quarta-feira, 31 de março de 2010

Cine Lançamento

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2012

No ano de 2012, uma série de cataclismas coloca a humanidade em estado de emergência. Pelas previsões do Calendário Maia, furacões e tsunamis de proporções devastadoras ameaçam destruir o mundo inteiro. Com o apoio de cientistas e também do governo americano, o escritor Jackson Curtis (John Cusack) tentará encontrar uma solução para salvar o planeta.

“Nós fomos avisados”. A frase de efeito, estampada na capa do filme como uma tagline para promover a mais nova megaprodução de Roland Emmerich, transformou-se em um efeito avalanche de marketing viral. O filme surpreendeu nas bilheterias do mundo todo, alcançando o ranking dos 10 mais assistidos nos cinemas em todos os tempos. Os motivos para tamanho sucesso ficam evidentes: 1) trata de forma apocalíptica o fim do mundo, recorrendo a uma data próxima (daqui a dois anos), o que desperta a curiosidade do público; 2) é um prato repleto de bons efeitos visuais, em computação gráfica das mais bem elaboradas – não é novidade falar disso para quem conhece o cinema de Emmerich, o mesmo diretor de “Stargate”, “Independence Day” e “O dia depois de amanhã”.
No entanto, a história é um horror de ruim, longa e fragmentada. Em pouco mais de duas horas e meia de filme acompanhamos fatos se desenrolando em vários países – EUA, Índia, China, Nepal, Tibet. Vai para um canto e corre para outro, com uma edição rápida em “fade” nessa passagem. E mais, o filme só serve para quem curte o subgênero “disaster movie”, tão popular nos anos 70. Fiquem de fora aqueles que se assustam com o sensacionalismo em torno do juízo final.
A imprensa já divulgou que 2012 é um ano marcado por crenças populares, com concepções místicas. Conforme citado no filme, no dia 21 de dezembro as catástrofes mundiais terão início. A data coincide com o fim do Calendário Maia de Longa Data, adotado por povos da antiga Mesoamérica no período pré-clássico, cujo ciclo de 5125 anos é interpretado como o fim de uma era. Nada comprovado cientificamente, apenas especulações, pregações e crenças, apesar de que as drásticas mudanças climáticas vêm causando sucessivas destruições ao redor do planeta (furacão Katrina, terremoto no Chile).
Como cinema, “2012” explora cataclismas temerosos: tsunamis gigantes, terremotos, erupções vulcânicas avassaladoras, abertura de fendas na Terra devido à movimentação das placas tectônicas, desmoronamento de prédios, aquecimento e exposição do núcleo da Terra, e outras calamidades. Tudo feito de maneira absurda para, ao mesmo tempo, injetar adrenalina e espantar.
Um dos cenários destruídos é a cidade do Rio de Janeiro – pela TV um jornalista informa, aos berros, sobre um terremoto; e rapidamente aparece o Cristo Redentor se dissolvendo em milhares de pedaços!
Notem que o presidente dos EUA, interpretado por Danny Glover, é negro, como uma alusão a Barack Obama. E no desfecho recorrem a uma releitura da Arca de Noé, com direito a casais de animais e ao Grande Dilúvio. Obviamente que pelo que é mostrado ninguém se salva!
Se conferir, vá prevenido. Por Felipe Brida

Título original: 2012
País/Ano: EUA/Canadá, 2009
Elenco: John Cusack, Amanda Peet, Chiwetel Ejiofor, Thandie Newton, Oliver Platt, Woody Harrelson, Danny Glover, Liam James, Thomas McCarthy, George Segal
Direção: Roland Emmerich
Gênero: Aventura
Duração: 158 min
Distribuidora: Sony Pictures

terça-feira, 30 de março de 2010

Cine Lançamento

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Atividade paranormal

Casal de namorados instala câmeras dentro de casa com o objetivo de registrar tudo o que acontece enquanto eles dormem. Isto porque desde pequena Katie (Katie Featherston) ouve ruídos e sussurros, possivelmente vindos de assombrações. Noite após noite fatos estranhos irão atormentar os jovens namorados.

Exibido em festivais independentes nos EUA em 2007, “Atividade paranormal” virou sensação em inúmeros países, com bom acerto na bilheteria, e agora chega em DVD no Brasil para assegurar novos fãs. Mas fiquem atentos: o filme é ruim, e confesso que foi uma das piores decepções que tive recentemente.
Nem sempre causa sustos, o estilo amador (um fake proposital) não tem sacadas, o casal central é fraco e não transmite angústia ou medo, como seria o esperado.
Para chamar o público, os produtores utilizaram uma enganação nos mesmos moldes de “A bruxa de Blair”, cujas semelhanças de técnica e tema são visíveis: o filme seria um documentário, cujos atores usam seus nomes reais (Katie e Micah), ou seja, não seria ficção, supondo-se que o casal vivia aqueles momentos tensos. Porém, foi logo desmascarado quando resolveram dispor na internet e no próprio DVD finais alternativos... Loucura, não?
Um filme previsível, lento e sem conclusão. Ou melhor, sem explicações consistentes sobre as tais atividades paranormais e sobrenaturais. Não recomendo a ninguém – em contrapartida, no mesmo estilo, dêem uma conferida em “REC”. Por Felipe Brida

Título original: Paranormal activity
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs
Direção: Oren Peli
Gênero: Terror
Duração: 86 min
Distribuidora: Playarte
Site oficial: http://www.atividadeparanormal.com.br/

domingo, 28 de março de 2010

Viva nostalgia!

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Rio Grande

Tenente-coronel da Cavalaria Norte-Americana, Kirby Yorke (John Wayne) recebe a árdua tarefa de treinar um grupo de recrutas para controlar uma tribo de índios apaches em Rio Grande, na divisa com o México. Em meio a uma sangrenta batalha, Yorke terá de proteger sua família e seus companheiros.

Um dos bons faroestes de John Ford, o mestre do western psicológico, daqueles que dirigiu sobre a Cavalaria, enaltecendo a bravura dos norte-americanos durante a Guerra Civil. Na linha de “Marcha de heróis” e “Legião invencível”, ambos com seu ator preferido, John Wayne, Ford optava por histórias sobre a redenção do ser humano, sempre utilizando, como protagonistas, homens valentes e sem esperança, sedentos em dominar o inimigo. Como aqui, os finais nem sempre eram tão felizes e deixava de escanteio patriotismos baratos.
“Rio Grande” também é um dos grandes momentos de John Wayne, que de bigode comprido, e da bela Maureen O’Hara, uma das lendas vivas do cinema, que completa em agosto 90 anos de idade.
O faroeste traz, como de praxe nos trabalhos de Ford, romance, sequências dramáticas e perseguições movimentadas com cavalos. Bom filme para os apreciadores do gênero.
Sai na coleção “Clássicos Paramount”, que a distribuidora lança no mercado a preços especiais para os colecionadores.
Curiosidade: John Wayne atuou em quatro filmes que tem no título o nome Rio: “Rio Vermelho” (1948), “Rio Grande” (1950), “Rio Bravo” (1959 - que no Brasil chamou-se “Onde começa o inferno”) e “Rio Lobo” (1970). Por Felipe Brida

Título original: Rio Grande
País/Ano: EUA, 1950
Elenco: John Wayne, Maureen O'Hara, Ben Johnson, Claude Jarman Jr., Harry Carey Jr., Chill Wills, Victor McLaglen, J. Carrol Naish.
Direção: John Ford
Gênero: Faroeste/Romance
Duração: 105 min
Distribuidora: Paramount Pictures

quarta-feira, 24 de março de 2010

Cine Lançamento

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Tá chovendo hambúrguer

Flint Lockwood é um jovem cientista que cria uma máquina capaz de transformar água em comida. Após uma interferência, ela é lançada para a estratosfera, no meio das nuvens. Com a vinda de um temporal, um efeito extraordinário deixa a cidade de Boca Grande em estado de emergência: uma chuva de hambúrgueres dos mais variados tamanhos. Os moradores entram em pânico, e as ruas viram um caos quando a máquina começa a lançar todo tipo de comida para baixo: almôndegas gigantes, tornados de espaguete, melancias e cachorro-quente. Flint e seus amigos precisarão correr contra o tempo para restaurar a ordem e impedir uma calamidade.

Os roteiros para cinema, em especial para as animações, não têm limite. Veja quão absurda é a história desse novo projeto da Sony Pictures, indicado ao Globo de Ouro de melhor animação esse ano, ficando fora dos finalistas para o Oscar. A máquina, criada pelo cientista adolescente, sobe para as nuvens e de lá passa a produzir, em larga escala, todo tipo de comida. E, conforme a Lei da Gravidade, tudo que tem massa e peso desce, o que transforma a cidadezinha de Boca Grande em uma enxurrada de refeições.
É divertido sim, bastante agitado, com peripécias fugazes, porém mais voltado às crianças. Esquisito demais para os adultos, de um nonsense maluco e por vezes escatológico. Imagine uma tonelada de macarrão com molho vermelho espalhada na calçada de nossa casa! Enoja só de pensar.
Na direção, estréia da dupla Phil Lord e Chris Miller, e, perdão do trocadilho, esperamos que da próxima vez os cineastas façam algo mais digestivo para o público. Por Felipe Brida

Título original: Cloudy with a chance of meatballs
País/Ano: EUA, 2009
Elenco: Vozes de Bill Hader, Anna Faris, James Caan, Andy Samberg, Bruce Campbell, Mr. T, Benjamin Bratt.
Direção: Phil Lord/ Chris Miller
Gênero: Animação
Duração: 90 min
Distribuidora: Warner Home Video
Site oficial:

sábado, 20 de março de 2010

Cine Lançamento

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A mulher invisível

Pedro (Selton Mello) está desiludido amorosamente. Romântico nato, encontra, certo dia, a mulher ideal para passar o resto de sua vida: Amanda (Luana Piovani), sua bela vizinha. Quando inicia um romance com a beldade, começa a ser tachado de lunático pelos amigos. Tudo porque Amanda é fruto da imaginação de Pedro, ou seja, ela não existe.

Vez ou outra, bem raramente mesmo, aparece uma comédia brasileira original, divertida e sem apelações. É o caso desse novo trabalho de Cláudio Torres (o mesmo diretor de “Redentor”, outro bom exemplo de filme nacional), equilibrado pela presença do bom elenco central – Selton Mello e Luana Piovani. Mello não precisa mais provar que é bom ator, e Luana, no papel da garota invisível, que representa a idealização da mulher boazuda na mente dos homens, está sensacional e simpática. Ou seja, o principal em uma comédia romântica tem aqui: química entre o casal.
Produção assinada por Daniel Filho, o filme liderou bilheteria no Brasil por três semanas consecutivas, chegando à marca de R$ 2,5 milhões. Comprova o bom momento da produção cinematográfica no país, a aderência do público para com filmes nacionais de qualidade e, consecutivamente, o fortalecimento do cinema brasileiro nas salas de cinema. Assista e bom divertimento! Por Felipe Brida

Título original: A mulher invisível
País/Ano: Brasil, 2009
Elenco: Selton Mello, Luana Piovani, Vladimir Brichta, Karina Bacchi, Maria Luísa Mendonça, Paulo Betti, Fernanda Torres, Lúcio Mauro, Danni Carlos, Marly Bueno
Direção: Cláudio Torres
Gênero: Comédia
Duração: 105 min
Distribuidora: Warner Home Video

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cine Lançamento

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Guerra ao terror

Esquadrão de elite formado por soldados norte-americanos tem pela frente perigosas missões na Guerra do Iraque, como desarmamento de minas terrestres e controle de insurgentes. Em meio ao caos do conflito, um dos sargentos da tropa, William James (Jeremy Renner), vive um difícil dilema: permanecer lutando pelo seu país ou retornar para a família.

Grande campeão do Oscar esse ano, “Guerra ao terror” venceu seis das nove categorias indicadas, dentre elas o maior prêmio da noite, o de melhor filme. Algo inesperado para uma fita independente, pouco comercial, sem cara de Oscar. Confesso ser um bom filme, que trata com seriedade os dilemas da guerra (em sentido universal, todas as guerras). Porém não vejo razões para tanto auê em cima do projeto. O Oscar é pura surpresa, e nem sempre as premiações são merecidas.
Pelo título em português (diferente do americano), sacamos o teor: parte da premissa dos EUA em combater os terroristas no Oriente Médio após os ataques do 11 de setembro, que culminaram com as violentas Guerra do Afeganistão e do Iraque. Transfere a ação para o dia-a-dia turbulento de um grupo de soldados que, ajuizados pela Doutrina Bush, tem como tarefa controlar áreas do Iraque logo após a queda de Saddam Hussein, bem como desarmar minas e bombas.
Há uma evidente mensagem antiguerra ao mostrar a angústia desses soldados no país dos homens-bomba, cujo perigo sempre está à espreita. Dos filmes de mesmo tema (como os ótimos documentários “Procedimento Operacional Padrão” e “Baghdad ER”), com certeza é o que teve melhor realização e repercussão.
Além de melhor filme, ganhou os Oscars de direção (Kathryn Bigelow é a primeira mulher da história a vencer na categoria), roteiro original, edição, som e edição de som. Destronou o blockbuster da temporada, “Avatar”, o favorito de 2010 e que acabou levando apenas três estatuetas.
Foi lançado em DVD pela Imagem Filmes no segundo semestre do ano passado; agora, por causa do Oscar, está sendo exibido nas salas de cinema e deverá sair novamente em DVD a partir do próximo dia 24.
Curiosidade: Kathryn Bigelow é ex-esposa de James Cameron, o diretor de “Avatar”. Uma mulher com mão firme para o cinema, que tem no currículo projetos sem graça, como o movimentado thriller “Jogo perverso”, a fita sobre submarinos na Guerra Fria “K19” e a paranóica ficção científica “Estranhos prazeres”. Por Felipe Brida

Título original: The hurt locker
País/Ano: EUA, 2008
Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie, David Morse, Guy Pearce, Brian Geraghty, Ralph Fiennes
Direção: Kathryn Bigelow
Gênero: Guerra/Drama
Duração: 131 min
Distribuidora: Imagem Filmes

terça-feira, 16 de março de 2010

Morre o ator Peter Graves

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O ator norte-americano Peter Graves morreu no último domingo (dia 14), em Los Angeles, quatro dias antes de completar 84 anos. Ele sofreu um ataque cardíaco quando voltava de uma festa em família. Mais lembrado por sua atuação como o agente James Phelps, protagonista de todas as temporadas da clássica série de espionagem “Missão impossível” (1966-1973), onde inclusive ganhou um Globo de Ouro de melhor ator em 1971.
Graves nasceu no dia 18 de março de 1926 em Minneapolis, Minnesota. Na juventude estudou música, foi saxofonista e ainda trabalhou em uma rádio anunciando propagandas. Dois anos depois de entrar para a Força Aérea, passou a estudar arte dramática na Universidade de Minnesota. Em 1951 estreou no cinema em “Rogue river”, ao lado de Rory Calhoun.
Atuou em mais de 60 filmes e fez participações em 30 seriados. Dentre seus trabalhos no cinema estão “Inferno no. 17” (1953), “O mensageiro do diabo” (1955), “A corte marcial de Billy Mitchell” (1955), “Wichita” (1955), “Covil de feras” (1955), “A paixão de uma vida” (1955), “A indomável” (1967), “Apertem os cintos... o piloto sumiu” (1980 - foto) e “Apertem os cintos... o piloto sumiu 2” (1982).
O ator era casado e deixa três filhos. Por Felipe Brida

segunda-feira, 15 de março de 2010

Resenhas & Críticas

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O fabuloso destino de Amélie Poulain

Amélie Poulain (Audrey Tautou) é uma inocente garota do subúrbio de Paris que se muda para o aconchegante bairro de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Numa noite, sozinha em seu apartamento, encontra uma caixa escondida atrás da parede do banheiro, com pertences de um antigo morador. Amélie, então, sai à procura do desconhecido para devolver seus objetos pessoais. Numa viagem repleta de aventuras, adquire uma nova percepção do mundo. Conhece pessoas exóticas e acaba descobrindo o amor.

Enorme sucesso de público e de crítica, “Amélie Poulain” recebeu cinco indicações ao Oscar em 2002, com certeza o melhor filme (e menos surrealista) de Jean-Pierre Jeunet. Uma experiência visual desconcertante, única, em que as cores vivas adquirem identidade de personagens da história. Aliás, é marca dos trabalhos de Jeunet a direção de arte estilizada em teor surrealista.
Audrey Tautou, talentosa atriz francesa, interpreta a jovem inocente e sonhadora, que desde pequena cria um mundo paralelo em sua rica imaginação. Ao longo do filme conhecemos uma gama de personagens esquisitos e ao mesmo tempo vazios na essência – em contato com eles, a garota, uma genuína multiplicadora de felicidade, transforma a vida de cada um.
Pequena jóia do cinema francês contemporâneo, agradável e voltada para todos, que parte do propósito de que a felicidade mora dentro de nós, e os sonhos, quando buscados com sabedoria, podem viram uma realidade marcante. Por Felipe Brida

Título original: Le fabuleux destin d’Amélie Poulain
País/Ano: França/Alemanha, 2001
Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Dominique Pinon, Lorella Cravotta, Clotilde Mollet, Claire Maurier
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Gênero: Drama/ Romance
Duração: 122 min
Distribuidora: Miramax Films

sábado, 13 de março de 2010

Cine lançamento

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Sobrevivendo com lobos

Para escapar da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial, a garotinha judia Misha (Mathilde Goffart), de sete anos, sai em busca de seus pais, capturados pelos alemães. Perde-se em uma floresta tomada pela neve e é adotada por uma família de lobos. Entre os animais e a menina desenvolve-se uma história de amor e de sobrevivência.

Baseado em fatos reais, esta modesta produção franco/belga foi lançada na Europa em novembro de 2007 e só agora chega em DVD ao Brasil. O mega-atraso da distribuição não atrapalha conhecermos uma bonita história de luta e de vida, que se desenrola em exuberantes paisagens congeladas da Bélgica (a fotografia chama a atenção pela qualidade visual).
O mote do filme – a de um ser humano criado entre lobos – tem vaga semelhança com “Caninos brancos” e um quê das obras literárias de Jack London, como seu livro de maior sucesso, “Chamado selvagem”.
Em tom de fábula, a trajetória da garotinha Misha é realmente surpreendente: por meio do contato direto com os lobos, ela passa a desenvolver o comportamento dos animais, que são seus novos pais, como faro, instinto de caça e o engatinhar. Recentemente, na Rússia, um caso de uma menina criada entre cachorros e gatos – cujas características comportamentais se alteraram profundamente - chamou a atenção da imprensa e chocou o mundo.
Com estilo de telefilme da Hallmark, essa fita de arte européia é indicada para a família. Esqueçam certos problemas sofríveis da edição, que mantêm alguns cortes sem continuidade, e procurem conferir esse filme que teve pouca divulgação pela mídia. E preparem-se para um comovente desfecho. Por Felipe Brida

Título original: Survivre avec les loups
País/Ano: França/Bélgica/Alemanha, 2007
Elenco: Mathilde Goffart, Yaël Abecassis, Guy Bedos, Michèle Bernier, Benno Fürmann
Direção: Véra Belmont
Gênero: Drama
Duração: 116 min
Distribuidora: Paramount Pictures
Site oficial: http://www.bacfilms.com/site/survivre/

sexta-feira, 12 de março de 2010

Cine Lançamento

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Bastardos inglórios

Segunda Guerra Mundial. Um grupo de soldados judeus, os “bastardos”, liderados pelo comandante Aldo Raine (Brad Pitt), amedronta a Alemanha pela forma violenta como caçam e matam oficiais nazistas. Paralelamente a essa história, acompanhamos a saga de Shosanna (Mélanie Laurent), única sobrevivente de um massacre, que planeja vingança contra os nazistas que assassinaram sua família.

O enérgico diretor Quentin Tarantino volta com tudo em cima em seu novo projeto pessoal, que dá outra roupagem para a Segunda Guerra. Um cineasta que produz pouco, mas quando lança um filme, agita o público e revira a cabeça dos críticos.
Na verdade “Bastardos” é uma visão afiada e satírica da guerra, que aproveita o pano de fundo de um fato real para desconstruir figuras famosas, como Hitler e seu braço-direito Goebbles, oficial responsável pelo marketing e estratégia política do Reich.
Como Tarantino é um apaixonado pelo cinema, usa e abusa da trilha sonora que mistura sons de western (há inclusive um novo arranjo para “O dólar furado”), cria diálogos inesperados e se diverte com reviravoltas imprevisíveis. Também se destina a criar um olhar eufórico de como os judeus teriam desenrolado a guerra, se pudessem mudar o curso da História.
Junto com “Avatar”, é um dos filmes do momento, obrigatório!
Recebeu oito indicações ao Oscar 2010 – melhor filme, fotografia, direção, edição, som, edição de som, roteiro original e ator coadjuvante (Christopher Waltz); só venceu nessa última categoria, prêmio merecido para o ótimo ator austríaco, num papel magnífico como um caçador de judeus ordinário e truculento.
Um filme divertido, violento, inteligente e muito anárquico, um dos melhores do ano passado. Corra conferir. Por Felipe Brida

Título original: Inglourious basterds
País/Ano: EUA/Alemanha, 2009
Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Daniel Brühl, Christopher Waltz, Til Schweiger, Eli Roth, Diane Kruger, Mike Myers, Rod Taylor, Bo Svenson, Julie Dreyfus
Direção: Quentin Tarantino
Gênero: Ação
Duração: 153 min
Distribuidora: Universal Pictures

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ator Corey Haim é encontrado morto

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Astro adolescente na década de 80, o ator canadense Corey Haim foi encontrado morto em seu apartamento em Burbank, Califórnia, na manhã de hoje (terça-feira). Ele tinha 38 anos de idade. As causas da morte não foram divulgadas, porém a polícia acredita que ele tenha morrido vítima de uma overdose acidental. Haim tinha histórico de abuso de drogas.
De origem francesa, nasceu em 23 de dezembro de 1971 na cidade de Toronto. Sua estréia no cinema deu-se em 1984 com o drama “Quando se perde a ilusão”. Ganhou notoriedade a partir da fita de vampiros “Os garotos perdidos” (1987), grande sucesso de público.
Atuou em mais de 30 produções, dentre elas “Admiradora secreta” (1985), “A hora do lobisomem (1985 – no Brasil foi exibido com o título “Bala de prata”), “O romance de Murphy” (1986), “Lucas – A inocência do primeiro amor” (1986), “Sem licença para dirigir” (1988) e “Watchers – O limite do terror” (1988). Seu último trabalho foi em “Adrenalina 2” (2009).
Atualmente estava com contrato assinado para seis filmes, todos em pré-produção, e se preparava para dirigir dois projetos. Por Felipe Brida

segunda-feira, 8 de março de 2010

Especiais sobre cinema

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"Guerra ao terror": surpresa como melhor filme no Oscar 2010

Surpresa no Oscar 2010. "Guerra ao terror" (foto), dirigido por Kathryn Bigelow, foi o grande vencedor da noite. Levou os prêmios de melhor filme (desbancando o favorito, "Avatar"), direção, roteiro original, montagem, som e edição de som.
A aventura/ficção "Avatar", sucesso de bilheteria e de crítica em todo o mundo, saiu apenas com as estatuetas de melhor efeitos visuais, fotografia e direção de arte. Ou seja, acabou sendo mal recebido pelo Academy Awards.
Aplaudido de pé, Jeff Bridges ganhou como melhor ator por "Coração louco", em sua 5a. indicação ao prêmio; momento excepcional para corrigir erros do passado e reconhecer o trabalho do artista, veterano do cinema. Já Sandra Bullock, querida por todos, foi a melhor atriz da noite, pelo drama "Um sonho possível".
Abaixo segue a relação completa dos vencedores do Oscar 2010. Confira. Por Felipe Brida


Melhor Filme

"Guerra ao Terror"
''Avatar''
"Um Sonho Possível''
"Distrito 9"
"Educação"
"Bastardos Inglórios"
"Preciosa – Um história de esperança"
"Um Homem Sério"
"Amor sem Escalas"
"Up - Altas Aventuras''


Melhor Diretor

Kathryn Bigelow ("Guerra ao Terror")
James Cameron ("Avatar")
Jason Reitman ("Amor Sem Escalas")
Quentin Tarantino ("Bastardos Inglórios")
Lee Daniels ("Preciosa")


Melhor Ator

Jeff Bridges ("Coração Louco")
Morgan Freeman ("Invictus")
Jeremy Renner ("Guerra ao Terror")
George Clooney ("Amor Sem Escalas")
Colin Firth ("A Single Man")


Melhor Atriz

Sandra Bullock ("Um Sonho Possível")
Meryl Streep ("Julie & Julia")
Carey Mulligan ("Educação")
Helen Mirren ("The Last Station")
Gabourey Sidibe ("Preciosa")


Melhor Ator Coadjuvante

Christoph Waltz ("Bastardos Inglórios")
Woody Harrelson ("O Mensageiro")
Matt Damon ("Invictus")
Stanley Tucci ("Um Olhar do Paraíso")
Christopher Plummer ("The Last Station")


Melhor Atriz Coadjuvante

Mo’Nique ("Preciosa")
Anna Kendrick ("Amor Sem Escalas")
Vera Farmiga ("Amor Sem Escalas")
Maggie Gyllenhaal ("Coração Louco")
Penelope Cruz ("Nine")


Melhor Roteiro Original

"Guerra ao Terror"
"Bastardos Inglórios"
"Um Homem Sério"
"O Mensageiro"
"Up - Altas Aventuras"

Melhor Roteiro Adaptado

"Preciosa"
"Amor Sem Escalas"
"Distrito 9"
"Educação"
"In the Loop"


Melhor Direção de Arte

"Avatar"
"O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus"
"Nine"
"Sherlock Holmes"
"The Young Victoria"


Melhor Fotografia

"Avatar"
"Harry Potter e o Enigma do Príncipe"
"Guerra ao Terror"
"Bastardos inglórios"
"A Fita Branca"


Melhor Figurino

"The Young Victoria"
"Bright Star"
"Coco Antes de Chanel"
"O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus"
"Nine"


Melhor Maquiagem

Star Trek
The Young Victoria
Il Divo


Melhor Animação

"Up - Altas Aventuras"
"Coraline e o Mundo Secreto"
"O Fantástico Sr. Raposo"
"A Princesa e o Sapo"
"The Secret of Kells"


Melhor Canção

"Coração Louco" – T-Bone Burnett/ Ryan Bingham ("The Weary Kind")
"Paris 36" – Reinhardt Wagner/ Frank Thomas ("Loin de Paname")
"Nine" – Maury Yeston ("Take It All")
"A Princesa e o Sapo" – Randy Newman ("Down in New Orleans")
"A Princesa e o Sapo" – Randy Newman ("Almost There")


Melhor Trilha Sonora

"Up – Altas Aventuras" (Michael Giacchino)
"Avatar" (James Horner)
"O Fantástico Sr. Fox" (Alexandre Desplat)
"Guerra ao Terror" (Marco Beltrami/ Buck Sanders)
"Sherlock Holmes" (Hans Zimmer)


Melhor Som

"Guerra ao Terror"
"Avatar"
"Star Trek"
"Up – Altas Aventuras"
"Bastardos Inglórios"


Melhor Edição de Som

"Guerra ao Terror"
"Avatar"
"Star Trek"
"Up – Altas Aventuras"
"Bastardos Inglórios"


Melhor Montagem

"Guerra ao terror"
"Avatar"
"Preciosa"
"Bastardos inglórios"
"Distrito 9"


Melhor Efeitos Visuais

"Avatar"
"Star Trek"
"Distrito 9"


Melhor Filme Estrangeiro

"O Segredo de Seus Olhos" (Argentina)
"Ajami" (Israel)
"A Fita Branca" (Alemanha)
"Un prophète" (França)
"A Teta Assustada" (Peru)


Melhor Documentário

"The Cove"
"Burma VJ: Reporter i et lukket land"
"Food, Inc. "
"The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers"
"Which Way Home"


Melhor Documentário (Curta-metragem)

"Music by Prudence"
"China's Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province" (TV)
"The Last Campaign of Governor Booth Gardner"
"The Last Truck: Closing of a GM Plant" (TV)
"Królik po berlinsku"


Melhor Curta-metragem

"The New Tenants"
"The Door"
"Istället för abrakadabra
"Kavi"
"Miracle Fish"


Melhor Curta-metragem de animação

"Logorama"
"French Roast"
"Granny O'Grimm's Sleeping Beauty"
"La dama y la muerte"
"Wallace and Gromit in A Matter of Loaf and Death" (TV)

domingo, 7 de março de 2010

Cine Lançamento

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A onda

Em uma aula sobre autocracia, o professor de História Rainer Wenger (Jürgen Vogel) propõe aos alunos um experimento para que eles entendam e vivenciem os mecanismos do fascismo. Pouco a pouco, o grupo, chamado de “A onda”, dissemina veemente os conceitos pregados em aula. Quando o jogo assume um lado violento, não há mais meio para interrompê-lo.

Chega com atraso ao Brasil esse excelente filme alemão lançado há dois anos na Europa, baseado em um episódio real ocorrido na Califórnia nos anos 60, inclusive com o desfecho violento que aqui é mostrado de maneira crua. O ponto de partida do filme serve para confirmar uma velha teoria que vem sendo observadas na sociedade pós-moderna: o nacional-socialismo na Alemanha de Hitler, nas décadas de 30 e 40, ainda vive, ou seja, não é uma realidade que ficou para trás. Diante disso, o diretor explora a propagação desse poder autocrático na mente de cidadãos comuns, influenciados por um líder e organizados por um grupo em busca de um objetivo comum.
A forma de persuasão como o professor contamina os adolescentes em sala de aula faz com que eles adotem outro ideal de vida, arrastando uma multidão para dentro do fascismo, numa espécie de narcose coletiva. E a escola vira um microcosmo de um momento grotesco do século passado.
Procura debater as feridas abertas pelo nazismo e como a situação pode ser facilmente repetida numa sociedade aparentemente democrática. Não se prende apenas a filosofias sobre regimes autocráticos e ao nazismo em especial, e ainda analisa o sistema educacional europeu.
Exibido no Festival de Sundance, onde causou repercussão e abriu os olhos do público para a consolidação de uma nova etapa do cinema alemão. Uma fita impactante, que merece ser descoberta e debatida. Por Felipe Brida

Título original: Die Welle
País/Ano: Alemanha, 2008
Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich.
Direção: Dennis Gansel
Gênero: Drama
Duração: 106 min
Distribuidora: Paramount Pictures

quinta-feira, 4 de março de 2010

Viva nostalgia!

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Adeus, Gringo

Jovem pistoleiro, Brent Landers (Giuliano Gemma) é forçado a comprar gado roubado de um desonesto negociador. Quando o verdadeiro dono do rebanho aparece, Landers envolve-se em um crime. Caçado por bandidos, terá de fugir pelos quatro cantos do oeste.

Sucesso de público em muitos países, inclusive no Brasil, esse faroeste italiano teve forte influência do papa do gênero Sergio Leone. Lançado em 1965, na onda dos “spaghetti-westerns”, saiu no mesmo ano de “O dólar furado; juntamente com esta, “Adeus gringo” são as duas fitas de bangue-bangue mais famosas de Giuliano Gemma.
Marcou época, mas hoje, revendo, soa ingênuo e superficial. Não há dúvidas que está abaixo das reinvenções violentas de Leone, como “Era uma vez no oeste” e “Três homens em conflito”, seja pelo roteiro, pela trilha operística, pelo elenco magistral, pelo jogo de câmeras ou pelas tramas densas e inusitadas.
Mesmo assim é gostoso assistir com olhar de saudade, de um tempo em que o gênero faroeste pulsava forte e marcante.
Depois desse filme, Gemma (que adotava o nome americano de Montgomery Wood) continuou no faroeste, atuando em diversas produções italianas.
Sai em boa edição em widescreen pela VTI, com áudio original em italiano e português. Cuidado apenas com as cópias em domínio público, que trazem imagens ruins e sem enquadramento. Por Felipe Brida

Título original: Adiós gringo
País/Ano: Itália/Espanha/França, 1965
Elenco: Giuliano Gemma, Ida Galli, Nello Pazzafini, Pierre Cressoy
Direção: Giorgio Stegani
Gênero: Faroeste
Duração: 100 min
Distribuidora: Paris Filmes/ VTI

segunda-feira, 1 de março de 2010

Cine Lançamento

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Salve geral

Lúcia (Andréa Beltrão), uma viúva que tem o filho preso, conhece, na cadeia, a advogada Ruiva (Denise Weinberg), e ambas se tornam amigas. Ruiva trabalha para o PCC (Primeiro Comando da Capital), e aos poucos usa Lúcia em missões do crime organizado. É quando disputas internas entre chefes do crime nas penitenciárias fazem com que integrantes do PCC promovam ataques contra bases policiais e agências bancárias, instalando o caos que parou a maior cidade do Brasil por semanas.

Baseado em fatos reais sobre os ataques do PCC na capital paulista, “Salve geral” resgata momentos recentes (e trágicos) da História do nosso país. Acompanhamos a vida de duas mulheres diferentes que acabam lidando com os mesmos objetivos: alimentar o crime organizado em busca de dinheiro e poder. Uma história desconhecida de muitos, que fica nas entrelinhas: realmente existiram (e devem existir ainda) mulheres de classe média infiltradas na política do crime a mando do PCC, dispostas a tudo, desde levar celulares para dentro da cadeia até bolar assassinatos. Ou seja, não é um filme de fácil aproximação.
Como cinema, “Salve geral” fica num meio termo. Demora-se na apresentação dos personagens e não se desenvolve profundidade psicológica dos papéis femininos. O grande trunfo do filme só explode na parte final (os ataques), a conclusão é quadradinha demais, e o elenco tem grandes deslizes – Andréa Beltrão convence (mas está mais contundente em “Verônica”), só que os coadjuvantes caem no ridículo, em especial Denise Weinberg, em trabalho overacting como a mandante do crime, num papel diabólico, caricato.
Resultado: esperava-se mais desse longa brasileiro, que tentou ser um dos finalistas ao Oscar. Mesmo abaixo da expectativa, vale um aluguel. Por Felipe Brida

Título original: Salve geral
País/Ano: Brasil, 2009
Elenco: Andréa Beltrão, Denise Weinberg, Lee Thalor, Eucir de Souza, Giulio Lopes, Bruno Perillo, Pascoal da Conceição, Chris Couto, João Signorelli, Juliano Cazarré
Direção: Sérgio Rezende
Gênero: Drama
Duração: 119 min
Distribuidora: Sony Pictures
Site oficial:
http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/salvegeral/