quinta-feira, 2 de maio de 2019

Resenhas Especiais



Morte para um monstro

O cientista americano Stephen Reinhart (Nick Adams) viaja de trem até Arkham, uma cidadezinha inglesa, para passar o final de semana na Mansão Witley, onde mora a noiva, Susan (Suzan Farmer). Percebe que os habitantes de lá têm medo dos Witley, e quando chega ao local é recebido com desprezo pelo sogro, Nahum Witley (Boris Karloff). Nas noites de névoa, Reinhart e a Susan descobrem um terrível segredo habitando o casarão, que relaciona os moradores, as plantas da estufa e um estranho objeto do espaço.

Terror, ficção científica e mistério rondam a estranha história desse filme britânico, cultuado na época, sobre um jovem cientista buscando respostas para uma série de fatos obscuros na velha residência da família de sua noiva. O personagem principal está hospedado por uns dias na Mansão Witley, um lugar cheio de quartos sombrios, onde paira névoa, habitado por figuras decrépitas. Ele fica impressionado com cochichos pelos cantos da casa, além de aparições e sons de animais, e juntamente com a noiva vai investigar a fundo cada centímetro do local chegando a respostas horripilantes.
Foi a primeira e melhor adaptação do conto de H.P. Lovecraft, de nome “The colour out of space”, escrito em 1927, para o cinema. Depois vieram curtas-metragens, um filme alemão PB de 2010 e em breve sairá outra versão, com Nicolas Cage.


Destaca-se pelo roteiro com muitas cenas de susto e uma direção de arte que provoca a tensão necessária para embarcarmos na ideia (em especial as do interior da casa, com teias de aranha, tarântulas, caveiras, morcegos, uma mulher de preto etc).
Protagoniza o ator americano Nick Adams, indicado ao Oscar, morto pouco tempo depois aos 36 anos, de overdose. E destaca-se o lendário ator inglês Boris Karloff, como o sogro na cadeira de rodas, provável guardião dos segredos do casarão – foi a fase final da carreira de Karloff (1887–1969), famoso intérprete do cinema de terror, cuja extensa filmografia constam 170 produções! Um marco!
Saiu em DVD mês passado pela Obras-Primas do Cinema, no box “Boris Karloff”, com três outros filmes raros dele: “O zumbi” (1933), “Corredores de sangue” (1958) e “The haunted strangler” (1958). O disco é duplo, com extras variados e cards colecionáveis.



Morte para um monstro (Die, monster, die!). EUA/Reino Unido, 1965, 79 min. Terror/Ficção científica. Colorido. Dirigido Daniel Haller. Distribuição: Obras-primas do Cinema


Quando voam as cegonhas

Veronika (Tatyana Samoylova) e Boris (Aleksey Batalov) são um jovem casal apaixonado, que passam as tardes passeando pelas ruas de Moscou. Na Europa eclode a Segunda Guerra Mundial, e Boris, que havia se alistado no Exército Vermelho, segue com outros colegas para o front. Veronika enfrenta dias de agonia quando o amado vai embora, aguardando ansiosamente seu retorno. Até que surge na vida dela um primo de Boris, com quem inicia um caso.

Ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 1958, o contundente e romântico filme soviético foi baseado na peça do dramaturgo Viktor Rozov, e pela importância do tema venceu um prêmio humanitário na URSS.
Fala dos horrores da guerra, ainda mais da pior de todas, a Segunda Guerra Mundial, que separou um casal apaixonado. Veronika e Boris interpretam o ideal dos jovens da época, o espírito de união destroçado pela ganância humana. O diretor Mikhail Kalatozov era um apaixonado pelo seu país, amante da Sétima Arte e crítico às barbáries do homem moderno. Por isto a mensagem antiguerra contida nessa sua obra-prima, atrelada à alta qualidade técnica do filme, impecável em termos de argumento e roteiro, preciso nas cenas, feitas com poesia, contemplação e um lado onírico, que fascina pelo bom uso de enquadramentos e ângulos diferenciados. Tudo em um preto-e-branco que ressalta o sofrimento dos personagens sejam os principais ou coadjuvantes.
A atriz Tatyana Samoylova venceu o prêmio de atriz no Festival de Cannes, além de ter sido indicada ao Bafta juntamente com a produção.


Pequena joia rara, “Quando voam as cegonhas” está disponível em DVD no Brasil pela CPC-Umes Filmes. Saiu na série Cinema Soviético, numa cópia excelente, que passou por restauração digital de imagem e som pela Mosfilm.

Quando voam as cegonhas (Letyat zhuravli). URSS, 1957, 96 min. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Mikhail Kalatozov. Distribuição: CPC-Umes Filmes

* Críticas publicadas na coluna Middia Cinema, da Middia Magazine, edição de abril/maio de 2019

Nenhum comentário: