terça-feira, 28 de maio de 2019

Resenhas Especiais


Sessão Documentários

Confira abaixo resenha de dois ótimos documentários para quem curte o gênero!


Steve Jobs: O homem e a máquina

Documentário sobre a vida e a extensa carreira do CEO da Apple Steve Jobs, da juventude à ascensão no ramo da tecnologia até seu falecimento prematuro em 2011, aos 56 anos,

Nascido em São Francisco, Steve Paul Jobs (1955-2011) tornou-se o principal magnata das comunicações nas décadas de 90 e 2000. Seu nome marcou gerações e continua presente no dia a dia de centenas de milhões de pessoas. De gênio difícil, revolucionou o mercado de telefonia, celulares e computadores num nível impossível de ser mensurado. Pois bem, a biografia de Jobs apareceu em três filmes lançados na mesma época: primeiro veio o irregular e entediante “Jobs”, de 2013, com Ashton Kutcher fraquinho no papel do protagonista; dois anos depois saiu o excelente drama “Steve Jobs”, de 2015, dirigido por Danny Boyle, com duas indicações ao Oscar (uma delas para o ator Michael Fassbender, numa composição assustadoramente perfeita) e no mesmo ano este documentário pouco lembrado, mas bem satisfatório, que revira os arquivos pessoais da família com novidades sobre sua vida e trajetória.
Somos apresentados a um homem de muitas facetas, um entusiasta e sonhador com seu lado inventor nato que logo se tornaria o maior empresário da Informática norte-americana, que ajudou a reconfigurar a tecnologia entre os anos 70 e 2000. Jobs colecionou um punhado de ações empreendedoras: foi um dos fundadores da Apple, tornou possível os computadores para uso pessoal, ampliou o acesso ao sistema de celulares e tablets, reformulou o Macintosh e criou o Iphone. Até botou o dedo mágico no ramo do cinema (Jobs dirigiu por um tempo a Pixar e virou um dos maiores acionistas individuais da Disney). Toca também sem pestanejar no outro lado dele, mais sombrio, o do empresário destemido, calculista e genioso, difícil de lidar, de espírito crítico e de poucos amigos, o que o tornou cada vez mais solitário. Tudo isto está detalhado com precisão nesse documentário criativo da CNN Filmes, distribuído pela Universal no Brasil.
Ganhador do Oscar pelo documentário “Um táxi para a escuridão” (2007) e indicado ao Oscar por “Enron: Os mais espertos da sala” (2005), Alex Gibney escreveu, dirigiu e narrou o filme – é dele também o doc comentadíssimo sobre a Cientologia, “Going clear: Scientology & the prison of belief” (2015), vencedor de três prêmios Emmy.

Steve Jobs: O homem e a máquina (Steve Jobs: The man in the machine). EUA, 2015, 128 min. Documentário. Preto-e-branco/Colorido. Dirigido por Alex Gibney. Distribuição: Universal Pictures


Rocha que voa

Documentário sobre o exílio do cineasta brasileiro Glauber Rocha (1939-1981) em Cuba, entre 1971 e 1972.

Neste ensaio em forma de documentário, um retrato íntimo e pessoal sobre o turbulento período de exílio do diretor e roteirista Glauber Rocha em Havana, que tece também uma crítica ferrenha à Ditadura na América Latina nos anos 70. Com coerência, lucidez e comentários políticos, este pequeno grande filme dirigido pelo filho de Glauber, Eryk Rocha, traça um paralelo entre o movimento Cinema Novo no Brasil e o Cinema Revolucionário Cubano, reforçando o papel dos intelectuais na formação da opinião pública num momento de censura e medo.
Reúne depoimentos de diretores cubanos que trabalharam com Rocha, como os falecidos Fernando Birri, Julio García Espinosa e o mais notório de todos, Tomás Gutiérrez Alea, além de entrevistas com atores e do próprio povo. Intercalam-se sequências de filmes e desenhos do cineasta brasileiro, além de áudios seus considerados perdidos na época em que viveu isolado na ilha da América Central.
Realizado pelo ICAIC, o Instituto de Cinema de Cuba, em parceria com produtoras brasileiras, o doc ganhou o prêmio de melhor filme no “É tudo Verdade”, um prêmio especial no Festival de Havana e concorreu ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2003. Recomendo este trabalho autoral importantíssimo para desvendarmos a alma inquieta do revolucionário diretor brasileiro e ícone do Cinema Novo, mentor de obras máximas da época como “Deus e o diabo na Terra do Sol” (1964), “Terra em Transe” (1967) e “O dragão da maldade contra o santo guerreiro” (1969), falecido precocemente em 1981 aos 42 anos. E é sem dúvida uma honrosa homenagem de filho para pai – foi o primeiro trabalho de Eryk Rocha, hoje um documentarista de peso (é dele outro filme de tema semelhante, o premiado “Cinema Novo”, de 2016, ganhador do Golden Eye no Festival de Cannes).

Rocha que voa (Idem). Brasil/Cuba, 2002, 94 min. Documentário. Preto-e-branco/Colorido. Dirigido por Eryk Rocha. Distribuição: Europa Filmes

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