sábado, 14 de junho de 2025

Especial de cinema

 
‘In-Edit Brasil 2025’ começa na capital; confira programação presencial e online

Aguardado pelo público cinéfilo, o ‘In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical’ teve início no último dia 11 e segue com uma extensa programação gratuita até 22 de junho, em São Paulo. A 17ª edição do evento exibe mais de 60 filmes, parte deles inéditos no Brasil, e traz ainda shows, feira de vinis, oficinas e palestras. Seis salas de cinema da capital paulista recebem a programação - CineSesc, Cine Bijou, SPCine Olido, SPCine Paulo Emílio e Cinemateca Brasileira (Salas Grande Otelo e Oscarito). A programação online de filmes já está liberada e segue até dia 26 de junho.
 
Ingressos
 
Todas as sessões de cinema e atividades são gratuitas. A distribuição de ingressos dos filmes começa uma hora antes de cada sessão, exceto as exibições no Cine Sesc, cujo ingresso é de R$ 10. Parte dos shows programados em algumas das casas participantes também cobram ingresso.
 



Filmes nos streaming
 
De 12 a 26 de junho, três plataformas de streaming exibem gratuitamente parte dos filmes que estão na programação: Sesc Digital, Itaú Cultural Play e SPCine Play. Serão 22 filmes disponíveis, dentre curtas, médias e longas-metragens, nacionais e internacionais, como ‘Leci’, ‘Nteregu’, ‘O Clube da Guitarrada’, ‘Hardcore 90’, ‘La danza de los Mirlos’, ‘Ave Sangria, a banda que não acabou’, e ‘A última banda de rock’. Confira a lista dos filmes em https://br.in-edit.org/programacao-online/
 
Realização
 
O ‘In-Edit’ conta com patrocínios como Itaú, Prefeitura de São Paulo, SPcine, Colombo Agroindústria e Caravelas, e parceria com dezenas de institutos culturais, como Goethe Institut e Cinemateca Brasileira. É uma realização do Ministério da Cultura, In Brasil Cultural, Sesc e Governo do Estado de São Paulo. Paralelamente ocorrem edições do In-Edit em cinco países - Espanha, Chile, Países Baixos, Grécia e México. Conheça mais sobre o Festival In-Edit Brasil no instagram https://www.instagram.com/ineditbrasil/ e no site oficial https://br.in-edit.org
 
 
Filmes assistidos e indicados por mim
 
 
Nteregu (Portugal/Guiné-Bissau, 2024 - 82 minutos)
 
O som de Guiné-Bissau, antiga colônia de Portugal, invade as telas nesse documentário modesto, mas bem montado. O filme acompanha a evolução da música naquele país da África Ocidental que faz fronteira com o Senegal, por meio de depoimento de músicos lá reconhecidos. Além de focar na variedade de sons e música, traça paralelos entre as gerações que foram marcadas pelo ritmo musical guineense, composto pelo gumbé e instrumentos como a cabaça e materiais de madeira que criam um sinfonia própria. Enquanto os entrevistados contam histórias relacionadas à ancestralidade e à política do país, fazendo críticas à colonização portuguesa, vemos o povo cantar e dançar com sua arte milenar. São registros raros e que reforçam a presença feminina na música e na cultura do país. Coprodução Portugal/Guiné-Bissau, dirigido por Manuel Loureiro e Roger Mor.
 


O Clube da Guitarrada (Brasil, 2024 - 56 minutos)
 
Documentário de Tania Menezes sobre a formação do ‘Clube da Guitarrada’, um clube de música que reúne, no primeiro domingo de cada mês, músicos e instrumentistas que celebram o ritmo mais influente da Amazônia brasileira, a Guitarrada, uma mistura de estilos musicais do Caribe, como o merengue e o mambo, e regionais, como o carimbó, lambada e cúmbia, juntando sonoridade do brega music, do choro, com banjo, bandolim e guitarra elétrica. A Guitarrada surgiu no Pará no final dos anos 70 e virou símbolo do Estado. Antigos membros dão depoimentos e gente da nova safra da Guitarrada também contas histórias nesse filme curto e interessante, que homenageia dois nomes fundadores do estilo, Mestre Vieira e Aldo Sena.
 

 
Hardcore 90 (Brasil, 2024 - 91 minutos)

Documentário vívido e empolgante sobre a cena punk de São Paulo, onde o estilo passou por transformações dos anos 80 para os 90. Entre o fim da década de 70 e quase todo os 80, despontava ali a primeira geração do punk, influenciado pelo punk americano e britânico, e que culminaria em desgraça, gerando uma onda de violência que amedrontava a sociedade. Com a nova geração a partir da década seguinte, foco desse filme, houve uma revigorada e até mudança de estilo, mais politizado, unida e socialmente consciente. Para contar a trajetória do punk em São Paulo dos anos 90, o filme reúne gravações feitas entre 2008 e 2018 com cerca de 100 indivíduos que estvieram presentes nos momentos mais marcantes daquela geração, como músicos, público e diretores de centros culturais que abrigavam shows. Dão depoimentos membros de bandas como Agrotóxico, No Violence, Paura, Execradores, Hinfamy, Invasores de Cérebros, Ação Direta, Discarga, Muzzarelas, White Frogs e Restos de Nada – esta, pioneira do punk no Brasil, que surgiu nos anos 70. A maioria dos entrevistados são homens, no entanto três mulheres vocalistas são entrevistadas, integrantes de bandas como TPM e No Class. No filme lembram a trajetória do hardcore music de 30 anos atrás, e de festas celebrativas nascidas nesse período, que serviam para a conscientização social do estilo musical, como a Verdurada, feita ainda hoje em São Paulo pelo coletivo de mesmo nome – o coletivo promove shows e oficinas anuais de hardcore. Há menções sobre a Galeria do Rock, que era ponto de encontros dos punk e roqueiros e virou palco de brigas, cenas antigas de shows em clubes e bares e entrevistas atuais. A rebeldia, a contestação, o ‘Faça você mesmo’ (lema inspirado no movimento anarquista) e a tentativa de chacoalhar o sistema são temas vivos do punk e que são discutidos no filme pelo ponto de vista dos músicos integrantes das diversas das bandas mencionadas acima. De Marcelo Fonseca e George Ferreira.
 

 
Music by John Williams (EUA, 2024 - 105 minutos)
 
De Laurent Bouzereau, documentarista realizador de inúmeros making of de cinema, o filme faz um retrospecto da carreira de mais de meio século do grandioso músico e compositor de trilhas sonoras John Williams, que completou recentemente 93 anos. Ganhador de cinco Oscars, e indicado a outros 49, Williams tem composições memoráveis no cinema, quase todas delas de filmes de Steven Spielberg, um velho parceiro e amigo que aqui fala bastante sobre ele. Williams eternizou seus arranjos musicais em filmes de sucesso, como ‘Tubarão’, ‘Os caçadores da arca perdida’, ‘ET – O extraterrestre’, ‘Jurassic Park’ – O parque dos dinossauros’ e ‘A lista de Schindler’, todos de Spielberg, além de ‘Star Wars’ e ‘Superman – O filme’. Outros compositores de cinema falam sobre ele, como Alan Silvestri, Thomas Newman e David Newman, e ainda diretores admiradores, como Lawrence Kasdan, George Lucas, J.J. Abrams e Frank Marshall, e atores e atrizes com quem trabalhou, como Kate Capshaw, esposa de Spielberg, e Ke Huy Quan. Fotos antigas de arquivo e vídeos dele regendo orquestras, bem como em sets de filmagem, aparecem para narrar essa bonita trajetória no mundo da música de cinema. Produzido por Ron Howard, está em circuito no In-Edit e também disponível no streaming Disney Plus, que distribuiu o filme no Brasil e no mundo.



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