sábado, 10 de agosto de 2019

Resenhas Especiais


Dica para o fim de semana: quatro filmes produzidos e estrelados por Seth Rogen (três comédias malucas e uma animação para adultos).


Vizinhos

Casados e com um bebê pequeno, Mac (Seth Rogen) e Kelly (Rose Byrne) têm como novos vizinhos um grupo de universitários baderneiros, liderado por Teddy (Zac Efron), que fazem festas até altas horas da noite com o som no último volume. Não suportando mais os abusos, o casal cria uma série de armadilhas e situações inusitadas para expulsá-los do bairro, o que dá início a uma guerra interminável.

Seth Rogen (também produtor) e Rose Byrne numa química excepcional dão o ar da graça nessa comédia escrachada de gigantesca bilheteria (fechou com U$ 270 milhões no mundo todo, e olha que custou pouco, somente U$ 18 milhões, o que rapidamente fizeram com que os produtores bolassem a continuação, lançada dois anos depois). A dupla interpreta um casal que vivia feliz no pacato bairro até a chegada dos novos vizinhos, um bando de universitários bagunceiros que dá festas a todo vapor até de madrugada. A paz de Mac e Kelly é ameaçada, eles tentam um acordo amigável, sem sucesso, então partem para a guerra.
Prepare-se para piadas insanas com vômitos e sexo, algumas politicamente incorretas com drogas e bebedeira, além de brincadeiras com camisinha e trotes acadêmicos.
O astro Zac Efron e o ator Dave Franco, irmão mais novo de James Franco, ajudam no time dos antagonistas dessa comédia passageira, com várias referências ao cinema (como “Taxi driver”), e voltada aos teenagers  - felizmente tem uma crítica aos universitários sem limites que perturbam o sossego dos vizinhos em suas repúblicas agitadas – eu mesmo já fui vítima de um grupo numa ocasião no passado. Haja paciência!
O diretor Nicholas Stoller realizou comédias do mesmo naipe, como “Ressaca de amor” (2008), e a continuação, “Vizinhos 2” (2016, que não fez tanto sucesso como este, traz o mesmo elenco, repete as piadas, e no final diverte).

Vizinhos (Neighbors). EUA, 2014, 96 min. Comédia. Colorido. Dirigido por Nicholas Stoller. Distribuição: Universal Pictures


Vizinhos 2

Mac (Seth Rogen) e Kelly (Rose Byrne) vivem uma fase tranquila de suas vidas: não têm mais os vizinhos barulhentos dos anos anteriores, pretendem se mudar para um condomínio nobre em breve e esperam um novo bebê. A calmaria chega ao fim quando são informados que a casa vizinha voltará a ser uma república de jovens, desta vez para uma fraternidade feminina, liderada por Shelby (Chloë Grace Moretz). As garotas também curtem festas até a madrugada, gerando uma nova guerra contra o casal.

Ainda mais absurdo e caótico que o primeiro filme, lançado dois anos antes, em 2014, a continuação “Vizinhos 2” traz o elenco de volta, os produtores e o diretor, retomando as piadas, num humor malcriado, bizarro e cheio de palavrões, que beira a insanidade. Tem absorventes sujos voando de um lado para o outro, zoeiras com sexo e genitais, e por aí vai, bem ao gosto dos adolescentes americanos. Não fez tanto sucesso como o anterior, mas ainda diverte o público que esteja pronto para esse tipo de comédia pastelão contemporânea.
Seth Rogen e Rose Byrne repetem a dose como o casal amoroso, agora com um novo bebê a caminho. Eles tentam vender a antiga casa deles, que está em caução, e na república ao lado, antes composta por meninos, entra em jogo um time de garotas, dentre elas Chloë Grace Moretz no papel da líder da fraternidade Kappa Nu. Elas parecem boazinhas e calmas, no entanto são um inferno, farão festas barulhentas até piores que os garotos do filme 1. E assim uma nova guerra será travada com o casal vizinho que só quer paz.
Quem curtiu o primeiro vai se encontrar nesse capítulo, dirigido novamente por Nicholas Stoller e produzida por Rogen. Aparecem de quebra dois atores de destaque do anterior, Zac Efron e Dave Franco (com uma novidade bem interessante).

Vizinhos 2 (Neighbors 2: Sorority rising). EUA/China, 2016, 92 min. Comédia. Colorido. Dirigido por Nicholas Stoller. Distribuição: Universal Pictures


É o fim

Os atores Seth Rogen e Jay Baruchel vão a uma festa badalada na casa do astro James Franco, em Los Angeles. Lá encontram outros velhos parceiros de cinema, como Jonah Hill, Craig Robinson, Emma Watson e Michael Cera. Bebem, dançam, jogam conversa fora até que um terremoto anuncia o Dia do Julgamento Final. A terra se abre e desperta forças do inferno para a cidade. Os poucos amigos sobreviventes se escondem na casa de Franco, que é uma fortaleza com muros altos, enquanto o apocalipse toma conta do mundo.

Comédia nonsense e histérica produzida, escrita e dirigida pela dupla Seth Rogen e Evan Goldberg, e que no ano seguinte fariam outra comédia, só que com apelo político, “A entrevista” (2014). A ideia central de “É o fim” (2013) foi reinventada a partir do curta-metragem “Jay and Seth vs. The Apocalypse” (2007), sobre os amigos Jay Baruchel e Seth Rogen presos num apartamento durante o fim do mundo. Agora, no longa, a brincadeira entre velhos colegas de cena retorna com muito mais absurdos, destruição, sangue jorrando e criaturas demoníacas. É um “inside joke” bem bacana, com zoeira entre eles, relacionado a bastidores dos filmes que participaram juntos nos últimos 10 anos. Irá funcionar melhor se você conhecer as referências. Por exemplo, há menção a “Superbad: É hoje” (2007), “O besouro verde” (2011) e “Segurando as pontas” (2008).
Seth Rogen e Jay Baruchel fazem eles mesmos numa autocrítica danada e várias trolagens, mostrando uma versão de cada um fora do cinema. Não só eles como o elenco inteiro brinca e se diverte, todos à vontade, como se estivessem numa festa em casa. Dentre os nomes do elenco estão os amigos íntimos James Franco, Jonah Hill, Danny McBride, Michael Cera, Emma Watson e Christopher Mintz-Plasse, além de Paul Rudd, Jason Segel, Kevin Hart, Aziz Ansari, Channing Tatum, a cantora Rihanna e Craig Robinson (ufa, são tantos!). E boa parte abriu mão do cachê!
Praticamente a história inteira se passa na verdadeira casa do ator James Franco. Isolados por conta do apocalipse os atores precisam encontrar soluções para se salvar de estranhos e macabros acontecimentos – a primeira meia hora do filme é realista, depois a comédia vira do avesso, fala do Julgamento Final, com aparição do Satanás abrindo as portas do inferno para cumprir o livro do Apocalipse; por isso, da metade pro fim o tom realista se transforma numa farsa sem tamanho, com humor negro, caos e muita bizarrice. Tem inclusive paródias a clássicos do cinema, como o terror “O exorcista”!
Acaba sendo um filme-catástrofe inserido numa comédia anárquica e metalinguística, para quem curte entretenimento sem pensar demais. Nos Estados o filme pegou entre os jovens e fãs dos atores; rendeu quatro vezes o custo da produção (que havia sido de U$ 32 milhões).

É o fim (This is the end). EUA, 2013, 105 min. Comédia. Colorido. Dirigido por Evan Goldberg e Seth Rogen. Distribuição: Sony Pictures


Festa da salsicha

Uma salsicha lidera um grupo de alimentos num supermercado para descobrir o que acontece quando eles saem das prateleiras, compradas pelos fregueses. O caminho será marcado por uma série de aventuras aterrorizantes, com direito a refogados, cozimento, apetites violentos e fugas bizarras.

Outra brincadeira entre amigos de velha data, Seth Rogen, Jonah Hill e Evan Goldberg, que escreveram juntos mais uma fita nonsense e maluca, agora uma animação em computação gráfica para adultos. Aliás, cuidado... Siga o conselho do pôster do filme, “essa não é uma animação para crianças”. É sério, tudo gira em torno de piadas infames e atrevidas de sexo, com palavrões desmedidos, a começar pela salsicha (símbolo fálico) apaixonada por um pão de hot dog feminino e erotizado, que quer a todo custo entrar nela! Essa é uma das tantas sacanagens surgidas no roteiro, e não se iluda, haverá uma tonelada delas durante o filme – por isso recebeu classificação indicativa de 16 anos tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Obviamente é muito original, causa espanto pelo teor de besteiras por ser um desenho animado, lotado de humor negro e violência (a sequência do esquartejamento das salsichas e dos legumes na cozinha é uma delícia à parte, e pode chocar as crianças que entrarem na sala sem querer).
Rogen e seu colegiado dão o tom para as engraçadas vozes dos personagens, que gritam, esperneiam, transam, mas também correm dos humanos famintos! Tem no elenco Michael Cera, Jonah Hill, James Franco, Danny McBride, Craig Robinson e Paul Rudd, além de Kristen Wiig, Salma Hayek e Edward Norton. Dá para imaginar onde isto vai chegar?
Eu achei divertido, ri bastante e recomendo, até porque animação com um quê pornográfico é meio raro - engraçado é ver o diretor de desenhos bem infantis Greg Tiernan, do trenzinho “Thomas e sua turma”, se jogar numa fita ousada igual essa. Co-dirige com ele o ator Conrad Vernon, também diretor de animações, como “Shrek 2” (2004) e “Madagascar 3: Os procurados” (2012).
Custou pouco para os padrões americanos (U$19 milhões) e fez sucesso nos Estados Unidos, rendendo U$ 140 milhões. Volto a frisar, assista longe dos pequenos. E se prepare para altas risadas!

Festa da salsicha (Sausage party). EUA, 2016, 89 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Greg Tiernan e Conrad Vernon. Distribuição: Sony Pictures

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