Os bons filmes da 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Parte 2
Névoa prateada (Holanda e Reino Unido, 2023, de Sacha
Polak)
Coprodução Holanda e Reino
Unido, esse contundente e dramático filme independente conta a história de uma
jovem enfermeira que busca se vingar dos culpados pelo acidente que deixou seu
corpo com graves queimaduras. Enquanto revê o passado, apaixona-se por uma
paciente do hospital onde trabalha, e juntas fogem para uma cidadezinha do
litoral. A ótima atriz Vicky Knight, que de verdade teve 40% do corpo queimado
por causa de um incidente, ganhou o prêmio de júri no Teddy, em Berlim, e lá o
filme concorreu ao Panorama. A diretora iniciante Sacha Polak conduz o elenco
de maneira formidável e dá uma aula na condução da história e na fotografia. Exibição
presencial ainda nos dias 26 e 30/10.
Sonhando e morrendo (Singapura/Indonésia, 2022, de Nelson
Yeo)
Nesse curtinho filme de
Singapura, três velhos amigos, hoje de meia-idade, reencontram-se depois de
muitos anos. Discutem o passado e expõe sentimentos profundamente guardados. Simples
nos diálogos e nas técnicas de filmagem, é um drama com humor leve e momentos
mágicos, como a conversa com o peixe, que trata de amizade e reencontros da vida.
Há apenas três pessoas em cena – dois atores e uma atriz, todos bem dirigidos.
Exibido no Festival de Locarno. Exibição presencial ainda nos dias 26 e 28/10.
The Royal hotel (Austrália/Reino Unido, 2023, de Kitty
Green)
Julia Garner, da série
Ozark, é o grande chamariz desse filme independente vendido como drama de
suspense, que tem um bom desenrolar e momentos tensos. Ela é uma jovem mochileira
que vai com uma amiga para a Austrália. Quando o dinheiro acaba, vão trabalhar temporariamente
num pub sem muitos atrativos, frequentado por homens misóginos e beberrões em
busca de farra e briga. Quem toma conta do local é o personagem interpretado
por Hugo Weaving. Até que as duas passam a ser ameaçadas e sofrem abusos psicológicos.
Misturando drama, humor sarcástico com muitas tiradas e suspense com direito a
cenas de violência, é um dos destaques da Mostra de 2023. Exibido nos festivais
de Londres e Toronto. Exibição presencial ainda no dia 27/10.
Atrás das montanhas (Tunísia/Bélgica/França/Itália/Arábia
Saudita/Catar, 2023, de Mohamed Ben Attia)
Vários filmes do diretor
tunisiano Mohamed Ben Attia já passaram em edições da Mostra, como ‘A amante’ (2016)
e ‘Meu querido filho’ (2018), e na programação de 2023 trouxeram um de seus
melhores filmes, ‘Atrás das montanhas’, que passou na seção Horizons do
Festival de Veneza. O ator Majd Mastoura, que costuma trabalhar com Attia,
interpreta um ex-presidiário que sequestra o filho e o leva para as montanhas. O
objetivo é mostrar para o menino que ele sabe voar. Há algo mágico no cinema de
Attia, e mais uma vez, e com mais emoção e ternura, ele constrói suas histórias
inspiradoras. Assim como em ‘Meu querido filho’, o foco é na relação de pai e
filho. Exibição presencial ainda nos dias 27 e 31/10 e 01/11.
O castelo (Argentina/França, 2023, de Martín
Benchimol)
Gostei demais do filme,
um genuíno docudrama argentino rodado nos pampas, todo dentro de um pequeno
castelo. Lá vive uma mulher e sua filha. A mulher era governanta do local, e
depois da morte do patrão, herdou o castelo e as terras no entorno. E o filme
acompanha o dia a dia dessas duas mulheres, e de como se constrói a relação
entre elas. As personagens são cativantes, mesmo com seus gênios fortes. Passou
na seção Panorama do Festival de Berlim e ganhou prêmio especial no Festival de
San Sebastian. Exibição presencial ainda nos dias 27, 29 e 31/10.
Ousamos sonhar (Reino Unido, 2023, de Waad al-Kateab)
Documentário emocionante
da diretora e produtora síria Waad al-Kateab, indicada ao Oscar pelo belíssimo
doc ‘For Sama’ (2020). Ela resgata a história de atletas refugiados do Irã, da
Síria, do Sudão do Sul e de Camarões, e mostra as dificuldades deles e delas
para seguir no esporte, um mundo competitivo e de chances limitadas. Há entrevistas
brilhantes, bonitas histórias pessoais dos atletas e cenas de preparação deles
para as Olimpíadas de Tóquio, em 2021, quando o filme começou a ser gravado.
Exibido no Festival de Tribeca, pode ser assistido gratuitamente na plataforma Sesc
Digital. Terá mais uma sessão presencial na Mostra, no dia 26/10.
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