terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cine Lançamento



Tropicália

Documentário sobre o movimento tropicalista (1967-1968), que alcançou a música, o teatro, o cinemas e as artes plásticas no Brasil, influenciado pelo Antropofagismo, pela cultura pop e pelo Concretismo.

Com roteiro didático e direção precisa do cineasta araraquarense Marcelo Machado, “Tropicália” pode ser classificado como um importante estudo sobre o movimento que inovou a cultura brasileira do fim dos anos 60. Um documentário criativo, que acompanha o difícil percurso de jovens artistas idealistas, barrados pelo Regime Militar por lançarem novas formas de pensar e conceber uma arte despojada, crítica, caótica, considerada hermética por parte do público e “subversiva” pela censura. Alguns, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, até foram exilados.
Influenciou a música, o cinema e as artes plásticas, mas teve o teatro como mola propulsora do movimento, a partir da primeira encenação do espetáculo “O rei da vela”, em 1967, comandada pelo revolucionário José Celso Martinez Correa e seu teatro Oficina, que ressuscitou a peça original de Oswald de Andrade, um dos pais do Modernismo. Paralelamente acontecia o Festival de Música Popular Brasileira, promovida pela TV Record, que ajudou a amarrar os futuros tropicalistas. Tudo isto está no filme “Tropicália”, que de maneira explicativa, para leigos mesmo (quem tiver referências do Tropicalismo melhor), documenta passo a passo esse momento da história cultural do nosso país.
A estrutura da narrativa faz um jogo curioso: começa com a narração dos criadores do Tropicalismo, acompanhada apenas de imagens de arquivo e vídeos antigos, e termina com todos eles aparecendo no tempo atual, em depoimentos recentes, como os músicos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Rogério Duarte e os irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista (ex-Mutantes).
E ao longo do documentário, uma série de personalidades já falecidas enriquece a obra com suas aparições emblemáticas, como Nara Leão, Hélio Oiticica, Torquato Neto, Rogério Duprat e Glauber Rocha, misturada por trechos de produções cinematográficas rodadas na época, dentre elas “Terra em Transe”, “Câncer”, “O demiurgo”, “Opinião pública”, “Os herdeiros”, “Hitler III Mundo”, “As amorosas”, “O desafio”, “O bandido da luz vermelha”, “Ver e ouvir”, “Meteorango Kid” e “Nosferatu do Brasil”, além de cenas dos festivais de música da Record.
Os que viveram a época sairão com um semblante saudosista; já as novas gerações, eis aqui uma oportunidade e tanto para conhecer o movimento tropicalista. Merece ser visto e prestigiado esse trabalho de mestre de Marcelo Machado, companheiro de faculdade e depois de trabalho do cineasta Fernando Meirelles, que produziu o documentário.
Observação: “Tropicália” saiu na mesma época de outro documentário sobre o movimento tropicalista. Este segundo, intitulado “Futuro do pretérito: Tropicalismo now!”, de Ninho Moraes, foi exibido em mostras e festivais, e ainda não saiu no mercado brasileiro. Por Felipe Brida

Tropicália (Idem). Brasil/EUA/Inglaterra, 2012, 88 min. Documentário. Dirigido por Marcelo Machado. Distribuição: Imagem Filmes

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