domingo, 22 de junho de 2025

Especial de cinema

 
Festival ‘In-Edit Brasil’ termina hoje; filme vencedor é anunciado
 
A 17ª edição do ‘In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical’, que teve início no dia 11/06, termina hoje, dia 22, em São Paulo. Por 12 dias, o festival exibiu, gratuitamente, mais de 60 filmes em seis salas de cinema da capital paulista. Na última sexta-feira, dia 20, foi anunciado o ganhador da Competição Nacional. O longa ‘Brasiliana – O musical negro que apresentou o Brasil ao mundo’ (2024), de Joel Zito Araújo, venceu como melhor filme, indicado pelo júri desta edição, júri este composto por Viviane Pistache (pesquisadora e crítica de cinema), Dácio Pinheiro (cineasta e produtor) e Gilberto Porcidonio (jornalista, roteirista e escritor carioca). O filme terá uma sessão especial hoje, dia 22, às 19h30, na área externa da Cinemateca Brasileira, com entrada gratuita. O júri concedeu ainda menção honrosa ao documentário ‘Amor e morte em Júlio Reny’ (2025), de Fabrício Cantanhede, que está disponível na plataforma Sesc Digital até o dia 26/06.
O ‘In-Edit’ já está no rol dos grandes festivais de cinema do Brasil e conta com patrocínios do Itaú, Prefeitura de São Paulo, SPcine, Colombo Agroindústria e Caravelas, e parceria com dezenas de institutos culturais, como Goethe Institut e Cinemateca Brasileira. É uma realização do Ministério da Cultura, In Brasil Cultural, Sesc e Governo do Estado de São Paulo. Paralelamente ocorrem edições do In-Edit em cinco países - Espanha, Chile, Países Baixos, Grécia e México. Conheça mais sobre o Festival In-Edit Brasil no instagram https://www.instagram.com/ineditbrasil/ e no site oficial https://br.in-edit.org
 
Programação online
 
A programação online de filmes do ‘In-Edit 2025’ segue até o dia 26/06, gratuitamente nas plataformas de streaming Sesc Digital, Itaú Cultural Play e SPCine Play - são 22 filmes disponíveis, dentre curtas, médias e longas-metragens, nacionais e internacionais. Confira a lista dos filmes online em https://br.in-edit.org/programacao-online/
 


 
Filmes assistidos e indicados por mim – Parte 3
 
La danza de Los Mirlos (Peru, 2022 – 84 minutos)
 
Autêntico documentário independente feito no Peru, assinado pelo diretor Álvaro Luque, sobre um grupo que inovou o panorama musical com sua graça e gingado, levando para o mundo o som marcante da cumbia amazônica. ‘Los Mirlos’ virou referência da música regional, conquistando a América latina, onde tocaram em shows diversos, para milhões de pessoas. Nascida na Amazônia peruana, na região da selva de Moyobamba em 1972, o grupo Los Mirlos aos poucos trouxe novos instrumentos criando outra sonoridade ao ritmo de suas canções, dando início ao chamado estilo ‘cumbia psicodélica’, que influenciou o rock psicodélico e o surf rock. As músicas da banda apareceram em pistas do mundo todo. Parte dos integrantes da formação original conversa aqui sobre a trajetória de idas e vindas, como o cativante vocalista e guitarrista Jorge Rodríguez Grández. O filme foi gravado durante a pandemia da covid, em 2022, na comemoração de 50 anos de carreira de Los Mirlos – traduzindo para o português seria ‘Os Melros’, um tipo de ave que canta afinado, com um som contínuo. O grupo lançou nove álbuns e duas coletâneas, cujas canções se conectavam com as raízes dos integrantes e com a selva peruana. Dedicado aos músicos da cumbia amazônica. Teve a estreia mundial no 26º Festival de Cinema de Lima, em 2022. Integra a programação da ‘Panorama Mundial’ do festival ‘In-Edit’. Disponível gratuitamente na plataforma Sesc Digital até o dia 26/06.


 
Veraneio: Uma antologia negra (Brasil, 2024 – 59 minutos)
 
De Nalu Silva, o documentário brasileiro independente resgata as memórias do primeiro DJ do Brasil, Osvaldo Pereira, e o legado deixado por ele. Conhecido carinhosamente por ‘Seu Osvaldo’, promoveu bailes em pistas de dança nos anos 50 ao som de toca-discos, uma novidade até então – em vez de bandas ao vivo. Nascia ali pelas suas mãos o conceito de DJ, com um apelo popular e aberto ao público – até então, as pistas de dança eram para a elite e para os brancos, e aos poucos seu trabalho foi sendo reconhecido como pontos de encontro de pessoas pretas. Seu Osvaldo fundou a ‘Orquestra Invisível Let’s Dance’, que existiu por muito tempo. Durante as gravações do doc, em 2024, ele se aposentou – no final do filme há uma homenagem a ele, da última vez que tocou para o público, ao completar 90 anos de idade, no alto do edifício Martinelli, no centro histórico de São Paulo. Essa é a primeira parte do filme; uma segunda história é tratada, da metade para o fim, em torno da ‘Festa Veraneio’, que marca o legado do trabalho de Seu Osvaldo - e faz alusão ao carro da família. O filho e o neto dele, Dinho e Jean Pereira, respectivamente, são organizadores da festa, lançada em 2022, que tem pegada de black music em pista de dança com DJs tocando, no caso eles mesmos. A Veraneio é realizada ainda hoje e mostra a tradição de discotecagem da família Pereira. Um filme muito legal e bem curtinho, de apenas 59 minutos. Integra a programação da ‘Brasil.doc’ do festival. Disponível gratuitamente na plataforma SPCine Play até o dia 26/06.
 

 
Aldo Bueno – O eterno amanhecer (Brasil, 2024 – 86 minutos)
 
Um bom documentário sobre o cantor, compositor e ator Aldo Bueno, puxador da escola de samba Vai-Vai e que atuou em muitas peças e filmes. O filme mostra o ontem e hoje de Aldo. Quando jovem, tornou-se amigo do compositor e cantor Geraldo Filme, o ‘Geraldão da Barra Funda’, que o levou aos palcos e o apadrinhou na música. Aldo eternizou Filme cantando-o sus músicas em shows, também fez teatro nos anos 70 – atuou na emblemática peça musical ‘Ópera do Malandro’, e participou de filmes e séries conhecidas do público – fez ‘Doramundo’ e ‘Boleiros: Era uma vez o Futebol...’ e ganhou o Kikito de Ouro no Festival de Gramado por sua atuação na fita policial ‘A próxima vítima’ (1983). Nome de destaque no samba paulistano, ele é a memória viva do Bixiga, bairro onde nasceu, cresceu e vive até hoje - aos 75 anos, permanece ativo no cenário musical. Falam sobre ele no documentário amigos músicos como Carlinhos Vergueiro, Osvaldinho da Cuíca, Moacyr Luz, Luiz Carlos Bahia, Dayse do Banjo e Priscila Amorim, cineastas e atores com quem trabalhou, como Antônio Fagundes, João Batista de Andrade e Ugo Giorgetti, e familiares, além do próprio diretor do doc, Adriano De Luca. Cenas de seus filmes e shows antigos aparecem, bem como Aldo em dias recentes ao lado de amigos em rodas de samba. Integra a programação ‘Mostra Brasil’ do festival. Disponível gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play até o dia 26/06.
 

 
O ano em que o frevo não foi pra rua (Brasil, 2024 – 71 minutos)
 
De Bruno Mazzoco e Mariana Soares, é um dos grandes longas-metragens selecionados para a 17ª. edição do ‘In-Edit Brasil’, filme que também acabou de ser exibido no Cine PE – Festival do Audiovisual (antigo Festival do Recife). O doc registra o impacto da pandemia da covid-19 no cenário cultural de Recife, que fez com que não ocorresse, por dois anos, uma das festas populares mais esperadas do estado, o Carnaval, que é patrimônio das cidades de Olinda e Recife. Ao mesmo tempo, o doc mostra como o frevo se manteve resiliente em Pernambuco nesse período – está aí a explicação do título do filme. Criado no fim do século XIX, baseado na fusão do maxixe, dobrado, polca e capoeira, é um patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco, cujo ritmo musical tipicamente pernambucano tem como característica a dança acelerada e alegre, com dançarinos levantando sombrinhas coloridas. O filme, a partir de depoimentos de carnavalescos, passistas, dançarinos, criadores de cultura e foliões de Olinda e Recife, tece o cenário desafiador da pandemia, em que o carnaval com milhões de pessoas nas ruas precisou ser substituído por lives nas redes sociais e, como no filme diz, a ‘alegria precisou ser adiada’. É um filme sobre perda, vazio, do medo de um futuro incerto, mas também uma reflexão sobre novas costuras que a pandemia provocou, fala do amor pela cultura, do encorajamento, da restauração dos ânimos e da importância do frevo na vida dos pernambucanos. Depõem no filme figuras notórias do frevo, como Fernando Zacarias, o ‘seu Zacarias’, porta-estandarte do famoso bloco Galo da Madrugada; Lúcio Vieira da Silva, maestro da Orquestra Henrique Dias e animador de blocos carnavalescos de Olinda; Carlos da Burra, que carrega o importante boneco de carnaval Homem da Meia-noite; Nena Queiroga, que conduz multidões em cima dos trios elétricos do Galo da Madrugada; e Spok, maestro tido como o “último folião”, por fazer o encerramento dos festejos no marco-zero de Recife. Integra a programação da ‘Mostra Brasil’ do festival e tem distribuição pela Lira Filmes. Ainda haverá uma sessão presencial do filme, no dia 22/06. Disponível gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play até o dia 26/06.

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