Vida
do cantor James Brown (1933-2006), o astro da Soul Music, da infância pobre marcada
por abusos ao estrondoso estrelato a partir da década de 50.
A
morte do ator Chadwick Boseman, aos 43 anos, ocorrida no final de semana passado,
estampou os principais jornais mundiais, deixando desamparados seus milhares de
fãs. Boseman partiu cedo, vítima de um câncer agressivo que tratava há quatro
anos. O astro do cinema se foi, mas sua obra permanece eterna. Muito lembrado
pelo papel do super-herói T’Challa, o Pantera Negra, que apareceu em quatro
filmes do universo Marvel – “Capitão América: Guerra civil” (2016), “Pantera
Negra” (2018), “Vingadores: Guerra infinita” (2018) e “Vingadores: Ultimato”
(2019), Boseman protagonizou três biografias corretas de homens que quebraram
as barreiras do preconceito e contribuíram para revolucionar o mundo: a do jogador
de baseball Jackie Robinson, o primeiro afro-americano da Major League Baseball
dos tempos modernos, e um ídolo indubitável, em “42: A história de uma lenda”
(2013); a do primeiro juiz negro da Suprema Corte Americana, Thurgood Marshall,
no drama indicado ao Oscar “Marshall: Igualdade e justiça” (2017), e a do famoso
cantor James Brown, que transitou entre o soul, funk e blues, nesse “Get on up”
(2014). Na curta carreira de 15 anos dedicados ao cinema, Boseman deixou um
legado para os atores em formação.
“Get
on up” é uma crônica biográfica honesta do cantor e compositor James Brown
(1933-2006), da infância num lar pobre cheio de violência doméstica à ascensão
no mundo da música. Quando jovem comprava brigas frequentes, era arruaceiro, ao
mesmo tempo enfrentava preconceito numa época em que o soul se consolidava e
projetava a cara dos músicos negros dentro e fora dos Estados Unidos. A voz
inconfundível e os movimentos enérgicos de corpo fizeram dele um artista único.
Ganhou muito dinheiro, mas também se perdeu em drogas, além dos excessos que o
levava a conflitos com a polícia – foi preso por mais de 10 vezes. Os pontos
altos e baixos da vida e da carreira de Brown estampam esse drama musical bem
realizado, que demorou 14 anos para sair do papel e virar filme. O roteiro traz
passado e presente em confluência, parece uma viagem de idas e vindas na mente
inquieta do cantor, escrito por três roteiristas (Jez Butterworth, John-Henry
Butterworth e Steven Baigelman), com pitadas elegantes de um diretor branco que
sabe discutir a questão negra nos Estados Unidos com sapiência, sem maneirismos,
Tate Taylor, o mesmo da obra-prima “Histórias Cruzadas” (2011).
Chadwick
Boseman constrói um papel sólido, com um visual diferenciado (destaque para os
cabelos e a maquiagem que o aproxima do real J. Brown), atuando ao lado de duas
grandes mulheres do cinema negro, Octavia Spencer e Viola Davis. Vale mencionar
que Boseman descartou dublês tanto para as cenas de dança quanto para cantar;
ele teve aulas de dança e canto por dois meses para se “transformar” no
inimitável padrinho da Soul Music.
Get
on up: A história de James Brown
(Get on up). EUA/Reino Unido, 2014, 138 minutos. Drama. Colorido. Distribuição:
Universal Pictures
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