O inquilino
Um
serial killer ataca mulheres loiras em Londres. Alvoraçadas, a polícia e a
comunidade se mobilizam para caçar o perigoso assassino.
Terceiro
filme de Alfred Hitchcock, o mestre máximo do suspense, em sua fase inglesa, e
seu primeiro thriller (e também o primeiro em que ele faz a famosa aparição, de
segundos). É um filmão de mistério, preto-e-branco e mudo, sobre um serial
killer que ataca mulheres em Londres, apelidado pela mídia de “O Vingador”, e a
investigação da polícia para prender o criminoso.
Neste
exercício de iniciante, Hitchcock já incursiona pelas técnicas e temáticas que
o consagrariam, principalmente na fase norte-americana a partir dos anos 40. Em
“O inquilino”, também conhecido no Brasil como “O pensionista”, há elementos
preciosos do seu suspense, como o cuidado cirúrgico com a montagem, recursos de
câmera originais (como angulações inusitadas para realçar pontos de vista),
humor jocoso, com possibilidades burlescas, extensas camadas psicológicas dos
personagens centrais (dos bons e dos maus), um jogo mortal com pistas falsas,
forte apelo às expressões faciais e gestuais dos atores e figuras femininas louras
(uma fixação do diretor, e aqui, na trama, elas são chamadas de ‘cachinhos
dourados’). Hitchcock aproveita para outros contornos no filme, como uma
crítica à polícia da época, e possibilita efeitos originais curiosos, como os
infográficos na abertura e nas passagens de cenas. Para o papel principal, o
tal do inquilino do título, suspeito número um, contratou Ivor Novello, um artista
galês de mil facetas, que trabalhou como ator, roteirista, dramaturgo, cantor e
compositor. E deu certo, principalmente pela corpulência do astro, que se enquadrava
bem na câmera.
O filme
foi baseado no livro homônimo de Marie Belloc Londres, que por sua vez havia se
inspirado no caso verídico de “Jack, o estripador”. Quatro décadas mais tarde Hitchcock
voltaria com um filme semelhante de serial killer de mulheres, “Frenesi”
(1972), seu penúltimo trabalho e um de meus favoritos dele.
A
melhor cópia do filme disponível no Brasil é a da Versátil, lançada num box de
disco duplo em homenagem ao diretor, chamado “A arte de Alfred Hitchcock”, com quatro
títulos restaurados do cineasta na fase inglesa: este “O inquilino”, “O marido
era o culpado” (1936), “Jovem e inocente” (1937) e “A estalagem maldita” (1939).
Dois pontos fortes desta magnífica cópia são a boa restauração, realizada em
2012 pelo reputado British Film Institute, em que nela foi adicionada uma
trilha sonora moderna do músico Nitin Sawhney, e a metragem estendida, de 90
minutos (a original tinha 68 minutos, editada na época pelo Conselho Britânico de
Censura). Por todas essas questões é dever dos amantes da Sétima Arte assistir
a este filme de início de carreira do mestre dos mestres do suspense mundial!
O
inquilino (The lodger: A story of the London fog). Reino Unido, 1927, 90 minutos.
Suspense. Preto-e-branco. Dirigido por Alfred Hitchcock. Distribuição: Versátil
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