Adeus, garoto
Em sua estreia como diretor,
o italiano Edgardo Pistone demonstra versatilidade e talento em ‘Adeus, garoto’,
que tem traços da Nouvelle Vague, incluindo uma preto-e-branco visceral.
Vencedor do prêmio de melhor Primeiro Filme no Festival de Roma e indicado em
duas categorias no David di Donatello, o ‘Oscar italiano’, o longa-metragem é
em torno de uma figura central dúbia, um garoto de 19 anos, Attilio, que reside
em um bairro operário de Nápoles. Ele está em fase de amadurecimento, portanto
com hormônios e comportamentos em transformação. É verão, ele se apaixona por
uma prostituta, com quem tem uma relação de trabalho, e terá de lidar com uma
nova questão - o pai sai da cadeia, precisa resolver dívidas do passado, e pede
apoio do garoto. Attilio é pressionado a ficar ao seu lado, o que poderá
distancia-lo da mulher de seus sonhos. Com traços de melodrama, o filme tem
composições preciosas de enquadramento, ângulos, uma fotografia de maravilhar, numa
história de pai e filho marcada por pressões, medos e sonhos apagados. O
diretor é napolitano, nascido no bairro onde se passa o filme, Rione Traiano,
na periferia oeste da cidade; em entrevista comentou que há doses
autobiográficas em seu longa, onde pôde trazer memórias de lugares e pessoas
com quem cruzou na infância e juventude. Melancólico, tristonho, com um humor
peculiar, é um filme de arte afinado. Recebeu prêmio no Festival de Cinema
Noites Negras de Tallinn, na Estônia, e teve a primeira exibição aqui na edição
de 2024 do Festival de Cinema Italiano no Brasil. Está nos cinemas brasileiros
pela Pandora Filmes.
Do
Sul, a vingança
Estreou
ontem em algumas salas de cinema do Brasil esse filme vendido como ‘o primeiro
filme produzido 100% no Mato Grosso do Sul’, uma fita independente desfuncional,
com uma linguagem ambígua e um humor estranho, que não me pegou... Orçado em
apenas R$ 397 mil, a produção ganhou prêmio no Los Angeles Film Awards 2025
(LAFA) na categoria de melhor longa indie e selecionado ao World Film Festival,
em Cannes. Há poucos personagens, que se digladiam numa trama cada vez mais mortal.
Um escritor vai atrás de materiais para um livro chegando até a fronteira entre
Mato Grosso do Sul, Paraguai e Bolívia, região de disputa de terras e com o crime
organizado correndo solto. A cada passo dado, uma pessoa diferente entra em
cena, e nunca sabemos se aquilo é real ou imaginação – o escritor está num
cabaré, depois frente a frente com um matador, é perseguido por criminosos e
assim a história segue num ambiente que lembra o Velho Oeste. Acho um filme caótico,
de ação com humor desengonçado, que explica pouco e não se sustenta. Tem
direção de Fábio Flecha, que assina o roteiro com Edson Pipoca, e produção da Render
Brasil. Está nos cinemas pela Kolbe Arte. No elenco, nomes conhecidos, como Espedito
Di Montebranco, Bruno Moser e participação especial de David Cardoso como um
coronel.
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