (como Ariano Suassuna), do próprio povo e até de familiares de Lampião, como netos e uma irmã dele; uns o apontam como uma figura heroica, um protetor, outros dizem que foi o maior bandido que houve no Brasil, que aterrorizou o Nordeste e responsável por dezenas de mortes violentas. O perfil de Lampião é aqui traçado nos pormenores, e o doc trata de seu legado e da formação de um mito moderno.

Sessões: Dia 11/04, 20h30, no Espaço Itaú de Cinema Augusta - SP; e dia 12/04, 19h30, na Cinemateca Brasileira - SP. Gratuito.

 


‘Uma estória americana’ (França/Itália, 2023, 65 minutos, de Jean-Claude Taki e Alexandre Gouzou)

 

Doc metalinguístico e que diz muito aos fãs do cinema autoral, sobre um roteiro inacabado do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. A história mostra um produtor de cinema português, Paulo Branco, que tentou mobilizar, nos anos 80, uma equipe de cinema para fazer o filme de Antonioni acontecer.  No meio do processo, Antonioni sofreu um AVC, que paralisaria seu corpo e o impediria de falar. O roteiro é interrompido por 10 anos, até que em 1995, Antonioni recupera partes da fala e dos movimentos do corpo. O roteiro é retomado, mas surgem outras dificuldades técnicas e financeiras para dar seguimento ao trabalho. Branco e parte da equipe envolvida fala sobre o complexo processo desse filme abandonado, uma obra perdida que discutiria uma nova visão sobre a América entrelaçando temas existenciais. Já que o de Antonioni não existiu, há esse doc que conta como tudo começou e como (quase) terminou.

Sessões: Dia 12/04, 17h, no IMS Paulista - SP. Gratuito.

 


‘E assim começa’ (Filipinas/EUA, 2024, 99 minutos, de Ramona S. Diaz)

 

Segundo filme de Ramona S. Diaz exibido no ‘É Tudo Verdade’ sobre as eleições nas Filipinas. É como uma continuação/complemento do anterior, o impactante ‘Mil cortes’ (2020), e ambos tratam da crise política no país a partir da eleição de Duterte, um ditador ultraconservador que atacava adversários, mulheres e minorias, e usou as redes sociais para pregar discurso de ódio. Em ‘E assim começa’, o foco é a disputa eleitoral em 2022 nas Filipinas, num acirramento entre dois candidatos, a vice-presidente no governo Duterte, Leni Robredo, e o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, de mesmo nome. Enquanto as ruas são tomadas por campanhas e protestos, a jornalista Nobel da Paz Maria Ressa luta incansavelmente pela liberdade de imprensa. Um baita filme, um dos grandes destaques do ‘É Tudo Verdade’ desse ano – foi exibido nos festivais de Sundance e no CPH DOX.

Sessões: Dia 12/04, 16h, no Estação Net de Cinema Botafogo - RJ. Gratuito.

 


‘Celluloid underground’ (Irã/Reino Unido, 2023, 80 minutos, de Ehsan Khoshbakht)

 

A história desse bom documentário é especial e corajosa: um colecionador de filmes de Teerã tem a dura missão de guardar e proteger milhares de filmes em película e em VHS do novo regime autoritário que se ergue no país. Como é sabido, ditadores do Irã ficaram conhecidos por queimarem filmes e livros, praticando abertamente a censura. Ameaçado de morte no Irã e agora exilado em Londres, ele vira símbolo de resistência. Esse é Ehsan Khoshbakht, que além de ser colecionador e ativista, é o roteirista, diretor e narrador do documentário – antes ele fez o doc ‘Filmfarsi’ (2019). Exibido no festival de Londres, foi aplaudido por onde passou. Adorei e recomendo a todos.

Sessões: Dia 13/04, 14h30, no IMS Paulista - SP. Gratuito.

 


Para mais informações sobre o festival, acesse o site https://etudoverdade.com.br/

 

 

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