Biutiful
Uxbal (Javier Bardem) coordena negócios ilícitos nas ruas de Catalunha/Espanha, como a imigração ilegal de chineses e a venda de produtos contrabandeados. Infeliz, mantém um relacionamento doloroso com a mãe de seus dois filhos, uma mulher drogada e prostituída. Tem o poder de falar com os mortos usando tal habilidade para ganhar dinheiro. Em meio a inúmeros questionamentos acerca de sua vida pessoal e profissional, Uxbal tenta mudar aquilo que acredita não ter mais jeito. Até que descobre um câncer maligno, o que o fará repensar valores e atitudes.
Indicado a dois Oscars esse ano – melhor filme estrangeiro (México) e ator (Javier Bardem), “Biutiful” é o novo drama autoral feito pelo prestigiado cineasta Alejandro González Iñárritu, o mesmo de “Amores brutos”, “21 gramas” e “Babel”. Diferente dos anteriores, ele abandona as tramas paralelas e quebra a não-linearidade da narrativa, características marcantes em suas obras, mas não deixa de falar sobre crises humanas e se aprofundar em questionamentos psicológicos dos personagens centrais. “Biutiful” acompanha a vida trágica de um homem perdido no mundo, que trabalha com negócios escusos, conversa com mortos e tem de cuidar de dois filhos pequenos. As tentativas frustradas em voltar com a mulher aliadas ao temperamento frio faz de Uxbal uma pessoa amarga. Quando passa mal e numa consulta médica descobre ter poucos meses de vida devido a um câncer, propõe mudanças drásticas em sua vida social.
Diante desse quadro percebe-se todo o clima pesado do filme, um drama denso, que trata morte e vida em concomitância visceral. Iñarritu propõe que não há separação entre os dois pólos, tanto que a fotografia explora cores escuras para um clima de tragédia que se anuncia minuto a minuto.
O diretor propõe chocar o público com cenas fortes, como a de Uxbal no velório das três crianças mortas em um acidente em que ele conversa com o espírito de uma delas, em um ambiente carregado, com velas vermelhas; e a do vazamento de gás na fábrica que resulta em uma catástrofe alarmante. E diversas outras passagens são criadas a partir de metáforas, como o desfecho na neve (que também abre o filme), sobre a história das corujas mortas.
A atuação impecável de Bardem, como Uxbal, provoca impacto pela seriedade da figura central dessa fita difícil, um convite à reflexão sobre comportamentos humanos, morte e vida que procura se reacender.
Rodado em Barcelona, o filme recebeu em Cannes o prêmio de ator – Bardem dividiu a estatueta com Elio Germano, por “La nostra vita”, além da indicação de Iñarritu à Palma de Ouro. Também concorreu ao Bafta e ao Globo de Ouro, ou seja, obteve boa recepção pela crítica especializada em festivais comerciais e nos de circuito de arte.
O título refere-se a “Beautiful”, grafado incorretamente, alusão a uma rápida sequência em que o pai ensina inglês à filha – e o registro da palavra de forma incoerente reafirma a rotina errônea de Uxbal.
Um drama bem árido para público específico. Por Felipe Brida
Biutiful (Idem). México/Espanha, 2010, 148 min. Drama. Dirigido por Alejandro González Iñárritu. Distribuição: Paris Filmes
Uxbal (Javier Bardem) coordena negócios ilícitos nas ruas de Catalunha/Espanha, como a imigração ilegal de chineses e a venda de produtos contrabandeados. Infeliz, mantém um relacionamento doloroso com a mãe de seus dois filhos, uma mulher drogada e prostituída. Tem o poder de falar com os mortos usando tal habilidade para ganhar dinheiro. Em meio a inúmeros questionamentos acerca de sua vida pessoal e profissional, Uxbal tenta mudar aquilo que acredita não ter mais jeito. Até que descobre um câncer maligno, o que o fará repensar valores e atitudes.
Indicado a dois Oscars esse ano – melhor filme estrangeiro (México) e ator (Javier Bardem), “Biutiful” é o novo drama autoral feito pelo prestigiado cineasta Alejandro González Iñárritu, o mesmo de “Amores brutos”, “21 gramas” e “Babel”. Diferente dos anteriores, ele abandona as tramas paralelas e quebra a não-linearidade da narrativa, características marcantes em suas obras, mas não deixa de falar sobre crises humanas e se aprofundar em questionamentos psicológicos dos personagens centrais. “Biutiful” acompanha a vida trágica de um homem perdido no mundo, que trabalha com negócios escusos, conversa com mortos e tem de cuidar de dois filhos pequenos. As tentativas frustradas em voltar com a mulher aliadas ao temperamento frio faz de Uxbal uma pessoa amarga. Quando passa mal e numa consulta médica descobre ter poucos meses de vida devido a um câncer, propõe mudanças drásticas em sua vida social.
Diante desse quadro percebe-se todo o clima pesado do filme, um drama denso, que trata morte e vida em concomitância visceral. Iñarritu propõe que não há separação entre os dois pólos, tanto que a fotografia explora cores escuras para um clima de tragédia que se anuncia minuto a minuto.
O diretor propõe chocar o público com cenas fortes, como a de Uxbal no velório das três crianças mortas em um acidente em que ele conversa com o espírito de uma delas, em um ambiente carregado, com velas vermelhas; e a do vazamento de gás na fábrica que resulta em uma catástrofe alarmante. E diversas outras passagens são criadas a partir de metáforas, como o desfecho na neve (que também abre o filme), sobre a história das corujas mortas.
A atuação impecável de Bardem, como Uxbal, provoca impacto pela seriedade da figura central dessa fita difícil, um convite à reflexão sobre comportamentos humanos, morte e vida que procura se reacender.
Rodado em Barcelona, o filme recebeu em Cannes o prêmio de ator – Bardem dividiu a estatueta com Elio Germano, por “La nostra vita”, além da indicação de Iñarritu à Palma de Ouro. Também concorreu ao Bafta e ao Globo de Ouro, ou seja, obteve boa recepção pela crítica especializada em festivais comerciais e nos de circuito de arte.
O título refere-se a “Beautiful”, grafado incorretamente, alusão a uma rápida sequência em que o pai ensina inglês à filha – e o registro da palavra de forma incoerente reafirma a rotina errônea de Uxbal.
Um drama bem árido para público específico. Por Felipe Brida
Biutiful (Idem). México/Espanha, 2010, 148 min. Drama. Dirigido por Alejandro González Iñárritu. Distribuição: Paris Filmes
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