sábado, 28 de novembro de 2020

Cine Cult


Guerra e paz

Na Rússia czarista do início do século XIX, três famílias aristocratas veem seus dias mudarem de maneira drástica, envolvendo-se em paixões secretas, traição, interesses pessoais, disputas amorosas e tragédias durante as guerras napoleônicas.

Épico extraordinário rodado na URSS, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1968, é um dos longas-metragens de maior duração da História (totaliza 420 minutos), que demorou três anos para ser feito. É também a versão mais fidedigna do consagrado romance original, “Guerra e paz”, do russo Liev Tolstoi. E agora vem a boa notícia: para presentear os colecionadores nesse final de ano, a CPC-Umes Filmes acaba de lançar a edição integral do filme em bluray, com as quatro partes restauradas, que na verdade são quatro fitas independentes: “Guerra e paz I - Andrey Bolkonsky” (de 1965, com 140 minutos), “Guerra e paz II - Natasha Rostova” (1966, 93 min), “Guerra e paz III – O ano de 1812” (1967, 77 min) e “Guerra e paz IV - Pierre Bezukhov” (1967, 92 min).
Havia no mercado a cópia em DVD pela Obras-Primas do Cinema, num box com três discos, cuja imagem era mediana, e contendo como extra duas horas de material promocional, making of etc. Esta nova edição restaurada, em bluray, pela CPC-Umes, está um primor de imagem e som, essencial para os colecionadores que optam pela qualidade (mas sem extras como o da Obras-primas, exceto trailers); são dois discos numa caixa com quatro cards e um pôster com a capa original. Parabéns à CPC-Umes!!
Voltando ao filme, “Guerra e paz” é a saga de ímpetos amorosos e disputas pessoais de três famílias russas, os Bolkonsky, Rostova e Bezukhov, durante as guerras napoleônicas. Acompanhamos desde a Batalha de Austerlitz, em 1805, onde Napoleão venceu o exército austro-russo, à invasão da Rússia por Napoleão em 1812, quando houve uma virada para os russos, e os franceses foram derrotados pela tática de ‘terra arrasada’, com a ajuda da cavalaria cossaca e o ponto crucial de derrota, o inverno rigoroso (isso abalou a hegemonia da França e enfraqueceu Napoleão). Entre os momentos de guerra, vem os romances e relacionamentos na alta sociedade da Rússia, entre príncipes, princesas, reis, culminando em traições, brigas, divórcios, ou seja, além do filme recorrer a um tom de guerra, há o drama, sobre os costumes da aristocracia russa do século XIX, bem como o heroísmo do povo e o fortalecimento do regime czarista.


Demorou três anos para ser produzido (entre 1965 e 1967), sendo o filme mais caro feito na antiga União Soviética, e percebe-se o cuidado técnico nessa produção de grande magnitude. Há duas cenas especiais de guerra, que impressionam até hoje, difíceis de serem gravadas, com gruas e uso de aviões para a imagem panorâmica de devastação – em uma delas, a Batalha de Borodino, vemos 300 atores em cena, 120 mil figurantes portando 100 mil fuzis de verdade, além de 200 canhões... uma reprodução de cair o queixo!
A CPC-Umes já lançou outras obras do diretor, Sergey Bondarchuk, como “O destino de um homem” (1959), “Boris Godunov” (1986) e “Eles lutaram pela pátria” (1975 – que saiu esse mês) – ele é uma figura importante no cinema de lá, também foi ator e roteirista.


Curiosidade: Existem muitas versões para o cinema do romance fatalista “Guerra e paz”, mas esta é sem dúvida a mais fiel – outra que recomendo é a de 1956, feita nos EUA, mais romantizada, de King Vidor, com Audrey Hepburn, Mel Ferrer e Henry Fonda (disponível em DVD e Bluray pela Paramount Pictures).

Guerra e paz (Voyna i mir). URSS, 1965-1967, 420 minutos. Drama/Guerra. Colorido. Dirigido por Sergey Bondarchuk. Distribuição: CPC-Umes Filmes

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