No século XVII, a rainha Cristina da Suécia (Malin
Buska) investe pesado na modernização do seu país. De educação luterana, fielmente
ligada aos princípios cristãos, enfrenta resistência para colocar fim à Guerra
dos 30 Anos, um conflito entre protestantes e católicos na Europa que tem como
saldo milhares de mortos. Em meio a uma série de mudanças drásticas tanto em
sua vida como na política da Suécia, Cristina inicia um relacionamento
conturbado com sua dama de companhia.
Há poucas biografias da rainha Cristina no
cinema. A mais conhecida é “Rainha
Christina” (1933), com Greta Garbo no papel-título. Houve também versões europeias
sobre a vida dela, nem lançadas no Brasil. Este “A jovem rainha” (2015) faz um
recorte polêmico (e discutível) sobre a juventude da rainha, acaba sendo uma
fita de arte correta e uma ótima descoberta.
Cristina
(1626-1689) governou a Suécia por 22 anos - assumiu o trono aos seis após a
morte do pai, o rei Gustavo Adolfo II, e abdicou aos 28, além de ter sido
princesa da Finlândia e duquesa da Estônia. Sua abdicação causou escândalo,
motivada por religião: ela se converteu ao Catolicismo (era protestante), na
época da Guerra dos Trinta Anos; lutou ao lado dos católicos, depois viveu
isolada em Roma, atuando na área artística, como canto e teatro, considerada
patrona das artes. Era uma mulher inteligente, provocou grande revolução para
transformar a Suécia num país pensante e rico culturalmente. Com o tempo virou
ícone do feminismo.
Este
é um resumo da vida da rainha para podermos entrar no filme (alguns
apontamentos do que escrevi aparecem na obra, mas a maioria não). Este drama
especula um tema delicado na biografia da personagem: o relacionamento gay que Cristina
teve com a condessa Ebba Sparre, uma antiga paixão juvenil, quando Ebba
tornou-se dama de companhia e amiga íntima da rainha. Ela é mostrada no filme
como uma figura forte, uma mulher de ferro, por vezes tirana, porém com
sentimentos como qualquer outra pessoa. E teve de se resguardar com o
relacionamento ambíguo com sua dama de companhia (primeiro por ser mulher,
segundo pela jovem ser sua criada). O roteiro privilegia situações de conflitos
pessoais, complicadores políticos e o amor proibido. O destaque é para a
atuação das duas atrizes, a sueca Malin Buska, no papel da rainha, e a
canadense Sarah Gadon como a condessa Ebba.
Exibido no Festival de Montreal, tem direção de finlandês Mika Kaurismäki, que tem fortes laços com o Brasil. Ele mora no Rio de Janeiro há 15 anos, é casado e pai de filhos brasileiros. Realizou os premiados dramas “Rosso” (1985) e “Três homens e uma noite fria” (2008), além de documentários. É irmão mais velho do maior cineasta da Finlândia (e um de meus preferidos), Aki Kaurismäki, de “A garota da fábrica de caixas de fósforos” (1990), “O porto” (2011) e “O homem sem passado” (2002 - indicado ao Oscar de filme estrangeiro). Em DVD pela Mares Filmes.
Exibido no Festival de Montreal, tem direção de finlandês Mika Kaurismäki, que tem fortes laços com o Brasil. Ele mora no Rio de Janeiro há 15 anos, é casado e pai de filhos brasileiros. Realizou os premiados dramas “Rosso” (1985) e “Três homens e uma noite fria” (2008), além de documentários. É irmão mais velho do maior cineasta da Finlândia (e um de meus preferidos), Aki Kaurismäki, de “A garota da fábrica de caixas de fósforos” (1990), “O porto” (2011) e “O homem sem passado” (2002 - indicado ao Oscar de filme estrangeiro). Em DVD pela Mares Filmes.
A jovem rainha (The girl king). Finlândia/ Alemanha/
França/ Canadá/ Suécia, 2015, 105 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Mika
Kaurismäki. Distribuição: Mares Filmes
Eli (Charlie Shotwell) é um garoto com sérios
problemas de saúde. Ele vive com os pais e passa por um duro tratamento para
curar sua rara doença de autoimunidade. Instalado em uma nova clínica médica, é
aterrorizado por estranhas manifestações, que colocam em risco a sua vida, a de
seus pais e de toda a equipe médica.
Os
produtores da aterrorizante série “A maldição da Residência Hill” (2018) acabam
de lançar no Netflix este bom terror sobrenatural, escrito pela dupla de roteiristas
Ian Goldberg e Richard Naing, de “A autópsia” (2016, um dos filmes mais
perturbadores que vi nos últimos anos). É uma produção modesta, regular, com
momentos de tensão, sustos e muitas chamas!
Os
investimentos do Netflix em fitas de terror crescem numa ordem descomunal. Se
repararmos no catálogo há umas 60 produções próprias do gênero, no entanto, raríssimos
são os exemplos dignos; a maioria é filme fajuto, mal realizado, com desfecho
boboca. “Eli” está bem acima do esperado, vale uma espiadinha para quem curte terror
com clima sobrenatural.
No
elenco há o garoto Charlie Shotwell
(de “Capitão Fantástico” e “Todo o dinheiro do mundo”), Kelly Reilly (de “O
voo” e “Orgulho & preconceito”), e participação especial de Lili Taylor (de
filmes de horror como “A casa amaldiçoada” e “Invocação do mal”). Dirige Ciarán
Fox, realizador de obras de terror como “Citadel” (2012) e “A entidade 2”
(2015).
Eli (Idem). EUA, 2019, 98 minutos. Terror. Colorido. Dirigido
por Ciarán Fox. Distribuição: Netflix
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