segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cine Lançamento

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A origem

No futuro, em um mundo onde a tecnologia pode ser utilizada para invadir a mente humana, o agente Cobb (Leonardo DiCaprio) torna-se um dos melhores agentes na arte de roubar segredos do inconsciente durante o sono. Acusado de matar a esposa, vive sozinho num exílio, impedido de retornar aos Estados Unidos. Certo dia, aceita a ardilosa proposta de um empresário japonês, Saito (Ken Watanabe): entrar na mente de Fischer (Cillian Murphy), único herdeiro de uma mega-companhia, a fim de destruir aquela corporação. Disposto a cumprir a missão, terá como aliados um grupo de arquitetos da mente e outros invasores de sonhos.

Grande sucesso de público e de crítica, “A origem” liderou bilheteria por semanas consecutivas nas salas de cinema, arrecadando US$ 435 milhões no mundo inteiro (metade só nos Estados Unidos e Canadá). Junto com “A rede social”, é um dos filmes mais comentados da temporada. Mas fiquem precavidos: a trama é de uma complexidade infernal, difícil de ser acompanhada. Sabe aqueles filmes que fazem com o que as pessoas saiam atônitas depois da exibição, coçando a cabeça, tentando encaixar as peças para entender melhor a história, e que, depois de muito matutar, têm a consciência de que é necessário assisti-los novamente? Pois bem, adotem “A origem” como um exemplo claro desse caso.
A história, futurista, pode ser dividida em duas partes: na primeira, vem os detalhes sobre os personagens e algumas explicações imprescindíveis que devem ser anotadas para depois. Apresenta-se Cobb (Leonardo DiCaprio, sempre se superando como ator, um dos bons de sua geração), homem atormentado pela morte da esposa (Marion Cottilard, a eterna Edith Piaf); posto num exílio, conseguirá sair de lá caso aceite a missão de destruir um império econômico herdado por um ganancioso empresário. Ele topa, e assim começa a jornada ao estranho.
A segunda parte volta-se à pura adrenalina e ação, num espetáculo de efeitos visuais dos mais curiosos do cinema (um dos exemplos são os prédios que se dobram, como pólos negativo e positivo). A trama fica mais tortuosa, com os próprios personagens em estado de fúria para cumprir com os objetivos firmados. A tática que Cobb e seus comparsas adotam é direta: subverter a ordem natural das coisas, modificando sobretudo o mundo real por intermédio dos sonhos. Só que os sonhos se misturam, um sonho adentra outro sonho, que já estava inserido em um outro, e assim por diante.
Diante de um filme tão difícil de ser explicado e ao mesmo tempo tão inteligente, não há como sairmos neutros. É o poder do cinema de mexer com nossas sensações. E também de ficarmos vidrados com as maravilhas que a computação gráfica proporciona na tela: os sonhos são uma criação arquitetônica perfeita, com equilíbrio das formas; e em “A origem”, qualquer desvio dá chance às “dreamscapes”, as paisagens dos sonhos, que fazem tudo ruir em pedaços, podendo provocar a morte daqueles que estão adormecidos no mundo real.
Não é uma fita fácil. Numa análise mais ampla, a ideia da destruição da corporação nos leva à implosão do sistema, do capitalismo, do Estado, do governo como um todo, para assim se criar uma nova mentalidade para as relações humanas.
Recebeu oito indicações ao Oscar – melhor filme, roteiro original, efeitos visuais, direção de arte, fotografia, edição de som, mixagem de som e trilha sonora (deverá levar os prêmios técnicos).
“A origem” é a bola da vez: assista com atenção redobrada para não perder o fio da meada. Um filme inteligente para público perspicaz. Por Felipe Brida

Título original: Inception
País/Ano: EUA/ Inglaterra, 2010
Elenco: Leonardo DiCaprio, Ken Watanabe, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Tom Hardy, Cillian Murphy, Marion Cottilard, Tom Berenger, Pete Postlethwaite, Michael Caine, Lukas Haas, Dileep Rao
Direção: Christopher Nolan
Gênero: Ação/Ficção científica
Duração: 148 min
Distribuição: Warner Bros.

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