Os melhores filmes da 44ª
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
A 44ª
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, iniciada em 22 de outubro, exibe,
em formato online pela primeira vez, 198 filmes de 71 países. Ela segue até dia
04 de novembro, com uma seleção de fitas de arte premiadas em festivais como
Berlim, Cannes, Sundance, Rotterdam, Tribeca, Gramado e Veneza. Toda a
programação está no site oficial, https://44.mostra.org.
O
acesso à 44ª Mostra Intl. de São Paulo se dá pela plataforma exclusiva “Mostra
Play”, pelo link https://mostraplay.mostra.org.
Os ingressos têm o valor padrão de R$ 6 por título, e os filmes estão sujeitos a
um limite de visualizações. Também há exibições gratuitas nas plataformas do SP
Cine Play (www.spcineplay.com.br ),
Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br
) e no Sesc Digital (https://sesc.digital).
Confira
abaixo uma seleção feita por mim dos melhores filmes da Mostra 2020.
Mães de verdade
(Japão, 2020, 140 min. Direção: Naomi Kawase)
Casal procura clínica para adotar um bebê. Marido e
mulher conseguem, mas tempos depois aparece na porta deles uma jovem que diz
ser a mãe biológica da criança e traz à tona trágicos segredos. Drama japonês que
nos leva a lágrimas, da diretora de “Sabor da vida”, que discute de maneira
delicada o tema de adoção de bebês. Fita feminina do bom momento atual do cinema
de arte do Japão. Exibido no Festival de Toronto.
O
tremor (Índia, 2020, 71
min. Direção: Balaji Vembu Chelli)
Drama
indiano intimista com um personagem só, um fotojornalista designado para cobrir
um terremoto, porém chegando ao local encontra uma cidade abandonada. Intriga
do começo ao fim, auxiliado pela fotografia e narrativa atraentes.
Nova ordem
(México/França, 2020, 89 min. Direção: Michel Franco)
Na
Cidade do México tomada por protestos, um casamento de luxo é invadido por
revolucionários e termina em chacina. Há um golpe de Estado na capital, que
gera caos no sistema político, com o governo sendo substituído por um regime totalitário
adepto de tortura, estupro e assassinatos em massa. Violento, polêmico, o filme
de abertura da Mostra ganhou o Urso de Prata em Berlim, também exibido em
Toronto, e pode ser candidato ao Oscar de filme estrangeiro em 2021. Deveria,
pois é retumbante e dialoga com os regimes de extrema-direita que pipocam pelo
mundo afora.
Lua vermelha
(Espanha, 2020, 84 min. Direção: Lois Patiño)
Exibido no Festival de Berlim, esse drama sobrenatural
independente acompanha um povoado onde residem pessoas num estado de paralisia
que aguardam a chegada de um marinheiro desaparecido. A tal lua vermelha faz do
filme um bom exemplar do cinema fantástico, com mistérios no ar e um desfecho
instigante.
Welcome to Chechnya (EUA, 2020, 107 min. Direção: David France)
Poderá pegar indicação ao Oscar de documentário em 2021
esse filmaço premiado nos Festivais de Berlim e Sundance. Trata da sistemática
perseguição aos gays na Chechnya por grupos radicais, responsável por torturas
e mortes. Impactante e necessário para discutir um dos temas da pauta do
momento, a homofobia/LGBTfobia.
Kubrick by Kubrick (França, 2020, 73 min. Direção: Gregory Monro)
Documentário revelador sobre o cineasta Stanley Kubrick a
partir de uma série de entrevistas que ele concedeu nos anos 70 e 80 ao crítico
de cinema Michel Ciment. Do curta de estreia, “O dia da luta”, ao derradeiro “De
olhos bem fechados”, conhecemos um pouco do legado cinematográfico de Kubrick que
marcou gerações - e desvendamos também a alma desse gênio das câmeras. Exibido no
Festival de Tribeca.
Cracolândia
(Brasil, 2020, 87 min. Direção: Edu Felistoque)
Em estreia nacional, o documentário abre um diálogo social
em torno da área mais marginalizada de São Paulo, a Cracolândia, triste habitát
de usuários de crack. O diretor Edu Felistoque tenta mostrar como a sociedade
enxerga as pessoas entregues ao vício e como as políticas públicas para conter
o problema andam de mal a pior.
Sibéria
(Itália/Alemanha/Grécia, 2020, 92 min. Direção: Abel Ferrara)
Sexta parceria de Willem Dafoe com o diretor Abel
Ferrara, agora num filme de terror psicológico bem simbólico. Misturando psicodelismo
a uma camada existencial, é a jornada interior de um homem solitário na Sibéria
que revisita seu passado recorrendo a tortuosas memórias com o pai. Concorreu
ao Urso de Ouro em Berlim.
Poppie Nongena
(África do Sul, 2020, 98 min. Direção: Christiaan Olwagen)
História real de uma faxineira negra que trabalhava para patrões
brancos e ricos na África do Sul, foi considerada uma residente ilegal no país,
cria os filhos com muita dureza e sofre uma gama de preconceitos. Ótimo filme
para discutir a posição da mulher negra numa sociedade segregada pelo Apartheid.
Miss Marx
(Itália/França, 2020, 108 min. Direção: Susanna Nicchiarelli)
Cinebiografia da pensadora, escritora e ativista Eleanor
Marx, filha de Karl Marx, e sua luta em prol ao direito das mulheres no final
do século XIX. Também lutou contra o trabalho infantil. Grande desempenho da
atriz inglesa duas vezes indicada ao Globo de Ouro, Romola Garai. Mais um filme
da Mostra sobre o papel de resistência da mulher numa sociedade dominada pelos
homens. Premiado no Festival de Veneza.
Mosquito
(Portugal, 2020, 122 min. Direção: João Nuno Pinto)
Exibido no Festival de Roterdã, o drama de guerra português
se passa na Primeira Guerra Mundial com enfoque em um soldado de 17 anos
enviado a Moçambique para defender a colônia portuguesa dos alemães. Ele contrai
malária, é abandonado pelo grupo e tenta sobreviver em meio a alucinações
causadas pela doença. Ágil, bem fotografado, conta com participação do veterano
ator português João Lagarto. Baseado em fatos verídicos vivenciados pelo avô do
diretor.
La planta
(Brasil/Uruguai, 2020, 51 min. Direção: Beto Brant)
Média-metragem do
diretor brasileiro Beto Brant (de “O invasor”) rodado no Uruguai, sobre o uso
medicinal da maconha para tratamentos de enfermidades. Um documentário
informativo, de um tema que vem sendo falado há muito tempo e, assim, abre um rico
debate para o campo da medicina (e para a sociedade em geral).
Verlust
(Brasil/Uruguai, 2020, 111 min. Direção: Esmir Filho)
Novo filme do
diretor Esmir Filho (da série “Boca a boca”, do Netflix), com Andréa Beltrão deslumbrante
como sempre; ela é uma poderosa empresária em crise no casamento (o marido é o
ator uruguaio de “O clube”, Alfredo Castro), que, isolada na mansão a beira-mar,
tem de lidar com a rebeldia da filha e com a carreira de uma ícone musical (a
cantora Marina Lima). Filmão com embates memoráveis, cheio de simbologias e uma
direção consistente e sóbria (trabalho de mestre).
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