Uma família normal
Best seller do escritor
holandês Herman Koch,
publicado em 2009, ‘O jantar’ rendeu quatro versões para cinema, produzidas em
países diferentes: ‘Het diner’ (2013), na Holanda; ‘Os nossos meninos’ (2014),
na Itália; ‘O jantar’ (2017), nos Estados Unidos - essa com Richard Gere e
Laura Linney, e a mais recente, ‘Uma família normal’ (2023), na Coreia do Sul,
que acaba de chegar aos cinemas brasileiros. A adaptação mantém o suspense
crescente, o ritmo e a frieza da obra literária, uma trama tensa, que guarda
surpresas e nos deixa sem fôlego. Dois irmãos e suas respectivas esposas costumam
jantar juntos na casa luxuosa de um deles. Um dia, o encontro será diferente,
pois sentarão à mesa para discutir o que será feito com seus filhos, após eles,
que são primos, serem acusados pela polícia de um crime bárbaro. Uma câmera de vigilância
flagrou os adolescentes espancando um andarilho na rua, a notícia caiu na
mídia, e a vítima está entubada no hospital, em estado grave. Os irmãos são um
advogado rico, que aceita qualquer negócio para livrar a filha da acusação, e o
outro, um médico pediatra de moral inabalável, que não sabe como proceder com o
garoto, que está bastante abalado. As esposas não se entendem, e a relação das
duas famílias vai se degradando a ponto de desdobramentos violentos. Surpreendei-me
com essa versão sul-coreana, assim como gosto muito de ‘O jantar’ com Richard
Gere. É um thriller sem imprevisível, sem clichês, tudo é marcado pela tensão e
reviravoltas que incomodam, com personagens repletos de camadas, marcados por
dilemas morais. Exige atenção do começo ao fim, principalmente nos diálogos. O
filme teve estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em
setembro de 2023, depois em festivais asiáticos, como Taipei, e agora em
cinemas do mundo todo. Um verdadeiro acerto do diretor Hur Jin-ho, cuja
carreira é marcada por dramas românticos pessoais, como ‘Neve de abril’ (2005)
e ‘Felicidade’ (2005). Nos cinemas pela Pandora Filmes.
Um pai para Lily
Drama autobiográfico da
diretora e roteirista Tracie Laymon, em sua estreia em longa-metragem após uma longa
carreira com curtas-metragens. ‘Um pai para Lily’ é a jornada de uma jovem, Lily
(Barbie Ferreira), que quer se reconectar com o pai ausente, Bob (French
Stewart), mas o destino a leva para outros caminhos. Após uma briga com Bob, o
pai não recebe mais Lily em casa nem atende seus telefonemas. Ela, desesperada,
busca pelo seu perfil nas redes sociais e acaba em contato com um homem de
mesmo nome, Bob Trevino (John Leguizamo). Sem a presença do verdadeiro Bob, Lily
marca um encontro com esse seu ‘falso pai’, apesar da distância entre as
cidades onde vivem. Entre os dois haverá afeto, ternura e uma verdadeira
amizade. Demorei um pouco para entrar na história desse drama teen, com
momentos cômicos e um desfecho emocionante, que tem ponto alto o trabalho dos dois
atores centrais, a jovem atriz de origem brasileira Barbie Ferreira, da série
‘Euphoria’, e John Leguizamo, menos caricato que de costume, que envelheceu bem
no cinema – ator colombiano, fez inúmeros filmes americanos policiais, muitos
deles vilões, como ‘O pagamento final’, e aqui é sua performance mais dramática
e humana. É bonitinho, tem leveza, às vezes superficial e tímido, mas acredito
que poderá tocar o coração dos espectadores. Venceu 13 prêmios internacionais, em
festivais como SXSW, Denver, Nashville e Valladolid. Está em exibição nos principais
cinemas brasileiros pela Synapse Distribution - no final do mês entrará nas
plataformas de streaming para aluguel, como YouTube, Claro TV+, Amazon Prime
Video, Apple TV, Vivo Play e Google Play.
Until Dawn: Noite de
terror
Dos jogos para a tela,
‘Until dawn’, apesar de uma trama confusa, dentro de um looping que embaralha o
pensamento, funciona como entretenimento de terror e ação. Eu não conhecia o
jogo da Playstation, que dizem ser violento, por isso demorei um pouco para compreender
as situações; depois de 20 minutos, vieram sustos, dei pulos na cadeira e achei
como um todo um filme curioso, mesmo com o resultado dividindo a opinião dos jogadores
– toda adaptação, seja de jogo ou livro, há alteração no ambiente, no tipo de
personagens, na época da história, gerando comentários positivos e negativos
entre os fãs. Preste bem atenção já que a trama muda a cada momento. Um grupo
de amigos sai em busca de uma jovem desaparecida há quase um ano. Eles dirigem
até um vale isolado, chegam a uma área de mata e resolvem explorar o local após
pistas sobre a garota. Chegam a uma casa antiga, um velho sobrado, sem morador.
Chove muito, então se hospedam no casarão. Com o passar dos minutos, sentem a
presença do algo estranho. Eles são caçados por um terrível assassino
mascarado, que os trucida com uma marreta. Quando todos morrem, uma ampulheta
na sala de estar gira em um relógio mecânico, e de forma abrupta, o dia volta, como
num looping, onde eles terão de encontrar saídas para não ser caçados pelo
maníaco – quando todos morrem, há uma nova troca de dia, e outros vilões entram
em cena, como uma bruxa decrépita com um respirador e um espírito possessor. Há
um limite de dias para sobreviver, até que o dia amanheça – daí o título ‘Until
dawn’. Com visual gótico, uma fotografia escura, mortes grotescas, é inspirado
no jogo de sobrevivência de terror da Playstation lançado em 2015, que fez
sucesso entre os players. Tem efeito borboleta, em que cada escolha mudará o
rumo das coisas, e haverá dilemas morais e éticos entre os personagens, como
matar os amigos, entre si. Quem curte terror verá aqui uma mistura de ‘O segredo
da cabana’ (2011) com ‘Tempo’ (2021), de M. Night Shyamalan. Violento, também com humor macabro, tem e direção de um conhecido do público, David F. Sandberg, de ‘Quando as luzes se apagam’ (2016), ‘Annabelle 2: A criação do mal’ (2017) e ‘Shazam!’ (2019). Classificação de 18 anos. Está nos cinemas pela Sony Pictures.
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