Viagem a Darjeeling
Os irmãos Francis (Owen Wilson), Peter (Adrien Brody) e Jack (Jason Schwartzman) não se vêem há um ano, desde o funeral do pai. Certo dia, decidem se encontrar para uma viagem de trem pela Índia. O motivo, encontrar a mãe, Patrícia (Anjelica Huston), que se isolou nas montanhas para cumprir a missão religiosa de se tornar uma monja. Durante a viagem ao país desconhecido, perdem-se no deserto da região do Himalaia e metem-se em confusões bizarras. Ao mesmo tempo, os irmãos irão se redescobrir e voltar ao convívio de antes.
Filme inteligente e pouco comum para a safra atual, porém indicado apenas ao público já acostumado com aquele mundo estranho e cheio de personagens desengonçados de Wes Anderson. Novamente o diretor texano recorre a questões sobre busca ao desconhecido e auto-conhecimento, sob o aspecto de elevação espiritual. E mais uma vez o ponto de partida se concentra em locais isolados, no caso o Himalaia, nos confins da Ásia.
Anderson quebra o conceito de trilha sonora nivelada ao misturar gêneros de países diferentes, passando por canções românticas francesas, balada norte-americana, sinfonias de Beethoven e, não poderia faltar, ritmos indianos (muitos de Satyajit Ray, diretor, compositor, roteirista e produtor, um dos grandes nomes do cinema na Índia). Os personagens, os irmãos, todos eles encarnando tipos exagerados (Owen ferido e cheio de gaze e band-aid no rosto; Jason com bigode comprido tapando a boca; e Adrien com óculos grandes e amarelos), na viagem pelo país misterioso, põem em discussão suas indiferenças com o intuito de serem “família” de novo. Um tema característico e fundamental nas obras do diretor.
Enquanto há uma fotografia esplendorosa da Índia e muita cor vibrante nos figurinos, existem diálogos contínuos e cansativos intercalados por cenas com silêncio profundo, o que pode fazer o público cochilar em certos momentos. E tudo é uma bagunça e agitação, com cortes bruscos e memórias. Fique atento para não se perder!
A fita nasceu depois de Wes Anderson rodar o curta-metragem dramático “Hotel Chevalier”, que serve como prólogo desta aventura. Mas não se dêem ao luxo de assisti-lo, pois ele nada explica ou inspira os dois personagens centrais do curta, no caso Jack (Jason Schwartzman) e sua namorada misteriosa, interpretada por Natalie Portman. É simplesmente um experimento sobre relações conturbadas e frias entre um casal em crise. Interessante, mas não necessário para entender o que se sucederá no filme.
“Viagem a Darjeeling” é o quinto longa-metragem de Wes Anderson e um de seus melhores momentos (ainda prefiro o anterior, “A Vida Marinha com Steve Zissou”, comédia dramática que brinca com o trabalho de oceanografia do grandioso Jacques Costeau e que, em 2004, dividiu a opinião dos críticos). A fita (vale destacar que a cidade-título está localizada na região do Himalaia, no estado indiano de West Bengal, fronteira com Bangladesh e Nepal, e conhecida por produzir chá. Sua altitude chega a 2,5 mil metros do nível do mar) é o 5º trabalho de Anderson com Owen Wilson, o 4º com Bill Murray e o 3º com Anjelica Huston e Jason Schwartzman.
O ator Owen Wilson tentou se matar logo após as filmagens, em agosto do ano passado, engolindo vidro de calmantes e cortando os pulsos. Internado, não compareceu às mostras de cinema de lançamento do filme.
O DVD, lançado no final do mês passado, saiu em edição pobre, sem extras. Estranho a produtora/distribuidora não ter ao menos colocado o curta Hotel Chevalier como bônus. Bom começo para se familiarizar com o universo detalhista e esquisito de Anderson. Por Felipe Brida
Título original: The Darjeeling Limited
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Owen Wilson, Adrien Brody, Jason Schwartzman, Amara Karan, Anjelica Huston, Camilla Rutherford. Participações especiais de Bill Murray, Barbet Schroeder e Natalie Portman.
Direção: Wes Anderson
Gênero: Aventura
Duração: 91 min.
Os irmãos Francis (Owen Wilson), Peter (Adrien Brody) e Jack (Jason Schwartzman) não se vêem há um ano, desde o funeral do pai. Certo dia, decidem se encontrar para uma viagem de trem pela Índia. O motivo, encontrar a mãe, Patrícia (Anjelica Huston), que se isolou nas montanhas para cumprir a missão religiosa de se tornar uma monja. Durante a viagem ao país desconhecido, perdem-se no deserto da região do Himalaia e metem-se em confusões bizarras. Ao mesmo tempo, os irmãos irão se redescobrir e voltar ao convívio de antes.
Filme inteligente e pouco comum para a safra atual, porém indicado apenas ao público já acostumado com aquele mundo estranho e cheio de personagens desengonçados de Wes Anderson. Novamente o diretor texano recorre a questões sobre busca ao desconhecido e auto-conhecimento, sob o aspecto de elevação espiritual. E mais uma vez o ponto de partida se concentra em locais isolados, no caso o Himalaia, nos confins da Ásia.
Anderson quebra o conceito de trilha sonora nivelada ao misturar gêneros de países diferentes, passando por canções românticas francesas, balada norte-americana, sinfonias de Beethoven e, não poderia faltar, ritmos indianos (muitos de Satyajit Ray, diretor, compositor, roteirista e produtor, um dos grandes nomes do cinema na Índia). Os personagens, os irmãos, todos eles encarnando tipos exagerados (Owen ferido e cheio de gaze e band-aid no rosto; Jason com bigode comprido tapando a boca; e Adrien com óculos grandes e amarelos), na viagem pelo país misterioso, põem em discussão suas indiferenças com o intuito de serem “família” de novo. Um tema característico e fundamental nas obras do diretor.
Enquanto há uma fotografia esplendorosa da Índia e muita cor vibrante nos figurinos, existem diálogos contínuos e cansativos intercalados por cenas com silêncio profundo, o que pode fazer o público cochilar em certos momentos. E tudo é uma bagunça e agitação, com cortes bruscos e memórias. Fique atento para não se perder!
A fita nasceu depois de Wes Anderson rodar o curta-metragem dramático “Hotel Chevalier”, que serve como prólogo desta aventura. Mas não se dêem ao luxo de assisti-lo, pois ele nada explica ou inspira os dois personagens centrais do curta, no caso Jack (Jason Schwartzman) e sua namorada misteriosa, interpretada por Natalie Portman. É simplesmente um experimento sobre relações conturbadas e frias entre um casal em crise. Interessante, mas não necessário para entender o que se sucederá no filme.
“Viagem a Darjeeling” é o quinto longa-metragem de Wes Anderson e um de seus melhores momentos (ainda prefiro o anterior, “A Vida Marinha com Steve Zissou”, comédia dramática que brinca com o trabalho de oceanografia do grandioso Jacques Costeau e que, em 2004, dividiu a opinião dos críticos). A fita (vale destacar que a cidade-título está localizada na região do Himalaia, no estado indiano de West Bengal, fronteira com Bangladesh e Nepal, e conhecida por produzir chá. Sua altitude chega a 2,5 mil metros do nível do mar) é o 5º trabalho de Anderson com Owen Wilson, o 4º com Bill Murray e o 3º com Anjelica Huston e Jason Schwartzman.
O ator Owen Wilson tentou se matar logo após as filmagens, em agosto do ano passado, engolindo vidro de calmantes e cortando os pulsos. Internado, não compareceu às mostras de cinema de lançamento do filme.
O DVD, lançado no final do mês passado, saiu em edição pobre, sem extras. Estranho a produtora/distribuidora não ter ao menos colocado o curta Hotel Chevalier como bônus. Bom começo para se familiarizar com o universo detalhista e esquisito de Anderson. Por Felipe Brida
Título original: The Darjeeling Limited
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Owen Wilson, Adrien Brody, Jason Schwartzman, Amara Karan, Anjelica Huston, Camilla Rutherford. Participações especiais de Bill Murray, Barbet Schroeder e Natalie Portman.
Direção: Wes Anderson
Gênero: Aventura
Duração: 91 min.
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