Como treinar o seu
dragão
Na
vibe dos live-action, chega aos cinemas, quebrando a banca de outras estreias,
o imperdível ‘Como treinar o seu dragão’, um filme muitíssimo bem realizado que
recupera as histórias dos três filmes anteriores da franquia. Grata surpresa do
ano, a fita de entretenimento infanto-juvenil mistura atores com animais, como dragões
perigosos, em computação gráfica. Soluço (voz de Mason Thames, de ‘O telefone
preto’), um adolescente viking, que mora na Ilha de Berk, resgata em um vale um
jovem dragão chamado Banguela, que integra a temida raça ‘Fúria da Noite’. O
animal está ferido e é arredio. Aos poucos, Soluço conquista Banguela e cuida
dos seus ferimentos. Ele conta sobre o dragão ao pai, Stoick (Gerard Butler, de
‘Covil de ladrões’, que antes emprestava a voz para o mesmo personagem nos
desenhos), que não aprova a ideia de andarem juntos. Porém, uma ameaça iminente
ao território fará com que os vikings se aliem aos ‘Fúrias da Noite’ para
sobreviver. Assisti na semana passada durante a pré-estreia, que ficou em
cartaz em muitas salas de cinema, achei um barato e recomendo para todos. Nesse
fim de semana oficial de estreia, o filme vem arrecadando boa bilheteria, tanto
lá fora quanto no Brasil. Isso porque a franquia, que começou em 2010, com
animações em CG, já havia conquistado o coração do público – os três filmes, lançados
em 2010, 2014 e 2019 foram indicados ao Oscar de animação e fizeram enorme
sucesso nas salas, contabilizando, juntos, U$ 1,6 bilhões de bilheteria, o que
colocou a DreamWorks no páreo para competir com a Disney/Pixar. Tanto os
desenhos anteriores como o live-action são uma livre adaptação da literatura
infanto-juvenil da escritora inglesa Cressida Cowell, que fez uma série bestseller
de 13 livros de ‘Como treinar o seu dragão’, entre 2003 e 2013. Butler é o
único ator do elenco original que retorna no novo filme, junto ao diretor-criador
da cinessérie, Dean DeBlois, ex-Disney, roteirista de ‘Lilo & Stitch’ (2002),
que também ganhou live-action mês passado. Empolgante, com uma história formidável
de vikings guerreiros e a amizade improvável do grupo com dragões bonzinhos
lutando contra criaturas do mal. Os efeitos visuais são grandiosos na tela
grande, nos arrebatam, e devem levar o Oscar em 2026.

O grande golpe do
Leste
A extraordinária (e inusitada)
história de um golpe real envolvendo o furto de mihões de dinheiro em espécie na
Alemanha logo após a queda do Muro de Berlim, no início dos anos 90, é o teor dessa
comédia que acaba de estrear nos cinemas. Uma família de comunistas, formada
por Maren (Sandra Hüller, atriz alemã indicada ao Oscar por ‘Anatomia de uma queda’),
Robert (Max Riemelt, de ‘Queda livre’) e Volker (Ronald Zehrfeld, de ‘Dying – A
última sifonia’), é arrastada por um conhecido a um bunker abandonado que
guarda milhões de marcos, dinheiro alemão da época, que em poucas semanas não
terão validade – pois a Alemanha Oriental está ruindo, e as cédulas correntes daquele
território dividido, da RDA (República Democrática da Alemanha), não passará mais
a circular. O local é vigiado pela polícia, e mesmo assim eles conseguem passar
imperceptíveis pelo longo túnel até o cofre subterrâneo. Enchem sacolas de dinheiro
e voltam para suas casas para gastar as notas em poucas semanas, antes que o
dinheiro seja retirado de circulação e incinerado, com a unificação da Alemanha.
A família, que vive em um condominio, num prédio residencial, organiza uma
reunião com os moradores contando o fato. Todos aceitam ajudá-los na compra de
centenas de eletrodomésticos e dividir os bens entre si, como se ali fosse uma
bolha socialista, onde tudo é compartilhado igualitariamente. Mas ninguém pode
desconfiar do golpe secreto. Divertido, inteligente, é uma comédia de crítica
social sobre um golpe de sorte que se desdobra numa amalucada competição, em
que se discute as regras e a moral do capitalismo e do socialismo. Com um
elenco formidável, é escrito e dirigido pela alemã Natja Brunckhorst, atriz que
foi a protagonista do chocante e visceral ‘Eu, Christiane F., 13 anos, drogada
e prostituída (1981), que há anos trabalha como roteirista e diretora. Estreou
na última quinta-feira em nove cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, São
Paulo e Brasília, pela Synapse Distribution.
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