segunda-feira, 25 de março de 2019

Resenha Especial



Bye bye Alemanha

Em 1946, com o fim da Segunda Guerra, o judeu David Bermann (Moritz Bleibtreu) junta seis amigos com um objetivo em mente: abrir um negócio para ganhar dinheiro e assim ir embora da Alemanha, que está devastada pela guerra. O destino do grupo é os Estados Unidos. Resolvem então vender enxovais para mulheres alemãs o que inclui dar pequenos golpes na comunidade.

Baseado em uma maluca e até infame história real ocorrida no primeiro ano após a Segunda Guerra Mundial, na cidade de Frankfurt, este divertido e inesperado filme traz um grupo de sobreviventes judeus que aplicavam golpes vendendo enxovais para famílias de nazistas mortos. É uma comédia dramática original em tom de farsa, bem arquitetada, com um roteiro funcional, bons atores em cena e uma grande reconstituição de época (a Alemanha em uma profunda crise econômica, devastada pela guerra).
São sete amigos judeus que tinham profissões variadas (um era músico, o outro sapateiro, um ator etc) que abrem um ponto comercial para retomar a vida e juntar grana. A ideia é partir para a América, em busca do tão almejado sonho americano. Inauguram uma loja de enxovais e toalhas, vendem de porta em porta e aos poucos conquistam as ricas mulheres da sociedade. A malandragem da trupe era apresentar os enxovais às viúvas que perderam o marido na guerra informando que os produtos haviam sido encomendados pelo morto, provocando assim uma espécie de “vingança judia”, como eles mesmos intitularam a arte do negócio. Entre idas e vindas, lucram bem. Mas será que a enganação será desvendada?


Injeta humor num tema sério e apesar de politicamente incorreto, mostra as sacadas brilhantes desse grupo de desempregados para ganhar a vida a qualquer custo. Eles já tinham perdido tudo, inclusive a família no Holocausto, e analisando bem não deixaram de ser empreendedores!
O destaque maior do elenco vai para o personagem principal, o judeu e líder dos trapaceiros David Bermann - bem conduzido pelo ator Moritz Bleibtreu, de “A experiência” (2001) e “Corra, Lola, corra” (1998). Um cara piadista e irônico, que brinca a todo momento em meio ao estado delicado do pós-guerra, e tudo que ele conta nunca sabemos se é verdade ou não (nem seus amigos). As vivências dele são extraordinárias, por exemplo, diz ter conquistado os nazistas durante a guerra por meio das piadas, fora uma vez contratado como humorista de stand-up e chegou a ensinar piadas para Adolph Hitler contar em seus discursos e dessa maneira descontrair a numerosa plateia – por tais atos Bermann foi acusado de colaborar com o Nazismo.
Exibido no Festival de Berlim, o filme é do diretor alemão Sam Garbarski, de “O tango de Rashevski” (2003) e “Irina Palm” (2007), que escreveu o roteiro ao lado de Michel Bergmann, o autor dos dois livros de fundo autobiográfico que originaram esta produção para cinema. Assista e se divirta!

Bye bye Alemanha (Es war einmal in Deutschland...). Alemanha/ Bélgica/ Luxemburgo, 2017, 102 min. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Sam Garbarski. Distribuição: Mares Filmes

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