sábado, 20 de dezembro de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas – Parte 1

 
 
Sexa
 
A atriz global Gloria Pires marca sua estreia na direção em um filme de comédia dramática que é um livro aberto para as mulheres de 60 anos, faixa de idade dela. Gloria protagoniza o filme, no papel de Barbara, uma sexagenária descontente com o envelhecimento. O tempo passou, e ela sente que não curtiu a vida como gostaria. Trabalha com revisão de textos, tem forte vínculo com a vizinha e amiga Cristina (Isabel Fillardis) e há tempos que não se apaixona. Seus últimos casos foram um fiasco. Um encontro inesperado com Davi (Thiago Martins), um rapaz viúvo 25 anos mais jovem, acende uma ponta de esperança para Barbara. Ela passa a ser notada por ele, e juntos investem em um relacionamento, mesmo que a idade possa ser um empecilho na sociedade. Gloria está divina esbanjando charme no papel dessa mulher pra frente, que incorpora a posição da mulher na sociedade atual, que vem conquistando seus espaços com independência, mas que ainda é alvo de certos preconceitos – ainda mais quando se envolve com homens bem mais novos. Ela realizou como diretora um filme que desperta interesse entre as mulheres, que tem boa conexão do roteiro com o elenco, e por cima é alegre e divertido, indo direto para a alma feminina. O longa teve a première no Festival do Rio desse ano e conta com participações especiais de Eri Johnson, Déa Lúcia e Rosamaria Murtinho. Produção da Giros Filmes e Audaz, com coprodução da Paramount Pictures Brasil e distribuição nos cinemas pela Elo Studios. 
 
 


Munch: Amor, Fantasmas e Vampiras
 
Uma extensa análise sobre a vida e a obra do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944) é o tema deste novo documentário das produtoras italianas 3D Produzioni e Nexo Digital, que tem boa parte de seus trabalhos lançados no Brasil pela Autoral Filmes. O longa integra um ciclo de docs dessas produtoras sobre artistas plásticos, todos lançados aqui pela Autoral – só neste ano foram três, ‘Maldito Modigliani’ (2020), ‘Picasso – Um rebelde em Paris’ (2023) e ‘Andy Warhol – Um sonho americano’ (2023), e ‘Munch’ acaba de estrear nas principais salas do país. Com um título rebuscado e uma narrativa didática, porém para inseridos no mundo das artes, o filme é composto por uma série de entrevistas de historiadores escandinavos, artistas e curadores de arte europeus que tratam das raízes do pintor Munch, as características predominantes do seu trabalho e como se deu sua influência nos anos após a morte. Munch era um homem solitário, autor de duas obras emblemáticas – ‘O grito’ e ‘Angústia’, e que deixou um vastíssimo acervo de quase 30 mil obras, como pintura, gravura, desenhos, manuscritos, fotografias e experimentações de cinema. Ele era profundamente pensativo em torno de questões temporais e de um certo mal estar social, focando na condição humana; temas como melancolia, angústia, morte e desespero apareciam com frequência em seus retratos e paisagens, muitos com a figura do ‘duplo’. Oslo, capital da Noruega, inaugurou, no auge da pandemia, em 2021, um museu em formato de edifício para lembrar a carreira do artista, o Museu Munch, buscando desvendar seu trabalho reunindo 28 mil obras dele, de diversos estilos e técnicas. Ao mesmo tempo que é documentário, é ficção, com atores encenando breves passagens de Munch. Narração da atriz Ingrid Bolsø Berdal, de ‘A espiã’ (2019).
 

 
Abre alas
 
Documentário brasileiro da Sanar Produções, distribuído pela Embaúba Filmes, sobre sete mulheres entre 50 e 85 anos que contam histórias relacionadas a suas trajetórias. Walkiria, Dora, Silvana, Sheila, Regina, Lorena e Heloísa falam abertamente do passado, das escolhas que a tornaram quem são, das dificuldades, violências e preconceitos sofridos dentro e fora da família. São mulheres cis e trans de condições sociais diferentes, muitas deles invisibilizadas, e agora dispostas a enfrentar com coragem esses fantasmas que a atormentaram – contando para a câmera sobre essas passagens de suas vidas. A cineasta Ursula Rösele estreia num filme feminino, experimental e super autoral, com forte inspiração no cinema documental de Eduardo Coutinho – utilizando cenários comuns e minimalistas, e narrações longas sem cortes ou montagem, em que a voz do personagem é o filme em si, sem interferências do diretor ou entrevistador. O enquadramento do filme se transforma num espaço fechado, como uma sala de terapia, num lugar de escuta e reflexões, e o público é convidado a confidenciar aquelas histórias dramáticas sem críticas ou julgamentos. Uma a uma, as sete mulheres falam e ressignificam suas dores como uma espécie de cura de um passado marcado por silenciamento e traumas, passando pela solidão, o abandono do marido, a homofobia/transfobia, abusos na infância, luto e doença terminal. Gostei muito do filme e recomendo – está nos cinemas.



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