Resenha do filme "Quem matou Rosemary?" (1981), escrita especialmente para o livro "Slashers - 11 filmes essenciais da coleção", lançado pela Versátil Home Video em novembro de 2022. Livro disponível para venda no site da Versátil, em https://www.versatilhv.com.br/produto/livro-slashers-onze-filmes-essenciais-da-colecao/5393997
É noite de formatura na
escola feminina de Avalon Bay, em New Jersey. A festa é minuciosamente preparada
pela comunidade, para receber formandos, familiares, professores e amigos. No
mesmo local, há 35 anos, uma garota chamada Rosemary e seu namorado foram
brutalmente assassinados. O assassino fugiu, o crime nunca foi resolvido, e
aquele fato marcou a memória das pessoas. À medida que a formatura se aproxima,
o psicopata de décadas atrás volta a atacar os jovens em uma noite de medo e
tensão.
Essa é a trama central
de “Quem matou Rosemary?”, um slasher icônico do início dos anos 80 e um dos
mais violentos já produzidos no cinema americano. O filme foi lançado
exatamente no ano de ouro do cinema slasher, 1981, um período em que os fãs de
terror deliraram com os melhores exemplares desse subgênero. São fitas a perder
de vista produzidas em 1981: “Sexta-feira 13 - Parte 2” (de Steve Miner),
“Chamas da morte” (de Tony Maylam – também conhecido como “A vingança de Cropsy”),
“Feliz aniversário para mim” (de J. Lee Thompson), “Halloween II – O pesadelo
continua!” (de Rick
Rosenthal), “Noite infernal” (de Tom DeSimone), “Aniversário sangrento” (de Ed
Hunt), “A hora das sombras” (de Jimmy Huston), “Pouco antes do amanhecer” (de Jeff
Lieberman), “Escola noturna” (de Ken Hughes), “Olhos assassinos” (de Ken
Wiederhorn) e o the best one, “Dia dos Namorados macabro” (de George
Mihalka). Cada um com suas qualidades e diferenças, há slasher com serial
killer mascarado, outros com pessoas deformadas em busca de vingança etc.
“Quem matou Rosemary?” abre
com duas cenas distintas em preto-e-branco, mas que dialogam: a primeira, de um
antigo cinejornal, sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, com soldados
combatentes retornando da Europa em navios lotados - e em breve se encontrarão
com suas famílias. Na sequência, aparece uma carta romântica escrita por
Rosemary. O ano é 1945, e em Avalon Bay haverá uma badalada festa de formatura
onde parte dos soldados festejarão com seus grupos. Rosemary também está lá,
com um namoradinho em um gazebo. Sozinhos, conversam até que alguém se
aproxima. A câmera capta pormenores do desconhecido, em que se vê botas e uma
farda camuflada do exército. Quando Rosemary abraça seu affair, uma forquilha
pontiaguda atravessa o corpo dos dois, e o sangue escorre veloz. O assassino
estica uma rosa e a deposita na mão de Rosemary. O tempo passa, e estamos em
1980, na mesma Avalon Bay, onde haverá outra festa de formatura. O assassino fardado
e mascarado pega uma faca de caça, coloca na bainha e junta a forquilha para
novos assassinatos. Quem é ele e por que está cometendo os crimes?
Ao longo do filme juntamos
pistas para descobrir a identidade do sádico serial killer que mata com fúria, sem
pestanejar, no melhor estilo “Whodunit” (“Quem fez isso”, “Quem matou”). O
rosto dele só será revelado na cena final (inclusive uma cena bem forte). Até
lá uma série de mortes violentas será cometida. O gore corre solto, com
momentos notórios – a sequência do banho, por exemplo, ficou famosa, é assustadora
e traz todo um clima de tensão.
Por falar em gore e
cenas sanguinárias, elas são convincentes, dado o grau de realismo da maquiagem
e dos efeitos, assinados por Tom Savini, mestre no assunto desde os anos 70 – Savini,
que trabalhou como ator em “Um drink no inferno” (1996), fez a maquiagem de “Despertar
dos mortos” (1978) e de outros slashers como “Sexta-feira 13” (1980), “O
maníaco” (1980) e “Noite de pânico” (1982).
A direção conduzida por Joseph
Zito, diretor de “Sexta-feira 13 – Parte 4: O capítulo final” (1984) e de “Braddock:
O supercomando” (1984), é de um tom sombrio e de angústia, ele investe pouco no
humor, foca no suspense e até no terror psicológico, para que o público possa entrar
na mente do assassino, ver o lado doentio dele e “entender” as razões do
assassinato. Zito também assina como produtor, ao lado de David Streit,
produtor executivo de “A experiência” (1995).
O elenco reúne atores
novatos da época, como Vicky Dawson, de “A cara do pai” (1981), Christopher
Goutman e Cindy Weintraub, e participação de dois veteranos (o cinema slasher
costumava convidar atores e atrizes de peso para puxar público além dos
jovens), Farley Granger – que esteve em dois filmaços de Alfred Hitchcock, “Festim
diabólico” (1948) e “Pacto sinistro” (1951), e Lawrence Tierney, de “Nascido
para matar” (1947) e “Cães de aluguel” (1992).
Até pouco tempo atrás a
única cópia disponível de “Quem matou Rosemary?” no Brasil era da própria
Universal Pictures, com metragem menor que a exibida nos cinemas da época (a metragem
desse DVD era de 84 minutos, editada devido à violência). Em 2019, a Versátil distribuiu
o filme na versão original de cinema, sem cortes e restaurada, igual à lançada
nos Estados Unidos (de 89 minutos), dentro do box “Slashers vol. VI - uma caixa
em edição limitada com quatro cards e duas horas de extras, onde acompanham
também os filmes “Sombra no escuro” (1979, de Denny Harris), “Prefácio da
morte” (1989, de Tibor Takács) e “Popcorn – O pesadelo está de volta” (1991, de
Mark Herrier).
Sou fã do cinema slasher
desde pequeno, e não posso deixar de recomendar “Quem matou Rosemary?”, um dos
melhores do gênero. Um filme de terror bem escrito e assustador, que faz o sangue
escorrer pela tela da TV!
Capa, sumário e texto de "Quem matou Rosemary?" no livro da Versátil
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