Myles
Clarkson (Alan Alda) é um pianista clássico em busca de reconhecimento. Recém-casado
com Paula (Jacqueline Bisset), vai aprender piano com o lendário Duncan Ely (Curd
Jürgens), que está gravemente doente. No primeiro dia juntos, Myles descobre
que Duncan é adorador do diabo. Poucas semanas depois, o velho morre, mas na hora
da morte, a alma dele é transferida para o jovem Myles. Ele passa a ser reconhecido,
com uma mão brilhante para tocar piano. Paula, sem saber do ocorrido, estranha
o comportamento do marido, e uma série de fatos perturbadores causarão surpresas
ao casal.
Impulsionado
pelo sucesso de “O bebê de Rosemary” (1968), realizado três anos antes, “Balada
para satã” segue a mesma abordagem, de um homem que faz um pacto com o diabo
para obter sucesso profissional. É uma referência a Dr. Fausto e Mefisto (o
filme tem como título original “The Mephisto waltz”, ou “A valsa de Mefisto”), uma
lenda popular alemã sobre um médico e alquimista que vende a alma para o diabo,
chamado Mefistófeles – a história ganharia vida no poema dramático “Fausto”, de
Goethe, uma obra-prima universal.
Pois
bem, o filme norte-americano mantém traços da lenda, com contexto atual (década
de 70), para discutir a decadência do espírito humano. É terror alegórico da
melhor qualidade, mal interpretado na época, com cenas memoráveis (como a da transferência
da alma pelas máscaras de gesso). Tem trilha sonora do genial Jerry Goldsmith e
uma técnica inovadora de jogo de lentes que distorcem a imagem, para confundir
o público do que é realidade e imaginação, além da fotografia com cores fortes,
estranhas. A trama diabólica é bem conduzida, com um desfecho surpresa.
No
auge da beleza, a atriz Jacqueline Bisset contracena com Alan Alda novinho,
antes do sucesso de “M.A.S.H.” na TV, e se junta a eles o veterano ator alemão Curd
Jürgens, num papel perturbador.
Foi
o último trabalho do roteirista Ben Maddow, criador de fitas de faroestes e
noir nos anos 40 e 50, que adaptou o romance de Fred Mustard Stewart para as telas.
Quem dirige é Paul Wendkos, que teve longa carreira como diretor de séries, e
fez aqui seu melhor trabalho no cinema.
A
versão disponível em DVD no Brasil, pela Fox, é a editada, de 108 minutos,
enquanto nos Estados Unidos existe a integral, de 115 min. Altamente
recomendado para quem curte filmes sobre rituais satânicos, ocultismo e
bruxaria.
Balada
para satã (The Mephisto
Waltz). EUA, 1971, 108 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Paul Wendkos.
Distribuição: 20th Century Fox
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