sexta-feira, 6 de junho de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 1

 
Memórias de um caracol
 
Uma animação para adultos das melhores já feitas, triste e emocionante, que entrou na lista dos indicados na categoria ao Oscar de 2025. Do mesmo diretor de ‘Mary e Max – Uma amizade diferente’ (2009), o australiano Adam Elliot. Seu novo filme remete aos personagens desiludidos de ‘Mary e Max’; agora conhecemos uma garota solitária que sofre bullying devido ao lábio leporino. Coleciona caracóis de decoração e ama livros. Ela conta sobre sua vida, marcada por perdas, e de caracóis reais que andam pela sua horta; quando criança viu a mãe morrer, em seguida o pai doente também falece, e depois é separada do único irmão, gêmeo, levados para lares adotivos diferentes. Tomada por ansiedade e tristeza, não consegue contato com ninguém, até uma velhinha bem humorada surgir em sua vida; já o irmão está a milhares de quilômetros, do outro lado da Austrália, criado em uma família maníaca, extremamente devotos de uma religião que inventaram. Os dois, por meio de cartas, tentam se reencontrar. Com boas doses de humor, a animação é um autêntico e sofrido drama sobre tragédias familiares, esperança e reencontros, produzido em um incrível stop-motion. Assisti numa sessão lotada da Mostra Internacional de Cinema de SP de 2024, onde ganhou o prêmio do Júri de melhor direção - saí emocionadíssimo da sala. O filme venceu o prêmio de melhor animação no festival mais importante da categoria, o Annecy. Vozes originais de Jacki Weaver, Eric Bana e Sarah Snook, e o próprio diretor faz a narração. Entra hoje em 50 salas brasileiras de cinema, com distribuição da Mares Filmes.
 

 
Libertação
 
Um clássico do cinema de guerra soviética está de volta ao canal da CPC-Umes Filmes no Youtube, streaming do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES), na sessão ‘Cinema Soviético e Russo em Casa’. E em uma belíssima cópia restaurada em 4K pela Mosfilm, principal estúdio de cinema da Rússia, que resistiu ao tempo. O épico do cineasta Yuriy Ozerov (1921-2001) demorou cinco anos para ser produzido (de 1967 a 1971) e foi lançado tanto na época nos cinemas russos quanto agora no streaming em cinco partes, que retratam fielmente os momentos mais importantes da União Soviética na Segunda Guerra Mundial, como a batalha de Kursk (um embate direto com os alemães, entre julho e agosto de 1943), a travessia do Dnieper (uma longa campanha militar do Exército Vermelho que envolveu quatro milhões de soldados pelo rio Dnipro em 1943, novamente lutando contra a ocupação nazista, que resultou em outra operação mostrada no filme, a Segunda Libertação de Kiev, em 1943), a Conferência de Teerã (uma série de acordos entre os Aliados, como a abertura da frente ocidental, em 1943), a Operação Bagration (ocorrida entre julho e agosto de 1944, que resultou na libertação da Bielorrússia das tropas nazistas e a derrota do Exército Alemão da Wehrmacht), e o cerco a Berlim e a consequente tomada do Reichstag (entre abril e maio de 1945, culminando com a rendição da Alemanha nazista e a vitória soviética). Os filmes que compõem essa pentalogia são: ‘Libertação – Parte 1: O arco de fogo’ (de 88 minutos), ‘Libertação – Parte 2: Ruptura’ (de 88 minutos), ‘Libertação – Parte 3: A direção do ataque principal’ (de 128 minutos), ‘Libertação – Parte 4: Batalha de Berlim’ (de 82 minutos) e ‘Libertação – Parte 5: O último ataque’ (de 74 minutos). ‘Libertação’ reconstitui a participação da URSS nos três anos finais da Segunda Guerra, com grandeza de detalhes e performances impressionantes – os atores que interpretam Josef Stalin, Winston Churchill e Franklin Delano Roosevelt parecem cópia real dos verdadeiros personagens. É um docudrama, que mistura cenas de arquivo da guerra com encenação, uma narração sóbria, trazendo cores vivas da guerra e um rústico PB – a imagem da nova cópia em 4K está deslumbrante, potente, nítida, com recuperação dos diálogos. Roteiro de Yuri Ozerov junto de Yuri Bondarev e Oscar Kurganov. As partes 4 e 5 de ‘Libertação’ estão disponíveis entre hoje, dia 06, e segunda-feira, dia 09/06, no canal da CPC-Umes no Youtube, em https://www.youtube.com/@cpc-umesfilmes23.
 

 
Vencer ou morrer
 
Está em cartaz nos cinemas brasileiros pela Kolbe Arte, distribuidora especializada em filmes católicos, esse drama histórico francês produzido em 2022 e escrito e dirigido pela dupla Vincent Mottez e Paul Mignot. É uma obra religiosa, que aposta em um nicho específico de público (católicos), inspirada em uma história verdadeira ocorrida na Revolução Francesa. O militar François de Charette (1763-1796) se junta ao povo da Vendéia para uma contrarrevolução que culminou em uma guerra civil que durou dois anos, entre 1793 e 1795. O motivo foi um embate entre católicos e realistas contra republicanos. Nessa jornada de coragem e bravura, resistiram à perseguição religiosa durante a Primeira República da França defendendo a fé católica e a liberdade de consciência. Com figurinos adequados, certa didática e filmado nos próprios locais onde a história se sucedeu, o longa se alinha a questões simbólicas para os católicos, tratando do poder da fé e da luta pelos direitos de exercer sua religião, recorrendo a um fato da História pouco conhecido. Por outro lado, o roteiro exagera no discurso religioso – lembrando que é um filme católico, feito para esse grupo, deixando de buscar dados mais factuais/historiográficos, que poderiam melhorar a trama. Teve boa repercussão na França, com 300 mil espectadores nas salas de cinema na época da estreia, anos atrás, e traz no elenco nomes como Hugo Becker, Rod Paradot, Gilles Cohen e Constance Gay.




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