Cemitério maldito
Os Creed mudam-se para uma casa na zona rural do Maine, próxima a
um velho cemitério de animais de estimação, nos arredores de uma floresta. Louis
(Jason Clarke), médico e o pai da família, fica sabendo que o local serviu para
enterrar indígenas e havia ali uma maldição: tudo o que era sepultado naquelas
terras podia ressuscitar, porém com consequências horripilantes. Quando uma
tragédia abala os Creed, Louis recorre ao cemitério maldito.
Vivemos a era dos remakes, produzidos em massa pelo cinema
americano. É uma forma de a indústria cinematográfica ganhar dinheiro, ressuscitando
franquias para contar as mesmas histórias para uma geração nova. A onda existe
há um bom tempo, e o bolo cresce cada vez mais. “Cemitério maldito” não podia
ficar de fora da lista de refilmagens... Ganhou este ano uma nova versão, três
décadas depois do filme original (de 1989), que na época arrepiou o público e
fez certo sucesso nos cinemas, tendo uma continuação inferior em 1992. Aliás, várias
histórias de Stephen King (sejam romances ou contos) têm espaço de predileção na
fila das novas adaptações para o cinema depois de terem virado filmes e séries
no passado – recentemente foi o caso de “It: A coisa”, “O nevoeiro”, “Carrie, a
estranha” e o já mencionado “Cemitério maldito”.
A refilmagem de “Pet sematary” é boa (não excelente, ainda prefiro
o original), continua perturbadora, indigesta, com momentos repulsivos. Incrementaram
cenas extras que não existiam no filme de 1989, como o ritual infantil na
floresta, inverteram ações dos personagens centrais, com mais violência e
sangue (agora explícitos), para satisfazer o público jovem atual. Segundo o próprio
escritor Stephen King, que tem “Cemitério maldito” como seu livro mais chocante,
o remake ficou melhor que o de 1989. Discordo, apesar de ter gostado bastante (pra
mim o filme anterior dá mais medo, o roteiro é mais arquitetado, nos deixa com
mais calafrios, tem um final mais horripilante). Como toda refilmagem há altos
e baixos. Pontos negativos: não considero Jason Clarke a escolha perfeita para
o protagonista, o ator é inexpressivo, e a personagem da esposa mal aparece.
Pontos positivos: a garotinha-revelação Jeté Laurence, que rouba as cenas; o
veterano John Lithgow tem presença de destaque como o vizinho (antes vivido por
Fred Gwynne); criaram um gato Church macabro; os jump scares funcionam e as
cenas da floresta e do cemitério têm clima, assustam mesmo, concebidas sob uma
direção de arte sombria, como um pesadelo aterrador, bem no gosto dos diretores
belgas Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, como haviam feito anteriormente em suas
produções independentes. Assim sendo, fãs de terror devem conferir (e creio eu que
não vão reclamar).
Rodado em Montreal e partes em Chicago, o filme teve uma morna
recepção do público; esperava-se mais do que os U$ 57 milhões na estreia (lembrando
que o orçamento bateu U$ 21 milhões). Com o passar do tempo pode ser que
aconteça o mesmo com o filme de 1989, que vire cult...
Chegou esta semana em DVD pela Paramount. No disco há um final
alternativo (menos memorável), sete cenas deletadas/estendidas e quatro sequências
especiais com os personagens da história.
Cemitério maldito (Pet sematary). EUA, 2019, 101 minutos.
Terror. Colorido. Dirigido por Kevin Kölsch e Dennis Widmyer. Distribuição:
Paramount Pictures
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