‘In-Edit Brasil 2025’
começa na capital; confira programação presencial e online
Aguardado pelo público
cinéfilo, o ‘In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical’ teve
início no último dia 11 e segue com uma extensa programação gratuita até 22 de
junho, em São Paulo. A 17ª edição do evento exibe mais de 60 filmes, parte
deles inéditos no Brasil, e traz ainda shows, feira de vinis, oficinas e
palestras. Seis salas de cinema da capital paulista recebem a programação -
CineSesc, Cine Bijou, SPCine Olido, SPCine Paulo Emílio e Cinemateca Brasileira
(Salas Grande Otelo e Oscarito). A programação online de filmes já está
liberada e segue até dia 26 de junho.
Ingressos
Todas as sessões de
cinema e atividades são gratuitas. A distribuição de ingressos dos filmes
começa uma hora antes de cada sessão, exceto as exibições no Cine Sesc, cujo
ingresso é de R$ 10. Parte dos shows programados em algumas das casas
participantes também cobram ingresso.
Filmes nos streaming
De 12 a 26 de junho, três
plataformas de streaming exibem gratuitamente parte dos filmes que estão na
programação: Sesc Digital, Itaú Cultural Play e SPCine Play. Serão 22 filmes
disponíveis, dentre curtas, médias e longas-metragens, nacionais e
internacionais, como ‘Leci’, ‘Nteregu’, ‘O Clube da Guitarrada’, ‘Hardcore 90’,
‘La danza de los Mirlos’, ‘Ave Sangria, a banda que não acabou’, e ‘A última
banda de rock’. Confira a lista dos filmes em https://br.in-edit.org/programacao-online/
Realização
O ‘In-Edit’ conta com
patrocínios como Itaú, Prefeitura de São Paulo, SPcine, Colombo Agroindústria e
Caravelas, e parceria com dezenas de institutos culturais, como Goethe Institut
e Cinemateca Brasileira. É uma realização do Ministério da Cultura, In Brasil
Cultural, Sesc e Governo do Estado de São Paulo. Paralelamente ocorrem edições
do In-Edit em cinco países - Espanha, Chile, Países Baixos, Grécia e México.
Conheça mais sobre o Festival In-Edit Brasil no instagram https://www.instagram.com/ineditbrasil/ e no site oficial https://br.in-edit.org
Filmes assistidos e
indicados por mim
Nteregu (Portugal/Guiné-Bissau, 2024 - 82
minutos)
O som de Guiné-Bissau,
antiga colônia de Portugal, invade as telas nesse documentário modesto, mas bem
montado. O filme acompanha a evolução da música naquele país da África
Ocidental que faz fronteira com o Senegal, por meio de depoimento de músicos lá
reconhecidos. Além de focar na variedade de sons e música, traça paralelos
entre as gerações que foram marcadas pelo ritmo musical guineense, composto
pelo gumbé e instrumentos como a cabaça e materiais de madeira que criam um
sinfonia própria. Enquanto os entrevistados contam histórias relacionadas à ancestralidade
e à política do país, fazendo críticas à colonização portuguesa, vemos o povo
cantar e dançar com sua arte milenar. São registros raros e que reforçam a
presença feminina na música e na cultura do país. Coprodução
Portugal/Guiné-Bissau, dirigido por Manuel Loureiro e Roger Mor.
O Clube da Guitarrada
(Brasil, 2024 - 56
minutos)
Documentário de Tania Menezes
sobre a formação do ‘Clube da Guitarrada’, um clube de música que reúne, no
primeiro domingo de cada mês, músicos e instrumentistas que celebram o ritmo
mais influente da Amazônia brasileira, a Guitarrada, uma mistura de estilos
musicais do Caribe, como o merengue e o mambo, e regionais, como o carimbó,
lambada e cúmbia, juntando sonoridade do brega music, do choro, com banjo, bandolim
e guitarra elétrica. A Guitarrada surgiu no Pará no final dos anos 70 e virou
símbolo do Estado. Antigos membros dão depoimentos e gente da nova safra da
Guitarrada também contas histórias nesse filme curto e interessante, que homenageia
dois nomes fundadores do estilo, Mestre Vieira e Aldo Sena.
Hardcore 90 (Brasil, 2024 - 91 minutos)
Documentário vívido e
empolgante sobre a cena punk de São Paulo, onde o estilo passou por
transformações dos anos 80 para os 90. Entre o fim da década de 70 e quase todo
os 80, despontava ali a primeira geração do punk, influenciado pelo punk
americano e britânico, e que culminaria em desgraça, gerando uma onda de violência
que amedrontava a sociedade. Com a nova geração a partir da década seguinte,
foco desse filme, houve uma revigorada e até mudança de estilo, mais politizado,
unida e socialmente consciente. Para contar a trajetória do punk em São Paulo
dos anos 90, o filme reúne gravações feitas entre 2008 e 2018 com cerca de 100 indivíduos
que estvieram presentes nos momentos mais marcantes daquela geração, como
músicos, público e diretores de centros culturais que abrigavam shows. Dão
depoimentos membros de bandas como Agrotóxico, No Violence, Paura, Execradores,
Hinfamy, Invasores de Cérebros, Ação Direta, Discarga, Muzzarelas, White Frogs
e Restos de Nada – esta, pioneira do punk no Brasil, que surgiu nos anos 70. A
maioria dos entrevistados são homens, no entanto três mulheres vocalistas são
entrevistadas, integrantes de bandas como TPM e No Class. No filme lembram a
trajetória do hardcore music de 30 anos atrás, e de festas celebrativas
nascidas nesse período, que serviam para a conscientização social do estilo
musical, como a Verdurada, feita ainda hoje em São Paulo pelo coletivo de mesmo
nome – o coletivo promove shows e oficinas anuais de hardcore. Há menções sobre
a Galeria do Rock, que era ponto de encontros dos punk e roqueiros e virou
palco de brigas, cenas antigas de shows em clubes e bares e entrevistas atuais.
A rebeldia, a contestação, o ‘Faça você mesmo’ (lema inspirado no movimento
anarquista) e a tentativa de chacoalhar o sistema são temas vivos do punk e que
são discutidos no filme pelo ponto de vista dos músicos integrantes das
diversas das bandas mencionadas acima. De Marcelo Fonseca e George Ferreira.
Music by John
Williams (EUA, 2024 -
105 minutos)
De Laurent Bouzereau, documentarista
realizador de inúmeros making of de cinema, o filme faz um retrospecto da
carreira de mais de meio século do grandioso músico e compositor de trilhas
sonoras John Williams, que completou recentemente 93 anos. Ganhador de cinco
Oscars, e indicado a outros 49, Williams tem composições memoráveis no cinema,
quase todas delas de filmes de Steven Spielberg, um velho parceiro e amigo que
aqui fala bastante sobre ele. Williams eternizou seus arranjos musicais em
filmes de sucesso, como ‘Tubarão’, ‘Os caçadores da arca perdida’, ‘ET – O
extraterrestre’, ‘Jurassic Park’ – O parque dos dinossauros’ e ‘A lista de
Schindler’, todos de Spielberg, além de ‘Star Wars’ e ‘Superman – O filme’. Outros
compositores de cinema falam sobre ele, como Alan Silvestri, Thomas Newman e
David Newman, e ainda diretores admiradores, como Lawrence Kasdan, George Lucas,
J.J. Abrams e Frank Marshall, e atores e atrizes com quem trabalhou, como Kate
Capshaw, esposa de Spielberg, e Ke Huy Quan. Fotos antigas de arquivo e vídeos
dele regendo orquestras, bem como em sets de filmagem, aparecem para narrar
essa bonita trajetória no mundo da música de cinema. Produzido por Ron Howard,
está em circuito no In-Edit e também disponível no streaming Disney Plus, que
distribuiu o filme no Brasil e no mundo.