O
dilema das redes
Documentário
sobre o impacto das redes sociais na vida das pessoas a partir do século XXI.
É o
filme do momento da Netflix, um documentário que estuda as formas de
manipulação das redes sociais, como o Facebook e o Instagram, e de como elas
impactam a vida em sociedade. A partir de uma série de entrevistas com executivos
de grandes corporações ligadas a redes sociais e sites, o documentário escancara
o sistema de informação de algoritmos que interfere, de propósito, nas escolhas
individuais quando estamos conectados na internet, e assim manipula o consumo e
provoca a alienação/narcose.
As
redes faturam bilhões de dólares por ano num negócio que já fugiu de controle e
só tende a se expandir pelo mundo. Era o papel que a TV exercia antigamente, de
segurar as pessoas em frente ao televisor para que consumissem determinados conteúdos.
Agora são as redes sociais quem assumem essa função. O lado obscuro, e
diferente da TV, é que o sistema conhece o perfil dos usuários, o que acessamos,
quais temas clicamos em “curtir” no Facebook e no Instagram, o que gostamos de
comprar, de ler etc. O sistema das redes sociais conhece individualmente o
público, como se o vigiasse dia e noite. O tal do algoritmo junta dados e fornece
uma gama de conteúdos à exaustão com o objetivo de deixar as pessoas cada vez
mais conectadas – tanto é que um dos males do novo século é a ansiedade aliada
ao uso descontrolado da tecnologia, causando, por exemplo, danos psicológicos. Vivemos
numa sociedade controlada pelo Grande Irmão, da obra “1984”, de George Orwell,
o sistema de vigia que tudo sabe sobre nós (pois é, esse era o tema futurista e
amedrontador pensado 70 anos atrás por Orwell, que agora chegou pra valer).
Com foco
nos perigos da internet, o filme, que estreou semana passada na Netflix,
exemplifica o caos sem precedentes advindos do uso em excesso das redes
sociais, como o suicídio cometido por jovens no mundo inteiro (que procuram as
redes como aceitação). Também alerta sobre as fake news, que se espalham dez
vezes mais que uma notícia verdadeira e que vem sendo utilizadas em campanhas políticas
de quatro anos para cá, decisivas nas últimas eleições nos EUA, Rússia e Brasil;
as fake News enganam pela aparência de notícia real, elas viraram um negócio milionário,
mas criminoso – há uma citação ao governo Bolsonaro, e no final do doc o
exemplo da negação do coronavirus via fake news pelos Estados Unidos, de gente
que, além de não acreditar na Covid, espalha mentira, e consequentemente a doença
avança.
Alguns
entrevistados avisam: a democracia sofre um ataque global e está sob ameaça com
a escalada da extrema-direita no poder em vários países, sempre apoiada pelas
redes sociais. Portanto, o filme é extremamente urgente e precisa ser visto.
Recebeu
indicação no Festival de Sundance esse ano, dirigido por Jeff Orlowski, que fez
dois doc sobre ecossistema e natureza, o indicado ao Oscar “Chasing ice” (2012)
e “Em busca dos corais” (2017). Interessante foi a técnica escolhida por Orlowski
de misturar documentário com ficção: enquanto acompanhamos as entrevistas, vemos
a relação de uma família com as redes sociais (um dos atores é Skyler Gisondo,
de “Férias frustradas”, o remake, e “Fora de série”).
O
dilema das redes (The
social dilemma). EUA, 2020, 94 minutos. Documentário/Drama. Colorido. Dirigido
por Jeff Orlowski. Distribuição: Netflix
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