O
segredo da cabana
Grupo de amigos viaja
para as montanhas e se hospeda em uma cabana antiga. Isolados do mundo, os
jovens querem curtir o final de semana com música, bebida e diversão. Na
primeira noite exploram o subsolo da cabana, onde há um quarto abandonado com
muita bugiganga. Encontram um estranho diário e começam a ler as páginas
empoeiradas, libertando uma família de zumbis famintos. O alegre passeio dos
amigos se transformará em um pesadelo cruel interminável.
O filme de terror
mais original produzido recentemente, feito sob medida para um público
específico que espera o inesperado. Apesar da leve semelhança com “A morte do
demônio”, não se deixe enganar. Aliás, você nunca viu nada igual no gênero
tamanha a imersão criativa do diretor estreante, Drew Goddard, roteirista do
seriado “Buffy: A caça-vampiros” e da ficção “Cloverfield – Monstro”. Fico com
as mãos atadas para escrever a crítica dessa produção canadense por motivos
óbvios, o de implodir paradigmas naturais oferecidas pelas fitas de horror.
Leva um pouco de
tempo para entendermos a função real dos personagens engomados que aparecem na
abertura. Sabemos que, fechados em uma sala altamente computadorizada,
controlam pontos espalhados ao redor do mundo e se divertem assistindo a
matanças de alto nível ao vivo, como um “Big Brother” sanguinário – um dos
episódios é o do grupo de jovens que fica preso na cabana e é perseguido por
mortos-vivos.
De clima tenso e
reviravoltas assustadoras, o terror é alimentado por outros elementos fora do
comum até o desfecho revelador e bem filosófico. No ‘gran finale’ surge a
figura-chave da história, interpretada por uma atriz famosa, três vezes
indicada ao Oscar, cujo nome mal aparece nos créditos – não vou falar quem é
para não perder a graça.
O esquema fake da
trama, criado propositalmente para que as vítimas (o grupo de jovens) sejam os
cordeiros sacrificados, não deixa dúvidas da originalidade do produto: há uma
crítica implícita (mas se sacarmos, ela fica impiedosa) aos veículos de
comunicação de massa que lucram volumes de dinheiro explorando a invasão do ser
humano por meio da vulgaridade do Big Brother, sem mencionar o apelo da mesma
mídia ao sensacionalismo, aqui levado ao extremo, a baldes de sangue. Há uma
articulação lógica inteligentemente bem amarrada.
Enfim, um filme
criativo e curioso, de referências. E importante por inovar uma história de
horror, com crítica consistente à futilidade da mídia.
No elenco, temos Richard
Jenkins e Bradley Whitford, como os colegas executivos que assistem às chacinas
pela TV, e o bonitão Chris Hemsworth, o Thor do cinema, como um dos amigos que
viaja para as montanhas.
Teve orçamento
elevado (U$ 30 milhões) e retorno mediano na bilheteria – rendeu o dobro no
mundo inteiro, U$ 65, 9 milhões, e aos poucos está virando Cult.
O diretor Drew Goddard
(que não tem parentesco com o francês Jean-Luc) assina como roteirista junto
com o produtor da fita, Joss Whedon, indicado ao Oscar por “Toy story”. Não
perca. Por Felipe Brida
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