Game
girls
Documentário
independente sobre a cultura gamer feminina, dirigido por uma multiartista, Saskia
Sá, que é escritora, roteirista e trabalha com artes visuais. Uma garota
transumana (meio humana meio holografia) que está no metaverso, de nome Mega,
narra a história de mulheres que se dedicam à cultura nerd e geek no Brasil e no
mundo. Mega conduz o filme, quebrando a quarta parede, falando para a tela – é uma
figura em computação gráfica carismática, pensativa, que entrevista uma série
de personalidades, como desenvolvedoras de jogos, influencers, streamers, players
e designers, dentre elas Anne Quiangala, Brenda Romero e Limpho Moeti. Elas compartilham
suas experiências sobre ser mulher no universo dos games, um mundo dominado
pelos homens. O filme reflete sobre carreira, machismo na indústria de games e
identidade feminina, num meio comum entre as entrevistadas, que é a paixão por
jogos eletrônicos – aliás, mercado em constante crescimento, seja pelos
celulares, PCs ou consoles/players, com faturamento que ultrapassa hoje US$ 100
bilhões. O visual do doc é interessante – além de Mega, cuja voz é feita pela
dubladora Luiza Caspari, as mulheres que dão depoimento aparecem em janelas
virtuais, simulando jogos, holografia e telas coloridas. Curtinho, com apenas 69
minutos, tem produção executiva de Luciana Druzina e coprodução entre as
produtoras Horizonte Líquido e Druzina Content. Em exibição nos cinemas.
Nonnas
Está
a fim de um filme leve, nos moldes das nostálgicas ‘Sessão da tarde’? então procure
já na Netflix ‘Nonnas’, comédia dramática descontraída que estreou no streaming
no dia 10 deste mês, e conta com um elencão. Vince Vaugh, de ‘Penetras bons de
bico’ (2005), interpreta um homem de 50 anos, descendente de italianos, que
acaba de perder a mãe. Em homenagem a ela, abre uma tratoria com pratos típicos
da região de sua família. Para dar um tempero especial nas comidas, contrata idosas
para a cozinha, vovós que tiveram experiência em receitas italianas como macarrão
e massas em geral. As vovós do filme são atrizes entre 70 e 80 anos indicadas
ao Oscar, como Lorraine Bracco, Talia Shire e Brenda Vaccaro, e participação da
oscarizada Susan Sarandon. A liga entre elas, em cena, é um barato – no início,
as nonnas se estranham, são territorialistas, cada uma quer fazer o prato do seu
jeito, pegam birra uma da outra, mas com o passar dos dias na cozinha vão se
entendendo. O humor vive ali, entre as relações que elas criam, com piadinhas e
algumas cenas pastelão. Mas o filme também tem ternura e elegância, na medida
exata. Do diretor Stephen Chbosky, de ‘As vantagens de ser invisível’ (2012) e ‘Extraordinário’
(2017). Inspirado na história verdadeira de Jody Scaravella, conhecido como
Joe, que fundou em 2007 a ‘Enoteca Maria’, restaurante em estilo colonial em
Staten Island, Nova York, que tem avós do mundo todo como chefs rotativas,
dando a elas novas oportunidades de trabalho.
Tendaberry
Fundada
em Londres em 2007, a Mubi é uma das maiores plataformas de streaming de filmes
cult, que reúne em seu catálogo centenas de curtas, médias e longas-metragens
de diversos países, além de séries. Nasceu como uma rede social para cinéfilos,
depois virou distribuidora de cinema e hoje também produz filmes. ‘Tendaberry’
é um dos lançamentos da temporada, um peculiar drama norte-americano sobre uma
jovem solitária de 23 anos que reside em Coney Island e enfrenta a solidão quando
o namorado volta para a Ucrânia para cuidar do pai acometido por uma doença. Ela
não tem mais notícias dele e descobre estar grávida. No limite entre o abandono
e a desesperança, a jovem Dakota planeja o que fazer de sua vida agora. Primeiro
trabalho de uma atriz que dá um show com uma interpretação natural, sem
exageros, Kota Johan, que é a essência dessa história triste, desalentadora. Exibido
nos festivais de Sundance, Torino e Cleveland, o filme marca a estreia da
diretora Haley Elizabeth Anderson, que conduz de forma brilhante a protagonista
por caminhos e descaminhos durante quatro momentos de sua dura vida, utilizando
a fotografia urbana e os sons da cidade a favor do longa. A estética tem uma curiosa
mistura de fitas cassete e 16mm, com um tom envelhecido. Gostei muito desse filme
autoral, feminino, e confesso que sempre me surpreendo com os lançamentos da
Mubi – ela distribuiu recentemente outros três que estão na minha lista para assistir,
‘Grand Tour’ (2024, premiado como melhor diretor para Miguel Gomes no Festival
de Cannes), ‘Grand Theft Hamlet’ (2024, exibido no CPH:DOX) e ‘Acabe com eles’ (2024,
exibido no Festival de Toronto).
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