terça-feira, 6 de novembro de 2018

Resenha Especial


Sicário: Terra de ninguém

A agente do FBI Kate Macer (Emily Blunt) recebe o convite para liderar uma operação contra o tráfico internacional de drogas na fronteira entre Estados Unidos e México. Ao seu lado estão dois homens durões da força-tarefa do governo americano, Alejandro (Benicio Del Toro) e Matt (Josh Brolin), que irão reunir uma equipe de atiradores super treinados para capturar o chefe de um cartel de drogas.

Uma fita de ação explosiva digna de méritos do ótimo cineasta canadense Dennis Villeneuve (de “A chegada” e “Blade runner 20149”), um dos diretores-revelação dos últimos anos. Implacável, nua e crua, para um público com nervos de aço, que escancara a rede de narcotráfico na América do Sul, com personagens sanguinários e frios, que vão desde matadores de aluguel (conhecidos como sicários) a policiais corruptos.
O diretor é um mestre na criação de cenas fortes. Conduz a ação como ninguém, deixa o público tenso, parece que estamos dentro das perseguições policiais. São poucas, mas vigorosas sequências de tiroteio e violência, sempre com estilo ímpar de Villeneuve.
Já na abertura dá um choque na plateia com um momento memorável, quando os agentes da Swat invadem um esconderijo de traficantes e encontram cadáveres ocultados dentro das paredes. A cena é uma porrada e incomoda, além de outras que aparecerão nas duas horas seguintes.
O roteiro é de Taylor Sheridan, um ator de seriados americanos, que optou por uma história intensa, sem clichês, sem final feliz – ele ganhou destaque no cinema a partir daí, e no ano seguinte escreveu “A qualquer custo” (2016), pelo qual foi indicado ao Oscar, e em seguida roteirizou e dirigiu o bom thriller “Terra selvagem” (2017). Pode parecer confuso nos primeiros 50 minutos, devido a um monte de personagens, situações que faltam explicação, mas aos poucos a história se clareia até o desfecho brilhante. Parece o filme “Traffic”, com mais violência, pois se concentra no tráfico internacional tratando da corrupção no sul dos Estados Unidos, na extensa fronteira com o México, um lugar sem lei, dominado pelo crime.
É um grandes momentos de Emily Blunt, que deveria ter sido indicada ao Oscar pelo papel da agente do FBI idealista no meio da força-tarefa contra o tráfico. Del Toro arrasa num personagem de poucas falas, parceiro de cena de Brolin, que completa o elenco de primeira linha.
Sobre o título: nos créditos iniciais aparece o significado de “Sicário”, termo que vem dos zelotes de Jerusalém, que eram seguidores de uma seita judaica que propunha luta armada contra os romanos (datada de 2000 anos atrás), dispostos a matar a qualquer custo, e que no México, onde o filme se passa, significa um matador de aluguel sanguinário.


Para mim um dos grandes filmes de ação dessa década, obra intensa e reveladora, rica em imagens simbólicas, de significados perturbadores, reveladora. Concorreu à Palma de Ouro em Cannes e a três Oscars - fotografia, trilha sonora (novamente parceria firme de Villeneuve com Jóhann Jóhannsson, falecido prematuramente este ano) e edição de som, além de três Bafta (trilha, fotografia e ator coadjuvante para Benicio Del Toro).
Ganhou, este ano, uma continuação decente e envolvente chamada “Sicário: Dia do soldado” (2018), com o retorno de Del Toro e Brolin (sem a presença de Blunt), recém-lançada em DVD pela Sony Pictures. A intenção é ser uma trilogia, com a terceira parte programada para 2020.

Sicário: Terra de ninguém (Sicario). EUA/México, 2015, 121 min. Ação. Colorido. Dirigido por Denis Villeneuve. Distribuição: Paris Filmes

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