A árvore da vida
Pai, mãe e três filhos pequenos. Em torno de uma típica família norte-americana na década de 50, o cotidiano marcado por frustrações, alegria, perda da inocência, angústias, repressão e dúvidas transformará para sempre a vida de cada um deles.
Premiado com a Palma de Ouro em Cannes esse ano, “A árvore da vida” marca o retorno do cineasta bissexto Terrence Malick, que realiza aqui a obra mais autoral de sua carreira. É o quinto trabalho do diretor e roteirista em quatro décadas – antes fez “Terra de ninguém”, “Dias de paraíso”, “Além da linha vermelha” e “O Novo mundo”. Hoje, aos 68 anos, continua com as velhas manias: não se expõe em público, evita festivais de cinema, não concede entrevistas à imprensa, vive recluso.
A nova obra é a própria essência vital de Malick, uma autobiografia velada, sem créditos para tal. Um filme tácito, lento, com breves diálogos e imagens deslumbrantes captadas a partir da belíssima fotografia. Considero-o um poema visual, que explora as relações familiares, muitas delas conturbadas, e ao mesmo tempo faz um paralelo com a criação do mundo – o Big Bang, a era dos dinossauros, o surgimento da vida etc.
Por ser uma experiência cinematográfica única, diferente pela narrativa fragmentada em que troca a voz pela trilha sonora (há sequências de 15 minutos sem uma conversa sequer, apenas com músicas compostas pelo ótimo Alexandre Desplat, quatro vezes indicado ao Oscar), “A árvore da vida” volta-se para poucos, restrito a um público de filme de arte.
Repleto de referências semióticas, não é para ser entendido por completo e sim sentido. Por isso, deve-se assistir mais de uma vez.
A simbologia da árvore no quintal da família (título do filme) nutre as relações interpessoais dos filhos com o pai severo (papel de Brad Pitt, super firme na atuação) e de todos eles com a mãe atenciosa, por ora submissa (Jessica Chastain, em momento especial que poderá lhe render prêmios futuros). A história sempre intercala presente e passado, e no momento atual os poucos personagens apenas aparecem, sem contato maior com o mundo ou com pessoas (o ator Sean Penn interpreta um deles, como o filho crescido. Ele fica em cena cinco minutos, na pele de um empresário em crise, que não diz uma palavra).
Um dos filmes do momento, discutido em todos os cantos do mundo, para público adulto e preparado. Não deixe de conferir e, se possível, rever. Por Felipe Brida
A árvore da vida (The tree of life). EUA, 2011, 139 min. Drama. Dirigido por Terrence Malick. Distribuição: Imagem Filmes
Nenhum comentário:
Postar um comentário