sexta-feira, 30 de maio de 2025

Nota de Cinema

 
Cine Debate, amanhã, exibe drama emotivo indicado ao Bafta e ao Globo de Ouro
 
Neste sábado, dia 31/05, o Cine Debate do Imes Catanduva exibe o premiado drama ‘Todos nós desconhecidos’ (2023), coprodução Reino Unido e Estados Unidos escrita e dirigida por Andrew Haigh. Adaptação do livro do escritor japonês Taichi Yamada, o filme recebeu seis indicações no Bafta e ao Globo de Ouro de melhor ator para Andrew Scott. Sessão gratuita e aberta ao público, a partir 14h, na sala de ginástica do Sesc Catanduva. A mediação do debate será feita pelo idealizador do Cine Debate, o jornalista, professor do Imes e do Senac e crítico de cinema Felipe Brida.
 

Sinopse: Uma noite, em seu prédio quase vazio em Londres, Adam (Andrew Scott) tem um encontro casual com seu misterioso vizinho Harry (Paul Mescal), o que perturba o ritmo de sua vida cotidiana. Adam vaga pela cidade solitário, enquanto uma série de lembranças de seus pais vem à mente.
 
Cine Debate
 
O Cine Debate é um projeto de extensão do curso de Psicologia do IMES Catanduva em parceria o SESC e o SENAC Catanduva. Completa 13 anos em 2025 trazendo filmes cult de maneira gratuita a toda a população. Conheça mais sobre o projeto em https://www.facebook.com/cinedebateimes

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Resenha especial

 

Ulysses
 
Ulysses (Kirk Douglas) inicia o longo retorno para casa, para Ítaca, após 10 anos na Guerra de Troia. Tudo o que ele mais quer é reencontrar a esposa, Penelope (Silvana Mangano). A volta será demorada e cheia de aventuras. Seus homens morrem no mar, os navios são destruídos por tempestades e ele enfrentará perigos como um ciclope e a fúria de deuses.
 
Superprodução italiana de Dino de Laurentiis e Carlo Ponti com astros americanos, como Kirk Douglas e Anthony Quinn, e presença notável da estrela da Itália Silvana Mangano. Marcou época e o público, abrindo a onda de ‘Peplum movies’, subgênero do cinema de aventura com jornadas épicas, mitos e criaturas fantásticas – na metade da década de 50 e todo os 60 haveria uma série de filmes assim, não só na Itália, mas nos EUA, como ‘Ali Babá’, ‘Simbad’ etc
Com direção de Mario Camerini (1895-1981), de ‘A bela moleira’ (1955) e outros tantos filmes populares italianos, teve codireção do lendário Mario Bava, que dirigiu fitas épicas, mas ficou conhecido pelo horror italiano. Inspirado no poema épico ‘Odisseia’, do poeta grego Homero, escrito por volta de VIII a.C e sequência de ‘Ilíada’, o filme mostra a fabulosa jornada do guerreiro romano Ulysses (na mitologia grega, Odisseu), herói da Guerra de Troia e que ajudou na construção do cavalo de madeira que determinou o fim do conflito bélico entre gregos e troianos – hoje as ruínas da lendária cidade de Troia ficam num sítio arqueológico em Hisarlik, na Anatólia, Turquia. Kirk Douglas, galã da época, interpreta Ulysses e se aventura por mares revoltos e embate com criaturas e monstros – o ator foi dublado em italiano, como acontecia em filmes com astros em outras terras. Um filme divertido e nostálgico, de um cinema artesanal que ficou no passado.




Saiu há algum tempo em DVD pela Classicline, em disco duplo com extras, e recentemente em DVD pela Versátil no box ‘Cinema épico’, juntamente com os filmes ‘Vikings, os conquistadores’ (1958), também com Kirk Douglas, e outros dois italianos, dirigidos por Mario Bava, ‘Hércules no centro da Terra’ (1961) e ‘A vingança dos vikings’ (1961) – tanto a versão de ‘Ulysses’ da Classicline quanto da Versátil em DVD são a versão americana, de 104 minutos, com 13 minutos a menos que a original de cinema exibido na Itália, de 117 minutos. A da Versátil tem restauro e conta com áudio original em italiano.
 
Ulysses
(Ulisse). Itália/França/EUA, 1954, 104 minutos. Aventura. Colorido. Dirigido por Mario Camerini. Distribuição: Versátil Home Video e Classicline

terça-feira, 27 de maio de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 2

 
Ritas
 
Rita Lee permanece um fenômeno. Com uma sólida carreira de 60 anos dedicadas à música, lançou 30 álbuns, primeiramente nas bandas ‘Os Mutantes’ e ‘Tutti Frutti’ e depois solo, vendendo ao todo 55 milhões de discos. Suas músicas tocaram corações, acompanharam as mudanças culturais e sociais do país, entraram como tema em novelas de destaque e ainda agitam os brasileiros. Rita abriu o caminho para mulheres no rock, um gênero musical dominado pelos homens, e ganhou o apelido de ‘Rainha do rock nacional’. ‘Ritas’ (2025) é o novo documentário sobre a cantora e compositora mundialmente reconhecida, inspiração para uma geração. O ótimo filme teve première na edição de 2025 do ‘É Tudo Verdade’ – foi o filme de abertura no festival em São Paulo, e no último final de semana entrou em circuito nas principais salas de cinema do Brasil. Saiu em boa hora, no mês em que se comemora o ‘Dia de Rita Lee’, que está no calendário de eventos da cidade de São Paulo desde a aprovação de uma lei pela Câmara em 2024. Produzido pela Biônica Filmes em coprodução com 7800 Productions e Claro, e apoio da Globo Filmes e DOT Cine, o longa-metragem resgata a trajetória de Rita Lee da juventude ao final da vida, sempre a partir dos pontos de vista da própria protagonista. Ao contrário do documentário ‘Rita Lee: Mania de você’, que estreou no dia 08 de maio na Max e traz uma série de amigos e familiares depondo sobre Rita, aqui as imagens focam nela, com registro atual, outros de telas na pandemia e gravações domésticas de 2018 até a morte da cantora, em 8 de maio de 2023. Rita conduz a narrativa, direciona nosso olhar para aquilo que ela quer contar. Sem outros entrevistados, ela narra suas aventuras numa intensa jornada musical e espiritual, com imagens de arquivo, como trechos de shows e entrevistas. Há momentos atuais dela em casa aguando o jardim com o marido, o músico Roberto de Carvalho, dando comida aos pets, lendo e escrevendo e, claro, divagando sobre a filosofia, a trajetória, a família e a vida de altos e baixos. É um filme em tom confessional e também de despedida, mais dramático e íntimo que ‘Rita Lee: Mania de você’, no entanto ambos os filmes de 2025 se completam – por isso, depois de assistir ‘Ritas’ no cinema, corra conferir em casa, na Max, o outro título. Rita, ao falar dela mesma, debocha, tudo tem um tom irreverente e ácido, marcas de sua forte personalidade. Primeiro filme de Oswaldo Santana, montador de ‘Bruna Surfistinha’ (2011) e ‘Tropicália’ (2012), codirigido por Karen Harley, também montadora de filmes brasileiros. Chamou minha atenção a edição, com um visual cheio de cor, purpurinado, com imagens que saltam na tela e atingem fundo na mente. ‘Ritas’, como o título no plural indica, não só comprova a artista multifacetada que ela foi (cantora, compositora, instrumentista, escritora de livros infantis no final de carreira e atriz), mas mostra todas as mulheres que viveram dentro dela - a mãe enérgica, a profissional em constante metamorfose, a Rita perseguida na Ditadura, a Rita do exagero no álcool e drogas, a Rita do sucesso estrondoso nas rádios e nos palcos. Após lotar sessões no Festival ‘É Tudo Verdade’, o filme continua fazendo barulho, agora nos cinemas – no fim de semana de estreia, entre os dias 22 e 25 de maio, superou 10 mil espectadores, entrando para o top 5 de documentários mais vistos nas salas de 2025. Distribuição nos cinemas pela Biônica Filmes e Paris Filmes.


Rita Lee: Mania de você
 
Maio é o mês de homenagem à cantora e compositora Rita Lee, pelo menos em São Paulo. Isso porque a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em 2024, uma lei que institui a data de 22 de maio como o ‘Dia de Rita Lee’. Nascida em 31 de dezembro, Rita celebrava seu aniversário em 22 de maio pois era devota de Santa Rita de Cássia, cuja festa litúrgica é nesta referida data. Pois bem, no mês de lembrar a rainha do rock nacional dois documentários sobre ela foram lançados, dois bons filmes que se completam, ambas produções de 2025 e que tem a mesma duração, 81 minutos: ‘Rita Lee: Mania de você’, feito pela Max e já disponível no streaming, e ‘Ritas’, exibido no Festival ‘É Tudo Verdade’ e que está nos principais cinemas brasileiros. ‘Rita Lee: Mania de você’ é um achado pra os fãs, um documentário construído a partir de uma série de depoimentos exclusivos de amigos, parceiros musicais e familiares, além de um riquíssimo acervo íntimo de Rita, guardado a sete-chaves, com gravações caseiras de viagens dela em família, momentos em casa no descanso etc – parte desse material é totalmente inédito. Ney Matogrosso, Ronnie Von, Gilberto Gil, Lucinha Turnbull, a irmã Virginia Lee Jones, o marido Roberto de Carvalho e os filhos Beto, Antônio e João Lee conversam com a câmera lembrando curiosidades, a carreira, os altos e baixos e a personalidade forte da rainha do rock, que faleceu em 2023 aos 75 anos. Contando com cenas antigas de shows, o filme toca em feridas como o uso de drogas e os excessos de Rita, que quase destruíram sua carreira, bem como a perseguição sofrida na Ditadura, que censurou algumas de suas músicas. Sucessos vitais da cantora, como ‘Lança perfume’, ‘Mania de você’ e ‘Doce vampiro’, aparecem no doc, e ainda episódios como a prisão por porte de maconha enquanto estava grávida em 1976 e o selinho em Hebe Camargo na TV em 1997 são comentados. Um filme entusiasmado sobre uma cantora que rompeu padrões, marcou uma geração inteira com sua genialidade e abriu portas para mulheres ocuparem o espaço do rock. Vale cada minuto, o filme emociona e se completa com ‘Ritas’, que está nos cinemas.

domingo, 25 de maio de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 1

 
Game girls
 
Documentário independente sobre a cultura gamer feminina, dirigido por uma multiartista, Saskia Sá, que é escritora, roteirista e trabalha com artes visuais. Uma garota transumana (meio humana meio holografia) que está no metaverso, de nome Mega, narra a história de mulheres que se dedicam à cultura nerd e geek no Brasil e no mundo. Mega conduz o filme, quebrando a quarta parede, falando para a tela – é uma figura em computação gráfica carismática, pensativa, que entrevista uma série de personalidades, como desenvolvedoras de jogos, influencers, streamers, players e designers, dentre elas Anne Quiangala, Brenda Romero e Limpho Moeti. Elas compartilham suas experiências sobre ser mulher no universo dos games, um mundo dominado pelos homens. O filme reflete sobre carreira, machismo na indústria de games e identidade feminina, num meio comum entre as entrevistadas, que é a paixão por jogos eletrônicos – aliás, mercado em constante crescimento, seja pelos celulares, PCs ou consoles/players, com faturamento que ultrapassa hoje US$ 100 bilhões. O visual do doc é interessante – além de Mega, cuja voz é feita pela dubladora Luiza Caspari, as mulheres que dão depoimento aparecem em janelas virtuais, simulando jogos, holografia e telas coloridas. Curtinho, com apenas 69 minutos, tem produção executiva de Luciana Druzina e coprodução entre as produtoras Horizonte Líquido e Druzina Content. Em exibição nos cinemas.
 

 
Nonnas
 
Está a fim de um filme leve, nos moldes das nostálgicas ‘Sessão da tarde’? então procure já na Netflix ‘Nonnas’, comédia dramática descontraída que estreou no streaming no dia 10 deste mês, e conta com um elencão. Vince Vaugh, de ‘Penetras bons de bico’ (2005), interpreta um homem de 50 anos, descendente de italianos, que acaba de perder a mãe. Em homenagem a ela, abre uma tratoria com pratos típicos da região de sua família. Para dar um tempero especial nas comidas, contrata idosas para a cozinha, vovós que tiveram experiência em receitas italianas como macarrão e massas em geral. As vovós do filme são atrizes entre 70 e 80 anos indicadas ao Oscar, como Lorraine Bracco, Talia Shire e Brenda Vaccaro, e participação da oscarizada Susan Sarandon. A liga entre elas, em cena, é um barato – no início, as nonnas se estranham, são territorialistas, cada uma quer fazer o prato do seu jeito, pegam birra uma da outra, mas com o passar dos dias na cozinha vão se entendendo. O humor vive ali, entre as relações que elas criam, com piadinhas e algumas cenas pastelão. Mas o filme também tem ternura e elegância, na medida exata. Do diretor Stephen Chbosky, de ‘As vantagens de ser invisível’ (2012) e ‘Extraordinário’ (2017). Inspirado na história verdadeira de Jody Scaravella, conhecido como Joe, que fundou em 2007 a ‘Enoteca Maria’, restaurante em estilo colonial em Staten Island, Nova York, que tem avós do mundo todo como chefs rotativas, dando a elas novas oportunidades de trabalho.
 


Tendaberry
 
Fundada em Londres em 2007, a Mubi é uma das maiores plataformas de streaming de filmes cult, que reúne em seu catálogo centenas de curtas, médias e longas-metragens de diversos países, além de séries. Nasceu como uma rede social para cinéfilos, depois virou distribuidora de cinema e hoje também produz filmes. ‘Tendaberry’ é um dos lançamentos da temporada, um peculiar drama norte-americano sobre uma jovem solitária de 23 anos que reside em Coney Island e enfrenta a solidão quando o namorado volta para a Ucrânia para cuidar do pai acometido por uma doença. Ela não tem mais notícias dele e descobre estar grávida. No limite entre o abandono e a desesperança, a jovem Dakota planeja o que fazer de sua vida agora. Primeiro trabalho de uma atriz que dá um show com uma interpretação natural, sem exageros, Kota Johan, que é a essência dessa história triste, desalentadora. Exibido nos festivais de Sundance, Torino e Cleveland, o filme marca a estreia da diretora Haley Elizabeth Anderson, que conduz de forma brilhante a protagonista por caminhos e descaminhos durante quatro momentos de sua dura vida, utilizando a fotografia urbana e os sons da cidade a favor do longa. A estética tem uma curiosa mistura de fitas cassete e 16mm, com um tom envelhecido. Gostei muito desse filme autoral, feminino, e confesso que sempre me surpreendo com os lançamentos da Mubi – ela distribuiu recentemente outros três que estão na minha lista para assistir, ‘Grand Tour’ (2024, premiado como melhor diretor para Miguel Gomes no Festival de Cannes), ‘Grand Theft Hamlet’ (2024, exibido no CPH:DOX) e ‘Acabe com eles’ (2024, exibido no Festival de Toronto).



quinta-feira, 22 de maio de 2025

Especial de cinema

 
Kino-Olho completa 20 anos com uma série de atividades especiais e gratuitas
 
O Grupo de Pesquisa e Prática Cinematográfica Kino-Olho completa 20 anos. Fundado em 2005 pelo cineasta João Paulo Miranda Maria, tornou-se referência na formação de público e na produção independente e experimental de filmes, envolvendo centenas de jovens de bairros periféricos, escolas e comunidades rurais da região, que inclui cidades como Marília, Assis e São José do Rio Preto.
Para a comemoração das duas décadas de atividades, o coletivo preparou quatro ações gratuitas que trazem o resultado deste trabalho, com os profissionais do audiovisual e suas produções, colocando interior e litoral de São Paulo em primeiro plano. Entre maio e julho, o Núcleo de Criação Cinematográfica promoverá seis encontros gratuitos e online, mediados por membros e parceiros do grupo e que abordam temas como "Cinema de Autor", "Arte Sonora", "Cinema e Território" e "Cinema Negro". Interessados em participar dos encontros podem entrar em contato pelo e-mail coletivokinoolho@gmail.com.
De maio a julho, o Kino-Olho também realizará o Cinema no Interior - Intercâmbios Formativos, com sessões de curtas-metragens e rodas de conversa em cidades que concentram integrantes do grupo, como Marília, São José do Rio Preto e Campinas. As exibições acontecem em 24 de maio (Marília), 21 de junho (São José do Rio Preto) e 19 de julho (Campinas), e integram o projeto viabilizado via emenda federal, de autoria da deputada federal Samia Bonfim.

Foto extraída do Facebook do Coletivo Kino-Olho

Em agosto, confirmando a trajetória de formação, articulação e cineclubismo do grupo, será realizada a 10ª edição do Janela Caipira - Festival Independente de Cinema dos Interiores Kino-Olho. As exibições gratuitas ocorrem de 6 a 9 de agosto de 2025, no Centro Cultural Roberto Palmari, na cidade de Rio Claro. Na programação, produções do cinema "caipira", realizadas ao longo da história do grupo e de sua rede de parceiros, entre curtas, médias e longas. O Janela Caipira é uma realização do Kino-Olho em parceria com o Ministério da Cultura e o Governo Federal, com apoio da Prefeitura de Rio Claro e patrocínio do Termo de Fomento/MINC nº 965660/2024, decorrente de emenda parlamentar do deputado federal Carlos Zarattini.
Em busca pela visibilidade e reconhecimento nacional da produção audiovisual do interior e litoral do Estado de São Paulo, o ICine - Fórum de Cinema do Interior Paulista se torna Associação. A apresentação acontece em setembro durante o VI Encontro de Cinema do Interior Paulista, em Marília. Há cinco anos, profissionais do audiovisual vêm se reunindo anualmente para compartilhar e debater as realizações e dificuldades das produções do interior e litoral do Estado de São Paulo. Atualmente, o ICine possui uma rede, com cerca de 500 realizadores, presentes em 92 cidades do estado de São Paulo, que lutam por garantia de apoios e financiamentos, públicos e privados, permanentes para todo o ecossistema audiovisual.
Ao longo desses 20 anos, o Kino-Olho acumulou feitos significativos: além de contar com associados premiados como “Lugar de Ladson” (Rogério Borges, 2022), que recebeu os prêmios de Melhor Edição de Som (Isadora Maria Torres e Léo Bortolin), Melhor Fotografia (Yuji Kodato) e Melhor Roteiro (Rogério Borges) no 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e “A moça que dançou com o Diabo” (João Paulo Miranda Maria, 2016), Menção Especial no 69º Festival de Cannes, apoiou outros núcleos e associações de cinema, como o Cena 14 (Piracicaba) e o Polo Velho Oeste (Assis). Abaixo, a programação dos próximos dias.

Foto extraída do Facebook do Coletivo Kino-Olho


● Núcleo de Criação Cinematográfica - Encontros online e gratuitos O link de cada encontro será enviado diretamente aos inscritos.
 
25/04 - sexta - das 10h às 15h - Mediação: João Paulo Miranda Maria - Tema: Cinema de Autor
 
15/05 - quinta - das 19h às 22h - Mediação: Isadora Maria Torres - Tema: Percepções da Escuta
 
29/05 - quinta - das 19h às 22h - Mediação: Léo Bortolin - Tema: Arte sonora no cinema documentário
 
12/06 - quinta - das 19h às 22h - Mediação: Rogério Borges - Tema: Cinema e Território
 
03/07 - quinta - das 19h às 22h - Mediação: Ariadine Zampaulo - Tema: Cinema Negro
 
24/07 - quinta - das 19h às 22h - Mediação: Cláudia do Canto - Tema: Dispositivo e Montagem
 
● Cinema no Interior - Intercâmbios Formativos Sessões de curtas-metragens e rodas de conversa
 
24/05 | Sessão Marília - Local: Sala do Clube de Cinema de Marília Av. Sampaio Vidal, 245 - Entrada pelo Museu de Paleontologia
 
21/06 | São José do Rio Preto - Local: Teatro de Bolso da Casa de Cultura Dinorath do Valle Roberto Simonsen, nº 120, Chácara Municipal - São José do Rio Preto – SP
 
19/07 | Campinas - Local: Museu da Imagem e do Som de Campinas - Rua Regente Feijó, 859 - Centro, Campinas – SP - Gratuitos
 
● Janela Caipira - 10º FIIK - Festival Independente de Cinema dos Interiores Kino-Olho - De 6 a 9 de agosto de 2025 – inscrições e informações: https://forms.gle/qTFnAorp9ZTMzja96. Sessões gratuitas
 

Mais informações no site da Kino-Olho, em https://kinoolho.com.br
Redes sociais do Kino-Olho - Instagram https://www.instagram.com/kinoolho/ e Facebook em https://www.facebook.com/kinoolho


Foto extraída do Facebook do Coletivo Kino-Olho

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Nos cinemas - Estreia e pré-estreia


Missão: Impossível - O acerto final
 
Está em pré-estreia nos cinemas brasileiros, e em Catanduva também, o último capítulo da cinessérie ‘Missão: Impossível’, a eletrizante franquia de oito filmes com Tom Cruise inspirada no seriado homônimo dos anos 60 e 70, escrito por Bruce Geller. De 1996 a agora, foram oito filmes, quase todos sucesso de bilheteria e de crítica. ‘Missão: Impossível - O acerto final’, que estreia oficialmente nesta quinta-feira, dia 22, é a segunda parte do capítulo anterior, ‘Missão: Impossível - O acerto de contas – Parte 1’ (2023), que trazia o agente especial Ethan Hunt (Tom Cruise) e os membros da Força Missão Impossível (IMF) numa missão ultrassecreta e arriscada, de localizar uma chave disputada por grupos inimigos capaz de ativar uma arma desconhecida,
poderosíssima, que destruiria a humanidade. No filme anterior, havia poucas informações sobre essa chave e o que ela desativaria. Sabíamos que nesse capítulo seguinte as coisas seriam explicadas. E são - mas prestem atenção, pois são muitos nomes, detalhes, termos científicos do mundo da tecnologia e personagens de sobra. O agente Ethan Hunt e o IMF terão, agora, 72 horas para encerrar o plano aprovado pelo chefe deles, Sr. Kittridge. Com as duas partes da chave secreta em mão, Ethan Hunt terá de submergir a um submarino naufragado meses antes; num dos compartimentos do submarino está o código-fonte da ‘Entidade’, uma inteligência artificial que hackea sistemas do mundo todo, capaz de cometer ciberterrorismo contra os países detentores de ogivas nucleares, ou seja, poderia startar uma nova Guerra Mundial, mais perigosa e letal. Ao localizar o código-fonte chamado ‘Podkova’, o objetivo é inserir nele um pendrive com algoritmos danificados/infectados, para destruir essa inteligência artificial que adquiriu vida própria. Parece confuso, mas aos poucos o filme vai clareando, depois de muitos diálogos iniciais e explicações que remetem a outros filmes da franquia – saudosistas irão adorar ver trechos dos outros ‘MI’. As cenas de ação dão conta do recado, empolgam e justificam os 169 minutos de duração. É o mais longo e o mais caro da franquia – aliás, já é o filme mais caro da História, orçado em US$ 400 milhões. Espero que faça jus, pois é um baita filme, muito bem feito, com menos humor e menos ação, e mais drama, que põe fim à franquia. Teve a première mundial na semana passada no Festival de Cannes, onde recebeu calorosos aplausos. Duas cenas já entram para o rol das grandes sequências de adrenalina do cinema – a do submarino no Mar de Bering, sensacional e angustiante, com Tom Cruise preso nos mísseis em busca do Podkova, e uma de 15 minutos ininterruptos de caçada no ar entre dois bimotores, com Cruise e o vilão que já aparecia no anterior, Gabriel (Esai Morales), que não quer desativar a Entidade. As cenas no gelo com iglus em Svalbardn, numa Noruega a -40 graus, tem uma fotografia impressionante. Um filme sério, com desfecho que emociona, que trata de temas sérios como a nova geopolítica e a guerra informacional e de hackeamento de dados que se alastra pelo mundo. Há novos personagens, como Angela Bassett interpretando a presidenta norte-americana – ela já fez outros filmes e séries como a chefe do Executivo, há revelações e o retorno de personagens como Ving Rhames, Simon Pegg, Henry Czerny, Hayley Atwell e Pom Klementieff. Para ver no cinema. Não perca, pois é um dos grandes filmes do ano.
 




Karatê Kid: Lendas
 
O universo dos filmes de ‘Karatê Kid’ dos anos 80 se junta ao do seriado spin-off da Netflix ‘Cobra Kai’ (2018–2025) nesse novo filme, empolgante e nostálgico. Ele decorre 15 anos depois da nova versão de ‘Karatê Kid’ (2010) com Jackie Chan, que dava um recomeço para a franquia esquecida. Ao lado de Jackie Chan temos Ralph Macchio, aos 63 anos, em plena forma – ele, porém, aparece nos quarenta minutos finais, um pouco apagado. Em ‘Karatê Kid: Lendas’, um garoto promissor nas lutas marciais, de origem chinesa, Li Fong (Ben Wang), quer a todo custo participar de um torneio de karatê em Nova York. Na juventude, em Pequim, ele foi treinado pelo mestre Han (Jackie Chan), hoje aposentado. Para vencer a competição, logo após se mudar com a mãe para Nova York, pede ajuda ao velho treinador, e quem aparece junto é Daniel LaRusso (Ralph Macchio), proprietário de um dojo, uma academia de lutas marciais. Han e Daniel San irão auxiliar Li nos incansáveis treinos. Li também irá se apaixonar por uma menina que trabalha como atendente na pizzaria da família, Mia (Sadie Stanley), e descobre que um dos rivais das arenas de luta será Connor (Aramis Knight), um valentão que o agrediu na escola.
É divertido, tem bons momentos de luta e agradará os fãs da franquia, reunindo velhos personagens. Ator mirim do início dos anos 90, Joshua Jackson, de ‘Nós somos os campeões’ (1992) e depois rosto conhecido em filmes de terror teen como ‘Lenda urbana’ (1998), além de ser um dos personagens centrais da série de sucesso Dawson's Creek, interpreta o pai de Mia, dono da pizzaria - um papel super legal, de destaque. E no epílogo tem-se a grata surpresa, mas bem rápida, de vermos uma figura importante tanto dos antigos ‘Karate Kid’ quanto de ‘Cobra Kai’. E valem dois destaques – logo na abertura há cenas dos antigos filmes, com Ralph Macchio jovem, recapitulando os acontecimentos do passado, e uma homenagem a Pat Morita (1932-2005), o eterno Sr. Miyagi. É uma boa sessão da tarde, que vale conferir sem compromisso. 
Nos cinemas pela Sony Pictures.



segunda-feira, 19 de maio de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming – Parte 3

Animale
 
Terceiro longa-metragem da diretora francesa Emma Benestan, que, ao contrário das comédias dramáticas, resolveu investir em um curioso drama com toques de terror psicológico. E ainda carrega traços de body horror, subgênero do horror, com corpos em mutação ou transformações radicais. Na região rural de Camargue, no sul da França, lugar conhecido pelas touradas, uma jovem de 22 anos, Nejma (Oulaya Amamra), rompe a tradição e quer ser a primeira mulher a ganhar na competição anual da corrida de touros. Diferente da Espanha, em Camargue o animal não é agredido nem abatido. Notícias se espalham de que um touro selvagem está solto pelas matas, o que passa a amedrontar a pequena comunidade. Pessoas são encontradas mortas, aparentemente pelo animal, até que um dia ele ataca Nejma. Ferida, a jovem percebe estranhas reações no corpo e uma mudança drástica de comportamento. Nesse filme feminino tomado por um ar de estranheza, uma mulher desafia a tradição de um esporte secular, dominado por homens vaqueiros, é ameaçada tanto por eles quanto pelo animal em fúria que espalha o terror. Colocada contra a parede, ela não se intimida e luta contra as amarras sociais para ser aceita no mundo dos esportes e assim se sentir pertencida. O body horror não é evidente, a partir da metade do filme algo muda na trama, quando a jovem ferida começa a se transformar em um animal, com pelos grandes e instinto ameaçador. Tudo é subentendido, implícito, nada exposto – somente nos minutos finais uma cena simbólica assusta. Descendente de algerianos e marroquinos, a atriz Oulaya Amamra, irmã da diretora Houda Benyamina, com quem trabalhou no premiado drama ‘Divinas’ (2016), é a força-motriz desse provocativo filme. Não é fácil nem para todos os gostos, é uma obra peculiar, restrita. Filme de encerramento da Semana da Crítica do Festival de Cannes de 2024, foi exibido no Festival do Rio do ano passado e agora chega em cartaz aos cinemas brasileiros pela Pandora Filmes.
 

 
Caiam as rosas brancas!
 
Outro filme cult que estreia nos cinemas brasileiros. Com um título poético e explicado somente no desfecho, tem um tom surrealista, disruptivo na forma e na concepção dos personagens, e mistura elementos do onírico e do realismo. Coprodução Argentina, Brasil e Espanha, foi vendido como um ‘drama erótico’, dirigido por uma cineasta argentina, Albertina Carri, de ‘As filhas do fogo’ (2018). Na história, uma jovem diretora de cinema tenta seguir com um novo projeto pelo qual foi convidada, de fazer um filme erótico profissional. Seu trabalho anterior foi um pornô amador lésbico que teve certa repercussão. Tomada por conflitos, sem saber o rumo da produção, ela e o grupo de amigas que integram a equipe viajam de Buenos Aires para São Paulo, onde se isolam numa ilha cheia de segredos. A proposta da equipe é se reconectar com algo maior para adquirem uma nova visão de mundo. Gravado em São Paulo e Ilhabela, com equipe dos três países envolvidos, o filme estreou no Festival de Cinema de Roterdã desse ano, e afirmo que não é para todos; tem uma linguagem fora do padrão de cinema, é ousado e tem um desfecho simbólico. As personagens estão envoltas numa aura de mistério, uma mistura de realidade e sonho, em busca de reconexão/aceitação. As coisas não são tão claras, e o filme permite duplos sentidos. Eu gosto de cinema assim, achei um filme absurdamente diferente, mas reconheço que o grande público poderá se chatear. Participação da atriz argentina Laura Paredes, de ‘Argentina 1985’ (2022), da espanhola Luisa Gavasa, de ‘Maus hábitos’ (1983) e da atriz trans brasileira Renata Carvalho, de ‘Os primeiros soldados’ (2021). Nos cinemas pela Boulevard Filmes, em codistribuição com a Vitrine Filmes.
 

 
Ousar viver! - Histórias da Maria
 
Documentarista brasileiro premiado, Silvio Tendler, hoje aos 75 anos, continua produzindo filmes que redescobrem trajetórias de vida ofuscadas pelo tempo. No passado dirigiu uma dezena de longas, com destaque para ‘Os anos JK - Uma trajetória política’ (1981) e ‘Jango’ (1984), e de lá para cá fez mais de 50 trabalhos independentes, muitos deles bancados pela própria produtora, a Caliban. No ano passado dirigiu dois docs que tiveram tímida estreia nos cinemas, e depois foram parar no acervo do Sesc Digital, streaming do Sesc gratuito para o público: ‘Brizola – Anotações para uma História (2024) e ‘Ousar viver! - Histórias de Maria’ (2024). Este está disponível até amanhã, dia 20/05, no Sesc Digital, e narra as memórias e histórias de luta de Lúcia Maria Pimentel, conhecida por Maria Pimentel, militante que enfrentou a Ditadura Militar no Brasil. Atuante desde a juventude no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), viveu na clandestinidade e teve papel fundamental na luta democrática contra a opressão. Foi presa e exilada na Argélia e na Suíça. Depois de seis anos de exílio, voltou ao Brasil na metade dos anos 70 e se dedicou à justiça social, liderando movimentos sindicais e de mulheres. Feito com baixo orçamento, o documentário cruza as histórias de Maria e de outros cidadãos brasileiros que enfrentaram a ditadura e infelizmente pagaram caro por isso. Tendler já rodou outros documentários sobre a ditadura no Brasil, e este, apesar de ser pouco comentado e conhecido, está na lista de seus trabalhos mais enfáticos. Produzido pelo Instituto Angelim, está no Sesc Digital, em https://sesc.digital/colecao/cinema-em-casa-com-sesc
 


sábado, 17 de maio de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming – Parte 2

 
Criaturas da mente
 
Pernambucano de Recife, o cineasta Marcelo Gomes já levou seus filmes para o mundo, desde os curtas exibidos em festivais internacionais (‘Clandestina felicidade’, de 1998, é um dos que mais gosto) aos longas memoráveis, que trouxeram nova linguagem para o cinema brasileiro na pós-Retomada, como ‘Cinema, aspirinas e urubus’ (2005) e o meu preferido, dirigido ao lado de Karim Aïnouz, ‘Viajo porque preciso, volto porque te amo’ (2009) – depois Gomes fez uma coprodução Brasil/Portugal que reconta a vida de Tiradentes, ‘Joaquim’ (2017), o documentário ‘Estou me guardando para quando o carnaval chegar’ (2019), e dois dramas duplamente premiados, ‘Paloma’ (2022) e ‘Retrato de um certo oriente’ (2024). Seu novo projeto, tão pessoal quanto os anteriores, é o documentário que acaba de estrear nos cinemas brasileiros ‘Criaturas da mente’ (2024), um estudo sobre o poder da mente. O filme tem narração do próprio Marcelo e conduzido por um especialista no assunto, o neurocientista e escritor Sidarta Ribeiro. É um debate entre conhecimento científico versus saberes ancestrais dos povos originários e de culturas afrodescendentes em torno do inconsciente e dos sonhos. Sidarta viaja para regiões distintas do Brasil conversando com conhecedores do assunto, sobre os limites da mente – ele entrevista o líder indígena, ativista e escritor Ailton Krenak, a ialorixá e percussionista Mãe Beth de Oxum, o pesquisador Dráulio Barros de Araújo e outros. Enquanto as discussões acontecem, imagens de filmes de Marcelo Gomes, citados anteriormente, são postas na tela – e assim percebemos o alinhamento de sua obra com as questões da mente, de como o cineasta já se preocupava com a espiritualidade e a visão científica do inconsciente; seus personagens, percebam, sempre refletem sobre a existência, a espiritualidade etc.
Produção assinada por João Moreira Salles e Maria Carlota Bruno, da VideoFilmes, realizada em coprodução com Globo Filmes e GloboNews, em associação com a Carnaval Filmes. Teve a première nacional na abertura da 57ª edição do Festival de Brasília, em 2024, e está em cartaz nos cinemas com distribuição da Bretz Filmes. Um bom filme para debate.
 
 
Memórias de um esclerosado
 
Outro bom documentário em cartaz nos cinemas brasileiros, ‘Memórias de um esclerosado’, grande vencedor da 28ª edição do Cine PE, acompanha a reviravolta na vida do premiado cartunista Rafael Corrêa após o diagnóstico de esclerose múltipla, em 2010. Nascido no Rio Grande do Sul, com trajetória artística de quase 30 anos, com passagens por jornais como Folha de S.Paulo e Zero Hora, Corrêa, criador do personagem de tirinhas Artur, o arteiro, narra o filme como um livro aberto – ele conta, de forma íntima, sobre o antes e depois da esclerose, lembrando a juventude feliz ao lado de amigos e familiares, a carreira e a chegada da doença, trazendo arquivo de fotos e vídeos caseiros dele. O diagnóstico o deixou perplexo e mudaria sua rotina para sempre. A doença neurológica e autoimune afetou o lado esquerdo de Corrêa, incluindo a mão que desenhava, o que o fez treinar com a outra. Mais do que respostas, ele busca uma nova forma de lidar com sua arte, usando o cartum para desenhos autobiográficos de sua relação com a enfermidade. O filme traz um humor jocoso sobre suas limitações, e ele aqui, como narrador-personagem, cria uma figura mítica, um indivíduo fantasiado de sapo, que sempre o questiona e instiga – o animal é uma figura que o persegue desde criança, quando, sem motivos, matou um sapo esmagado. Produção gaúcha, dirigida por Thais Fernandes e pelo próprio Rafael, o filme demorou nove anos para ser feito, interrompido pela pandemia da covid. Além das premiações no Cine PE, o doc ganhou como melhor roteiro, montagem, desenho de som e trilha musical no 52º Festival de Cinema de Gramado.
Dramático, com visível senso de humor e incríveis transições entre imagens antigas, atuais e animações, é um filme curiosíssimo, a se descobrir. Produção da Vulcana Cinema e Cena Expandida, tem distribuição da Atelier W Produções Cinematográficas.


 
Lynch/Oz
 
Falecido em janeiro desse ano, David Lynch (1946-2025), cineasta americano criador de obras icônicas e complexas dos anos 80, 90 e 2000, como a série ‘Twin Peaks’ (1990-1991) e os filmes ‘O homem elefante’ (1980), ‘Veludo azul’ (1986) e ‘Cidade dos sonhos’ (2001), era fã número 1 do clássico ‘O mágico de Oz’ (1939). A tal ponto de extrair ideais do longa de Victor Fleming para compor o seu particular cinema, cultuado por gente no mundo todo. ‘O mágico de Oz’ sempre o perseguiu a ponto de tirar seu sono. Ao assistirmos esse estonteante documentário indie, ‘Lynch/Oz’ (2022), entendemos como se deu essa relação do diretor/roteirista com o imbatível clássico. Do primeiro curta-metragem que Lynch fez, ‘The alphabet’ (1969) até seus últimos trabalhos, no caso o curta ‘What did Jack do’ e a continuação de ‘Twin Peaks’, o seriado ‘Twin Peaks – O retorno’, ambos feitos em 2017, há algo escondido de Oz ali. O doc, exibido nos festivais de Tribeca e Londres, é dividido em seis capítulos, em que cineastas (como John Waters e Karyn Kusama) e pesquisadores estudam as diversas camadas dos trabalhos de Lynch para traçar um paralelo com a concepção visual, a trama e os personagens de ‘Oz’. Das cores fortes, aos protagonistas perdidos em mundo estranho, os vilões excêntricos, a eterna melancolia, tudo em Lynch nos transporta para a terra de magia de Oz. Além dos mencionados filmes dele, outros como ‘Eraserhead’ (1977), ‘Duna’ (1984), ‘Coração selvagem’ (1990), ‘Estrada perdida’ (1997) e ‘Império dos sonhos’ (2006) possuem analogias àquela obra-prima dos anos 30, seja no sapato vermelho de personagens parecidas como Dorothy, antagonistas caricatos como a Bruxa Má do Oeste, as rodovias como a estrada de tijolos amarelos. ‘Lynch/Oz’ é imperdível, garanto. Escrito e dirigido pelo documentarista Alexandre O. Philippe, que realizou outro filme impressionante de bastidor, ‘78/52: A cena do chuveiro de Hitchcock’ (2017), em que analisa criteriosamente uma das cenas mais famosas do cinema, a do chuveiro de ‘Psicose’ (1960), que mudaria a forma de escrever histórias em Hollywood. Disponível gratuitamente na plataforma Sesc Digital até o dia 19/05.


sexta-feira, 16 de maio de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 1


Adeus, garoto
 
Em sua estreia como diretor, o italiano Edgardo Pistone demonstra versatilidade e talento em ‘Adeus, garoto’, que tem traços da Nouvelle Vague, incluindo uma preto-e-branco visceral. Vencedor do prêmio de melhor Primeiro Filme no Festival de Roma e indicado em duas categorias no David di Donatello, o ‘Oscar italiano’, o longa-metragem é em torno de uma figura central dúbia, um garoto de 19 anos, Attilio, que reside em um bairro operário de Nápoles. Ele está em fase de amadurecimento, portanto com hormônios e comportamentos em transformação. É verão, ele se apaixona por uma prostituta, com quem tem uma relação de trabalho, e terá de lidar com uma nova questão - o pai sai da cadeia, precisa resolver dívidas do passado, e pede apoio do garoto. Attilio é pressionado a ficar ao seu lado, o que poderá distancia-lo da mulher de seus sonhos. Com traços de melodrama, o filme tem composições preciosas de enquadramento, ângulos, uma fotografia de maravilhar, numa história de pai e filho marcada por pressões, medos e sonhos apagados. O diretor é napolitano, nascido no bairro onde se passa o filme, Rione Traiano, na periferia oeste da cidade; em entrevista comentou que há doses autobiográficas em seu longa, onde pôde trazer memórias de lugares e pessoas com quem cruzou na infância e juventude. Melancólico, tristonho, com um humor peculiar, é um filme de arte afinado. Recebeu prêmio no Festival de Cinema Noites Negras de Tallinn, na Estônia, e teve a primeira exibição aqui na edição de 2024 do Festival de Cinema Italiano no Brasil. Está nos cinemas brasileiros pela Pandora Filmes.
 

 
Do Sul, a vingança
 
Estreou ontem em algumas salas de cinema do Brasil esse filme vendido como ‘o primeiro filme produzido 100% no Mato Grosso do Sul’, uma fita independente desfuncional, com uma linguagem ambígua e um humor estranho, que não me pegou... Orçado em apenas R$ 397 mil, a produção ganhou prêmio no Los Angeles Film Awards 2025 (LAFA) na categoria de melhor longa indie e selecionado ao World Film Festival, em Cannes. Há poucos personagens, que se digladiam numa trama cada vez mais mortal. Um escritor vai atrás de materiais para um livro chegando até a fronteira entre Mato Grosso do Sul, Paraguai e Bolívia, região de disputa de terras e com o crime organizado correndo solto. A cada passo dado, uma pessoa diferente entra em cena, e nunca sabemos se aquilo é real ou imaginação – o escritor está num cabaré, depois frente a frente com um matador, é perseguido por criminosos e assim a história segue num ambiente que lembra o Velho Oeste. Acho um filme caótico, de ação com humor desengonçado, que explica pouco e não se sustenta. Tem direção de Fábio Flecha, que assina o roteiro com Edson Pipoca, e produção da Render Brasil. Está nos cinemas pela Kolbe Arte. No elenco, nomes conhecidos, como Espedito Di Montebranco, Bruno Moser e participação especial de David Cardoso como um coronel.



quarta-feira, 14 de maio de 2025

Resenhas especiais


Dica de filmes no streaming


Meu nome é Dolemite
 
Funcionário de uma loja de discos, Rudy Ray Moore (Eddie Murphy) torna-se cantor, compositor e humorista stand up, até virar um fenômeno no cinema alternativo com o filme ‘Dolemite’ (1975), um marco do movimento Blaxploitation.
 
Filme biográfico que relembra a trajetória do hoje esquecido Rudy Ray Moore (1927-2008), ator, comediante, compositor, conhecido como ‘Padrinho do rap’, que participou de um ciclo de filmes no auge do movimento Blaxploitation que se tornaram populares – a Blaxploitation serviu como trampolim para atores e atrizes pretos e pretas conseguirem espaço na indústria de cinema de Hollywood, com protagonismo, em pleno desdobramento da Black Power e das manifestações em prol dos direitos civis, entre o final dos anos 60 e todo o decorrer dos anos 70. Não só atores e atrizes, mas produtores, roteiristas, diretores e equipe técnica composta por pessoas pretas tiveram liberdade de trabalho no cinema nesse período. Eddie Murphy brilha no papel do desbocado Rudy Ray Moore, desde seu começo de carreira numa loja de discos, passando pela gravadora do mesmo grupo; depois lançaria álbuns, virou comediante stand up e iniciou-se como ator – seu primeiro sucesso foi a comédia policial ‘Dolemite’, no papel central, de um cafetão que sai da cadeia com o objetivo de se vingar dos bandidos e policiais que o incriminaram indevidamente. Depois vieram mais dois exemplares da Blaxploitation, ousados, infames e cultuadíssimos, a continuação de ‘Dolemite’ (1975), ‘O tornado humano’ (1976), e o terror com comédia macabra e nonsense ‘O genro do diabo’ (1977).



Não só Eddie é um estouro, mas todo o elenco, com destaque para Wesley Snipes como o diretor por trás de ‘Dolemite’, D'Urville Martin (1939-1984) – na época defendi que ele deveria ter sido indicado ao Oscar de melhor coadjuvante. Em 2020, pelo papel, Murphy concorreu aos principais prêmios daquele ano, como Critics Choice e Globo de Ouro. ‘Meu nome é Dolemite’ foi exibido no Festival de Toronto e tem como roteirista a dupla de ‘O povo contra Larry Flint’ (1996), Scott Alexander e Larry Karaszewski. Quem dirige é Craig Brewer, de ‘Ritmo de um sonho’ (2005). Produção da Netflix, disponível no catálogo da plataforma.
 
Meu nome é Dolemite (Dolemite is my name). EUA, 2019, 118 minutos. Comédia/Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Craig Brewer. Distribuição: Netflix
 

Missão: Impossível – Acerto de contas – Parte 1
 
O agente especial Ethan Hunt (Tom Cruise) e os membros da Força Missão Impossível (IMF) assumem a tarefa mais arriscada de suas carreiras: localizar Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), ex-agente de inteligência da MI6 que atuou como uma assassina disfarçada para o Sindicato, uma organização terrorista, que está em um cativeiro no deserto árabe. Ela foi sequestrada por saber onde está localizada uma chave disputada por grupos inimigos, que ativa uma arma poderosíssima capaz de destruir a humanidade.
 
A franquia de cinema ‘Missão: Impossível’, adaptada da série homônima de sucesso escrita por Bruce Geller, entre os anos 60 e 70, está prestes a completar 30 anos. O primeiro capítulo veio em 1996, e nessa trajetória de sete filmes, as produções foram melhorando, ficando mais madura, intensa e complexa. O sétimo e último capítulo foi dividido em duas partes, ‘Missão: Impossível – Acerto de contas – Parte 1’ (2023), que fez boa carreira nos cinemas e acaba de entrar no catálogo da Paramount Plus, e ‘Missão: Impossível – O acerto final’ (2025), que estreia nos cinemas mundiais na próxima semana. A parte um de ‘O acerto de contas’ é o mais caro, mais longo (164 minutos), com mais personagens e vilões e mais efeitos visuais, que são realmente deslumbrantes, de tirar o fôlego. A complicada trama de espionagem leva o agente especial Ethan Hunt, sempre feito por Tom Cruise, ao resgate de Ilsa (a competente atriz sueca Rebecca Ferguson, sósia de Ingrid Bergman), sua ex-parceira de trabalho, a agente da Inteligência Britânica que atuava infiltrada na organização criminosa ‘Sindicato’. Ela sabe onde encontrar uma misteriosa chave que ativa algo secreto e desconhecido, uma arma ultrapotente. Ethan e seus parceiros da IMF se juntam para capturar Ilsa, sequestrada no deserto árabe, e seguir com a missão. No caminho serão vigiados insistentemente. As cenas de ação são as melhores possíveis: na abertura há uma caçada na tempestade de areia no deserto do Iêmen, em seguida uma longa busca por bandidos disfarçados num shopping mall espelhado até culminar num desfecho estrondoso, um desastre de trem que nunca vi igual, em que Ethan fica pendurado num vagão prestes a cair num desfiladeiro. Rodado na Noruega, Itália e Reino Unido, o filme traz um Tom Cruise que não perde o pique - aos 61 anos, envelhecido como um bom vinho, ele dispensa dublês e se arrisca nas sequências de carros em alta velocidade, saltos da moto e pulos de avião.





O carismático time da IMF, composto por Luther (Ving Rhames) e Benji (Simon Pegg), é um acerto de química, e coadjuvantes ajudam a intensificar o suspense da trama, como o retorno da personagem Viúva Branca (a indicada ao Oscar Vanessa Kirby). Orçado em US$ 291 milhões, é o que menos rendeu dos três últimos, mas nada de dar prejuízo, com US$ 571 milhões. Christopher McQuarrie, roteirista vencedor do Oscar por ‘Os suspeitos’ (1995), volta a dirigir com brilhantismo – ele fez os dois anteriores, ‘Missão Impossível: Nação secreta’ (2015) e ‘Missão Impossível: Efeito Fallout’ (2018), e assina a parte final, que estreia no dia 22/05. Indicado ao Oscar de melhor efeitos visuais e melhor som, o filme, um dos melhores da cinessérie, está disponível no streaming da Paramount Plus.
 
Missão: Impossível – Acerto de contas – Parte 1 (Mission: Impossible - Dead reckoning part one). EUA, 2023, 164 min. Ação. Colorido. Dirigido por Christopher McQuarrie. Distribuição: Paramount Pictures

terça-feira, 13 de maio de 2025

Especial de cinema

 
Festival In-Edit Brasil anuncia programação nacional da edição 2025
 
O ‘In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical’ promove esse ano sua 17ª edição, de 11 a 22 de junho, em São Paulo. No último final de semana, foi divulgada a programação de filmes nacionais, com curtas e longas-metragens; será divulgada em breve a programação internacional, além da que ficará nas plataformas de streaming e as salas de cinema participantes - no ano passado, 10 salas da capital paulista receberam o festival, como CineSesc, Cine Bijou, SPcine Olido e Cinemateca Brasileira. O ‘In-Edit’ inclui ainda shows, exposições, feira de vinil e livros, encontros e bate-papos com convidados especiais. O festival tem programação gratuita e conta com patrocínios como Itaú, Prefeitura de São Paulo, SPcine, Colombo Agroindústria e Caravelas, e parceria com dezenas de institutos culturais, como Goethe Institut e Cinemateca Brasileira. É uma realização do Ministério da Cultura, In Brasil Cultural, Sesc e Governo do Estado de São Paulo. Paralelamente ocorrem edições do In-Edit em cinco países - Espanha, Chile, Países Baixos, Grécia e México. Conheça mais sobre o Festival In-Edit Brasil no instagram https://www.instagram.com/ineditbrasil/ e no site oficial https://br.in-edit.org
 


Programação nacional de 2025
 
O ‘In-Edit Brasil’ traz o Panorama Brasileiro, reunido nas seções Competição Nacional, Mostra Brasil, Brasil.Doc, Curta um Som e Sessões Especiais, apresentando estreias nacionais e produções inéditas dedicadas a personalidades e cenas da música brasileira. Neste ano, destacam-se premières nacionais de docs sobre o cantor Cazuza, a sambista e militante Leci Brandão, o músico e maestro Letieres Leite (idealizador das orquestras Rumpilezz e Rumpelezzinho), o cantor e compositor Azulão, idealizador das festas populares de Caruaru, além de longas sobre Hyldon, Maria Alcina, Toquinho, Dino Franco e da banda gaúcha Cachorro Grande. Haverá títulos sobre cenas musicais marcantes do Brasil, como o hardcore brasileiro dos anos 90, o rock feito em Goiânia, o Afro-Samba e a soul music. O filme de abertura do ‘In-Edit 2025’ será “Anos 90 - A Explosão do Pagode” (2025), dirigido por Emílio Domingos e Rafael Boucinha – sessão dia 11 de junho, às 20h, no Cinesesc. O festival traz também sessões especiais de dois clássicos, “A Noite do Espantalho’ (1974), dirigido pelo cantor, compositor e ator Sérgio Ricardo, e “O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas” (2000), de Marcelo Luna e Paulo Caldas, que completa 25 anos. Confira abaixo a lista completa dos títulos do ‘In-Edit Brasil 2025’.
 

 
In-Edit Brasil 2025 – Panorama Brasileiro
 
COMPETIÇÃO NACIONAL
 
A Última Banda de Rock
Lírio Ferreira | Brasil | 2024 | 120’
 
Alma Negra, do Quilombo ao Baile
Flavio Frederico | Brasil | 2024 | 107’
 
Amor e Morte em Julio Reny
Fabrício Cantanhede | Brasil – RS | 2025 | 93’
 
As Dores do Mundo: Hyldon
Emílio Domingos e Felipe David Rodrigues | Brasil | 2025 | 90’
 
As Travessias de Letieres Leite
Iris de Oliveira e Day Sena | Brasil | 2025 | 90’
 
Ave Sangria, a Banda que Não Acabou
João Cintra, Mônica Lapa | Brasil | 2025 | 77’
 
Brasiliana – O Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo
Joel Zito Araújo | Brasil | 2024 | 83′ 
 
Cazuza: Boas Novas
Nilo Romero, Roberto Moret | Brasil | 2025 | 91’
 
Os Afro-Sambas: O Brasil de Baden e Vinicius
Emílio Domingos | Brasil | 2024 | 93’
 
Sem Vergonha
Rafael Saar | Brasil | 2024 | 79’
 

 
MOSTRA BRASIL
 
Aldo Bueno: O Eterno Amanhecer
Adriano De Luca | Brasil | 2024 | 86’
 
Goiânia Rock City
Théo Farah | Brasil | 2025 | 102’
 
Hardcore 90
Marcelo Fonseca, George Ferreira | Brasil | 2025 | 91’
 
Jackson – Na Batida Do Pandeiro
Marcus Vilar, Cacá Teixeira | Brasil | 2024 | 97’
 
Leci
Anderson Lima | Brasil | 2025 | 70’
 
Mestras
Roberta Carvalho, Aíla | Brasil | 2024 | 52’
 
O Ano em que o Frevo Não Foi Pra Rua
Bruno Mazzoco, Mariana Soares | Brasil | 2024 | 71’
 
Passarô
Taciano Valério | Brasil | 2024 | 72’
 
Toquinho Maravilhoso
Alejandro Berger Parrado | Brasil/Uruguai | 2024 | 72’
 
WR Discos – Uma Invenção Musical
Nuno Penna, Maira Cristina | Brasil | 2024 | 78’
 
 
BRASIL.DOC
 
Baile Soul
Cavi Borges | Brasil | 2024 | 75’
 
Concerto de Quintal
Juraci Júnior | Brasil | 2025 | 80’
 
Dino Franco, a Raiz do Sertanejo
João Francisco Cunha | Brasil | 2025 | 98’
 
Essência Interior (Júpiter – Gross – Cascaes) – 1996 – 1999
Roberto Panarotto | Brasil | 2025 | 71’
 
O Clube da Guitarrada
Tania Menezes | Brasil | 2024 | 57’
 
Regional Beat: Uma Antena Parabólica Fincada na Terra Vermelha
Matuto S.A | Brasil | 2024 | 63’
 
Veraneio: Uma Antologia Negra
Nalu Silva | Brasil | 2024 | 59’
 
 
CURTAS
 
Antonio e Manoel
Zeca Ferreira | Brasil | 2024 | 15’
 
Black House: Jazz é o Corre
Amilcar Neto | Brasil | 2025 | 20’
 
Discoterra
Gustavo Aquino dos Reis, Daniel Wierman e Arnaldo Robles | Brasil | 2025 | 30’
 
Jamming – O Ano em que Junior Marvin Morou em Goiânia
Danilo Camilo | Brasil | 2024 | 26’
 
Jingles Como Política Afetiva
Kjetil Klette Bøhler | Brasil/Noruega | 2024 | 33’
 
Lá no Alto
Juliana Lima | Brasil | 2025 | 16’
 
Notas da Tradição: Pífanos de Ribeira do Amparo
Michele Menezes | Brasil | 2024 | 11’
 
Pagode do Didi, Nosso Ponto de Encontro
Maysa Carolino | Brasil | 2024 | 24’
 
Spectros: Algum Nome, Nenhum Rosto
Ciro Lubliner | Brasil | 2025 | 15’
 
Vamembolá
Lucila Meirelles, Cid Campos | Brasil | 2024 | 27′
 
Vollúpya
Érica Sarmet, Jocimar Dias Jr. | Brasil – | 2024 | 21’
 
Volta Seca a Favor do Vento – Cantigas De Lampião
Marlon Delano | Brasil | 2024 | 16’
 
 
SESSÕES ESPECIAIS
 
A Noite do Espantalho
Sérgio Ricardo | Brasil | 1974 | 94’ | Ficção
 
O Rap Do Pequeno Príncipe Contra As Almas Sebosas
Marcelo Luna, Paulo Caldas | Brasil | 2000 | 75’
 

domingo, 11 de maio de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 1


Lispectorante
 
A atriz Marcélia Cartaxo retorna ao mundo de Clarice Lispector quatro décadas depois de sua consagração com ‘A hora da estrela’ (1985), filme que deu a ela o prêmio de atriz no Festival de Berlim. Ela interpreta uma artista plástica que volta a Recife, sua terra natal, após turbulências pessoais. Num passeio pela cidade, para em frente à casa onde morou Clarice, e uma fenda na estrutura do prédio a transporta para um mundo todo modificado, onde cruzará com personagens que mudarão sua vida. É uma comédia dramática agradável, com realismo mágico e uma interpretação fabulosa de Marcélia, num filme que fala de memória, recomeços e que presta uma singela homenagem a uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos. Tem participação de Grace Passô. Exibido no Festival do Rio, onde assisti no ano passado, e na Mostra Intl. Cinema de São Paulo, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros, com distribuição da Embaúba Filmes.
 


 
Santino
 
Em 2023, o documentarista mineiro Cao Guimaraes lançou dois filmes, ‘Amizade’, exibido nos cinemas esse ano, e ‘Santino’, que está disponível no Sesc Digital até dia 13 de maio, de forma gratuita. Nesse doc de 88 minutos, ele registra os momentos íntimos e de trabalho de um homem simples chamado Santino, que vive com a família num casebre na bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais. Ele é um veredeiro, cultiva uma pequena propriedade de terra e também abre covas no minúsculo cemitério local. Intelectual, discorre sobre vários assuntos, é um conhecedor das propriedades das plantas e das tradições orais. Também é um defensor das nascentes e matas. Cao Guimaraes, interferindo pouco nas cenas, deixa o entrevistado contar passagens curiosas e causos, nos brindando com o conhecimento de Santino. Faz um filme digno sobre um homem do campo e sua luta diária – a paisagem desse interior de MG é uma pintura, inspirou o escritor Guimarães Rosa em seus livros. Vale conhecer.
 


 
Hachiko - Para sempre
 
Terceira versão para cinema de um caso real japonês que faz parte da cultura do país, a dramática e emocionante trajetória de um cão leal, da raça Akita, que esperou pelo retorno de seu dono por quase dez anos, em frente a uma estação de trem, mesmo após a morte dele. O homem era um professor da Universidade de Tóquio, Hidesaburo Ueno, que sempre caminhava com seu cão, juntos iam até a estação, e ao embarcar, o cão ficava na praça, a sua espera no fim do dia. Ueno morreu em 1925 e todos os dias, até 1935, Hachiko ficava prostrado perto dos vagões de trem aguardando o dono. O caso se tornou célebre no Japão, a morte de Hachiko naquele ano de 1935 causou comoção e até foi dia de luto oficial no país. A trajetória de Ueno e Hachiko virou livros, séries, filmes, algo intrínseco na cultura japonesa. Anteriormente houve o longa-metragem feito no Japão ‘A História de Hachiko’ (1987), depois a coprodução Estados Unidos/Reino Unido com Richard Gere, ‘Sempre ao seu lado’ (2009), de Lasse Hallström, e agora essa chinesa de 2023, que não fica para trás. Todas as versões são bonitas, bem realizadas, e essa feita na China é um primor de fotografia, diálogos, roteiro. A relação do professor com o cão é de uma delicadeza sem tamanho, o que brilha os olhos e nos emociona, sem contar o triste desfecho – que atua no filme são os veteranos Xiaogang Feng, que também é diretor e roteirista, e a premiada atriz Joan Chen, que atuou em muitos filmes nos Estados Unidos, como ‘O último imperador’ (1987). Aficionados por cachorros irão se entregar a esse drama contundente. Lançado na China em 2023, veio para os cinemas brasileiros pela Paris Filmes em julho de 2024 e agora foi distribuído pela A2 Filmes nas plataformas para aluguel, como Youtube Filmes e Apple TV. Gostei e recomendo.



Estreias da semana - Nos cinemas e no streaming - Parte 2

  Na teia da aranha   Exibido no Festival de Cannes (fora da competição) e depois no Festival do Rio, chega agora aos cinemas brasileiros pe...