Últimos
dias de Getúlio Vargas (Tony Ramos) como presidente do Brasil, em agosto de
1954, poucos antes de cometer suicídio.
A
primeira biografia do presidente Getúlio Vargas para o cinema, que resultou num
bom trabalho (e controverso) e com uma composição sintomática de Tony Ramos no
papel principal – a lendária figura política só havia ganhado forma em documentários
e seriados brasileiros.
Reconstituíram
a era Vargas com recortes jornalísticos a partir de fatos precisos, com uma
edição caprichada para tornar o filme ágil. Percorre momentos oportunos da vida
do político gaúcho, com foco nos dias finais, em agosto de 1954, a partir do
atentado a bala contra Carlos Lacerda, o jornalista de posição ao governo
(conhecido como Atentado da Rua Tonelero), que terminou com a morte do major da
Aeronáutica Rubens Vaz, e a consequente pressão popular para obter respostas
daquele crime (três semanas depois o presidente cometeria aquele estranho
suicídio, com um tiro no peito).
Ramos
humanizou Vargas, criou a imagem de um governante conciliador, bem educado, atitudes
diferentes do que ouvimos falar de Vargas por aí (o filme, por se fixar no fim
da vida dele, numa espécie de despedida cheia de temores, foge de fatos
polêmicos da primeira vez como presidente, como a ditadura do Estado Novo e a
aproximação com os fascistas, porém evidencia atos que o tornaram populista
naquela época, como a consolidação das leis trabalhistas). Para não ser
injusto, a única menção a fatos polêmicos se dá na abertura, num tom
confessional em que o presidente reconhece que foi um ditador, que torturou e fez
censura à imprensa.
Um
teor original foi a criação de cenas de seus sonhos, que junta fatos com ficção,
que cai bem no modelo de filme proposto.
Parte
das cenas foi rodada no verdadeiro Palácio do Catete, com um elenco cheio de
nomes importantes, como Alexandre Borges, Claudio Tovar, Drica Moraes e Marcelo
Medici. Ponto alto também está na fotografia de época de Walter Carvalho.
Produzido
por Carla Camurati, ganhou prêmios como melhor ator no Grande Prêmio do Cinema
Brasileiro em 2015. Um filme para ver e discutir.
Getúlio (Idem). Brasil, 2014, 100 minutos.
Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por João Jardim. Distribuição: Europa
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