segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Cine Especial


Getúlio

Últimos dias de Getúlio Vargas (Tony Ramos) como presidente do Brasil, em agosto de 1954, poucos antes de cometer suicídio.

A primeira biografia do presidente Getúlio Vargas para o cinema, que resultou num bom trabalho (e controverso) e com uma composição sintomática de Tony Ramos no papel principal – a lendária figura política só havia ganhado forma em documentários e seriados brasileiros.
Reconstituíram a era Vargas com recortes jornalísticos a partir de fatos precisos, com uma edição caprichada para tornar o filme ágil. Percorre momentos oportunos da vida do político gaúcho, com foco nos dias finais, em agosto de 1954, a partir do atentado a bala contra Carlos Lacerda, o jornalista de posição ao governo (conhecido como Atentado da Rua Tonelero), que terminou com a morte do major da Aeronáutica Rubens Vaz, e a consequente pressão popular para obter respostas daquele crime (três semanas depois o presidente cometeria aquele estranho suicídio, com um tiro no peito).
Ramos humanizou Vargas, criou a imagem de um governante conciliador, bem educado, atitudes diferentes do que ouvimos falar de Vargas por aí (o filme, por se fixar no fim da vida dele, numa espécie de despedida cheia de temores, foge de fatos polêmicos da primeira vez como presidente, como a ditadura do Estado Novo e a aproximação com os fascistas, porém evidencia atos que o tornaram populista naquela época, como a consolidação das leis trabalhistas). Para não ser injusto, a única menção a fatos polêmicos se dá na abertura, num tom confessional em que o presidente reconhece que foi um ditador, que torturou e fez censura à imprensa.



Um teor original foi a criação de cenas de seus sonhos, que junta fatos com ficção, que cai bem no modelo de filme proposto.
Parte das cenas foi rodada no verdadeiro Palácio do Catete, com um elenco cheio de nomes importantes, como Alexandre Borges, Claudio Tovar, Drica Moraes e Marcelo Medici. Ponto alto também está na fotografia de época de Walter Carvalho.
Produzido por Carla Camurati, ganhou prêmios como melhor ator no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2015. Um filme para ver e discutir.

Getúlio (Idem). Brasil, 2014, 100 minutos. Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por João Jardim. Distribuição: Europa Filmes

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