Sessão Documentários
Confira abaixo resenha de dois ótimos documentários para quem curte o gênero!
Steve Jobs: O homem e a máquina
Documentário
sobre a vida e a extensa carreira do CEO da Apple Steve Jobs, da juventude à
ascensão no ramo da tecnologia até seu falecimento prematuro em 2011, aos 56
anos,
Nascido
em São Francisco, Steve Paul Jobs (1955-2011) tornou-se o principal magnata das
comunicações nas décadas de 90 e 2000. Seu nome marcou gerações e continua presente
no dia a dia de centenas de milhões de pessoas. De gênio difícil, revolucionou
o mercado de telefonia, celulares e computadores num nível impossível de ser
mensurado. Pois bem, a biografia de Jobs apareceu em três filmes lançados na
mesma época: primeiro veio o irregular e entediante “Jobs”, de 2013, com Ashton
Kutcher fraquinho no papel do protagonista; dois anos depois saiu o excelente
drama “Steve Jobs”, de 2015, dirigido por Danny Boyle, com duas indicações ao
Oscar (uma delas para o ator Michael Fassbender, numa composição
assustadoramente perfeita) e no mesmo ano este documentário pouco lembrado, mas
bem satisfatório, que revira os arquivos pessoais da família com novidades
sobre sua vida e trajetória.
Somos
apresentados a um homem de muitas facetas, um entusiasta e sonhador com seu
lado inventor nato que logo se tornaria o maior empresário da Informática
norte-americana, que ajudou a reconfigurar a tecnologia entre os anos 70 e 2000.
Jobs colecionou um punhado de ações empreendedoras: foi um dos fundadores da
Apple, tornou possível os computadores para uso pessoal, ampliou o acesso ao sistema
de celulares e tablets, reformulou o Macintosh e criou o Iphone. Até botou o
dedo mágico no ramo do cinema (Jobs dirigiu por um tempo a Pixar e virou um dos
maiores acionistas individuais da Disney). Toca também sem pestanejar no outro lado
dele, mais sombrio, o do empresário destemido, calculista e genioso, difícil de
lidar, de espírito crítico e de poucos amigos, o que o tornou cada vez mais
solitário. Tudo isto está detalhado com precisão nesse documentário criativo da
CNN Filmes, distribuído pela Universal no Brasil.
Ganhador
do Oscar pelo documentário “Um táxi para a escuridão” (2007) e indicado ao
Oscar por “Enron: Os mais espertos da sala” (2005), Alex Gibney escreveu,
dirigiu e narrou o filme – é dele também o doc comentadíssimo sobre a
Cientologia, “Going clear: Scientology & the prison of belief” (2015), vencedor
de três prêmios Emmy.
Steve Jobs: O homem e a máquina (Steve Jobs: The man in the machine).
EUA, 2015, 128 min. Documentário. Preto-e-branco/Colorido. Dirigido por Alex
Gibney. Distribuição: Universal Pictures
Rocha que voa
Documentário
sobre o exílio do cineasta brasileiro Glauber Rocha (1939-1981) em Cuba, entre
1971 e 1972.
Neste
ensaio em forma de documentário, um retrato íntimo e pessoal sobre o turbulento
período de exílio do diretor e roteirista Glauber Rocha em Havana, que tece
também uma crítica ferrenha à Ditadura na América Latina nos anos 70. Com
coerência, lucidez e comentários políticos, este pequeno grande filme dirigido
pelo filho de Glauber, Eryk Rocha, traça um paralelo entre o movimento Cinema
Novo no Brasil e o Cinema Revolucionário Cubano, reforçando o papel dos
intelectuais na formação da opinião pública num momento de censura e medo.
Reúne
depoimentos de diretores cubanos que trabalharam com Rocha, como os falecidos
Fernando Birri, Julio García Espinosa e o mais notório de todos, Tomás
Gutiérrez Alea, além de entrevistas com atores e do próprio povo. Intercalam-se
sequências de filmes e desenhos do cineasta brasileiro, além de áudios seus considerados
perdidos na época em que viveu isolado na ilha da América Central.
Realizado
pelo ICAIC, o Instituto de Cinema de Cuba, em parceria com produtoras
brasileiras, o doc ganhou o prêmio de melhor filme no “É tudo Verdade”, um
prêmio especial no Festival de Havana e concorreu ao Grande Prêmio do Cinema
Brasileiro em 2003. Recomendo este trabalho autoral importantíssimo para
desvendarmos a alma inquieta do revolucionário diretor brasileiro e ícone do
Cinema Novo, mentor de obras máximas da época como “Deus e o diabo na Terra do
Sol” (1964), “Terra em Transe” (1967) e “O dragão da maldade contra o santo
guerreiro” (1969), falecido precocemente em 1981 aos 42 anos. E é sem dúvida
uma honrosa homenagem de filho para pai – foi o primeiro trabalho de Eryk
Rocha, hoje um documentarista de peso (é dele outro filme de tema semelhante, o
premiado “Cinema Novo”, de 2016, ganhador do Golden Eye no Festival de Cannes).
Rocha que voa (Idem). Brasil/Cuba, 2002, 94 min.
Documentário. Preto-e-branco/Colorido. Dirigido por Eryk Rocha. Distribuição:
Europa Filmes
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