Mostra de Cinema de São
Paulo tem repescagem online até dia 08; confira os melhores filmes da edição
2020
A 44ª
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, iniciada em 22 de outubro, encerrou
a programação no último dia 04, porém abriu a tradicional repescagem para o
público. Ela fica online até às 23h59 de amanhã (08/11), na plataforma Mostra
Play - mostraplay.mostra.org. Estão
disponíveis 130 títulos de 40 países, premiados em festivais como Berlim,
Cannes, Sundance e Veneza. A programação está no site oficial da Mostra, 44.mostra.org, e os ingressos têm o valor de R$
6 por título.
Confira
abaixo mais uma seleção feita por mim dos melhores filmes da Mostra 2020.
Não há mal algum
(Irã/Alemanha/República Tcheca, 2020, de Mohammad Rasoulof)
Ganhou o Urso de Ouro e o Prêmio do Júri Ecumênico no
Festival de Berlim esse fabuloso drama iraniano de um cineasta que foi preso
junto de Jafar Panahi e não pode sair do país há anos. Ele conta em seu filme
pessoal quatro histórias entrelaçadas que discutem questões morais e pena de
morte no Irã atual. Uma porrada!
Another round (Dinamarca/Suécia/Holanda, 2020, de Thomas Vinterberg)
Filme de encerramento da Mostra, entrou de última hora na programação, exibido presencialmente no Bike In do Auditório Ibirapuera; no mesmo dia cerca de 500 ingressos foram vendidos para a plataforma online, que se esgotaram rapidinho... Mais um filme de Thomas Vinterberg com o astro dinamarquês Mads Mikkelsen (fizeram juntos “A caça”), em que o ator interpreta um professor desmotivado que embarca numa viagem de embriaguez diária, ao lado de amigos, para comprovar uma teoria, de que o álcool, em pequenas quantidades, pode abrir a percepção para o mundo. Mas ele se descontrola, e seu emprego e os laços familiares correm risco. Exibido em Cannes.
Candango: Memórias do Festival (Brasil, 2020, de Lino Meireles)
Viajei nas histórias contadas nesse doc brasileiro sobre o Festival de Brasília, um dos mais politizados e importantes do Brasil. Lembrei quando estive duas vezes no Festival (em 2008 e 2009) e pude ver de perto o que diretores, atores e críticos contam aqui sobre os bastidores do evento mais aguardado pelos fãs de cinema de nosso país. Que filme bem feito, que produção caprichada! Um estudo sobre a relevância cultural provocada em uma cidade pelos festivais de cinema.
Minha irmã (Suíça, 2020, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond)
Indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, o drama é o representante da Suíça para disputar uma vaga no Oscar de filme estrangeiro em 2021. Uma história de amor e dor sobre uma dramaturga que retorna à cidade natal para cuidar do irmão que sofreu um grave acidente. Traz duas presenças femininas marcantes, interpretadas por Nina Hoss e a veterana Marthe Keller.
O nariz ou A conspiração dos dissidentes (Rússia, 2020, de Andrey Khrzhanovsky)
Animação russa a partir do famoso conto de traços surrealistas (antes mesmo de o Surrealismo existir) “O nariz”, de Gogol, sobre um nariz que foge do rosto de um oficial e se aventura pelas ruas de São Petersburgo. Desenho para adultos, amalucado, que critica os costumes da Rússia do século XIX. Atenção para a criativa técnica híbrida, com gráficos inusitados, colagens, pouco diálogo e muitas cores.
Stardust (Reino Unido, 2020, de Gabriel Range)
Muita gente torceu o nariz para o longa que pretendia ser uma grande biografia (ou parte dela) do músico David Bowie, ícone do rock/pop rock nos anos 70 e 80. Não é uma obra de mestre, porém o resultado está acima da média, e gostei do talentoso Johnny Flynn no papel principal – a história são dos anos iniciais do camaleônico cantor Bowie quando criou um dos personagens icônicos no palco, o Ziggy Stardust, em 1971. Charmosinho e nostálgico.
Viajei nas histórias contadas nesse doc brasileiro sobre o Festival de Brasília, um dos mais politizados e importantes do Brasil. Lembrei quando estive duas vezes no Festival (em 2008 e 2009) e pude ver de perto o que diretores, atores e críticos contam aqui sobre os bastidores do evento mais aguardado pelos fãs de cinema de nosso país. Que filme bem feito, que produção caprichada! Um estudo sobre a relevância cultural provocada em uma cidade pelos festivais de cinema.
Minha irmã (Suíça, 2020, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond)
Indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, o drama é o representante da Suíça para disputar uma vaga no Oscar de filme estrangeiro em 2021. Uma história de amor e dor sobre uma dramaturga que retorna à cidade natal para cuidar do irmão que sofreu um grave acidente. Traz duas presenças femininas marcantes, interpretadas por Nina Hoss e a veterana Marthe Keller.
O nariz ou A conspiração dos dissidentes (Rússia, 2020, de Andrey Khrzhanovsky)
Animação russa a partir do famoso conto de traços surrealistas (antes mesmo de o Surrealismo existir) “O nariz”, de Gogol, sobre um nariz que foge do rosto de um oficial e se aventura pelas ruas de São Petersburgo. Desenho para adultos, amalucado, que critica os costumes da Rússia do século XIX. Atenção para a criativa técnica híbrida, com gráficos inusitados, colagens, pouco diálogo e muitas cores.
Stardust (Reino Unido, 2020, de Gabriel Range)
Muita gente torceu o nariz para o longa que pretendia ser uma grande biografia (ou parte dela) do músico David Bowie, ícone do rock/pop rock nos anos 70 e 80. Não é uma obra de mestre, porém o resultado está acima da média, e gostei do talentoso Johnny Flynn no papel principal – a história são dos anos iniciais do camaleônico cantor Bowie quando criou um dos personagens icônicos no palco, o Ziggy Stardust, em 1971. Charmosinho e nostálgico.
Gênero, pan
(Filipinas, 2020, de Lav Diaz)
Cineasta de presença na Mostra de SP, o filipino Lav Diaz lançou mais uma pequena joia de seu cinema autoral, outra obra cult longa, mas não tão longa como as últimas (a média de duração de seus filmes gira em torno de 5h, esse tem 2h37). Em preto-e-branco, com ritmo lento e uma fotografia belíssima dentro de florestas, acompanha os intensos diálogos de três amigos mineradores numa selva na mítica ilha de Hugaw. Para público específico - e que tenha paciência para encarar essa vagarosa narrativa contemplativa.
Cineasta de presença na Mostra de SP, o filipino Lav Diaz lançou mais uma pequena joia de seu cinema autoral, outra obra cult longa, mas não tão longa como as últimas (a média de duração de seus filmes gira em torno de 5h, esse tem 2h37). Em preto-e-branco, com ritmo lento e uma fotografia belíssima dentro de florestas, acompanha os intensos diálogos de três amigos mineradores numa selva na mítica ilha de Hugaw. Para público específico - e que tenha paciência para encarar essa vagarosa narrativa contemplativa.
Colômbia era nossa (Finlândia/França/Dinamarca, 2020, de Jenni Kivistö e
Jussi Rastas)
Documentário estridente sobre as desigualdades da Colômbia e a instabilidade política gerada quando as Farcs iniciaram anos atrás o processo para um acordo de paz, pretendendo entregar as armas com objetivo de participação política e inclusão social. Vale cada minuto para conhecer o núcleo do “Exército do Povo”, bem como o processo de colonialismo a que o país foi submetido, e que o coloca como o mais violento da América Latina.
Sem som (Irã, 2020, de Behrang Dezfulizadeh)
Drama iraniano com as qualidades máximas do cinema cult de lá, que inclui sérias questões sociais e as explosivas reviravoltas (deixadas para o finalzinho). História delicada sobre uma mãe com deficiência auditiva, que luta para obter a cirurgia de implante coclear do filho pequeno, que é surdo. Muitas subtramas, como a do abuso do ex-marido, deixarão o público com o coração na mão!
DAU. Natasha (Rússia/ Ucrânia/ Alemanha, 2020, de Ilya Khrzhanovskiy e Jekaterina Oertel)
Esgotaram os ingressos desse filme russo indigesto e extremamente atual, por mais que se passe num mundo meio distópico e com ingredientes kafkianos. Divide com certeza a opinião do público. Trata de uma mulher chamada Natasha que trabalha num instituto soviético na década de 50, envolvida com bebedeiras e devassidão, até que certo dia é convocada para um terrível interrogatório, com direito a torturas, pela KGB. Tem cenas fortes de sexo explícito, e violência (o filme compõe um extenso projeto da dupla de cineastas, que fez onze continuações, e a segunda delas, ainda mais estranha, polêmica e difícil de assistir, está na programação da Mostyra, ‘Dau. Degeneração’). Ganhador do Urso de Prata em Berlim.
Documentário estridente sobre as desigualdades da Colômbia e a instabilidade política gerada quando as Farcs iniciaram anos atrás o processo para um acordo de paz, pretendendo entregar as armas com objetivo de participação política e inclusão social. Vale cada minuto para conhecer o núcleo do “Exército do Povo”, bem como o processo de colonialismo a que o país foi submetido, e que o coloca como o mais violento da América Latina.
Sem som (Irã, 2020, de Behrang Dezfulizadeh)
Drama iraniano com as qualidades máximas do cinema cult de lá, que inclui sérias questões sociais e as explosivas reviravoltas (deixadas para o finalzinho). História delicada sobre uma mãe com deficiência auditiva, que luta para obter a cirurgia de implante coclear do filho pequeno, que é surdo. Muitas subtramas, como a do abuso do ex-marido, deixarão o público com o coração na mão!
DAU. Natasha (Rússia/ Ucrânia/ Alemanha, 2020, de Ilya Khrzhanovskiy e Jekaterina Oertel)
Esgotaram os ingressos desse filme russo indigesto e extremamente atual, por mais que se passe num mundo meio distópico e com ingredientes kafkianos. Divide com certeza a opinião do público. Trata de uma mulher chamada Natasha que trabalha num instituto soviético na década de 50, envolvida com bebedeiras e devassidão, até que certo dia é convocada para um terrível interrogatório, com direito a torturas, pela KGB. Tem cenas fortes de sexo explícito, e violência (o filme compõe um extenso projeto da dupla de cineastas, que fez onze continuações, e a segunda delas, ainda mais estranha, polêmica e difícil de assistir, está na programação da Mostyra, ‘Dau. Degeneração’). Ganhador do Urso de Prata em Berlim.
DAU. Degeneração
(Rússia/ Ucrânia/ Alemanha/2020, de Ilya Khrzhanovskiy/ Ilya Permyakov)
Segundo filme de uma série de onze obras cinematográficas duramente longas (esse, por exemplo, tem 6h09 de duração), sobre uma série de experimentos científicos degradantes comandada pelo Komsomol, os jovens do Partido Comunista da URSS, esforçados na criação de um humano em laboratório. Aqui, a degeneração é total, com cenas fortes de mortes, incluindo uma das sequências mais chocantes que já vi no cinema, o verdadeiro esquartejamento de um porco vivo. Aborda temas como eugenia e é uma crítica feroz ao sistema totalitário.
Segundo filme de uma série de onze obras cinematográficas duramente longas (esse, por exemplo, tem 6h09 de duração), sobre uma série de experimentos científicos degradantes comandada pelo Komsomol, os jovens do Partido Comunista da URSS, esforçados na criação de um humano em laboratório. Aqui, a degeneração é total, com cenas fortes de mortes, incluindo uma das sequências mais chocantes que já vi no cinema, o verdadeiro esquartejamento de um porco vivo. Aborda temas como eugenia e é uma crítica feroz ao sistema totalitário.
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