sábado, 19 de setembro de 2020

Cine Cult


Balada para satã

Myles Clarkson (Alan Alda) é um pianista clássico em busca de reconhecimento. Recém-casado com Paula (Jacqueline Bisset), vai aprender piano com o lendário Duncan Ely (Curd Jürgens), que está gravemente doente. No primeiro dia juntos, Myles descobre que Duncan é adorador do diabo. Poucas semanas depois, o velho morre, mas na hora da morte, a alma dele é transferida para o jovem Myles. Ele passa a ser reconhecido, com uma mão brilhante para tocar piano. Paula, sem saber do ocorrido, estranha o comportamento do marido, e uma série de fatos perturbadores causarão surpresas ao casal.

Impulsionado pelo sucesso de “O bebê de Rosemary” (1968), realizado três anos antes, “Balada para satã” segue a mesma abordagem, de um homem que faz um pacto com o diabo para obter sucesso profissional. É uma referência a Dr. Fausto e Mefisto (o filme tem como título original “The Mephisto waltz”, ou “A valsa de Mefisto”), uma lenda popular alemã sobre um médico e alquimista que vende a alma para o diabo, chamado Mefistófeles – a história ganharia vida no poema dramático “Fausto”, de Goethe, uma obra-prima universal.
Pois bem, o filme norte-americano mantém traços da lenda, com contexto atual (década de 70), para discutir a decadência do espírito humano. É terror alegórico da melhor qualidade, mal interpretado na época, com cenas memoráveis (como a da transferência da alma pelas máscaras de gesso). Tem trilha sonora do genial Jerry Goldsmith e uma técnica inovadora de jogo de lentes que distorcem a imagem, para confundir o público do que é realidade e imaginação, além da fotografia com cores fortes, estranhas. A trama diabólica é bem conduzida, com um desfecho surpresa.


No auge da beleza, a atriz Jacqueline Bisset contracena com Alan Alda novinho, antes do sucesso de “M.A.S.H.” na TV, e se junta a eles o veterano ator alemão Curd Jürgens, num papel perturbador.
Foi o último trabalho do roteirista Ben Maddow, criador de fitas de faroestes e noir nos anos 40 e 50, que adaptou o romance de Fred Mustard Stewart para as telas. Quem dirige é Paul Wendkos, que teve longa carreira como diretor de séries, e fez aqui seu melhor trabalho no cinema.
A versão disponível em DVD no Brasil, pela Fox, é a editada, de 108 minutos, enquanto nos Estados Unidos existe a integral, de 115 min. Altamente recomendado para quem curte filmes sobre rituais satânicos, ocultismo e bruxaria.

Balada para satã (The Mephisto Waltz). EUA, 1971, 108 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Paul Wendkos. Distribuição: 20th Century Fox

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