A lenda de Candyman
Anthony McCoy (Yahya
Abdul-Mateen II) é um reconhecido artista visual que se muda com a namorada para
a região de Cabini Green. Três décadas atrás, o lugar foi assombrado pelo
espírito de Candyman, um escravo torturado que aparecia para matar aqueles que
pronunciassem seu nome cinco vezes. Hoje Cabini Green é um bairro periférico de
Chicago que passou pelo processo de gentrificação, recém-habitado por cidadãos
de alta classe. McCoy está se acostumando ao novo lugar, até que Candyman
retorna para um encontro derradeiro com o artista.
Uma das melhores
revisões de filme de terror dos últimos anos, “A lenda de Candyman” (2021) se
encaixa tanto como uma continuação quanto um remake do original, “O mistério de
Candyman” (1992), que me assombrou muito quando pequeno. Agora a jovem diretora
Nia DaCosta, que fez antes o drama/policial “Passando dos limites” (2018, com
Tessa Thompson e Lily James), dá um novo tom e novas críticas sociais para
contar a história de um artista visual que nasceu pobre e ficou rico e vai
morar numa região gentrificada de Chicago, palco dos assassinatos pelo espírito
de Candyman tempos atrás, um escravo com um gancho na mão. O ator Yahya
Abdul-Mateen II, de “Aquaman” (2018) e “Nós” (2019), acerta em cheio com sua
interpretação dupla do protagonista, que vai enlouquecendo ao longo da
história, enquanto uma série de crimes brutais ocorre.
O visual do filme (um
terror psicológico com forte crítica social) incomoda com suas cores fortes
(ótima fotografia de John Guleserian, de “Questão de tempo”, aliada a uma boa
direção de arte – destaque para a cena da galeria toda neon, com banhos de
sangue), e há uma série de enquadramentos diferenciados, com inversão de
imagem, plongée, jogo de espelho etc
É terror, mas é acima de
tudo um drama social triste e impactante, que discute uma sociedade racista e
ameaçadora – o tema central é a gentrificação em Chicago e suas complicações
urbanas e sociais, com a expulsão forçada da população periférica para que o
local sirva de espaços modernos e receba população da alta classe. Também se
fala de lendas urbanas no gueto, com diálogo abrangente sobre racismo,
escravidão e violência policial (é um filme mais profundo que o primeiro, de
1992).
Na abertura vemos a logo
ao contrário da Universal ao som da música “Candyman”, cantada por Sammy Davis
Jr – que integrou a trilha sonora de “A fantástica fábrica de chocolates” (1971
– lá cantada por Aubrey Woods).
Escrito e produzido por Jordan Peele,
de “Corra!” (2017 – em que venceu o Oscar de melhor roteiro original), “Nós”
(2019) e “Não! Não olhe!” (2022), hoje um mestre do cinema de horror
contemporâneo. Com a colaboração da diretora Nia DaCosta no roteiro, Peele baseou-se
no conto “Candyman”, de Clive Barker (originalmente intitulado “The forbidden”,
de 1978) e reutilizou ideias do filme “O mistério de Candyman” (1992).
Assisti ao filme duas vezes e pretendo
uma terceira revisão.
A lenda de Candyman (Candyman). EUA/Canadá, 2021, 91
minutos. Terror/Drama. Colorido. Dirigido por Nia DaCosta. Distribuição: Universal
Pictures
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