sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Na Netflix


Não olhe para cima

Os cientistas Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) descobrem que um meteoro está em direção à Terra e que dentro de seis meses ele poderá acabar com a humanidade. Eles recorrem às emissoras de TV e às redes sociais para alertar a população, bem como marcam encontros com a presidente dos Estados Unidos, Orlean (Meryl Streep), para pensar formas de amenizar o desastre, no entanto sempre são recebidos com hostilidade e desconfiança.

Há uma semana que o assunto do momento é o filme “Não olhe para cima”, a nova produção da Netflix que bateu recordes de público: até ontem estava como top #1 da Netflix no mundo, ranking ocupado em praticamente todos os países, com mais de 111 milhões de horas assistidas somente no final de semana de estreia (de 24 a 26/12) - e esse número só tende a crescer, caminhando para ser um dos três filmes mais vistos na Netflix de todos os tempos (‘Birdbox: Caixa de pássaros’ ainda é o líder, com 282 milhões de horas assistidas). Isso comprova a força do marketing viral (boca a boca), onde um fala para o outro assistir, sem contar a divulgação e a publicidade em massa sobre o filme nas redes sociais.
“Não olhe para cima” é isso tudo? Eu achei o máximo, diverti-me à beça, atento aos detalhes, e enquanto assistia fazia as relações com a política no Brasil, nos Estados Unidos e em outros países que seguem a cartilha do reacionarismo e da extrema-direita. Nessa altura do campeonato todos sabem que é uma comédia com pano de fundo de disaster movie, sobre um meteoro que viaja em direção ao planeta Terra, e que os cientistas que fizeram a descoberta são desacreditados. A trama tem tudo a ver com o que passamos hoje na pandemia da Covid, e olha que o roteiro foi escrito por Adam McKay (o diretor do filme) bem antes do coronavírus estar entre nós: ele falava inicialmente sobre a crise climática, e o meteoro era uma metáfora disso. Mas com a Covid, o filme não pôde ser gravado, e a Netflix adquiriu os direitos para a produção em abril de 2020. O tema teve um novo contorno, a crise do coronavírus, que se aplica bem ao longa-metragem, ou seja, houve um “desvio de rota”, e o que era para criticar a questão ambiental, ganhou um viés ainda mais aplicável e atual.


O filme é um raio-X sobre a política nos países de extrema-direita, como o Brasil de hoje e o EUA de Trump. É fácil notar personagens da vida real ali, como Trump, Bolsonaro e a família dele, bem como um séquito de negacionistas da ciência, de falsos cientistas, da imprensa comprada e de gurus políticos, além do descalabro que a rede social se transformou na mão deles.
A dupla de cientistas do filme (DiCaprio e Jennifer, ambos bons e indicados ao Globo de Ouro pelos papéis) tentam a todo custo convencer as pessoas e a presidente da República sobre o futuro da humanidade, já que o meteoro será devastador. Ninguém dá ouvidos, quem deveria dar a lição seria a mandatária maior da nação, mas ela é uma negacionista de carteirinha e zombeteira (outra cópia dela é o filho, interpretado por Jonah Hill, que faz um assessor direto da presidência, um troglodita abobalhado e não menos anticiência). A presidente (olha a coincidência que vemos no Brasil) chega a usar as redes sociais para abrir um debate sobre a verdade do meteoro, se os americanos são favoráveis ou não à tese dos cientistas – e daí lançam a campanha “Não olhe para cima” (ou seja, não vejam o meteoro, olhem para frente e sigam suas vidas). Tal ideia representa bem a política do absurdo total da extrema-direita, encabeçada por um bando de gente enganosa e despreparada, fascistóides de plantão, que com métodos desordeiros tumultuam e dividem as pessoas com suas teses malucas – o “Não olhe para cima” é o “Não use máscaras” e o “Não se vacine”.


O filme é radiográfico e contém as caricaturas do mundo político contemporâneo, com figuras da anticiência que espalham fake News em nome da ‘liberdade de expressão’ (percebem que na boca desse pessoal tudo é ‘liberdade’, tudo pode ser falado e divulgado, o que os faz confundir liberdade de expressão com crime).
É uma sátira inteligente que devasta e incomoda, e procura alvos claros como bolsonaristas e trumpistas (muitos deles assistiram, mas pelos comentários que vejo nas redes, não entenderam direito a crítica e a mensagem ali expressa). Mensagem essa que trata da imbecilidade dos tempos sombrios que vivemos, da mentalidade obtusa da extrema-direita que nega, grita, xinga e defende absurdos em nome do bem coletivo.
Adam McKay acerta novamente e há nele um bom ajuste a cada filme – ele começou quase vinte anos atrás com “O âncora” (2004) e se dedicou a filmes políticos com fino humor, baseados em fatos reais, como “A grande aposta” (2015 – pelo qual ganhou o Oscar de roteiro adaptado), sobre o estouro da bolha imobiliária americana, e “Vice” (2018), que biografa Dick Cheney, vice-presidente na era Bush filho.


Além da indicação ao Globo de Ouro de ator e atriz que já mencionei, recebeu ainda indicação de melhor filme – comédia ou musical e melhor roteiro, e deverá ser finalista do Oscar 2022.
Ah, não desligue a TV até o final dos créditos, pois existem duas cenas escondidas, bem curtinhas e engraçadas.

Não olhe para cima (Don’t look up). EUA, 2021, 138 minutos. Comédia. Colorido. Dirigido por Adam McKay. Distribuição: Netflix

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Cine Especial


Resenha Especial (publicada na coluna 'Top Cinema' desse mês, na revista Top)


Yesterday


Jack (Himseh Patel) é um jovem músico de descendência indiana procurando espaço no mundo musical. Certo dia percebe que é a única pessoa de seu círculo de amigos, e depois da cidade, que conhece os Beatles. Desconfia que esteja em um mundo paralelo e aproveita para cantar as músicas daquela “desconhecida” banda para fazer sucesso. Ele se torna famoso e inicia um relacionamento com a professora Ellie (Lily James).

Danny Boyle, diretor de grandes filmes que chacoalharam o mundo, realizador de gêneros variados, como “Cova rasa”, “Trainspotting: Sem limites”, “Extermínio”, “Quem quer ser um milionário” e “127 horas”, presta uma singela homenagem aos Beatles nesse seu filme bem pessoal, de drama romântico com fantasia, e que resulta numa obra tocante para quem aprecia música dos anos 60 (ainda mais as músicas da maior banda de todos os tempos!). Com clichês fáceis de serem perdoados, o filme conta a história de um músico frustrado que após um apagão na cidade onde mora, sofre um acidente de bicicleta e vai para o hospital. Ele sente algo diferente no ar ao perceber que marcas conhecidas como a Coca-Cola nunca existiram e que ninguém nunca ouviu falar dos Beatles. Ele aproveita o ensejo e começa a cantar para multidões canções dos Beatles, mas como esse grupo “nunca existiu”, apresenta-as como suas. E passa a fazer sucesso e se apaixona por uma professora de matemática (aliás, os dois atores estão muito entrosados em cena, o que engrandece o desenvolvimento do filme).


Esse mundo de fantasia que o protagonista vive nunca é explicado, é como se ele entrasse em uma fenda do tempo e vivesse outra realidade (meio trama do mundo da ficção científica sem ter aparência de fita scifi) – tudo simplesmente acontece, de maneira mágica. Boyle concebeu um roteiro deleitoso e o executou muito bem, injetando bons momentos de romance, emoção, comédia, farsa e muita música legal – para citar algumas dos Beatles, tem “Obla-di obla-dá”, “Yesterday” (logicamente), “Here comes the sun” e “Hey Jude”. Se não viu, não perca tempo: é uma fita que passa rápido, cheia de graça e simpatia, com personagens adoráveis, e tem também participação de Ed Sheeran como ele próprio, num momento divertido. Um filme sobre o poder transformador da música (e como os Beatles mudaram o comportamento de toda uma geração).

Yesterday (Idem). EUA/Reino Unido/China/Japão, 2019, 116 minutos. Comédia. Colorido. Dirigido por Danny Boyle. Distribuição: Universal Pictures

sábado, 18 de dezembro de 2021

Cine Cult


O espelho

Alexei (voz de Innokentiy Smoktunovskiy), um homem de 40 anos, está à beira da morte. Ele relembra a infância, a relação com a mãe e com a ex-esposa, e revive memórias dos horrores da guerra. Passado e presente se misturam na mente do doente terminal.

A CPC-Umes Filmes lançou há dois meses “O espelho” (1975), uma das obras-primas de Andrei Tarkovski, tanto em DVD quanto em bluray no Brasil, a partir de uma estonteante matriz restaurada pela Mosfilm (restauro ocorrido em 2017). O que era bom ficou melhor nessa cópia em alta qualidade de imagem e som. O visual onírico e toda a beleza plástica/fotográfica do mestre Tarkovski é realçado nessa edição – “O espelho” é um dos filmes mais simbólicos do cineasta russo nascido na antiga URSS e falecido prematuramente em 1986 aos 54 anos.
É um drama memorialista, de um homem à beira da morte que vive de reminiscência e experiências passadas. Ele recorda momentos marcantes da infância à juventude, passando pela guerra, por um casamento frustrado e pela forte relação com a mãe. E com todos os fantasmas que habitavam sua antiga casa e seu íntimo. As imagens da mente do protagonista se misturam com cenas de arquivos da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial, e assim Tarkovski faz um filme existencial e com traços autobiográficos, em especial ao tocante a sua infância – o diretor até filmou a verdadeira mãe, Maria Ivanovna Vishnyakova-Tarkovskaya, em algumas sequências, e há ainda poemas lidos por ele escritos pelo pai, Arseny Tarkovsky. Dizia que esse era seu projeto mais pessoal, e o filme que ele mais gostava de sua curta filmografia (dirigiu sete longas, um curta, dois médias-metragens e um documentário em 30 anos).


A marca dele aparece em cada cena como a práxis que o consagrou. Todo o seu virtuosismo com a manipulação da câmera em movimentos únicos, lentos, captando longos planos sem diálogos, ajuda a criar uma atmosfera de memórias que surgem e se apagam, bem como constrói a dimensão psicológica dos personagens, tanto masculinos quanto os femininos.
Não tem como não se impressionar com a fotografia, de Georgi Rerberg (1937–1999), que repetiria a essência dessa atmosfera em “Stalker” (1979). Realmente Tarkovski era um esteta da linguagem e da narrativa, sabia como ninguém elaborar truques de montagem, e criar obras únicas que ressoam anos na cabeça de quem as assistir. Repare na trilha sonora marcante, assinada pelo compositor Eduard Artemev, que fez mais de 160 trilhas de filmes, dentre eles outros de Tarkovski, como “Solaris” (1972) e o já mencionado “Stalker” (1979).


O rolo compressor e o violinista (1961)

Tanto na edição em DVD quanto no bluray de “O espelho” da CPC-Umes há, como extra, o média-metragem “O rolo compressor e o violinista” (1961), um delicadíssimo filme de início de carreira de Tarkovski - na verdade foi o trabalho de conclusão do diretor no curso de graduação em cinema no Instituto Estatal de Cinema (VGIK), em Moscou. O filme tem 45 minutos e fala do encontro de um garotinho chamado Sasha, de sete anos, com um operador de rolo-compressor após o menino ter o violino roubado. Os dois se juntam para encontrar o instrumento pelas ruas da cidade, nascendo entre eles uma forte amizade. Vale assistir também e conhecer o início desse grande cineasta no mundo das artes.


O espelho (Zerkalo). URSS, 1975, 107 minutos. Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Andrei Tarkovsky. Distribuição: CPC-Umes Filmes

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Cine Clássico


Indiscrição

Elizabeth Lane (Barbara Stanwyck) trabalha na área de culinária e marca um encontro com conhecidos em sua casa para o Natal que está chegando. Ela mente ao falar que tem incríveis dotes culinários e que vive uma vida perfeita. Tentando manter a farsa na noite de festas, apaixona-se por um herói da guerra, Jefferson Jones (Dennis Morgan), que é convidado por um amigo para estar nesse encontro. As confusões estão armadas quando parte daquelas pessoas passa a desconfiar dos comportamentos de Elizabeth.

Para entrar no clima de Natal, a clássica comédia romântica “Indiscrição” (1945) cai como uma luva para os cinéfilos de plantão. É um filme charmoso, engraçado, na verdade uma farsa dentro de um modelo pré-fabricado de sitcom americana, protagonizado pela adorável Barbara Stanwyck, que tinha uma energia incrível em cena e foi uma grande estrela - na época ela já acumulava três indicações ao Oscar.
Lançado poucos meses antes do término da Segunda Guerra Mundial, o filme tem elementos do cinema de guerra, comuns em longas de qualquer gênero daquela época nos Estados Unidos (o personagem do ator Dennis Morgan, o par romântico da protagonista, por exemplo, é um soldado sobrevivente que acaba de ser liberado para casa). Há muitas confusões próprias do farsesco, pitadas de romance e pequenas reviravoltas até o final feliz, tudo encenado por um elenco notável, com coadjuvantes famosos como Sydney Greenstreet, Una O'Connor e S.Z. Sakall. As músicas natalinas que tocam colaboram para que o público absorva o clima de festividade. Alegre e descompromissado, tem direção de Peter Godfrey, que foi ator e dirigiria Barbara novamente em ‘Mansão da loucura’ (1947).


Lançado no box “Comédias clássicas”, pela Obras-primas do Cinema, juntamente com os filmes “Irene, a teimosa” (1936), “Os pecados de Theodora” (1936) e “O diabo e a mulher” (1941). OBS: O filme ganhou um remake, o telefilme “Um natal em Connecticut” (1992), dirigido por Arnold Schwarzenegger, com Dyan Cannon, Kris Kristofferson e Tony Curtis.


Indiscrição (Christmas in Connecticut). EUA, 1945, 101 minutos. Comédia romântica. Preto-e-branco. Dirigido por Peter Godfrey. Distribuição: Obras-primas do Cinema

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Especial de Cinema


Globo de Ouro 2022

Foi anunciada na última segunda-feira, dia 13, pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, a lista dos indicados ao Globo de Ouro 2022. Os filmes “Ataque dos cães” e “Belfast” lideram empatados, com sete indicações cada um. A cerimônia de entrega do prêmio será em 09 de janeiro de 2022. Confira abaixo todos os indicados (em Cinema e TV).

 

Indicações – Cinema

 

Melhor Filme de Drama

 

“Belfast”

“No Ritmo do Coração”

“Duna”

“King Richard: Criando Campeãs”

“Ataque dos Cães”

 

Melhor Filme de Comédia ou Musical

 

“Cyrano”

“Não Olhe para Cima”

“Licorice Pizza”

“Tick, Tick … Boom!”

“Amor, Sublime Amor”

 



Melhor Animação

 

“Encanto”

“Fuga”

“Luca”

“My Sunny Maad”

“Raya e o Último Dragão”

 

Melhor Roteiro

 

“Licorice Pizza”

“Belfast”

“Ataque dos Cães”

“Não Olhe para Cima”

“Being the Ricardos”

 

Melhor Diretor

 

Kenneth Branagh, por “Belfast”

Jane Campion, por “Ataque dos Cães”

Maggie Gyllenhaal, por “A Filha Perdida”

Steven Spielberg, por “Amor, Sublime Amor”

Denis Villeneuve, por “Duna”

 

Melhor Trilha Sonora

 

“A Crônica Francesa”

“Encanto”

“Ataque dos Cães”

“Madres Paralelas”

“Duna”

 

Melhor Canção Original

 

“Be Alive”, de “King Richard: Criando Campeãs”

“Dos Orugitas”, de “Encanto”

“Down to Joy”, de “Belfast”

“Here I Am (Singing My Way Home)”, de “Respect: A História de Aretha Franklin”

“No Time to Die”, de “Sem Tempo para Morrer”

 



Melhor Ator em Drama

 

Mahershala Ali, por “Swan Song”

Javier Bardem, por “Being the Ricardos”

Benedict Cumberbatch, por “Ataque dos Cães”

Will Smith, por “King Richard: Criando Campeãs”

Denzel Washington, por “The Tragedy of Macbeth”

 

Melhor Atriz em Drama

 

Jessica Chastain, por “Os Olhos de Tammy Faye”

Olivia Colman, por “A Filha Perdida”

Nicole Kidman, por “Being the Ricardos”

Lady Gaga, por “Casa Gucci”

Kristen Stewart, por “Spencer”

 

Melhor Ator em Musical ou Comédia

 

Leonardo DiCaprio, por “Não Olhe para Cima”

Peter Dinklage, por “Cyrano”

Andrew Garfield, por “Tick, Tick … Boom!”

Cooper Hoffman, por “Licorice Pizza”

Anthony Ramos, por “Em um Bairro de Nova York”

 

Melhor Atriz em Musical ou Comédia

 

Marion Cotillard, por “Annette”

Alana Haim, por “Licorice Pizza”

Jennifer Lawrence, por “Não Olhe para Cima”

Emma Stone, por “Cruella”

Rachel Zegler, por “Amor, Sublime Amor”

 

Melhor Ator Coadjuvante

 

Ben Affleck, por “The Tender Bar”

Jamie Dornan, por “Belfast”

Ciarán Hinds, por “Belfast”

Troy Kotsur, por “No Ritmo do Coração”

Kodi Smit-McPhee, por “Ataque dos Cães”

 

Melhor Atriz Coadjuvante

 

Caitriona Balfe, por “Belfast”

Ariana DeBose, por “Amor, Sublime Amor”

Kirsten Dunst, por “Ataque dos Cães”

Aunjanue Ellis, por “King Richard: Criando Campeãs”

Ruth Negga, por “Identidade”

 

Melhor Filme em Língua Estrangeira

 

“Compartment no. 6” (Finlândia)

“Drive My Car” (Japão)

“A Mão de Deus” (Itália)

“Madres Paralelas” (Espanha)

“A Hero” (Irã)

 

Indicações - Televisão

 

Melhor Série de Drama

 

“Succession”

“Round 6”

“Pose”

“The Morning Show”

“Lupin”

 

Melhor Série de Comédia

 

“The Great”

“Only Murders In the Building”

“Ted Lasso”

“Hacks”

“Reservation Dogs”

 

Melhor Série Limitada ou Filme para TV

 

“Dopesick”

“Impeachment: American Crime Story”

“Maid”

“Mare of Easttown”

“The Underground Railroad”

 

Melhor Ator em Série de Drama

 

Brian Cox, por “Succession”

Lee Jung-jae, por “Round 6”

Billy Porter, por “Pose”

Jeremy Strong, por “Succession”

Omar Sy, por “Lupin”

 

 

Melhor atriz em série de TV – Drama

 

Uzo Aduba, por “In Treatment”

Jennifer Aniston, por “The Morning Show”

Christine Baranski, por “The Good Fight”

Elizabeth Moss, por “The Handmaid's Tale”

Mj Rodriguez, por “Pose”

 



Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical

 

Anthony Anderson, por “Black-ish”

Nicholas Hoult, por “The Great”

Steve Martin, por “Only Murders in the Building”

Martin Short, por “Only Murders in the Building”

Jason Sudeikis, por “Ted Lasso”

 

Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical

 

Hannah Einbender, por “Hacks”

Elle Fanning, por “The Great”

Issa Rae, por “Insecure”

Tracee Ellis Ross, por “Black-ish”

Jean Smart, por “Hacks”

 

Melhor Ator em Série Limitada ou Filme para TV

 

Paul Bettany, por “WandaVision”

Oscar Isaac, por “Cenas de um Casamento”

Michael Keaton, por “Dopesick”

Ewan McGregor, por “Halston”

Tahar Raheem, por “O Paraíso e a Serpente”

 

Melhor Atriz em Série Limitada ou Filme para TV

 

Jessica Chastain, por “Cenas de um Casamento”

Elizabeth Olsen, por “WandaVision”

Kate Winslet, por “Mare of Easttown”

Cynthia Erivo, por “Genius: Aretha”

Margaret Qualley, por “Maid”

 

Melhor Ator Coadjuvante em Série Limitada ou Filme para TV

 

Billy Crudup, por “The Morning Show”

Kieran Culkin, por “Succession”

Mark Duplass, por “The Morning Show”

Brett Goldstein, por “Ted Lasso”

Oh Yeong-su, por “Round 6”

 

Melhor Atriz Coadjuvante em Série Limitada ou Filme para TV

 

Jennifer Coolidge, por “The White Lotus”

Kaitlyn Dever, por “Dopesick”

Andie MacDowell, por “Maid”

Sarah Snook, por “Succession”

Hannah Waddingham, por “Ted Lasso”

 


domingo, 12 de dezembro de 2021

Cine Cult


Piranha

Piranhas carnívoras criadas em laboratórios escapam de uma área de testes militares e vão para os rios, ameaçando a vida de moradores de uma pacata cidade americana.

Quem nunca ouviu falar em “Piranha” (1978), uma fita B cultuada entre os fãs de terror com criaturas memoráveis, as tais piranhas assassinas que atacam vorazmente as pessoas que inocentemente se banham nos rios? Pois bem, o filme que custou baratinho na época (U$ 600 mil) veio na onda de “Tubarão” (1975) e de uma série de filmes com animais aquáticos assustadores, que colocavam a humanidade em risco. “Piranha” (1978) tem uma ideia simples, uma trama fora da realidade, sem acontecimentos diferentes – praticamente trata da população de uma cidade pequena fugindo dos peixes que escaparam de um laboratório e agora procuram carne humana. Tem também a polícia investigando e como sempre em filmes assim um grupo de cidadãos em busca de estratégias para eliminar aquela praga. Engraçado ver esses peixes (que são mesmos perigosos pelos dentes pontiagudos e fortes na mordida), que habitam apenas os rios da América do Sul, subindo para lagos dos Estados Unidos e até se fixando no mar! São as ideias que o cinema permite construir, como esse roteiro descompromissado com a realidade, focado no choque e no susto (há cenas de ataques mortais das piranhas, com direito a sangue jorrando nas águas).


E agora pode-se ver o filme em boa qualidade, isso porque a distribuidora Classicline o lançou em versão restaurada esse mês numa edição bem legal para colecionadores. Está disponível em DVD, em disco duplo, com muitas horas de extras, como entrevistas com membros da produção, bastidores, trailer e cenas adicionais, e inclui a continuação, “Piranha 2: Assassinas voadoras” (1981), ainda mais absurda e descontrolada (os peixes aqui são mutantes, têm asas e saem dos rios para atacar no ar), cuja direção é de James Cameron (pasmem!), em seu primeiro longa; ele depois faria blockbusters nas águas, como “O segredo do abismo” e “Titanic”, sem contar filmes antológicos do mundo scifi como “O exterminador do futuro” e “Avatar”.
O produtor é o lendário Roger Corman, que diz ser sua homenagem a “Tubarão” – e o filme foi bem aceito por Steven Spielberg, que brincava falando que ‘Piranha’ era melhor que o seu famoso longa-metragem.
Foi a estreia de John Sayles no roteiro (que depois receberia duas indicações ao Oscar, por ‘Tudo pela vida’ e ‘Lone star’), coescrito por Richard Robinson, que um ano antes fez outro filme de terror com animais, “A maldição das aranhas” (1977). E também foi o primeiro longa de ficção a ser dirigido por Joe Dante, um dos mestres do cinema de terror (de ‘Grito de horror’, ‘Gremlins’ e ‘Viagem insólita’). No elenco, participações de veteranos como Bradford Dillman, Kevin McCarthy, Keenan Wynn e da estrela do terror italiano Barbara Steele. Além da continuação, “Piranha” originou dois remakes nos anos 2010.


Piranha (Idem). EUA/Japão, 1978, 94 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Joe Dante. Distribuição: Classicline

sábado, 11 de dezembro de 2021

Cine Cult


Um passeio por Paris

Marie (Bulle Ogier), uma ex-terrorista que acaba de sair da prisão, encontra pelas ruas de Paris uma jovem paranoica, Baptiste (Pascale Ogier). Marie pega do namorado um mapa da cidade, e as duas embarcam num insólito passeio pela periferia da Cidade Luz.

O falecido diretor francês Jacques Rivette, que integrou o movimento Nouvelle Vague, era um esteta da linguagem, e aqui se apropriou bem dela para realizar um de seus filmes mais diferentes, que é esse passeio surreal por uma Paris em reconstrução/desconstrução. Seus trabalhos sempre mostram a exuberância da Cidade Luz, mas aqui suas personagens femininas vagam por outra Paris, a periferia, com casas em demolição, becos velhos, ou seja, o lado invisível e sem glamour da metrópole central do turismo europeu. Chega a ser uma Paris fantasmagórica, sem ninguém pelas ruas, com um ou outro indivíduo neurótico solto (é um cenário apocalíptico que bem lembra fitas scifi). Com seus enquadramentos inusitados e uma fotografia esbranquiçada, ele dialoga com a cultura pop (há cenas que as personagens param em grandes cartazes publicitários), fala da gentrificação e da modernização da cidade (contrastando o velho e o novo, a exemplo, uma sequência marcante, quando uma delas, de moto, faz um duelo com monumentos de pedra). As duas atrizes são a alma do filme, só tem elas em foco nas cenas – curiosidade, são mãe e filha de verdade; Bulle Ogier é casada com o diretor Barbet Schroeder, e sua filha, Pascale Ogier, tinha potencial para ser uma grande atriz, porém faleceu cedo, em 1984, aos 25 anos, fazendo só cinco fitas.

Rivette, como todo bom membro da Nouvelle Vague, mantinha firme sua ‘política de autor’, escrevia, produzia, e tinha uma marca notória: a grande maioria de seus filmes são extremamente longos, com duração que variam de 2h30 a 13h! (Vide “Céline e Julie vão de barco”, “A bela intrigante” e “Não me toque”). Segundo o diretor, ele se inspirou em “Dom quixote”, de Cervantes, para fazer “Um passeio por Paris” – que tem apenas uma faixa na trilha sonora, composta pelo argentino Astor Piazzolla.
Colecionadores interessados no filme, ele saiu em uma inédita cópia restaurada pela Versátil no box “A arte de Jacques Rivette”, trazendo junto uma das melhores obras do diretor, “A bela intrigante” (1991, com seus 229 minutos). Além disso, no disco, duplo, há uma hora de extras. “Um passeio por Paris” também está disponível na plataforma Sesc Digital, gratuito e aberto ao público.

Um passeio por Paris (Le pont du Nord). França, 1981, 129 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Jacques Rivette. Distribuição: Versátil Home Video

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Resenha Especial


Resenha escrita especialmente para o livreto da edição em bluray de "O franco atirador" (1978), lançada pela Obras-primas do Cinema. O filme acaba de sair numa luxuosa edição de colecionador com luva numerada, em disco duplo - disco 1 com o filme em bluray, e disco 2 com mais de duas horas de extras em DVD, além do livreto de 32 páginas, três cards colecionáveis, um adesivo e um pôster.



Cimino e sua guerra cruel e insana

Por Felipe Brida*

Numa velha fábrica na Pensilvânia, a fornalha derrete o aço e espalha um calor infernal. Um pequeno grupo de metalúrgicos faz seu duro trabalho até que o expediente termina. Eles saem às pressas e se despedem do restante dos colegas. Ouve-se um grito: “Lutem por mim na guerra”. Alvoroçados, partem de carro até um bar, onde relaxam bebendo cerveja e jogam bilhar ao som de “Can't take my eyes off you”, estrondoso sucesso na voz de Frankie Valli. O ano é 1967. Esposas e namoradas aguardam por eles, e do outro lado da cidade, moradores de um bairro operário organizam uma festa de despedida para três desses amigos, Michael (Robert De Niro), Nick (Christopher Walken) e Steven (John Savage) – esse último também vai se casar em poucas horas. Isso porque o trio partirá para a Guerra do Vietnã. Também será o último momento em que praticarão um antigo hobby: caçar cervos nas montanhas. Assim que a festa de casamento de Steven termina, e a de despedida se encerra, eles são jogados no barril de pólvora que é o Vietnã do final dos anos 60, onde estarão frente a frente com os piores inimigos. Michael, Nick e Steven são pegos por vietcongues, torturados e forçados a participar de um sádico jogo de roleta russa, cuja bala dos revólveres pode explodir suas cabeças. Os amigos metalúrgicos conseguirão sobreviver naquele temeroso conflito armado?
“O franco atirador” (que na tradução do original em inglês seria ‘O caçador de cervos’), lançado em 1978, é daqueles filmes de guerra inesquecíveis, com imagens impactantes que ficam intactas na nossa mente por anos. Quando vi pela primeira vez na adolescência, numa sessão de madrugada na TV aberta, nos anos 90, fui tomado por um deslumbre. Que filme duro, amargo, de uma melancolia impressionante, e que ao mesmo tempo nos faz refletir os horrores da guerra.


A do Vietnã foi uma das piores do século XX, atrás da Segunda Guerra Mundial. Uma guerra desproporcional, insana, que teve início na segunda metade da década de 50 e só terminou nos 70. Também conhecida como Segunda Guerra da Indochina, deixou um saldo de 58 mil americanos mortos e 1,1 milhão de vietnamitas e vietcongues mortos (estimativas apontam que esse número pode ultrapassar 3,5 milhões de vítimas fatais). Gente trucidada em emboscadas com bombas e napalm, sem contar os milhões de feridos de ambos os lados.
O filme trata dos traumas que essa guerra causou aos que voltaram de lá: soldados psicologicamente abalados e depressivos, alguns paranóicos e com tendência suicida, muitos com membros amputados. É o retrato do fim da inocência e de uma América em desconstrução. Apresenta-se em duas partes distintas e um complemento – o primeiro bloco do filme se passa em 1967, acompanhando a amizade dos amigos metalúrgicos que bebem, namoram e se divertem; a segunda parte, entre 1967 e 1968, registra a guerra destruidora, e o complemento, que seria o terceiro momento, que é o retorno desses soldados para uma América insensata que os aguarda – com passagens que ocorrem entre 1970 e 1975.
Foi rodado totalmente em locações, ou seja, nada em estúdios, como casas, bares e salões de festas nos estados americanos de Ohio e Pensilvânia, além das cenas de guerra gravadas na Tailândia como se fossem o Vietnã (isso porque o Vietnã ainda mantinha restrições de entrada de americanos) – parte foi feita em Bangcoc e algumas no Rio Kwai, como as das jaulas de bambu na água e as de roleta russa (únicas, memoráveis e até hoje impressionantes, vide aquela angustiante do desfecho com Walken e De Niro). Por ser um filme difícil de ser gravado (segundo De Niro, seu filme mais exaustivo), feito em várias locações entre dois países bem diferentes, custou caro para os padrões, cerca de U$ 15 milhões, obtendo boa bilheteria nos cinemas mundiais (quase U$ 50 milhões).


Consagrou o elenco - foi a primeira indicação de Meryl Streep ao Oscar, Robert De Niro já havia ganhado o prêmio da Academia por ‘O poderoso chefão II’, e nomes como John Savage, Christopher Walken (merecidamente premiado com o Oscar de ator coadjuvante), George Dzundza e Rutanya Alda se consolidariam em Hollywood. E tem o fato marcante envolvendo o ator John Cazale (o Fredo de “O poderoso chefão I e II”), que na época das gravações estava doente, com câncer nos ossos, e havia iniciado um romance com Meryl Streep. Ele precisou gravar todas suas cenas primeiro, devido à saúde fragilizada, o que gerou um atrito entre o diretor, Michael Cimino, com o estúdio (a Universal não sabia que Cazale estava morrendo e queria substituí-lo, o que fez com que Meryl ameaçasse abandonar o projeto, então, acordados, todos se mantiveram no filme). Cazale não viu o filme pronto: faleceu em 13 de março de 1978, e a obra só teve sua première em 8 de dezembro de 1978, em Los Angeles, estreando no circuito mundial em fevereiro de 1979. E quando exibido em 1979 no Festival de Berlim, houve protestos dos soviéticos, por não aceitar a forma de como o filme mostrava o povo do Vietnã, em especial os vietcongues, forçando o júri a não liberar a fita para concorrer ao Urso de Ouro (e de fato acabou não concorrendo).


É com certeza o melhor trabalho de Michael Cimino, que ao longo de 30 anos dirigiu somente sete longas-metragens. Sua carreira é irregular, que passa por boas fitas policiais como “O último golpe” (1974) e “O ano do dragão” (1985), a filmes desastrosos, “Portal do paraíso” (1980 – a amaldiçoada obra que arruinou a United Artists devido à péssima bilheteria nos cinemas) e “O siciliano” (1987 – infeliz adaptação de um livro de Mario Puzo, sobre um mafioso). Cimino sofria de problemas psicológicos, afastou-se do cinema depois de seu último filme, “Na trilha do sol” (1996), morrendo em 2016 aos 77 anos – vale lembrar que ele iniciou a carreira como roteirista, fazendo “Magnum 44” (1973), e foi também produtor de cinema.
Destaque para a trilha sonora memorável, de Stanley Myers, de “A convenção das bruxas”, com uma preciosidade chamada “Cavatina”, a música que aparece em vários momentos, e é emocionante. Tem uma cena de casamento, que demorou cinco dias para ser gravada, sem falar daquelas de guerra, com De Niro empunhando lança-chamas e as da roleta russa, já mencionadas.
Ganhou cinco Oscars: melhor filme, ator coadjuvante para Christopher Walken, diretor para Cimino, edição e som, além de indicações de melhor ator para De Niro, atriz coadjuvante para Meryl, fotografia (do premiado Vilmos Zsigmond, que havia ganhado naquele ano por “Contatos imediatos de terceiro grau”) e roteiro original (de Cimino com outros três roteiristas, dentre eles um velho parceiro seu, Deric Washburn, em que fizeram juntos “Corrida silenciosa”). Venceu o Bafta de fotografia e edição, o Globo de Ouro de direção e mais de 20 prêmios em festivais mundiais.
É o melhor filme sobre a Guerra do Vietnã ao lado dos fantásticos “Apocalypse now”, “Nascido para matar”, “Platoon”, “Nascido em 4 de julho”, “Bom dia, Vietnã”, “Pecados de guerra” e “Tigerland - A caminho da guerra”. E agora nessa caprichada edição de colecionador em bluray, pela Obras-primas do Cinema.


* Felipe Brida é jornalista e crítico de cinema, autor do livro “Cinema em Foco: Críticas selecionadas” (2013). Como crítico de cinema, mantém o blog Cinema na Web (de sua autoria, fundado em 2008), a coluna semanal “Cinema em Foco” (no jornal O Regional) e as colunas mensais “Middia Cinema” (na Revista Middia) e “Top Cinema” (na revista Top), além dos quadros semanais “Cinema em Foco” (na rádio Vox FM), “Mais Cinema” (na Nova TV/TV Brasil) e “Palavra do Especialista – Cinema” (rádio Câmara de Bauru). Atua como palestrante em festivais de cinema em todo o Brasil e presta trabalho como curador e júri em festivais de cinema. É professor de Cinema, Comunicação e Artes no Senac, Fatec e Imes Catanduva (cidade onde reside e trabalha). É pós-graduado em Artes Visuais pela Unicamp e em Gestão Cultural pelo Centro Universitário Senac/SP, e atualmente é mestrando em Comunicação e Artes pela PUC-Campinas. Para contato: felipebb85@hotmail.com

domingo, 5 de dezembro de 2021

Cine Infantil


O Rei Leão

Na savana africana, o leãozinho Simba (voz de Donald Glover) herdará o trono do pai, o Rei Mufasa (voz de James Earl Jones). Eles vivem juntos de maneira harmônica e todos seus passos são observados pelo misterioso Scar (voz de Chiwetel Ejiofor), tio de Simba e ex-herdeiro daquelas terras. O leãozinho perde o pai numa armadilha e é expulso para bem longe. Ele cresce e volta para casa reivindicar o trono, agora ocupado pelo maquiavélico Scar.

Cinema também é releitura, recuperação de obras, é criar novos produtos culturais a partir de existentes. E desde 2010 a Disney investe em live-action de seus desenhos antigos; uns deram certo, outros foram fiasco de público. Ela começou com o irregular “Alice no País das Maravilhas” (2010), depois vieram as boas versões de “A bela e a fera” (2017) e “Aladdin” (2019), derrapou com o insosso “Dumbo” (2019) e com os fraquíssimos e desajeitados “A dama e o vagabundo” (2019) e “Mulan” (2020) – nesse meio tempo tivemos os regulares spin-off de “A bela adormecida”, trazendo “Malévola” para o protagonismo. A lista inclui o bom “O Rei Leão” (2019), que foi uma das maiores bilheterias mundiais dos últimos anos, arrecadando a impressionante quantia de U$ 1,6 bilhão ao redor do mundo (o custo para produzi-lo foi elevado, cerca de U$ 260 milhões, mas vê-se o investimento, já que o filme tem efeitos visuais de cair o queixo).
O live-action “O Rei Leão” segue a cartilha e o roteiro da animação homônima de 1994, com praticamente as mesmas músicas (“Circle of life”, “Hakuna Matata” etc), as sequências mais lembradas e o desenrolar da trama shakespeariana, inspirada em “Hamlet”. Tem uma produção impecável quanto à parte técnica: fotografia e design de produção notas 10, e a forma de concepção do desenho em computação gráfica é realmente belíssima. Mas não espere algo muito diferente: é rever o filme de 1994, porém em outro estilo. É nostálgico e emocionante, e os efeitos visuais realçam os detalhes das expressões dos animais em cena. Tanto que recebeu indicação (merecida) ao Oscar e ao Bafta de melhores efeitos, e ao Globo de Ouro de melhor animação e canção (a inédita “Spirit”, da Beyoncé). Divirta-se com Simba, Nala, Timão e Pumba, numa obra sobre a busca pelo autoconhecimento frente às adversidades da vida.


O elenco que empresta suas vozes merece atenção: Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen, James Earl Jones (que repete a voz de Mufasa, ele havia feito o filme de 1994), Alfre Woodard e Chiwetel Ejiofor. E vale uma menção especial ao diretor, que é também ator, Jon Favreau, que já adaptou muitas histórias de aventura e de super-herói para o cinema, como “Zathura: Uma aventura espacial”, “Homem de ferro 1 e 2”, “Cowboys & Aliens” e “Mogli: O menino lobo”. Disponível em DVD, bluray e no Disney+.

O Rei Leão (The Lion King). EUA/Reino Unido/África do Sul, 2019, 118 minutos. Animação/Aventura. Colorido. Dirigido por Jon Favreau. Distribuição: Disney

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Cine Lançamento


Dois irmãos: Uma jornada fantástica

Ian (voz de Tom Holland) e Barley (voz de Chris Pratt), dois irmãos elfos, aventuram-se numa missão mágica para reencontrar o falecido pai. No caminho, percorrerão diversos lugares e vão enfrentar perigos mil.

O divertido filme de animação da Disney/Pixar estreou no Festival de Berlim de 2020 em 21 de fevereiro de 2020, e na semana seguinte estrou em vários países, inclusive no Brasil, porém a pandemia da Covid-19 estourou fazendo com que o filme tivesse uma baixíssima repercussão (pouca gente o viu nas salas, já que elas foram fechadas para conter o avanço do vírus). Isso atrapalhou o público de conhecer essa fita muito bem finalizada e com altas doses de aventura e emoção (os mais chorosos devem juntar os lencinhos), com a marca sensível da Disney/Pixar. É uma longa jornada de dois irmãos elfos azuis que saem escondidos de casa para reencontrar o pai, falecido há alguns anos. Eles têm em mãos uma pedra preciosa e um mapa secreto, além de parte do corpo do pai – isso mesmo, é meio bizarro, as pernas do pai aparecem e eles têm de correr contra o tempo para recuperar o restante do patriarca, e assim vê-lo pela última vez! Mas nada será fácil; os dois adolescentes vão se esbarrar com criaturas assustadoras, como um dragão de tijolos, outras mitológicas, como uma mantícora atrapalhada (uma quimera, com cabeça e corpo de leão e cauda de escorpião), e ainda uma gangue de fadinhas do asfalto. Haverá o tão sonhado reencontro da dupla com o pai?
O filme, indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao Bafta de melhor animação esse ano, tem momentos que lembram “Indiana Jones” e “ET: O extraterrestre” – como a Disney sempre faz bem, homenageando clássicos do cinema, e tem uma linguagem para crianças, jovens e adultos. Podem ver sem medo de errar!


O elenco que dá voz aos personagens é de peso: Tom Holland, Chris Pratt, Octavia Spencer, Julia Louis-Dreyfus, Lena Waithe e Tracey Ullman. É o segundo filme de Dan Scanlon na Disney (o primeiro foi “Universidade Monstros”), que entrou no grupo Disney/Pixar em 2001 como desenhista e vem se projetando. Disponível em DVD e bluray, e na plataforma do Disney+.

Dois irmãos: Uma jornada fantástica (Onward). EUA, 2020, 102 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por Dan Scanlon. Distribuição: Disney