Bye bye Alemanha
Em
1946, com o fim da Segunda Guerra, o judeu David Bermann (Moritz Bleibtreu) junta
seis amigos com um objetivo em mente: abrir um negócio para ganhar dinheiro e
assim ir embora da Alemanha, que está devastada pela guerra. O destino do grupo
é os Estados Unidos. Resolvem então vender enxovais para mulheres alemãs o que
inclui dar pequenos golpes na comunidade.
Baseado
em uma maluca e até infame história real ocorrida no primeiro ano após a
Segunda Guerra Mundial, na cidade de Frankfurt, este divertido e inesperado
filme traz um grupo de sobreviventes judeus que aplicavam golpes vendendo
enxovais para famílias de nazistas mortos. É uma comédia dramática original em
tom de farsa, bem arquitetada, com um roteiro funcional, bons atores em cena e
uma grande reconstituição de época (a Alemanha em uma profunda crise econômica,
devastada pela guerra).
São
sete amigos judeus que tinham profissões variadas (um era músico, o outro sapateiro,
um ator etc) que abrem um ponto comercial para retomar a vida e juntar grana. A
ideia é partir para a América, em busca do tão almejado sonho americano. Inauguram
uma loja de enxovais e toalhas, vendem de porta em porta e aos poucos conquistam
as ricas mulheres da sociedade. A malandragem da trupe era apresentar os
enxovais às viúvas que perderam o marido na guerra informando que os produtos
haviam sido encomendados pelo morto, provocando assim uma espécie de “vingança
judia”, como eles mesmos intitularam a arte do negócio. Entre idas e vindas, lucram
bem. Mas será que a enganação será desvendada?
Injeta
humor num tema sério e apesar de politicamente incorreto, mostra as sacadas
brilhantes desse grupo de desempregados para ganhar a vida a qualquer custo. Eles
já tinham perdido tudo, inclusive a família no Holocausto, e analisando bem não
deixaram de ser empreendedores!
O destaque
maior do elenco vai para o personagem principal, o judeu e líder dos trapaceiros
David Bermann - bem conduzido pelo ator Moritz Bleibtreu, de “A experiência”
(2001) e “Corra, Lola, corra” (1998). Um cara piadista e irônico, que brinca a
todo momento em meio ao estado delicado do pós-guerra, e tudo que ele conta
nunca sabemos se é verdade ou não (nem seus amigos). As vivências dele são extraordinárias,
por exemplo, diz ter conquistado os nazistas durante a guerra por meio das piadas,
fora uma vez contratado como humorista de stand-up e chegou a ensinar piadas
para Adolph Hitler contar em seus discursos e dessa maneira descontrair a numerosa
plateia – por tais atos Bermann foi acusado de colaborar com o Nazismo.
Exibido
no Festival de Berlim, o filme é do diretor alemão Sam Garbarski, de “O tango
de Rashevski” (2003) e “Irina Palm” (2007), que escreveu o roteiro ao lado de Michel
Bergmann, o autor dos dois livros de fundo autobiográfico que originaram esta
produção para cinema. Assista e se divirta!
Bye bye Alemanha (Es war einmal in Deutschland...).
Alemanha/ Bélgica/ Luxemburgo, 2017, 102 min. Comédia dramática. Colorido.
Dirigido por Sam Garbarski. Distribuição: Mares Filmes
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