Na ilha montanhosa de
Kyushu, no extremo sul do Japão, o garoto Koichi (Koki Maeda), de 12 anos, mora
com a avó, pois os pais se separaram. O irmão mais novo, Ryunosuke (Ohshirô
Maeda), vive com o pai, um guitarrista, na região norte da ilha. Koichi deseja
a união da família, principalmente a reconciliação dos pais, para que, assim,
volte a morar com eles e com o irmão que tanto gosta. Num dia, na sala de aula,
Koichi escuta de um amigo a história mágica de como o desejo pode se transformar
em algo real, a partir do cruzamento de trens-balas. Diante dessa crença
popular, ele organiza, com dois outros colegas, uma viagem escondida até o
local de intersecção dos trens, para que seu desejo, o dos pais voltarem atrás
com o casamento, aconteça.
Uma preciosidade do
cinema japonês contemporâneo chega às locadoras pela excelente distribuidora
Imovision, que de cinco anos para cá lança pequenas jóias do cinema Cult
mundial. A pureza e a sensibilidade de “O que eu mais desejo” impressionam
qualquer um, diante de tantos filmes pavorosos que saem no mercado atual. Pena
que não exista público para esse tipo de filme asiático, pouco explorado no
Brasil, comercialmente falando.
A obra, dirigida por
um cineasta japonês de mão delicada, Hirokazu Koreeda, o mesmo de “Depois da
vida” (1998), “Andando” (2009) e “Boneca inflável” (2009), explana o olhar da
criança em meio a situações de fragilidade. No caso o garoto Koichi, que viu os
pais se separarem e hoje mora com a avó. Ele tem o profundo desejo de voltar a
vê-los juntos, na mesma casa, a reconciliação que será da família como um todo,
aproximando também o irmão, que reside em outra cidade, distante.
Koichi observa dia a
dia um vulcão na região que pode em qualquer momento explodir suas lavas. O que
para ele seria um sinal divino, pois a cidade onde mora com a avó ficaria
destruída, e ele retornaria à casa da mãe ou do pai, outro indício de que a
reconciliação do casamento poderia ser revista (o filho assustado com o vulcão,
precisando da atenção dos pais etc).
O garoto é um
sonhador, como toda criança na fase de descobertas, e inteligente também, pois
esboça criteriosamente um plano para que seu desejo se concretize, no caso
fugir sem deixar pistas para dar vida ao milagre.
Poético, o filme é
uma ode à esperança, alicerçada numa pintura íntima da pureza infantil. Conta
com interpretações sensatas de um time de crianças bem emolduradas pela
fotografia suave, com locações de Uto City, Kumamoto, na ilha de Kyushu.
Mil e um motivos para
assistir E indicar aos amigos. Procure já em DVD. Por Felipe Brida
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