Sicário: Dia do soldado
O agente federal Matt Graver (Josh Brolin) recontrata o sicário Alejandro (Benicio Del Toro) para atuar em novas diretrizes na guerra contra o tráfico, já que agora os carteis começaram a traficar terroristas pela fronteira dos Estados Unidos. Orientado secretamente pelo governo americano, Alejandro tem de sequestrar a filha de um barão de drogas mexicano, para assim dar início a uma guerra perversa entre os carteis de droga rivais.
Um novo capítulo surpreendentemente bom surge para a série de três filmes de “Sicário”, que começou em “Sicário: Terra de ninguém” (2015) e terminará em 2020, com a volta da atriz Emily Blunt (que fez o primeiro e nesta segunda parte ficou de fora). Benicio Del Toro e Josh Brolin retomam com brutalidade seus papeis de homens durões capciosos, mais complexos e humanos, para mais uma história violenta sobre tráfico de drogas na fronteira do México com os Estados Unidos, um lugar sem lei, dominado pelos carteis. Com cenas de ação de deslumbrar, o filme reúne acontecimentos em várias partes do mundo, como Texas (na fronteira Estados Unidos-México), Golfo da Somália, Djibuti (na África), Cidade do México, e a base de todos os conflitos, no cartel de drogas mais antigo da América, o Cartel do Golfo, conhecido como Matamoros, um verdadeiro sindicato do crime. Agora não há somente as drogas; neste segundo capítulo temos a ótica do terrorismo, empurrando os personagens no olho do furacão. Josh Brolin é o agente da CIA designado para uma missão secreta. Ele contrata novamente o sicário (matador de traficantes) Alejandro, interpretado por Benicio Del Toro, que tem dívidas com o chefão de um cartel mexicano, pois sua família inteira foi morta pelas mãos dele. Alejandro aproveita para se vingar. O plano: sequestrar a filha de um barão das drogas, como forma de rivalizar o conflito entre os traficantes da região. Porém o caso será tão complicado que haverá traição e descaminhos, numa onda de crimes não planejada.
O destaque continua com Del Toro em seu Alejandro misterioso, um homem de jogada imprevisível, que assassina sem dó os inimigos. Vale tudo na guerra contra o tráfico e o terrorismo, como o filme deixa em evidência.
Tem uma história paralela pouco explorada, a de um garoto que vira traficante ao lado do primo, ascendendo no crime, cujo sentido se dará no final do filme, aliás, um desfecho que me deixou abismado!
Gosto demais do primeiro “Sicário” (2015), realizado por um dos melhores diretores desta década, Dennis Villeneuve, e esta segunda parte, mesmo não tendo o cineasta à frente do projeto, é uma continuação fora do comum, tão violenta e dura quanto o original. O roteirista permaneceu, o jovem Taylor Sheridan, que dirigiu “Terra selvagem” (2017), e quem pegou a direção foi o italiano Stefano Sollima, que havia feito uma fita policial ítalo-francesa chamada “Suburra” (2015) e ficou conhecido pela série “Gomorra” (ele é filho do diretor de faroestes spaghettti Sergio Sollima). Por conhecer os meandros do cinema de ação criou uma fita feroz, também sem final feliz, sem meio termo, sem patriotismo barato, para alertar sobre a guerra contra o tráfico (que necessita de políticas rigorosas para o combate efetivo) e por trás do pano provoca o público com um tema atualíssimo que cutuca o governo Trump: a polêmica posição do governo norte-americano contra os imigrantes mexicanos, envolvendo a eterna e não resolvida questão da fronteira.
É um dos grandes filmes policiais de 2018, intenso, com uso adequado da violência e sequências estilizadas de assassinato. Há participações especiais de Catherine Keener, Matthew Modine e Jeffrey Donovan, que passam imperceptíveis devido ao brilho de Del Toro e, em segundo plano, Brolin. Exibido nos cinemas em junho, saiu em DVD agora pela Sony Pictures, com três making of especiais como extra.
Sicário: Dia do soldado (Sicario: Day of the Soldado). EUA, 2018, 122 min. Ação. Colorido. Dirigido por Stefano Sollima. Distribuição: Sony Pictures
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