terça-feira, 9 de setembro de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming


3 Obás de Xangô
 
Após extensa carreira nos principais festivais de cinema brasileiros, como Rio e Mostra Internacional de Cinema de SP, onde ganhou prêmios, chega aos cinemas o documentário ‘3 obás de Xangô’ (2024). Partindo de inúmeros fragmentos de entrevistas e vídeos caseiros feitos entre as décadas de 70 e 90, o filme retrata a intrínseca amizade entre o escritor Jorge Amado, o músico Dorival Caymmi e o artista plástico Carybé – os dois primeiros nascidos na Bahia e o terceiro, argentino de nascimento, e depois radicado em Salvador, terra onde se conheceram e mantiveram laços até o fim da vida. Os amigos cantaram, contaram e pintaram a Bahia para o mundo, incutindo na memória das pessoas as belezas do lugar - dos carnavais, das casinhas coloridas típicas, das ruas de paralelepípedo, passando pelo mar e pelos pescadores, pelo candomblé, pela capoeira e pelas mulheres aguerridas. As conversas entre eles trazem humor, picardias, leveza e reflexão – eles contam histórias íntimas, lembrando o passando destacando suas criações e a importância da Bahia para seus processos criativos. Um filme tocante sobre três patrimônios de nossa cultura. O nome do filme reforça as questões de religiosidade exploradas no longa – Caymmi, Carybé e Amado receberam o título de ‘Obás de Xangô’, por serem frequentadores e, assim, ‘protetores’, do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador. Escrito e dirigido por Sérgio Machado, também baiano de Salvador, que rodou filmes que se passam em sua região natal, como ‘Cidade Baixa’ (2005) e ‘Quincas Berro d'Água’ (2010). Tem narração do ator Lázaro Ramos, participação de familiares dos homenageados, além de amigos como Mãe Stella de Oxóssi, o músico Gilberto Gil e os escritores Muniz Sodré e Itamar Vieira Jr. Coprodução entre as produtoras Coqueirão, Janela do Mundo, Globo Filmes e GloboNews, com distribuição nos cinemas pela Gullane+.
 
 
O Clube do Crime das Quintas-feiras
 
Lançamento do mês da Netflix, um adorável e gracioso filme de comédia policial que brinca com o estilo de investigação das histórias de Agatha Christie. Tudo remete a dois personagens famosos criados pela escritora britânica, o bigodudo Inspetor Poirot e aparentemente frágil, mas corajosa Miss Marple. O título do filme é em maiúsculo pois denota o nome de um clube criado por quatro amigos septuagenários, que vivem num retiro para aposentados, e numa das salas daquela comunidade se encontram uma vez por semana, às quintas-feiras, para desvendar antigos casos de crimes reais. Eles se divertem e quando precisam investigar, são astutos no que fazem – Elizabeth (Helen Mirren), Ron (Pierce Brosnan), Ibrahim (Ben Kingsley) e Penny (Susan Kirby). Só que Penny adoece, entrando numa espécie de coma; desmotivados, os amigos seguem com os encontros, até que conhecem uma nova colega do retiro, Joyce (Celia Imrie), que aceita substituir Penny – ela é uma idosa também perspicaz, com olhar atento para as coisas. Certo dia, um empreendedor imobiliário conhecido deles é assassinado. O quarteto descobre o corpo e resolve fazer uma investigação em tempo real, e não mais estudar casos antigos ou arquivados. Eles irão auxiliar a inspetora designada, a novata policial Donna (Naomi Ackie), em seu primeiro caso. A história de humor com investigação é um agradável passatempo, que vai trazendo para a trama principal outras histórias paralelas e muitos personagens secundários – todos são suspeitos do crime, e aos poucos o Clube do Crime vai obtendo pistas para descartar um a um, até pegar o verdadeiro criminoso. Na linha do ‘Whodunnit’ (‘Quem fez isso?’), ou seja, com o vilão só revelado nos minutos finais, o filme constrói com clima e ambientação uma trama que nos deixa curiosos, prendendo o público até o desfecho. É uma adaptação do best seller do escritor e apresentador de TV britânico Richard Osman, lançado em 2020, o primeiro de uma série com o quarteto de idosos investigadores casos, Elizabeth, Ibrahim, Ron e Joyce. Os atores mantêm uma química para lá de especial, por isso tudo funciona com brilho e sagacidade – enquanto dois deles premiados com o Oscar, Helen Mirren e Ben Kingsley, são mais elegantes em cena, o ex-James Bond Pierce Brosnan elabora as piadas mais escrachadas, com certo pastelão, e Celia Imrie fica com as tiradas cômicas. Do diretor Chris Columbus, sumido das telas, que completa hoje 67 anos de idade – ele dirigiu comédias jovens muito assistidas nos anos 90 e que viraram clássicos da Sessão da Tarde, como ‘Esqueceram de mim 1 e 2’ (1990 e 1992) e ‘Uma babá quase perfeita’ (1993), e depois dirigiria os dois primeiros filmes da franquia ‘Harry Potter’. Um bom acerto da Netflix, que costuma errar muito em filmes ficcionais.


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