Harley
(Arielle Holmes) é uma garota viciada em heroína que mora nas ruas de Nova York.
Tem um relacionamento abusivo com o namorado Ilya (Caleb Landry Jones), e por
mais que tente, não consegue sair das drogas.
Todo
filmado nas ruas de Nova York com uma câmera incômoda, que se fixa no rosto dos
personagens, esse drama cult, bem pra baixo, indicado em Veneza no Venice
Horizons (ganhou prêmio especial lá), mostra com dissabor uma realidade
ameaçadora das cidades grandes, a dos usuários de drogas que moram (e morrem) às
margens da sociedade. O assunto não é especialmente novo, a obra lembra pelo
menos dois cults impactantes, “Os viciados” (1971), aquele de início de
carreira de Al Pacino, que também se passava em Nova York, e, claro, o
indigesto “Eu, Christiane F. - 13 anos, drogada e prostituída” (1981), que
marcou uma geração inteira pelas imagens fortes e abriu os olhos dos jovens da
década de 80. Aqui as situações se repetem, há uma adolescente fragilizada, usuária
de drogas, que tem um relacionamento abusivo com o namorado e ambos vão morar
nas ruas. São alguns dias na vida dessa garota perdida, e os terríveis desdobramentos
que nortearão a trajetória dela para sempre.
Olhe
que interessante, o filme é baseado no livro de memórias da própria atriz, Arielle
Holmes, chamado “Mad love in New York City”, que usava drogas na época das gravações
e estava em processo de reabilitação – o namorado, o verdadeiro Ilya, morreu de
overdose quase no final do filme (tanto que é dedicado a ele). Outro ponto de
menção é o roteiro adaptado, dos irmãos Benny e Josh Safdie, com ajuda do
parceiro Ronald Bronstein, que voltariam a escrever juntos os filmes “Bom comportamento”
(2017) e “Joias brutas” (2019), duas fitas imperdíveis, duras e violentas! A dupla
dirige também. É característica do cinema dos Safdie a câmera inquieta, andando
de lá pra cá, temas difíceis que envolvem delinquência, e personagens anti-heróis,
com atitudes nocivas e degradantes. Aliás, eles são uma das grandes duplas de diretores
do cinema independente atual (americanos, descendem de sírios e russos, ambos judeus).
Um
filme triste e real, que agoniza em nossa frente. Para público específico!
Amor,
drogas e Nova York (Heaven
knows what). EUA, 2014, 94 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Benny Safdie
e Josh Safdie. Distribuição: Imovision
Nenhum comentário:
Postar um comentário