sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Cine Lançamento

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O profeta

Jovem rebelde e de origem árabe, Malik El Djebena (Tahar Rahim) vai parar numa prisão francesa depois de cometer uma série de agressões. Dentro do confinamento, torna-se um exímio matador a mando de um grupo de bandidos que lidera o local. Muda de nome e aos poucos conquista a confiança dos chefões do crime.

Chega com atraso no Brasil um bom exemplar de filme sobre formação do crime organizado dentro das cadeias, uma espécie de “Comando Vermelho” que existiu no Brasil nos anos 70 e 80 (com a diferença de que aqui os membros não são unidos, e cada um age por conta própria, desafiando até mesmo os chefões). O único problema é que, por se tratar de uma saga bem descritiva sobre um “Zé ninguém” que ascende no mundo do crime, há detalhes repetitivos sobre as ações do grupo, sem muita agilidade (e pouca ação), diálogos intermináveis, o que torna a fita longa e cansativa para o público comum. São duas horas e meia que poderiam certamente ser editadas para duas horas, vai.
A história: um rapaz árabe (interpretado pelo bom ator Tahar Rahim, de apenas 29 anos, em composição séria, meio num ‘tour-de-force’), aprisionado, demonstra ser perigoso pela ousada valentia, o que chama a atenção de um dos líderes da cadeia. Ganha a confiança dele e do grupo, passa a matar bandidos rivais que estão no cárcere e a traficar drogas. Atinge o apogeu e depois o declínio, como acontece na vida de mitos e heróis. E o filme procura esmiuçar corretamente as fases desse personagem fictício, semelhante a tantos bandidos que vemos pela televisão.
Outro destaque do elenco é o gângster Luciani, italiano de nervos à flor da pele (interpretado pelo veterano ator francês Niels Arestrup), que apadrinha El Djebena.
Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, finalista representante da França, perdeu para o argentino “O segredo de seus olhos” (que era bom, mas não espetacular). Conseguiu boa carreira na Europa, e participou de festivais de cinema no mundo inteiro – ganhou o Bafta de filme estrangeiro, o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2009 (e indicado à Palma de Ouro) e nove prêmios César (o Oscar francês, dentre eles na categoria ator, diretor e filme).
Pesado, tenso e de densidade psicológica afiada, o filme poderá ser melhor aceito pelo público masculino (há cenas violentas de assassinato e uma trama cheio de reviravoltas, um tanto quanto tortuosa). O diretor Jacques Audiard é o mesmo do nervoso policial “De tanto bater meu coração parou” (2005). Já em DVD. Por Felipe Brida

Título original: Un prophète
País/Ano: França/Itália, 2009
Elenco: Tahar Rahim, Niels Arestrup, Adel Bencherif, Hichem Yacoubi, Reda Kateb
Direção: Jacques Audiard
Gênero: Drama/Policial
Duração: 155 min
Distribuição: Sony Pictures

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