terça-feira, 29 de novembro de 2011

Resenha

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Os amantes da Ponte Neuf

Alex (Denis Lavant) é um rapaz viciado em álcool e sedativos que mora nas ruas e faz bico com performances circenses. Conhece Michèle (Juliette Binoche), uma pintora de classe média que, abandonada pelo namorado, fugira de casa para viver sozinha na marginalidade. Ela sofre de uma doença que a deixará cega em poucas semanas. Na ponte mais antiga da França, Neuf, Alex e Michèle inicia uma história de amor pouco convencional, marcado por violência e obsessão.

Fita de arte francesa que obteve repercussão no circuito independente de cinema quando do seu lançamento, em 1991, virando cult anos mais tarde. Trata-se de um exercício de estilo delirante, todo rodado na parte “suja” de Paris, em especial na Ponte Neuf, a mais antiga e famosa da capital francesa, que serve de abrigo a centenas de sem-teto. A edição rápida e o colorido dos freqüentes fogos de artifício e das luzes da parte underground da cidade viram atípicos elementos desse drama romântico sobre personagens nada convencionais: os marginalizados.
Na tela projetam-se andarilhos moradores da Neuf, que vivem em condições precariamente sub-humanas. Desse grupo de gente destaca-se duas pessoas que aos poucos viram o casal central da história: Alex, um viciado em álcool, com perturbações mentais (Denis Lavant está correto, mudo, sempre imundo, com traços fortes de bandido), e Michèle (Juliette Binoche, que mesmo como uma mendiga quase cega, sempre com tampão no olho, continua com a beleza exuberante). Esta, no passado, era da classe média, e agora, por desilusão amorosa, caiu na sarjeta. Aos poucos o relacionamento entre eles fica obsessivo e conflituoso, marcado pela violência.
“Os amantes da Ponte Neuf” é um estranho love story entre marginais, com cenas reais das indigentes nas ruas de Paris que se aproximam do documentário. Pela temática fora dos padrões, dificilmente veremos outra fita igual.
Indicado ao Bafta de filme estrangeiro e a dois Césars – atriz (Juliette) e produção, o drama foi dirigido por um cineasta independente chamado Leos Carax, pouco lembrado já que não realizou outros filmes expressivos – este sem dúvida é o seu melhor momento, com roteiro dele inclusive. Por Felipe Brida

Os amantes da Ponte Neuf (Les amants du Pont-Neuf). França, 1991, 125 min. Drama. Dirigido por Leos Carax. Distribuição: Lume Filmes

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